Friday, March 24, 2006

Filho de lobo, lobinho é

Das lembranças de Gabriel Graham Storm

MK: Devagar, também quero ver o pai do lobão!
GS: Fala mais alto Mi, as fadas no ultimo andar não ouviram!

Ty riu e paramos no final do corredor que dava pro saguão de entrada, onde Morgan conversava com o meu pai. Estiquei o pescoço para tentar vê-lo, mas eles olharam em seguida e saltei de volta pra trás da parede. Miyako e Ty tentavam me persuadir a passar por eles, mas eu não queria. Minha mãe ia enlouquecer se soubesse que ele havia me reconhecido sem antes ela explicar toda a historia...

TM: Vamos passar por lá, Gabriel! Passamos correndo, só pra você vê-lo de perto.
GS: Não, esquece. Não quero.
MK: Mas você precisa chegar à ala hospitalar ou Sir Shaft vai saber que você estava fingindo.
TM: Exato. E pra chegar até lá, tem que passar pelo lobo pai...
GS: Mas eu não estou machucado e... OUCH! Ficou louca??
MK: Pronto, se machucou!

Miyako havia acertado um chute na minha canela e cai no chão de dor. Meu grito foi tão alto que chamou a atenção dos dois no saguão e podia ouvir os passos vindo até nós. Talvez fosse minha cara de desespero, mas Ty me levantou do chão apoiando meu braço em seu ombro, Mi atirou sua capa por cima de mim de maneira que minha cabeça ficasse coberta e fomos caminhando em direção a enfermaria. Podia ver pelo canto da capa eles se aproximando.

MOH: Quem gritou??
RL: Está tudo bem?
TM: Sim, não foi nada demais, só o lob...
MK: O Gabriel que se machucou na aula! Vamos logo! – Mi cortou Ty depressa, antes que ele me chamasse de lobão.

Miyako me deu um empurrão forte e continuamos andando, mas acabei não resistindo à tentação. Virei o rosto depressa para olhá-lo e a capa escorregou. Nos encaramos por alguns segundos até que Mi atirasse o capuz de volta na minha cabeça, me puxando apressada pra longe dali. Não sei se ele me reconheceu, mas me olhou como se tivesse me achado familiar. Alcançamos à enfermaria correndo e sentei em uma das camas.

TM: Ficou doido? Você não disse que não queria que ele te visse?
GS: Eu sei, mas não consegui me segurar...
MK: Eu acho que você deveria voltar lá e falar com ele. Ficou claro que ele achou você familiar!
GS: E chego lá e digo o que? Ah, muito prazer, me chamo Gabriel... A propósito, sou seu filho!
TM: Viu? Já tem assunto com ele!
GS: Muito engraçado... Acho que não.
TM: Bom, eu vou lá ver o que descubro!
GS: Ty volta aqui!

Mas tarde demais, ele já havia saído da enfermaria e Madame Magali me pegou antes que pudesse correr, apertando meu tornozelo para procurar a fratura. Miyako foi até a porta espiar e voltou dizendo que Ty estava conversando com a Morgan e estavam sozinhos, meu pai devia estar na sala da Maxime. Eu queria ir até lá, minha vontade era de parar na frente dele pra que ele ligasse os pontos, somasse 2 + 2, mas não tinha coragem. Tio Scott diz que pareço mais com ele do que com a minha mãe, mas que lembrava um pouco ela na aparência, que qualquer um que tenha conhecido os dois mais jovens saberia dizer que sou filho deles... Sai da enfermaria com uma faixa amarrada no tornozelo sem nem estar sentindo dor e vi que Ty ainda conversava com Morgan, mas estava meio pálido. Fomos até eles e antes que eu pudesse falar alguma coisa, ela já soltou um batalhão de perguntas pra cima de mim.

MOH: Remo Lupin é seu pai??
GS: Ty, você contou pra ela???
TM: Desculpa cara, saiu sem querer...
GS: Morgan fala baixo, ele não sabe.
MOH: Por isso que ele disse que achou você parecido com alguém e quando eu perguntei quem, ele disse pra deixar pra lá, que era alguém do passado dele...
MK: Não falei que ele tinha reconhecido você?
GS: Ótimo, minha mãe vai ter um ataque se ele descobrir que tem um filho antes que ela possa ter a chance de explicar tudo... Vamos sair daqui, ele pode voltar.
TM: Espera Gabriel, volta!

Mas não voltei. Deixei os três no saguão e caminhei depressa de volta para o salão comunal da Sapientai. Ele ainda estava vazio, a maioria dos alunos ainda estava na aula de esgrima e aproveitei o silencio para escrever uma carta a minha mãe contando o que tinha acabado de acontecer. Acho que ela vai querer saber que meu pai está saindo da França com um ponto de interrogação na testa e que é bom ela começar a ensaiar o que dizer a ele em Julho. Não era bem assim que esperava cruzar com ele outra vez, me escondendo com medo de ser reconhecido. Nunca achei que fosse dizer isso, mas espero que ele não demore muito por aqui e vá embora logo...

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