Por Rory Montepellier
Antes do jogo de quadribol, num dormitório da Nox Angeli:
- Rory vamos logo, temos que conseguir bons lugares. - Danielle dizia impaciente.
- Já estou indo. Não posso deixar de tomar minha poção. - disse a garota usando as cores da Sapientai, enquanto virava na boca uma garrafinha com uma poção na cor púrpura.
"Que bom, o gosto está um pouco melhor desta vez". - pensou alto.
Saiu e encontrou-se com sua amiga e foram ao campo para assistir a final da copa entre as casas.Mesmo com a ameaça do Lobo rondando o castelo, e o desaparecimento de um aluna, a direção decidiu que a rotina da escola deveria continuar. Durante o trajeto, sentia-se animada, parecia que a final do campeonato havia mexido com seu temperamento, não só porque o capitão da Sapientai era seu namorado, mas porque o dia claro de início de verão, deixava os ânimos mais alegres. Gritou, aplaudiu, e até mesmo xingou violentamente quando viu uma jogada suja do time da Fidei. Mas ela estava se sentindo tão bem, que nada poderia abalar seu humor.
- E VENCE A SAPIENTAI! – quando ouviu o apito final, saiu correndo em direção ao campo. Ty após abraçar os amigos e sair do bolo que era a torcida e os jogadores comemorando, a alcançou e levantou no colo, gritando:
- Somos campeões! Conseguimos.
- Sim, vocês conseguiram. - ela ria enquanto ele a girava no ar, antes de beijá-la.
Salão da Sapientai
"Eu sou Devlin, Tewlis, DeVille, Derkier, Vasseur... Eu sou SapIAAAAN...TY!!!!"
Ainda cantávamos a música que serviu para incentivar a Sapientai a plenos pulmões, enquanto a festa no salão dos campeões corria solta, regada a muita cerveja amanteigada.Algum tempo depois, não sei de onde surgiu uma garrafa de wisky de fogo e ela ia sendo passada de mão em mão. Após o primeiro gole da bebida que achei forte, senti que uma sensação de liberdade se espalhava pelo meu corpo. Continuei a tomar a bebida e a dançar com o Ty, lembro que comecei a sentir muito calor enquanto dançávamos. Tudo é tão lindo quando você vê as luzes piscarem diante de seus olhos junto de quem você ama.
Cortinas num dormitório da Nox sendo abertas violentamente no dia seguinte...
- Sol não... Meus olhos doem... - Rory resmungou alto enquanto cobria a cabeça.
- Acorda bela adormecida. Já é quase meio dia...Vai ficar sem café da manhã deste jeito...
Ao ouvir as palavras café da manhã, seu estômago deu uma volta de 360 graus e ela se levantou correndo indo para o banheiro. Dali saiu algum tempo depois sentindo que havia sobrado em seu cérebro apenas as células de comando necessárias para que ela se atirasse do alto do castelo, se a sua cabeça continuasse a rodar igual a um carrossel desgovernado, tamanho era o seu mal estar.
- A farra foi boa ontem hein? O Ty saiu daqui agora a pouco, disse que ia procurar alguma coisa para comer. Como ele consegue comer, depois de beber tanto? Deve ter um estômago de avestruz. – comentou Danielle.
Comecei a rir, mas parei comecei a ver pontos coloridos dançando em frente aos meus olhos. Vi quando ela entrou no banheiro e voltou dizendo:
- Toma, isso, vai te fazer bem. - e me empurrou uma poção púrpura para que eu melhorasse.
Quem sabe depois disso, eu descubra que há vida após a ressaca.
Dias depois...
- Não pode ser, Danielle. Estas poções são as minhas.- eu disse preocupada.
- Rory, tenho certeza. Estas são as minhas poções revigorantes, e não as suas.
- Então quer dizer que no dia da festa eu não tomei a poção contraceptiva, tomei uma revigorante. - disse Rory.
- Bem, isso explicaria a sua animação na noite da festa.
- Como assim? O que foi que eu fiz?
- Ah se você tomou uma poção revigorante e misturou com bebida alcóolica, ia ficar bem “animada”. E pelo jeito que o Ty saiu daqui aquele dia...
Ao entender aonde ela queria chegar, decidi o que tinha que fazer. Precisava falar com o Ty. Encontrei-o sentado nos jardins com os amigos e o levei até um canto afastado. Ele foi todo empolgado para o meu lado e tentou me abraçar, e eu espalmei a mão em seu peito para segurá-lo.
- O que foi doçura? Está zangada comigo?
- Nós precisamos conversar a sério.
-Ah é, você disse que tinha uma coisa para falar comigo, mas já aviso: sou inocente. - e riu.
Naquela hora, percebi que falar sobre minha mãe podia esperar, eu tinha um problema mais urgente.
- É sobre a noite da festa da vitória.
- Tremenda noite aquela não? Que jogo, que festa. Nos divertimos muito não é?
- Nos divertimos como?- perguntei cautelosa.
- Ah você sabe... - e me beijou a orelha.
- Ty quero que você me responda uma coisa sobre aquela noite: você tomou precauções extras? Você sabe... Precauções trouxas.
Ele pensou por alguns instantes:
- Não, você disse que não precisaríamos, que havia tomado sua poção. Por quê?
- Porque eu acabei de descobrir que naquele dia eu tomei por engano uma poção revigorante e não a minha.
- Ok. Poção revigorante... E isso quer dizer?- ele realmente parecia não entender o problema.
- Como o que quer dizer Ty? Será que ainda não caiu a ficha? Posso estar grávida. - disse nervosa e comecei a chorar. Ele ficou algum tempo me olhando, parecia em estado de choque, e depois acabou me abraçando apertado. Grudei na sua camisa e as lágrimas corriam com mais força.
- Calma, Rory. Nós vamos resolver...
- Resolver como? Nós ainda estamos na escola, nem somos maiores de idade. Como você pode dizer que vamos resolver? - disse elevando a voz.
- Em primeiro lugar não adianta gritar comigo. Sei que posso ter sido irresponsável, mas ambos fomos, o que podemos fazer? Aconteceu. Agora é nos acalmar e assumir o problema. - ele disse calmo.
- Para você é fácil falar, não é sua vida que vai mudar, é a minha. - funguei.
- A NOSSA vida vai mudar! Ou você acha que é normal um cara de 16 anos virar pai? Amo você e vou estar do seu lado o tempo todo. Seja qual for a sua decisão. – ele disse sério.
- Como assim?
- Rory, se você quiser ter o bebê, vamos ficar juntos. Com ou sem o apoio dos meus pais, eu vou estar com você. Agora se você não quiser ter a criança, eu vou apoiar você, pois vamos continuar juntos. Isso eu sei, e você quer continuar comigo?- e eu assenti positivamente, enquanto ele enxugava minhas lágrimas.
- Não sei se quero ter este bebê Ty. Estou assustada, é uma coisa séria demais.
- Eu também estou assustado, doçura.
Acabamos perdendo aquele período de aula, enquanto eu me acalmava e decidimos que eu iria esperar mais alguns dias, para ter certeza se estava grávida. Não adiantaria soltar uma bomba destas em cima de nossas famílias, se fosse um alarme falso. Mas apesar de tudo, descobrir que o Ty, numa crise, sabe se manter concentrado, para achar as soluções, faz com que eu me veja cada dia mais apaixonada por ele.
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