Wednesday, December 20, 2006

I Never...

Das lembranças de Ian Lucas Renoir Lafayette

‘Ian Lucas Renoir Lafayette! Como ousou desobedecer nossas ordens e viajar com seus amigos nas férias?? Que parte do ‘venha direto para casa’ o senhor não entendeu? É bom que esteja muito bem alojado e escondido, pois pode ter certeza que irei procurá-lo por toda a Europa e para o seu bem, é bom que eu não o encontre!’


Héstia ainda estava no meu ombro brincando com o meu cabelo quando amassei a carta do meu pai e a queimei com um aceno de varinha. Havia escrito a ele e mamãe comunicando que passaria as férias na Alemanha com meus amigos. Claro, eles tiveram a reação esperada. E claro, ignorei-os como sempre, viajando assim mesmo. Papai agora estava furioso. Pude vê-lo me esperando no porto, mas saímos camuflados do barco e segui para o outro lado com meus amigos, embarcando quase que imediatamente no barco dos pais de Bernard e pegando o caminho da Alemanha pelo mar.

Já estávamos na Alemanha. Mais precisamente em Berlim, a capital do país. Conseguimos nos hospedar em um albergue de jovens bem no centro da cidade, deixando o barco do Bernard para os passeios quando não tínhamos mais nada para fazer. Havíamos chegado na cidade há dois dias e essa noite, véspera de natal, paramos em um dos diversos bares para celebrar a data. Algumas das meninas tinham levantado para dançar, sobrando na mesa apenas os garotos, Marie, Bel e Manu, que ainda tentava convencer Viera de levantar. Marie sentou ao meu lado, já um pouco alta com toda a bebida ingerida, e começou a brincar comigo. eu constantemente lançava olhares para as meninas em pé, onde Terri estava junto, e voltava a minha atenção a Marie sem graça. Quando ela levantou para se juntar ao grupo respirei aliviado e a acompanhei com o olhar, enquanto saia com Bel e Manu.

- Qual é o seu problema, Luke? – Michel falou indignado – Você tem uma namorada gata e fica dando mole pra Marie?
- Eu não estava dando mole pra ninguém, ta maluco?
- Ah Michel, a coisa é mais complexa. – Bernard me interrompeu rindo – Acontece que ele é apaixonado pela Marie...
- Não amola Bê, não sou mais apaixonado por ela
- Ah é sim, meu caro! – agora era Dominique que falava – Ninguém olha pra uma garota assim, se não está apaixonado!
- Não fique estressado meu amigo, as mulheres gostam de brincar com a gente, é normal – Samuel entrou no assunto
- Quem brincou com você, Samuca? – Viera perguntou
- Ora, elas casam e depois nem escrevem... – Samuel murmurava num tom quase inaudível – foi só sair o divorcio, é sempre assim...
- Eu nunca vou me apaixonar! – Dominique falou, tomando de uma golada só a bebida no copo.
- Digo amém a isso! – Michel imitou seu gesto
- Posso propor uma brincadeira? – falei cortando o assunto – A brincadeira se chama ‘Eu nunca’. Eu digo uma coisa que nunca fiz e aqueles que já tiverem feito, tem que virar um copo de uma vez só. Eu posso mentir, falar que nunca fiz algo, mas beber em seguida. Isso não muda nada, o que conta é que se você nunca fez o que a pessoa tiver dito, não pode beber.
- Excelente! – Samuel parou de murmurar e estalou os dedos para que o garçom trouxesse várias garrafas de whisky para nossa mesa.

Ajeitamos as cadeiras de maneira que ficamos em um circulo e começamos a brincadeira uma vez que estavam todos com os copos cheios e a mesa repleta de garrafas. Viera começou falando e corria tudo bem, nada revelador demais ou que nos rendesse meses de tortura até o momento. Nada, até que Bernard resolveu falar.

- Eu nunca dormi com uma garota. – ele falou sério, sem tirar o copo da mesa

Mais do que depressa eu virei o meu, Viera fez o mesmo, seguido por Michel. Samuel ficou em duvida, não sabia se bebia ou não, até que pareceu chegar a um consenso silencioso e bebeu. O único, além de Bernard, que permaneceu imóvel foi Dominique. Ele mantinha os olhos fixos no copo, como se desejasse que ele pudesse voar sozinho direto para sua boca e colocasse um fim ao aparente pesadelo. Eu não fui o único a notar isso. Num piscar de olhos, todos na mesa encaravam Dominique com expressões de choque. O silencio era sepulcral e depois do que pareceu uma eternidade, resolvi quebrar o silencio.

- Er... Não vai beber, Nick?
- Merlin, o Dominique é virgem! – Michel berrou e todos riram
- Não quer falar em alemão não, Michel? As pessoas no bar não entenderam! – Bernard falou reprovador. Ele era o único que não ria
- Não é por falta de tentativa, ok? – Dominique falou irritado, fuzilando Bernard com os olhos – as meninas de Beauxbatons são muito reguladas!
- Por que está me olhando assim??? – Bernard perguntou surpreso
- Ora Bê, você era o único que sabia disso! Falou disso de propósito!
- Eu não tenho culpa se você me confessou isso bêbado em uma festa!
- Ei chega! – interrompi antes que virasse briga – Nick, o Bê não fez por mal. Vamos esquecer isso e continuar com a brincadeira.
- Ah cansei dessa brincadeira, é idiota – Dominique falou levantando da mesa
- Bebe chorão! Deixa ele pra lá, é a abstinência... – Samuel falou zombador e não consegui segurar o riso

Depois que Dominique foi embora a brincadeira morreu. Continuamos bebendo e falando besteira, até que chegou um ponto onde Michel e Samuel brincavam de binóculo com os copos vazios, fazendo observações idiotas como o quanto as pessoas saiam desfiguradas se você olhasse para elas pelo fundo do copo. As meninas cansaram de dançar e voltaram pra mesa, logo notando a ausência de Dominique. Em um acordo silencioso decidimos não contar porque ele tinha ido embora e nos limitamos a dizer que ele tinha saído com uma menina alemã. Terri sentou no meu colo e começou a me beijar animada. Eu estava me sentindo péssimo, pois mesmo correspondendo a ela, não podia evita de olhar para Marie pelo canto do olho, notando a expressão irritada no rosto dela. Quando eu estava solteira ela parecia não notar minha presença como um mero amigo, mas agora parece detestar a Terri. Eu definitivamente não consigo entender as mulheres!

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