Sunday, May 06, 2007

Decisões

Estávamos a uma noite do jogo contra a Fidei, que definiria a final do campeonato de quadribol. Samuel dispensou o time do treino após dizer algumas palavras de otimismo e já me preparava para voltar ao castelo quando ele me rendeu no vestiário.

SB: Miyako, eu preciso muito conversar com você!
MK: Tudo bem. Algum problema no treino?
SB: Não, tudo certo. É que você sabe, eu estou me formando, e com isso o time vai precisar de um outro capitão. Dominique, Vieira, também estão indo, então entre você, o Jardel, o Jean e a Bridget, eu gostaria que você assumisse o cargo.
MK: Desculpa Samuel, mas não quero.
SB: Tem certeza? Olha, não é tão ruim quanto parece, sabia?
MK: Eu sei, não é isso. É que eu nunca pretendi evoluir com uma carreira de quadribol, entende? Jogo por prazer. Quero continuar só assim, e não com uma responsabilidade dessas. Tenho certeza que ou o Jardel, ou a Bridget, ou o Jean dará um excelente capitão!
SB: É, você tem razão. Bom, então se você tem certeza, amanhã anunciarei o novo capitão de vocês. Nos vemos antes da partida?
MK: Ok.

°°°

Saímos de perto da lareira, onde a cabeça do Gabriel ainda flutuava, para deixa-lo conversar sozinho com Madeline. Griff se despediu e saiu de volta para o salão comunal da Lux, enquanto Ty ia atrás da Rory do outro lado do salão, para se despedir dela. Sentei afastada para adiantar os deveres e minutos depois Sávio se aproximou dando um beijo no meu rosto e se sentando na minha frente.

SD: Atrapalho?
MK: Não. Já estou terminando...
SD: Que bom. Por que vim justamente pra te chamar pra dar um passeio.
MK: Não podemos sair agora, esqueceu? Tem um assassino perambulando!

Sávio soltou um suspiro conformado e ficou em silêncio me observando terminar o dever.

SD: Xadrez de bruxos? – puxando o tabuleiro. Sorri.
MK: Não tenho paciência para essas peças. – mais um suspiro dele. Ficou calado, provavelmente pensando em outra idéia para gastar tempo comigo. Fechei o livro e olhei para ele. – Acho que se formos rapidinho até a cozinha, só para comer um pedacinho de torta...
SD: Não vai ter problema algum!!! – ele sorriu mais uma vez, se levantando e estendendo o braço.

Passávamos por um dos corredores conversando quando deparamos com Samuel aos beijos com Dora. Sávio deu um sorriso discreto antes de continuar a caminhar. Ele entrelaçou os dedos dele nos meus, me senti estranha. Parei quando chegamos na porta da cozinha e fiquei olhando pra ele.

SD: Tudo bem? – parecendo notar minha cara de repente e ficando confuso.
MK: Sávio... O que você quer de mim?

Ele ficou sério, pálido, tossiu. Se afastou um pouco olhando para todos os lados, menos para mim. Me senti gelada.

MK: Eu preciso que você me responda, por que eu acho que isso não está bem claro e você pode estar confundindo as coisas. Eu não quero ficar te enganando e estou me sentindo mal com essa sua palidez, então, responde logo!
SD: Eu gosto de você. Não só como amiga. E eu quero ficar com você, de preferência, não só como amiga. Se isso te faz mais confortável...

Olhei pra ele incrédula, e me sentei no chão, encostando na parede. Precisava pensar! Ele se sentou do meu lado um minuto depois.

MK: Eu gosto muito de você, Sávio. E todas as coisas, você sabe, os beijos e tudo o mais, foram especiais pra mim. Mas não sinto o mesmo que você. Gosto de você como amigo, e é só como amiga que quero ficar. Desculpa.
SD: Eu posso tentar fazer você gostar de mim, eu sei!
MK: Não! Sávio! Para! Se eu tivesse que gostar de você além de amizade, eu teria gostado mesmo antes de todas as coisas que você já fez por mim. Não quero que você se decepcione.
SD: Eu não vou me decepcionar. Eu quero isso Miyako. Por favor?

Ele me olhou triste, mas parecendo confiante do que dizia. Por um momento, quase concordei, mas eu sabia que se ele continuasse com isso e não recebesse nenhuma resposta minha, acabaria se decepcionando. Me levantei.

MK: Desculpa. Você sempre vai ter uma amiga que gosta muito de você, mas sem mais tentativas para me conquistar ok?

Sem dizer mais nada, voltei para o Salão Comunal da Nox.

°°°

O barulho das arquibancadas já estava ensurdecedor quando terminamos de colocar os uniformes do time e nos sentamos para esperar Samuel passar as últimas instruções. Não tinha conseguido comer nada naquela manhã, e sentia meu estômago rodar de ansiedade, mas mesmo assim tentava me manter controlada. Samuel pigarreou.

SB: Antes de tudo, eu gostaria de dizer que independente do resultado do jogo de hoje, nós temos que sair com a cabeça erguida, pois fizemos belas partidas. Em segundo lugar, gostaria de dizer que independente do resultado de hoje, eu adorei ter sido capitão de vocês durante dois anos. Acho que mais do que colegas, nos tornamos amigos e aliados, mais dentro do campo de quadribol, mas grande parte do que eu aprendi sobre quadribol e partidas e pessoas, foi nesse período, portanto, obrigado por terem sido sempre compreensivos comigo em todas as decisões e derrotas. Por último, gostaria de...
DC: dizer que independente do resultado de hoje? – Dominique brincou e todos riram descontraindo um pouco.
OV: Nós queremos é seus ingressos de jogos futuramente, ouviu Samuca???
SB: Bom, pode ser! – rindo. - Gostaria de anunciar que com a minha saída do time, quem eu gostaria que tomasse o cargo de capitã, é você Bridget. Por ser uma excelente goleira, e excelente pessoa. Me ajudou sempre em novas jogadas e táticas e sempre preservou o espírito de equipe. Você aceita?

Bridget deixou a vassoura cair no chão e ficou branca. Demorou uns segundos até afirmar com a cabeça que sim e soltar um grande sorriso. Samuel sorriu de volta, e todos nós apoiamos a escolha. Lá fora, as arquibancadas começavam a cantar os hinos da casa quando a voz de Violet anunciou a entrada do time da Fidei.

SB: É isso aí! Vamos lá mostrar quem é o campeão de Beauxbatons!!! Boa sorte a todos!

°°°

Descemos de volta para o campo. O time da Fidei se amontoava em abraços. O jogo tinha sido limpo e rápido. Estávamos otimistas, mas Rubens e o restante do time parecia muito mais disposto a levar essa taça. Quando menos me dei conta, estava na cola de Tony Wallis, o braço estendido. Estávamos lado a lado, mas o braço dele alcançou o pomo primeiro e ele subiu com a mão fechada e duas asinhas saindo dela.

Primeiramente, me senti derrotada, mas vendo a felicidade deles comemorando ali embaixo de uma chuva fina, não pude deixar de sorrir. Era só mais um campeonato, e eles fizeram por merecer. Afinal, que graça teria ser bi-campeão, certo?

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