Rabiscos esquecidos de Ty McGregor
Roncos......
- Levanta Ty...
- Mais cinco minutinhos....
- Já dei cinco minutos, assim vamos chegar atrasados pra aula.
Roncos....
- TY ACABOU A COMIDA.
- Quê? Onde? Porque não guardou um pãozinho pra mim Gabriel? Tô faminto...
Falei rápido enquanto pulava da cama assustado com a possibilidade de perder meu café da manhã. Gabriel já estava rindo da minha cara:
TM- Porque fez isso? Quer me matar do coração? – disse ranzinza.
GS- Vamos perder a aula, e hoje começam as aulas de esgrima.
TM- Grande coisa. - enquanto ia para o banheiro, mas ele continuou falando:
GS- Não adianta a cara feia. Você vai fazer a aula, assinou o papel e tudo....
TM- Você e Miyako me inscreveram, e debaixo de tortura eu assinaria qualquer coisa.
GS- Deixa de exagero, uma sessãozinha de cócegas te dobraram? Sei...
TM-Você sabe que foi aquele trecho do diário da tia Yulli, em que ela falava da mamãe que me convenceu, Miyako fez chantagem pra deixar eu ler. Tá, vou fazer a aula, mas na primeira quebradinha de mão que ele mandar fazer eu desisto hein?
Começamos a rir, imaginando Sir Shaft fazendo trejeitos afeminados, e logo encontrávamos a Mi no café da manhã, toda animada para a aula de esgrima. Nos encaminhamos para a sala de aula, e após infinitas anotações, ouvimos o sinal para a aula de Sir Shaft. Enquanto nos encaminhávamos para a sala, fomos vendo a quantidade de alunos que haviam se inscrito. Chegamos na sala e ela havia sido ampliada para acomodar todo mundo.
SZ- Olá a todos! A esgrima tem o objetivo de aumentar seus reflexos, pois vocês só poderão tocar o oponente com a ponta do florete, onde tem uma bolinha protetora. Quando o adversário é tocado, uma marca mágica aparecerá no colete. Vence quem tocar um ponto vital.
Ele ensinou os movimentos básicos, e até que não era ruim.Treinamos por um tempo, ai ele disse:
SZ- No peito de vocês aparecerão cores diferentes, procurem o par com a cor igual às suas. Assim poderemos fazer pequenos duelos, e ver o progresso de vocês.
Minha cor não era igual à dos meus amigos, então comecei a andar pela sala. Logo encontrei meu par. Era aquela garota.
Ela não ficou muito satisfeita de me ver, e ficamos parados lado a lado. O professor passou por nós e disse:
SZ- Montpellier, McGregor. Cumprimentem-se.
Levei a espada á frente do rosto como o professor ensinou e me coloquei em posição. Ela fez o mesmo, e começamos a duelar, eu estava fazendo o possível para não espetá-la sempre, mas estava difícil. Então numa hora ela falou:
RM- Você não está lutando direito...
TM- Porque não?Por acaso você é especialista é?
RM- Você me poupou umas duas vezes, podia já ter ganhado o duelo.Tá com medo?
TM- De quem? Do bicho papão?Você é só uma menininha. – disse levantando uma sobrancelha.
Ela ficou irritada e veio com tudo pra cima de mim. Droga, não gosto muito de lutar com garotas, mas esta me tira do sério .Equilibrei-me, e reagi com tudo. Ela se assustou com minhas investidas, acabou se desequilibrando e caindo. Logo eu ria, enquanto cutucava com a ponta do florete o local do coração e dizia: Touché.
Ela levantou os olhos cheios d’agua pra mim e vi que seu queixo tremia. Abaixei-me para ver o que tinha acontecido, largando o florete de lado:
TM- O que você tem?Eu te machuquei?
RM- Eu... Acho que torci o tornozelo.
Reprimi uma praga e chamei o professor. Logo ele se aproximou e ao ver que ela havia torcido o tornozelo, me mandou levá-la na enfermaria.
Saímos da sala, e ela mancava bastante, mesmo apoiada em mim.
TM- Desculpe, foi sem querer.
RM- Isso acontece Ty.
Era a segunda vez que ouvia meu nome pronunciado por ela, e sei lá...Achei...Legal.
O cabelo dela era preto e comprido, estava preso por uma fita, e os olhos eram azuis. Quando nos afastamos da sala de aula falei pra ela.
TM- Deste jeito vamos demorar pra chegar na enfermaria.
RM- Tô fazendo o melhor que eu posso. - disse ressentida.
TM- Porque você fica torcendo tudo o que eu digo hein? Vou levitar você até lá, é mais fácil.
RM- E se eu cair?
TM- Não vai cair.
Como ela ainda estava com medo eu disse: Confia em mim. Ela me encarou daquele mesmo jeito do dia do ataque. Senti um bolo no estômago, enquanto ela fazia que sim com a cabeça. Tenho que comer menos geléia de marmelo com manteiga durante o café, não me fez bem.
Concentrei-me e consegui levitá-la ate a enfermaria. Madame Magali ficou cuidando dela e eu voltei correndo para terminar de assistir a aula. Num corredor encontrei Morgan conversando com um homem estranho. Fui andando devagar e vi que nas vestes dele tinha uma espécie de broche em forma de Fênix. Comecei a olhar bem para aquele homem e algo nele me era familiar. O cabelo, o jeito de falar, nesta hora Morgan disse o nome dele:
MOH- Remo Lupin, eu não estou ficando louca. Será que ninguém acredita em mim? - ai eu parei e comecei a olhar para eles de olho arregalado.
Eles me olharam e Morgan disse um pouco irritada:
MOH- Aconteceu alguma coisa Ty?
O homem me analisou de cima em baixo e com um meio sorriso disse perguntando:
RL- McGregor? Você deveria estar na aula não?
Eu só balancei a cabeça, em sinal afirmativo, dei um tchau com a mão e fui andando bem devagar. Para ouvir se eles falavam mais alguma coisa, e ouvi:
MOH- Você conhece o Ty?
RL- Conheço os pais dele há muitos anos, e ele saiu aos dois. Incrível como o sangue sempre se mostra nos pequenos detalhes.
Aí eu comecei a correr. Cheguei na sala e fui direto no Gabriel e na Miyako. Ambos estavam concentradíssimos, mas via-se que o Gabriel ia vencer. Não agüentei e disse:
TM- Gabriel, seu pai tá lá no corredor.
Ele se desconcentrou e Miyako conseguiu espetar o peito dele.
GS- Quê?
TM- Seu pai, o Remo Lupin, ta lá no corredor.
GS- Shiii, quer que a torcida do Chudley Cannons ouça? Impossível ele estar aqui, ele mora na Inglaterra lembra?
TM- Eu sei onde ele mora. Mas é ele que tá no corredor conversando com a Morgan, ele até sabe quem eu sou.
Não dava pra descrever a cara do Gabriel naquela hora. Ele é sempre tão controlado, ficou pálido. Pensou um pouco e disse:
GS- E agora?
TM- Vamos lá.
MS- Pirou Ty? Ele ainda não sabe.
TM- Mas pelo menos você dá uma olhada no seu velho, vê se ele tá bem. Já é alguma coisa.
GS- E como faríamos isso? - ele perguntou me olhando, e Miyako já estava animada.
TM- Cai no chão e finge que está com dor.
GS- Quê?- nem expliquei empurrei ele para o chão e gritei pro professor:
TM- Professor o Gabriel se machucou, precisa ir na enfermaria.
Gabriel olhava para mim incrédulo, e Miyako dizia para ele gemer um pouco. Sir Shaft devia estar com algum problema, nem desconfiou da mentira e lá fomos eu e Miyako rebocando o Gabriel para a ala hospitalar.
Por sorte eles ainda estavam no corredor e o pai do Gabriel ainda conversava com a Morgan, passamos e o homem estava meio distraído explicando umas coisas que não deu pra ouvir.
Me deu uma vontade louca de esbarrar neles só para o homem olhar bem para o Gabriel. Tenho certeza que quando ele olhar direito vai ver como o filho parece com ele.
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