Lembranças de Seth K. C. Chronos
Como eu havia pedido, Tio Kyle anda me vigiando, ou como ele gosta de dizer, cuidando de mim. Meus pais e Tia Alex não vão poder vir por enquanto, estão com vários problemas decorridos de ataques de Comensais em alguns locais do Reino Unido e da Europa. Isso me deixou um pouco cabisbaixo novamente, queria muito revê-los, principalmente papai, preciso falar urgentemente com ele, mas pessoalmente. Cartas não adiantam em alguns casos...
Nenhum sinal de Lobo... E essa falta de notícias me deixa muito nervoso e preocupado, pois se o achassem logo, eu respiraria mais aliviado. Enquanto isso continuo sentindo a agonia de achar que possa ter sido eu... A garota também não reapareceu, o que me deixa ainda mais com medo, o que será que eu poderia ter feito com ela?! Afff! Essa falta de informações me deixa mais nervoso e preocupado que os próprios aurores!
Por falar neles, eles continuam na escola e duvido que saiam daqui até que o Lobo seja capturado. Eles nos acompanham em todos os locais, mas notei alguns que não gostam de estar no mesmo lugar que eu, ou quando estão, mantêm as varinhas ainda mais próximas, mesmo sem saber a verdade, é como se sentissem no ar... São bons aurores portanto. Evito ficar próximo deles e muitas vezes consigo escapar e ir para os telhados. Fora isso a rotina da escola continua a mesma, apenas com um pouco mais de medo e mais precauções...
Em uma das minhas escapadas para os telhados da Lux, encontrei com o Gabriel encarando uma estátua do quarto andar. Ele estava muito concentrado e só notou que eu havia chegado quando já estava ao lado dele.
GS: Ah oi, Seth. Conseguiu escapar novamente?
SC: Consegui, mas daqui a pouco tem alguém me procurando.
GS: É, eu já notei isso. Geralmente é o tio Kyle – Ficamos calados por mais alguns instantes enquanto encarávamos a estátua. Ela agora que eu olhava, me parecia estranha, como se estivesse fora do lugar. Notei também que algo deixava o Biel curioso e ele acabou perguntando – Seth, por que o tio Kyle está sempre atrás da gente? Para ser mais exato, atrás de você. Ou melhor, por que você pediu para ele fazer isso?
Eu fiquei calado mais um tempo, fingindo não ter escutado enquanto olhava para o topo da estátua. O chapéu do bruxo retratado era o que me parecia mais fora de posição, como se escondesse algo. Finalmente me virei para o Gabriel, sem saber se contava tudo ou não.
SC: É uma longa história... Ele é amigo de meu pai, e eu gosto muito dele. Fora que eu pedi que ele me vigiasse por precaução.
GS: Precaução com o que? O Griffon às vezes solta algumas indiretas quanto a vocês dois, principalmente você.
SC: O Griffon é um idiota, ele só está brincando com vocês, ele adora deixar os outros curiosos. – Falei rindo, mas anotando mentalmente que precisarei dar uma porrada no Griffon quando o encontrar novamente.
GS: É bem a cara dele mesmo, rsrsrsrs. Mas ele realmente me deixou curioso – Ele falou, fechando um pouco os olhos, mostrando que ele estava interessado e que ia descobrir o que era.
SC: Não se preocupe... Não é nada que vocês precisam se preocupar. Acreditem se chegar ao ponto de vocês se preocuparem, é porque eu me preocupei antes e já terei impedido algo... A qualquer custo. – Meus olhos revelaram o brilho da certeza e Gabriel me olhou ainda mais curioso. Eu encarei a estátua novamente, mudando o assunto da conversa – Você também acha que tem algo estranho não?
GS: Com certeza. Essa escola como todo castelo, tem passagens secretas. E parece que tenho um instinto para essas coisas.
SC: Deve ser de família, seu pai era bom nisso não era?
GS: Sim... Mas como você sabe disso?
SC: De novo, meu pai e o seu foram da mesma casa em Hogwarts e eram amigos... E digamos, que tenho um sexto sentido? – soltei um sorriso e ele acabou por rindo, sem tirar os olhos da estátua.
GS: Definitivamente há algo de estranho. A estátua parece fora do lugar, parece deslocada... O chapéu principalmente.
SC: Eu também achei isso, calma ai então – Falei enquanto pegava impulso no chão e saltando para cima da estátua que quase batia no teto alto. Gabriel arregalou os olhos e ficou me encarando surpreso.
GS: Como você faz isso?! Bem não importa, veja se tem alguma coisa aí!
SC: Está bem! – Eu olhei em volta e mexi no chapéu do bruxo, o que revelou uma alavanca. – Gabriel, você precisa ver isso. – Falei e saltei para o chão novamente, segurei o braço dele e com um salto puxei a mim e a ele para o alto da estátua. Depois dele se recuperar do choque, ele olhou para o chapéu e viu a alavanca.
GS: Como isso apareceu? Não lembro de tê-la visto!
SC: Apareceu quando eu mexi no chapéu.
GS: E veja, o chapéu cobre perfeitamente ela... O que será que ela faz hein? Primeiro os novatos! Se ela der um choque ou lançar uma maldição que seja em você e não em mim! – Ele falou rindo e completou - Brincando, deixa que eu a levanto.
Ele puxou a alavanca levantando-a. Ouvimos um barulho de pedra em movimento e da mão do bruxo com a varinha, surgiu uma estrela, que podia ser apertada, mas que era quase imperceptível. Gabriel excitado pela descoberta desceu da estátua na mesma hora e apertou o novo botão. Ao fazer isso a estátua deslocou-se para um lado e revelou uma passagem.
GS: Que ótimo! Preciso anotar essa! Vamos ver onde vai dar?
SC: Sim, já que já a encontramos, vamos aproveitar!
Íamos entrando quando ouvimos passos correndo. Gabriel se apressou em apertar o botão novamente e a estátua voltou ao lugar a tempo de vermos tio Kyle vir correndo pelo corredor.
KM: Gabriel, Seth! Finalmente os achei. Não vão acreditar no que houve!
GS: O que aconteceu tio?
KM: A garota seqüestrada apareceu! Ela está no salão principal agora, pensei que iram gostar de saber.
Mal ele terminou de falar, eu sai correndo corredor abaixo e ele e o Gabriel vieram me seguindo, na direção do salão principal. O salão estava lotado! Logo localizei o centro da confusão e abri caminho até ele, mas nem foi preciso ir tão longe. Quando eu ia começar a andar na direção da confusão, Madame Maxime abriu caminho entre os alunos vindo na minha direção. Mathilde vinha apoiada à ela, com um semblante sem preocupação, mas em péssimo estado, e com um olhar vago e distante que encontrou os meus por um segundo.
Então meu medo aumentou... Por coincidência ou não, por um motivo ou outro, ou apenas pela verdade... Mathilde me encarou por um curto período de tempo. Mas foi o suficiente para ela soltar um grito agudo e desmaiar. A confusão se intensificou e a Maxime precisou ordenar que ficassem em silêncio e pediu ajuda para levar a garota desmaiada para a ala hospitalar. Eles passaram do meu lado, mas eu nem me mexi, parecia que eu havia sido petrificado...
Tio Kyle e Gabriel me alcançaram na hora em que Maxime levava Mathilde e tio Kyle falou que já a acompanhava, queria primeiro ver como eu estava. Ele veio na minha direção e pôs a mão em meu ombro, sentindo-o frio e tenso. Virei-me para ele com preocupação na mente e ele através da Leglimência leu nos meus olhos o que apenas eu havia notado. Ele me segurou firme quando tentei sair dali.
KM: Seth, pare! Ele pode estar aqui.
SC: Não, não pode. Ela olhou diretamente para mim.
KM: Não, havia muita gente aqui. Vocês venham aqui – ele fez sinal para os aurores – Quero uma revista completa por aqui, o Lobo pode ter estado na escola para trazê-la de volta. – ele me olhou novamente, mas eu soltei seu braço com uma expressão triste e o encarei longamente.
SC: Chega tio, não vou por em risco ninguém. Não quero ver ninguém, chegar perto de ninguém. Vou-me “acorrentar” no dormitório. – falei enquanto me soltava dele facilmente.
Corri para os dormitórios deixando Gabriel e o resto do pessoal que chegavam para comentar sobre o ocorrido conosco. Fechei a porta do dormitório e me sentei na cama, pondo as mãos na cabeça, abrindo em seguida a carta que meu pai me enviara alguns dias atrás e que me deixara tão alarmado. A carta dizia coisas sobre mim e meu irmão e me ensinava como selar a mim mesmo. Concentrei-me nas explicações e fechei os olhos, caindo lentamente no sono... A carta dizia que se eu usasse esse método, eu continuava o dia normalmente, mas se corresse o risco de eu perder o controle, eu criava uma área ao meu redor que impedia que alguém chegasse perto... Dormi direto por umas 4 horas, acordando apenas quando já era noite e via bilhetes assinados por tio Kyle e os garotos que não queriam interromper meu sono... Virei-me na cama e fechei os olhos novamente, esperando que o novo dia não trouxesse novas descobertas tão ruins...
No comments:
Post a Comment