Sunday, March 12, 2006

como se nada mais pudesse acontecer...

Anotações de Ty McGregor

Alguns dias depois do ataque a Paris, andava remoendo meus pensamentos quando Gabriel e Miyako me cutucaram enquanto separávamos os ingredientes na aula de Poções. A professora Morghana Indirizzo, era uma turca baixinha e achava que Poções é como Manjar Turco, um doce que mamãe sempre compra nas festas de fim de ano: viciante.
Eu era um bom aluno, nunca fui como Gabriel, que só de olhar os livros a matéria entra na cabeça, então algumas vezes por distração não tirava notas tão boas. Ela era uma boa professora, mas tinha um problema com o sotaque forte, o que fazia com que muitas vezes eu anotasse algumas coisas erradas. Mas como era uma poção energizante, e já tínhamos feito isto antes, eu anotei o que ouvi e enquanto separava a coisas, Gabriel me chamou:
GS- Já vi esta cara, vai aprontar o quê?
TM- Nada. Tô pensando na poção....
MS- Ai, Merlim, boa coisa não é. O que pode ter de tão estranho numa poção energizante?
GS- Não devia dizer isto, sei que vou me arrepender depois, mas... O que é hein?
TM- Fiquei pensando sobre aquela historia de enfrentar os comensais e acho que devemos fazer alguma coisa.
GS- Fazer o quê? Somos menores.
TM- Eu, sei mas sei lá, a gente devia saber reagir mais rápido né? Nem que seja pra lançar um Impedimenta, pra ter tempo de correr.
MS- Eu prefiro aprender a correr mais rápido isto sim.
TM- Mas as nossas mães lutaram contra eles no passado, meus pais ainda estão no Ministério.Sei lá, às vezes eu acho que devia ser um bruxo melhor.
GS- Ty...Você tá com febre? Nunca te vi falar assim...
MS- O ataque te impressionou mesmo.
TM- Já tenho pensado nisso há algum tempo... .E depois que vi aquelas pessoas contra os comensais...
Eu continuei a picar as coisas e ia jogando no caldeirão, logo nossa poção foi adquirindo uma cor azulada, que deveria ficar verde limão. Tudo ia bem até a hora em que tínhamos que adicionar o pó de chifre enrugado. Bem... Pelo menos eu achei que tivesse ouvido isto.
Como Gabriel e Miyako já haviam feito a parte deles, a parte final seria minha, raspei o pó do chifre numa outra mesa, e trouxe rápido para o caldeirão e joguei dentro.
GS- O que é isto?
TM- Pó de chifre enrugado, oras.
GS- MERLIM! Abaixem-se.
POW!
Gabriel gritou tão alto, que logo percebi que tinha feito besteira. Pois o ar se encheu com o cheiro de pneu de carro queimado e uma fumaça preta que chegava a tirar o fôlego. A professora começou a gritar, enquanto os alunos corriam para fora da sala, e me pareceu que ela disse algum palavrão, porque eu não entendia nada do que ela falava. Logo ela fazia a fumaça desaparecer e marchava decidida em nossa direção, cheirou o caldeirão e disse:
MI- Quemjogoupódechifreenrugadonapoção?
TM- Hein?
GS- Ty, ela quer saber quem jogou pó de chifre enrugado na poção...
TM- Ah ta. isso. Fui eu professora, foi o que a senhora falou.
A mulher me olhava brava:
MI- Não, eu falei pó de chifre de unicórnio.
Olhei para Gabriel e ele assentia com a cabeça, e eu esbocei um risinho sem graça.
MI- Você vai ficar aqui e limpar tudo. Tirar o cheiro de coisa queimada da sala.
TM- Mas nós temos treino de quadribol, professora.
MI- Limpe rápido que você ainda pega seu treino. E menos cinco pontos para a Sapientai.
Velha chata. Isto ela fala direitinho, o sotaque dela nem atrapalha. Humpft.
Fiquei lá limpando tudo, enquanto Gabriel ia pra o treino. Miyako iria ficar na biblioteca estudando, enquanto nos esperava para fazermos revisão das matérias.
Terminei tudo e ia correndo para pegar o finalzinho do treino quando virei um corredor e dei uma topada com algo que cruzou o meu caminho.
TM- Ei olhe por onde anda.... - disse enquanto segurava a criatura que quase caiu no chão.
- Você que é um desastrado que não olha por onde anda...
Ficamos nos encarando e o reconhecimento foi mútuo. Era a garota que estava com as duas crianças, parados no meio da rua durante o ataque dos comensais.
TM- Ah é você?
- Não, é o Brad Pitty.
TM- Quem?
- Você não deve conhecer .- disse com um ar de metida a sabe-tudo.
Murmurei um pedido de desculpas e fui para a direita e ela foi também, fui pra esquerda e ela também. Fui ficando irritado:
TM- Dá pra deixar eu passar?
-Vai passar por cima? Não sabe pedir licença?
TM- Garota qual é a sua hein? Tá querendo que eu a salve de novo?
- Você me salvar? Aquilo foi reflexo de quem não queria ficar sozinho no escuro.
TM- Não tô a fim de brigar, seja lá com quem for ok? Tenho treino agora...
- Não tem mais, um dos garotos, o apanhador saiu machucado do treino. Um balaço acertou ele. Estão todos na enfermaria.
TM- Putz, o Gabriel. – virei as costas e ia saindo quando ela falou rápido:
- Desculpe o que falei agora há pouco. Você realmente nos salvou aquele dia. Obrigada Ty.
Olhei para ela, e ela estava vermelha, como se estivesse fazendo um esforço enorme para dizer aquilo então respondi:
TM- Não foi nada, sei que você faria o mesmo por mim. - e saí correndo na direção da enfermaria.
Droga! Se eu não tivesse sido idiota a ponto de jogar a coisa errada no caldeirão, teria evitado que ele se machucasse de novo.
Acho que não sei fazer nada direito.

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