Wednesday, March 22, 2006

Guerra de nervos..

Do diário de Morgan O’Hara

Eu havia ficado estudando até o horário de fechamento da biblioteca, Armand que estava estudando comigo, estava gripado e ficava tossindo a toda hora atrapalhando a concentração dos outros, então a bibliotecária gentilmente o convidou a se retirar. Terminada a hora, juntei meus livros e comecei a voltar sozinha para meu dormitório. Senti vontade de ver como Orion estava e fui até o corujal, após mimá-lo com alguns biscoitos, comecei a fazer o caminho de volta. Andei por alguns minutos quando as luzes apagaram. Peguei minha varinha, apontei para os archotes na parede e murmurei: Incêndio, e as chamas voltaram a tremular.
Mal dei dois passo e o corredor ficou escuro novamente. Refiz o feitiço e nada da luz voltar. De repente senti um empurrão, me desequilibrei cai com meus livros no chão.
MOH- Quem está ai? - perguntei sem obter resposta.
Comecei a tatear o chão procurando minha varinha, quando senti um par de mãos me levantando com tanta força, que machucava meu braço.
-Sozinha num lugar escuro... E nem adianta gritar... - uma voz baixa e rouca disse próximo do meu ouvido.
Pela força usada, senti que era um homem que me segurava.
MOH- Quem é você? Está me machucando. - tentei me desvencilhar e não conseguia.
-Agora eu sinto que você está com medo... E isto é muito bom.
Comecei a tremer involuntariamente. Aquela voz...
MOH- Precisa da escuridão para me assustar? Covarde.
Quase gritei, quando seus dedos enterraram-se nos meus braços. Ele riu, e aproximou seu rosto do meu, e pude sentir seu hálito quente na minha face. Virei o rosto para fugir daquela aproximação, e ele agarrou meus cabelos com força, virando minha cabeça para ele:
-Vou matar aquele seu namoradinho, de uma forma bem cruel. E depois eu venho pegar você...
MOH- não, ele não... - e comecei a chorar apavorada.

-Morgan acorde, é um pesadelo. MORGAN. - e abri os olhos e vi Marienne ainda me sacudindo, para que eu acordasse. As lágrimas caíam livremente agora.
MD- Ouvi você chorando. Foi um pesadelo?- e me dava um copo de água.
MOH- Sim. Sonhei com o comensal da floresta... Ele dizia que iria matar o Carlinhos.
MD- Calma foi só um sonho ruim. Carlinhos está seguro, logo terminaremos a escola e vocês poderão ficar juntos. Temos passado por muita coisa ultimamente, é normal você ter medo por ele.
Ela ficou me acalmando por um tempo, e depois voltamos a dormir. Bem... Ela voltou a dormir, eu não conseguia, levantei-me e peguei um livro para ler, enquanto esperava amanhecer.

Alguns dias após este pesadelo, assim que o sol nasceu fui aos estábulos, queria cavalgar um pouco com algum dos cavalos da escola. Gerard sempre me deixava ajudá-lo a cuidar dos animais nos fins de semana. Cavalguei muito, e voltei ao riacho na clareira perto de onde ficava o cercado de Othelo e fiquei sentada, apenas esperando o tempo passar. Quando me senti melhor levei o cavalo para o estábulo, cuidei dele e voltei para o castelo. Havia um bilhete do professor de Mitologia pedindo que fosse buscar o livro para a peça de teatro que os alunos do sétimo ano vão encenar na escola. Procurei Marienne para ir comigo, e não a encontrei. Andava evitando ficar sozinha com o professor desde o baile dos namorados. Fui até os aposentos dele e bati na porta umas duas vezes. Devo ter batido com força, pois a porta abriu um pouquinho.
MOH- Professor Richelieu? O senhor está ai?- empurrei a porta e fui entrando enquanto chamava alto.Os aposentos do professor eram cheios de estantes, sua mesa estava bagunçada, olhando em volta vi uma porta num canto mais afastado, e fui até lá.
MOH- Professor?
Nada.
Entrei e era o quarto do professor. A cama estava arrumada, e havia algumas roupas jogadas no chão, comecei a sair quando, vi um sarcófago enorme no canto do quarto. Cheguei perto e comecei a analisá-lo. Os entalhes eram dourados, e a pintura era bem conservada. Devia ser alguma imitação,que ele usaria em alguma de suas aulas. Achei a peça tão fascinante que resolvi abri-la para ver o que tinha dentro. Ele nunca saberia...
Comecei a forçar a tampa e ela se abriu, e vi que do lado havia alguns símbolos parecendo hieróglifos. O sarcófago estava vazio por dentro. Como havia estudado sobre os hieróglifos, comecei a dizer em voz alta os símbolos que lia, e de repente o sarcófago se encheu de espinhos agudos e afiados. Nesta hora parei e pensei:
-Porque ele teria um sarcófago deste tipo aqui? Ele não sabe que pode machucar alguém?
Quando fechei o sarcófago, as feições antes bonitas da tampa, haviam se transformado e exibiam um esgar de sofrimento. Com certeza aquilo era maligno. Olhei e vi as palavras que acalmavam o deus da Morte do lado oposto, recitei-as e o sarcófago voltou ao que era antes.
Sai dali o mais rápido possível. Precisava contar para alguém, fui ao salão comunal e encontrei Marienne e Julian. Contei a eles o que vi, com todos os detalhes e Marienne me diz cética:
MD- Morgan, deve ser para alguma apresentação. Sabe que o professor gosta de dramatizar suas aulas.
JG- É, o almofadinha adora impressionar as garotas.Ele não colocaria em risco nenhum aluno.Está aqui há vários anos.
MOH- Mas aquilo é de verdade. Não é uma peça falsa. - insisti.
MD-Acho que você anda abalada dos nervos. Algo como estresse pós-traumático; você está tendo pesadelos, não tem comido direito... Deveria começar a tomar alguns calmantes para dormir.
Olhava para ela incrédula, pois ela realmente acreditava no que dizia, e Julian parecia compartilhar da mesma opinião. Insistir era uma batalha perdida.
Comecei a pensar no que fazer e lembrei de uma coisa que Carlinhos havia me dito. Voltei ao dormitório, escrevi uma carta e corri ao corujal. Amarrei o pergaminho na pata de Órion e disse o seu destino: Remo Lupin/Paris.Urgente.
Agora só me resta esperar, que pelo menos alguém queira verificar minhas suspeitas.

No comments: