Wednesday, March 29, 2006

Apenas mais um devaneio?

Ela estava sentada em frente ao espelho havia horas... Olhava já sem interesse nenhum ao seu reflexo perfeito do outro lado, seus pensamentos vagavam para muito além... O lugar estava silencioso, uma luz de fim de tarde batia na parede adjacente. Um estalo a fez voltar para a realidade e ela olhou ao redor se perguntando o que estava fazendo ali, mas nenhuma resposta jamais chegou ao seu conhecimento.
Se levantou encarando seu corpo, disposto perante à imagem, e virou as costas, estava perdida em alucinações... Ouviu uma voz chamando seu nome, oriunda do espelho, e parou, de costas, tentando prestar mais atenção. Alguém chamava seu nome tão calmamente, que a fez virar. Novamente ali estava seu reflexo, mas ele não mais estava igual. Sorria e tinha-lhe os braços estendidos, enquanto da sua boca saíam as sílabas do seu nome.

-Isabel, Isabel... – a imagem repetia continuamente.

A voz vinha tão longínqua que era difícil acreditar. Parecia um eco. Ela estava apavorada, não deveria acreditar... Beliscou-se forte no braço a fim de espantar seus devaneios, mas a voz continuava chamando, e os braços estendidos prendiam-lhe a atenção. Ela caminhou até eles e levantou seus braços até tocar o objeto duro e frio, exatamente em uma perfeita projeção com os braços do reflexo. As duas estavam em contato indireto.

IM: Quem é você?- Ela perguntou assustada não sabendo bem se queria ouvir a resposta...
- Sua consciência...
IM: Consciência... E o que você quer?
- Te ajudar... Olhe, quero que você pegue o livro que pertence à sua família e tente lê-lo de cabeça para baixo... Se o ler em posição normal, será preciso muito conhecimento em Runas Arcaicas, mas se o virar de cabeça pra baixo, o alfabeto rúnico fica simples...
IM: Cabeça pra baixo? Isso não vai dar certo... Tenho certeza que a Bel já tentou isso!
- Confie em mim...

A imagem abaixou os braços e ela sentiu viajar no vácuo. Estava novamente sentada em frente ao espelho, os olhos fechados, a respiração ofegante. Abriu os olhos e a mesma luz alaranjada batia na parede ao lado. No espelho, sua imagem idêntica a encarava com a mesma indiferença que ela o fazia. Os pensamentos estavam cada vez mais distantes...

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AB: Isa? Isa, anda logo! Vamos nos atrasar... Levanta!

Ela abriu os olhos. Estava encarando um teto azul pálido e a luz do sol entrava pela janela. Havia uma menina a ajudando a sentar-se na cama... Sua mente rodava e trabalhava com fúria...

IM: Lina, você já sonhou que conversava com a sua consciência, que ela estava em um espelho?
AB: Acho que consciências não tem imagens, muito menos cordas vocais... Foi só um sonho Isa...
IM: Sim, mas parecia real! E falava do Grimoire...
AB: Como?
IM: Falou para lermos ele de cabeça para baixo e...
AB: Isso é loucura Isa! Sua irmã já tentou de tudo não é? Foi só um sonho... – ela parecia inquieta, mas queria transmitir tranqüilidade - Será que você não está no seu inferno astral? Sonhos assim podem ser só sonhos, ou uma premonição, alguma coisa influente.
IM: Não sei, mas acho que não tem nada a ver com a disposição dos planetas e constelações... Deve ter sido só um sonho...
AB: Sim, em todo caso, confiro seu mapa mais tarde... Vamos ou ainda pegamos detenção por atraso!

Quando as aulas acabaram, Isabel correu até a biblioteca. Tinha certeza que encontraria sua irmã lá, precisava lhe falar... Não estava enganada! Avistou Anabel sentada em uma mesa organizando livros, uma cara cansada no rosto.

IM: Bel, eu preciso falar com você... Sobre o livro!
AM: Fala logo e mais alto... Acho que os sereianos não escutaram!
IM: Eu tive um sonho e... Bem, tenho a impressão que você devia tentar ler ele de cabeça pra baixo...
AM: O que você bebeu Isabel? Colocaram bombas de bosta líquida no seu suco?
IM: Eu estou falando sério...
AM: Não vou fazer isso! Já estou estudando Runas Arcaicas há semanas, logo consigo traduzir aquilo... Cada louco que me aparece!
IM: Quero o livro, me dá ele aqui...
AM: Quem é você pra querer alguma coisa? Vai escovar seu cabelo Isabel, ele está um horror!
IM: Não vai me dar o livro? Vou comunicar à Rebecca que a filha dela roubou delinquentemente um livro da família!
AM: Arghh, aqui, mas olha rápido e me devolve, se você não percebeu, estou tentando traduzir!

Pegou o livro e o abriu sobre a mesa. Os desenhos disformes continuavam sem qualquer explicação pra ela... Virou-o de cabeça pra baixo e o abriu novamente. Os desenhos tinham mudado a forma, mas não entendia nada. Os olhos de Anabel se arregalaram e ela puxou o livro pra perto... Abriu na última folha e leu o rodapé do livro em voz alta...

“Pertencente à família Damulakis desde o século III. Grande instrumento de magia negra e das trevas. Certifique-se ser herdeiro da família antes de decifrá-lo. As conseqüências para um ato contrário são irrecuperáveis... Escrito em Runas Maias, tradicionais, mas aos olhos crus, em Runas Arcaicas. Deve ser passado de geração a geração, e suas lembranças e parentescos jamais devem ser negados.”

AM: Magia negra e das trevas... Merlin!
IM: Ops... Parece que a família Damulakis não é lá muito boazinha né?
AM: Mais uma palavra do meu nome e vai se arrepender de ter nascido...
IM: Eita, os genes violentos também são hereditários... Qual é Bel? Somos irmãs gêmeas esqueceu? Você não pode negar, esse livro é sinistro...
AM: Obrigada pela informação, finalmente você foi útil! Dentro de poucos dias eu descubro tudo o que tem aqui dentro...
IM: Faça bom proveito...

Voltou ao seu dormitório intrigada, não só com o livro, mas com o sonho que tivera... Se não passou de um sonho, a consciência dela tinha uma forma de imagem no espelho? Adormeceu desejando não ter mais visões...

Friday, March 24, 2006

Filho de lobo, lobinho é

Das lembranças de Gabriel Graham Storm

MK: Devagar, também quero ver o pai do lobão!
GS: Fala mais alto Mi, as fadas no ultimo andar não ouviram!

Ty riu e paramos no final do corredor que dava pro saguão de entrada, onde Morgan conversava com o meu pai. Estiquei o pescoço para tentar vê-lo, mas eles olharam em seguida e saltei de volta pra trás da parede. Miyako e Ty tentavam me persuadir a passar por eles, mas eu não queria. Minha mãe ia enlouquecer se soubesse que ele havia me reconhecido sem antes ela explicar toda a historia...

TM: Vamos passar por lá, Gabriel! Passamos correndo, só pra você vê-lo de perto.
GS: Não, esquece. Não quero.
MK: Mas você precisa chegar à ala hospitalar ou Sir Shaft vai saber que você estava fingindo.
TM: Exato. E pra chegar até lá, tem que passar pelo lobo pai...
GS: Mas eu não estou machucado e... OUCH! Ficou louca??
MK: Pronto, se machucou!

Miyako havia acertado um chute na minha canela e cai no chão de dor. Meu grito foi tão alto que chamou a atenção dos dois no saguão e podia ouvir os passos vindo até nós. Talvez fosse minha cara de desespero, mas Ty me levantou do chão apoiando meu braço em seu ombro, Mi atirou sua capa por cima de mim de maneira que minha cabeça ficasse coberta e fomos caminhando em direção a enfermaria. Podia ver pelo canto da capa eles se aproximando.

MOH: Quem gritou??
RL: Está tudo bem?
TM: Sim, não foi nada demais, só o lob...
MK: O Gabriel que se machucou na aula! Vamos logo! – Mi cortou Ty depressa, antes que ele me chamasse de lobão.

Miyako me deu um empurrão forte e continuamos andando, mas acabei não resistindo à tentação. Virei o rosto depressa para olhá-lo e a capa escorregou. Nos encaramos por alguns segundos até que Mi atirasse o capuz de volta na minha cabeça, me puxando apressada pra longe dali. Não sei se ele me reconheceu, mas me olhou como se tivesse me achado familiar. Alcançamos à enfermaria correndo e sentei em uma das camas.

TM: Ficou doido? Você não disse que não queria que ele te visse?
GS: Eu sei, mas não consegui me segurar...
MK: Eu acho que você deveria voltar lá e falar com ele. Ficou claro que ele achou você familiar!
GS: E chego lá e digo o que? Ah, muito prazer, me chamo Gabriel... A propósito, sou seu filho!
TM: Viu? Já tem assunto com ele!
GS: Muito engraçado... Acho que não.
TM: Bom, eu vou lá ver o que descubro!
GS: Ty volta aqui!

Mas tarde demais, ele já havia saído da enfermaria e Madame Magali me pegou antes que pudesse correr, apertando meu tornozelo para procurar a fratura. Miyako foi até a porta espiar e voltou dizendo que Ty estava conversando com a Morgan e estavam sozinhos, meu pai devia estar na sala da Maxime. Eu queria ir até lá, minha vontade era de parar na frente dele pra que ele ligasse os pontos, somasse 2 + 2, mas não tinha coragem. Tio Scott diz que pareço mais com ele do que com a minha mãe, mas que lembrava um pouco ela na aparência, que qualquer um que tenha conhecido os dois mais jovens saberia dizer que sou filho deles... Sai da enfermaria com uma faixa amarrada no tornozelo sem nem estar sentindo dor e vi que Ty ainda conversava com Morgan, mas estava meio pálido. Fomos até eles e antes que eu pudesse falar alguma coisa, ela já soltou um batalhão de perguntas pra cima de mim.

MOH: Remo Lupin é seu pai??
GS: Ty, você contou pra ela???
TM: Desculpa cara, saiu sem querer...
GS: Morgan fala baixo, ele não sabe.
MOH: Por isso que ele disse que achou você parecido com alguém e quando eu perguntei quem, ele disse pra deixar pra lá, que era alguém do passado dele...
MK: Não falei que ele tinha reconhecido você?
GS: Ótimo, minha mãe vai ter um ataque se ele descobrir que tem um filho antes que ela possa ter a chance de explicar tudo... Vamos sair daqui, ele pode voltar.
TM: Espera Gabriel, volta!

Mas não voltei. Deixei os três no saguão e caminhei depressa de volta para o salão comunal da Sapientai. Ele ainda estava vazio, a maioria dos alunos ainda estava na aula de esgrima e aproveitei o silencio para escrever uma carta a minha mãe contando o que tinha acabado de acontecer. Acho que ela vai querer saber que meu pai está saindo da França com um ponto de interrogação na testa e que é bom ela começar a ensaiar o que dizer a ele em Julho. Não era bem assim que esperava cruzar com ele outra vez, me escondendo com medo de ser reconhecido. Nunca achei que fosse dizer isso, mas espero que ele não demore muito por aqui e vá embora logo...

Thursday, March 23, 2006

Coisas que vemos e não enxergamos...

Rabiscos esquecidos de Ty McGregor

Roncos......
- Levanta Ty...
- Mais cinco minutinhos....
- Já dei cinco minutos, assim vamos chegar atrasados pra aula.
Roncos....
- TY ACABOU A COMIDA.
- Quê? Onde? Porque não guardou um pãozinho pra mim Gabriel? Tô faminto...
Falei rápido enquanto pulava da cama assustado com a possibilidade de perder meu café da manhã. Gabriel já estava rindo da minha cara:
TM- Porque fez isso? Quer me matar do coração? – disse ranzinza.
GS- Vamos perder a aula, e hoje começam as aulas de esgrima.
TM- Grande coisa. - enquanto ia para o banheiro, mas ele continuou falando:
GS- Não adianta a cara feia. Você vai fazer a aula, assinou o papel e tudo....
TM- Você e Miyako me inscreveram, e debaixo de tortura eu assinaria qualquer coisa.
GS- Deixa de exagero, uma sessãozinha de cócegas te dobraram? Sei...
TM-Você sabe que foi aquele trecho do diário da tia Yulli, em que ela falava da mamãe que me convenceu, Miyako fez chantagem pra deixar eu ler. Tá, vou fazer a aula, mas na primeira quebradinha de mão que ele mandar fazer eu desisto hein?
Começamos a rir, imaginando Sir Shaft fazendo trejeitos afeminados, e logo encontrávamos a Mi no café da manhã, toda animada para a aula de esgrima. Nos encaminhamos para a sala de aula, e após infinitas anotações, ouvimos o sinal para a aula de Sir Shaft. Enquanto nos encaminhávamos para a sala, fomos vendo a quantidade de alunos que haviam se inscrito. Chegamos na sala e ela havia sido ampliada para acomodar todo mundo.
SZ- Olá a todos! A esgrima tem o objetivo de aumentar seus reflexos, pois vocês só poderão tocar o oponente com a ponta do florete, onde tem uma bolinha protetora. Quando o adversário é tocado, uma marca mágica aparecerá no colete. Vence quem tocar um ponto vital.
Ele ensinou os movimentos básicos, e até que não era ruim.Treinamos por um tempo, ai ele disse:
SZ- No peito de vocês aparecerão cores diferentes, procurem o par com a cor igual às suas. Assim poderemos fazer pequenos duelos, e ver o progresso de vocês.
Minha cor não era igual à dos meus amigos, então comecei a andar pela sala. Logo encontrei meu par. Era aquela garota.
Ela não ficou muito satisfeita de me ver, e ficamos parados lado a lado. O professor passou por nós e disse:
SZ- Montpellier, McGregor. Cumprimentem-se.
Levei a espada á frente do rosto como o professor ensinou e me coloquei em posição. Ela fez o mesmo, e começamos a duelar, eu estava fazendo o possível para não espetá-la sempre, mas estava difícil. Então numa hora ela falou:
RM- Você não está lutando direito...
TM- Porque não?Por acaso você é especialista é?
RM- Você me poupou umas duas vezes, podia já ter ganhado o duelo.Tá com medo?
TM- De quem? Do bicho papão?Você é só uma menininha. – disse levantando uma sobrancelha.
Ela ficou irritada e veio com tudo pra cima de mim. Droga, não gosto muito de lutar com garotas, mas esta me tira do sério .Equilibrei-me, e reagi com tudo. Ela se assustou com minhas investidas, acabou se desequilibrando e caindo. Logo eu ria, enquanto cutucava com a ponta do florete o local do coração e dizia: Touché.
Ela levantou os olhos cheios d’agua pra mim e vi que seu queixo tremia. Abaixei-me para ver o que tinha acontecido, largando o florete de lado:
TM- O que você tem?Eu te machuquei?
RM- Eu... Acho que torci o tornozelo.
Reprimi uma praga e chamei o professor. Logo ele se aproximou e ao ver que ela havia torcido o tornozelo, me mandou levá-la na enfermaria.
Saímos da sala, e ela mancava bastante, mesmo apoiada em mim.
TM- Desculpe, foi sem querer.
RM- Isso acontece Ty.
Era a segunda vez que ouvia meu nome pronunciado por ela, e sei lá...Achei...Legal.
O cabelo dela era preto e comprido, estava preso por uma fita, e os olhos eram azuis. Quando nos afastamos da sala de aula falei pra ela.
TM- Deste jeito vamos demorar pra chegar na enfermaria.
RM- Tô fazendo o melhor que eu posso. - disse ressentida.
TM- Porque você fica torcendo tudo o que eu digo hein? Vou levitar você até lá, é mais fácil.
RM- E se eu cair?
TM- Não vai cair.
Como ela ainda estava com medo eu disse: Confia em mim. Ela me encarou daquele mesmo jeito do dia do ataque. Senti um bolo no estômago, enquanto ela fazia que sim com a cabeça. Tenho que comer menos geléia de marmelo com manteiga durante o café, não me fez bem.
Concentrei-me e consegui levitá-la ate a enfermaria. Madame Magali ficou cuidando dela e eu voltei correndo para terminar de assistir a aula. Num corredor encontrei Morgan conversando com um homem estranho. Fui andando devagar e vi que nas vestes dele tinha uma espécie de broche em forma de Fênix. Comecei a olhar bem para aquele homem e algo nele me era familiar. O cabelo, o jeito de falar, nesta hora Morgan disse o nome dele:
MOH- Remo Lupin, eu não estou ficando louca. Será que ninguém acredita em mim? - ai eu parei e comecei a olhar para eles de olho arregalado.
Eles me olharam e Morgan disse um pouco irritada:
MOH- Aconteceu alguma coisa Ty?
O homem me analisou de cima em baixo e com um meio sorriso disse perguntando:
RL- McGregor? Você deveria estar na aula não?
Eu só balancei a cabeça, em sinal afirmativo, dei um tchau com a mão e fui andando bem devagar. Para ouvir se eles falavam mais alguma coisa, e ouvi:
MOH- Você conhece o Ty?
RL- Conheço os pais dele há muitos anos, e ele saiu aos dois. Incrível como o sangue sempre se mostra nos pequenos detalhes.
Aí eu comecei a correr. Cheguei na sala e fui direto no Gabriel e na Miyako. Ambos estavam concentradíssimos, mas via-se que o Gabriel ia vencer. Não agüentei e disse:
TM- Gabriel, seu pai tá lá no corredor.
Ele se desconcentrou e Miyako conseguiu espetar o peito dele.
GS- Quê?
TM- Seu pai, o Remo Lupin, ta lá no corredor.
GS- Shiii, quer que a torcida do Chudley Cannons ouça? Impossível ele estar aqui, ele mora na Inglaterra lembra?
TM- Eu sei onde ele mora. Mas é ele que tá no corredor conversando com a Morgan, ele até sabe quem eu sou.
Não dava pra descrever a cara do Gabriel naquela hora. Ele é sempre tão controlado, ficou pálido. Pensou um pouco e disse:
GS- E agora?
TM- Vamos lá.
MS- Pirou Ty? Ele ainda não sabe.
TM- Mas pelo menos você dá uma olhada no seu velho, vê se ele tá bem. Já é alguma coisa.
GS- E como faríamos isso? - ele perguntou me olhando, e Miyako já estava animada.
TM- Cai no chão e finge que está com dor.
GS- Quê?- nem expliquei empurrei ele para o chão e gritei pro professor:
TM- Professor o Gabriel se machucou, precisa ir na enfermaria.
Gabriel olhava para mim incrédulo, e Miyako dizia para ele gemer um pouco. Sir Shaft devia estar com algum problema, nem desconfiou da mentira e lá fomos eu e Miyako rebocando o Gabriel para a ala hospitalar.
Por sorte eles ainda estavam no corredor e o pai do Gabriel ainda conversava com a Morgan, passamos e o homem estava meio distraído explicando umas coisas que não deu pra ouvir.
Me deu uma vontade louca de esbarrar neles só para o homem olhar bem para o Gabriel. Tenho certeza que quando ele olhar direito vai ver como o filho parece com ele.

Wednesday, March 22, 2006

Guerra de nervos..

Do diário de Morgan O’Hara

Eu havia ficado estudando até o horário de fechamento da biblioteca, Armand que estava estudando comigo, estava gripado e ficava tossindo a toda hora atrapalhando a concentração dos outros, então a bibliotecária gentilmente o convidou a se retirar. Terminada a hora, juntei meus livros e comecei a voltar sozinha para meu dormitório. Senti vontade de ver como Orion estava e fui até o corujal, após mimá-lo com alguns biscoitos, comecei a fazer o caminho de volta. Andei por alguns minutos quando as luzes apagaram. Peguei minha varinha, apontei para os archotes na parede e murmurei: Incêndio, e as chamas voltaram a tremular.
Mal dei dois passo e o corredor ficou escuro novamente. Refiz o feitiço e nada da luz voltar. De repente senti um empurrão, me desequilibrei cai com meus livros no chão.
MOH- Quem está ai? - perguntei sem obter resposta.
Comecei a tatear o chão procurando minha varinha, quando senti um par de mãos me levantando com tanta força, que machucava meu braço.
-Sozinha num lugar escuro... E nem adianta gritar... - uma voz baixa e rouca disse próximo do meu ouvido.
Pela força usada, senti que era um homem que me segurava.
MOH- Quem é você? Está me machucando. - tentei me desvencilhar e não conseguia.
-Agora eu sinto que você está com medo... E isto é muito bom.
Comecei a tremer involuntariamente. Aquela voz...
MOH- Precisa da escuridão para me assustar? Covarde.
Quase gritei, quando seus dedos enterraram-se nos meus braços. Ele riu, e aproximou seu rosto do meu, e pude sentir seu hálito quente na minha face. Virei o rosto para fugir daquela aproximação, e ele agarrou meus cabelos com força, virando minha cabeça para ele:
-Vou matar aquele seu namoradinho, de uma forma bem cruel. E depois eu venho pegar você...
MOH- não, ele não... - e comecei a chorar apavorada.

-Morgan acorde, é um pesadelo. MORGAN. - e abri os olhos e vi Marienne ainda me sacudindo, para que eu acordasse. As lágrimas caíam livremente agora.
MD- Ouvi você chorando. Foi um pesadelo?- e me dava um copo de água.
MOH- Sim. Sonhei com o comensal da floresta... Ele dizia que iria matar o Carlinhos.
MD- Calma foi só um sonho ruim. Carlinhos está seguro, logo terminaremos a escola e vocês poderão ficar juntos. Temos passado por muita coisa ultimamente, é normal você ter medo por ele.
Ela ficou me acalmando por um tempo, e depois voltamos a dormir. Bem... Ela voltou a dormir, eu não conseguia, levantei-me e peguei um livro para ler, enquanto esperava amanhecer.

Alguns dias após este pesadelo, assim que o sol nasceu fui aos estábulos, queria cavalgar um pouco com algum dos cavalos da escola. Gerard sempre me deixava ajudá-lo a cuidar dos animais nos fins de semana. Cavalguei muito, e voltei ao riacho na clareira perto de onde ficava o cercado de Othelo e fiquei sentada, apenas esperando o tempo passar. Quando me senti melhor levei o cavalo para o estábulo, cuidei dele e voltei para o castelo. Havia um bilhete do professor de Mitologia pedindo que fosse buscar o livro para a peça de teatro que os alunos do sétimo ano vão encenar na escola. Procurei Marienne para ir comigo, e não a encontrei. Andava evitando ficar sozinha com o professor desde o baile dos namorados. Fui até os aposentos dele e bati na porta umas duas vezes. Devo ter batido com força, pois a porta abriu um pouquinho.
MOH- Professor Richelieu? O senhor está ai?- empurrei a porta e fui entrando enquanto chamava alto.Os aposentos do professor eram cheios de estantes, sua mesa estava bagunçada, olhando em volta vi uma porta num canto mais afastado, e fui até lá.
MOH- Professor?
Nada.
Entrei e era o quarto do professor. A cama estava arrumada, e havia algumas roupas jogadas no chão, comecei a sair quando, vi um sarcófago enorme no canto do quarto. Cheguei perto e comecei a analisá-lo. Os entalhes eram dourados, e a pintura era bem conservada. Devia ser alguma imitação,que ele usaria em alguma de suas aulas. Achei a peça tão fascinante que resolvi abri-la para ver o que tinha dentro. Ele nunca saberia...
Comecei a forçar a tampa e ela se abriu, e vi que do lado havia alguns símbolos parecendo hieróglifos. O sarcófago estava vazio por dentro. Como havia estudado sobre os hieróglifos, comecei a dizer em voz alta os símbolos que lia, e de repente o sarcófago se encheu de espinhos agudos e afiados. Nesta hora parei e pensei:
-Porque ele teria um sarcófago deste tipo aqui? Ele não sabe que pode machucar alguém?
Quando fechei o sarcófago, as feições antes bonitas da tampa, haviam se transformado e exibiam um esgar de sofrimento. Com certeza aquilo era maligno. Olhei e vi as palavras que acalmavam o deus da Morte do lado oposto, recitei-as e o sarcófago voltou ao que era antes.
Sai dali o mais rápido possível. Precisava contar para alguém, fui ao salão comunal e encontrei Marienne e Julian. Contei a eles o que vi, com todos os detalhes e Marienne me diz cética:
MD- Morgan, deve ser para alguma apresentação. Sabe que o professor gosta de dramatizar suas aulas.
JG- É, o almofadinha adora impressionar as garotas.Ele não colocaria em risco nenhum aluno.Está aqui há vários anos.
MOH- Mas aquilo é de verdade. Não é uma peça falsa. - insisti.
MD-Acho que você anda abalada dos nervos. Algo como estresse pós-traumático; você está tendo pesadelos, não tem comido direito... Deveria começar a tomar alguns calmantes para dormir.
Olhava para ela incrédula, pois ela realmente acreditava no que dizia, e Julian parecia compartilhar da mesma opinião. Insistir era uma batalha perdida.
Comecei a pensar no que fazer e lembrei de uma coisa que Carlinhos havia me dito. Voltei ao dormitório, escrevi uma carta e corri ao corujal. Amarrei o pergaminho na pata de Órion e disse o seu destino: Remo Lupin/Paris.Urgente.
Agora só me resta esperar, que pelo menos alguém queira verificar minhas suspeitas.

Tuesday, March 14, 2006

Um por todos e todos por um

Das lembranças de Gabriel Graham Storm

Desde que meu padrinho havia me mandado o diário de minha mãe, não fazia outra coisa a não ser lê-lo. Não era da sua época de escola, era sobre as coisas que aconteceram assim que ela se formou e conseguiu o estágio no St. Mungus, ao mesmo tempo em que se juntou à Ordem da Fênix. Até então, na mesma proporção que algumas dúvidas eram tiradas, outras novas surgiam. Acho que vou escrever para a mamãe, ela parece já ter se conformado que não irei devolver o diário até terminar de ler mesmo...

Andava bastante ocupado com as aulas nas horas em que não estava com a cara enterrada naquele caderno velho. Nosso professor de DCAT havia adotado a política de “partiremos para as aulas práticas, na vida real de nada vale a teoria” e andava exigindo mais do que o normal em suas aulas. Tínhamos um verdadeiro clube dos duelos em Beauxbatons 4 vezes por semana. Não que eu esteja reclamando, muito pelo contrario! Tenho me revelado um excelente aluno nessas novas aulas, apesar de ainda ser um pouco lento. Meus reflexos adquiridos com a pratica do quadribol não estão valendo muito nessa área...

A professora Morghana andava ensinando poções úteis e algumas já no nível dos NOMs. Já nas aulas implantadas pelo ministério, a dupla de professores andava mais competitiva que o normal. Enquanto o de Legilimencia, Edmond Couchot, nos desgastava a cada aula com técnicas novas de se invadir uma mente, o de Oclumência, Edward Couggle, levava a matéria de uma maneira mais suave. Talvez ele já esteja ficando velho, a cada nova aula ele parecia mais e mais cansado. Tinha a impressão que eles estavam medindo forças para ver quem preparava melhor os alunos e haviam até marcado um desafio entre as turmas. Cada um iria selecionar os 5 melhores na matéria e nos enfrentaríamos, para ver quem consegue por em pratica com precisão o que andava sendo ensinado. Para meu total desespero, me juntei por livre e espontânea pressão para o time de Oclumência...

Estávamos no fim da aula de Zoologia, já juntava meu material para voltar ao castelo depois de um dia cansativo de aulas quando o professor reteve a turma, com certo entusiasmo na voz. Sei que isso fosse novidade vindo de Pierre Coussot, mas quando eu penso que ele não me surpreende mais, vejo que estou enganado...

PC: Antes de todos se acomodarem para o jantar, quero que passem pelo mural no saguão de entrada e leiam um comunicado da diretora, por favor. A idéia foi minha e madame Maxime achou excelente, espero que todos participem!
TM: Só isso? Ele não vai explicar o que é?
MK: Se corrermos não pegamos a aglomeração em cima do mural, andem!
GS: O que será que ele aprontou dessa vez?

Uma massa de alunos já se empurrava em frente ao imenso mural azul, mas com a delicadeza de Ty conseguimos passar entre as pessoas e parar diante do tal aviso.

“A partir de quinta-feira, 16/03/97, a escola estará com um novo projeto. Um professor especializado estará dando aulas de Esgrima para os alunos interessados. As aulas visam melhorar os reflexos dos alunos, que ajudarão nas aulas de duelo de Sir Shaft Zambene. Aos que quiserem se juntar às turmas, elas serão mistas e apenas 2 vezes na semana. As fichas de inscrição deverão ser entregues ao professor de Zoologia e as vagas são limitadas.

Atenciosamente
Olímpia Maxime
Diretora”


TM: Aulas de Esgrima? O que é isso?
GS: É um tipo de luta trouxa, você luta com espadas.
MK: Como D'Artagnan e os três mosqueteiros, Ty. Um por todos e todos por um!
TM: Ah sim, ficar lutando com a mão na cintura e berrando “Touché”? Que coisa mais... Afeminada!!
GS: Quanta besteira Ty! Pode ate ser divertido.
TM: Você não está pensando em se inscrever, está?
GS: Estou sim...
MK: Bom, se pelo menos um de vocês vai fazer, eu também vou!

Arranquei duas fichas de inscrição do mural e entreguei uma a Miyako. Ty ficou nos olhando incrédulo, não entendendo porque iríamos participar de algo que implicava em termos mais horas de aula e menos de lazer, mas não dei bola e entrei no grande salão para jantar. Preenchi o papel enquanto comia, em meio às indagações de meu amigo, e o escondi na mochila para ele não rasgar na tentativa de me fazer desistir. Amanha iria entregar ao professor Pierre antes das aulas e garantir minha vaga. Se eu estava indo bem nos duelos, o que falta para ir muito bem e não me deixar ser pego de surpresa pelo adversário é um pouco de reflexo em lutas e acho que essas aulas podem me dar esse empurrãozinho...

Sunday, March 12, 2006

Reviravoltas...

Das anotações de Samuel Berbenott

PB: Ah, chegaram as corujas. – Patrick estava apontando para a janela em nossa frente com a boca cheia de torta de caramelo. Muitas corujas entravam carregadas de pacotes e envelopes para estudantes e voavam por todos os lados do salão. – Já não era sem tempo liberarem nossas correspondências!
SB: É... De que temos aula hoje?
PB: Ham, Sereiano, Etiqueta, Oclumência e Defesa Contra as Artes das Trevas, os dois últimos horários...
SB: Ótimo! Agora meu humor está bem melhor...
PB: Ah, a professora Mariska é encantadora!
SB: E você que odiava sereiano ano passado hein?

Desde o Baile do dia dos Namorados, eu andava tentando evitar encontros com Amaralina. Sabe, acho que fui um pouco precipitado quando a beijei, e como a aura dela estava em um estado de perturbação aquele dia, apenas se deixou levar... No dia do passeio à Paris fomos juntos, mas em hora nenhuma tive coragem de conversar sério com ela sobre o que tinha acontecido, sobre o que eu realmente sentia. Andamos pela cidade como amigos, e ela não parecia estar se importando com isso! O ataque dos Comensais lavou qualquer outro pensamento da minha cabeça.

Enquanto descíamos para o lago vi Amaralina com a Isabel esperando que a aula começasse. Ela estava sorrindo, os cabelos soltos, levados pelo vento... Tive a impressão de estar viajando longe em meus devaneios quando alguém me puxou para a realidade. Gerard segurava meu pulso e olhava sério pra mim...

- Perdão, monsieur Stardust, mas tenho ordens de levá-lo até a Madame Máxime neste momento...
SB: O que eu fiz dessa vez?
- Não sei de nada... Por favor, me acompanhe?!

Olhei assustado para o Patrick que se despediu de mim e continuou sua caminhada até a turma. Caminhei ao lado de Gerard fuçando na memória algo que tivesse feito de errado nos últimos tempos, mas ela não denunciou nada, minha ficha estava limpa. Assim que entrei na sala dei de cara com meu pai sentado em uma poltrona em frente á mesa de Madame Máxime. Ele tinha uma cara cansada e descrente e muitas novas rugas haviam brotado no rosto dele desde a última vez que o vi. Madame Máxime tomava chá descontraída em sua poltrona, e Sávio também estava lá, além de um homem alto, com cabelos longos, pretos e ondulados, barbas e bigodes. Me parecia estranhamente o Sávio de rosto, mas com um pouco mais de primitividade. Vestia longas vestes azuis e peles negras jogadas aos ombros. Me lembrou um urso. Gerard se retirou e fechou a porta. Meu pai veio até mim, me olhou por bastante tempo, e então me abraçou aliviado e me sentou em uma cadeira do lado dele. O primeiro pensamento que me veio à cabeça foi que seria mandado imediatamente para a Durmstrang novamente com o Sávio, e que aquele ursão seria meu segurança 24 horas, andando atrás de mim no castelo para evitar uma nova fuga, e que aquele abraço que meu pai me deu era um tipo de despedida a longo prazo... Felizmente, ou talvez, nem tanto assim, eu pensei uma coisa bem distante da realidade...

Madame Máxime sorriu pra mim, mas ela também tinha uma expressão cansada e nervosa. Depois começou a falar...

OM: Monsieur Stardust, espero que tenha se recuperado do terror ao ataque dos Comensais da Morte em Paris, e que tenha alcançado o barco do colégio em segurança...
SS: Bem, na verdade sim... Não foi tão traumático, estava perto da Pont de La Concorde... Mas pai, o que está fazendo aqui? Como está no Ministério? Conseguiu resolver tudo?
IS: Depois conversamos sobre isso Samuel. Este senhor é o pai do Sávio, Gorion Iakóviski. Ele está um tanto quanto irritado com você sabe... Samuel, como você inclui ele em sua fuga do castelo, em um artefato trouxa, e expõe ele a tamanho perigo? Sávio está de partida...
SS: Mas pai, não fui eu! Ele quis vir comigo e... Ele não pode voltar pra lá, ele não quer! Já até tem aulas de francês e uma namorada, ou seja lá o que eles são um do outro. Ele não gosta de lá!
IS: É o pai dele que decidiu Samuel...
GI: @$%&#$@%¨#%¨$#%¨
SS: Quê?
IS: Despeça-se logo do Sávio, ele não está falando nada que seja agradável!

Madame Máxime olhava horrorizada com as palavras do homem, e tampava a boca com as mãos. Acho que ela não achava provável que alguém falasse palavras de tão baixo calão na frente de tão educada senhora. Sávio estava calado e deprimido a um canto. Cheguei até seu lado e estendi a mão. Ele apertou com força e depois pegou rápido a mochila e me entregou o pato mumificado. O pai saiu rebocando ele pra lareira e eles desapareceram nas chamas verde-esmeralda.

Fiquei com um certo remorso de ver o Sávio partir. Tinha me apegado a ele... Não é todos os dias que se encontra alguém com tamanho nível de loucura a ponto de aceitar fugir com você de um país para outro oposto e se encantando com o meio utilizado para tanto: um bote amarelo! Nem é todo mundo que olha a água entrando no bote e acha graça... E o que é mais engraçado, virar amigo inseparável, quase pai, de um ser inanimado. Uma pessoa muito engraçada!

Madame Máxime ainda estava atordoada e pediu licença um instante. Papai me encarou pesaroso e começou a falar.

IS: Cinco mortes de trouxas registradas, mais 13 feridos em estado de choque e total confusão. Tivemos que obliviar a mente de quase todos os moradores de Paris e para o restante ficou valendo a versão de que um grupo de adolescentes inconseqüentes estouraram uma bomba na Avenida. O caos foi imenso, tivemos que repassar por quase todas as casas da região e fazer Legilimência. Não queremos ninguém fingindo que não viu nem sabe de nada... Recebemos milhares de berradores do país inteiro durante essas três semanas. Pessoas pedindo explicações e até a minha demissão. Os aurores andam trabalhando dobrado. O Ministério ainda está de pernas para o ar!
SS: Mas, já conseguiram resolver alguns dos problemas?
IS: Sim, espero que nessas próximas semanas todas as medidas de segurança já estejam sendo tomadas. Recebi a notícia de que tinha fugido do castelo de Durmstrang. O diretor parecia revoltado. Madame Máxime também me escreveu contando de você e do seu hóspede. Porque não me falou que tinha fugido? Já tinha feito mesmo, o que eu poderia fazer para evitar?
SS: Porque depois que cheguei as coisas começaram a se atropelar. Desculpa pai... Eu sei que preocupei o senhor, mas sabe, não achei certo ter me mandado pra lá. Eu não consegui me adaptar... Frio, falta de amigos, não entendia nada que eles falavam...
IS: Tudo bem, eu agi sem pensar. Comensais andam atacando em todos os lugares, e você é apenas um adolescente normal que às vezes extrapola nas brincadeiras. Bom, Sávio queria se despedir da menina, não sei bem o nome dela... Ma...
SS: Miyako...
IS: Isso! Será que você pode avisar para ela o que aconteceu?
SS: Claro...
IS: Eu tenho que voltar ao Ministério, e você, deve pegar o restante das aulas... Me mantenha em contato Samuel, e sua mãe também. Já me mandou muitas cartas só essa semana querendo saber notícias de você... Não recebeu as cartas dela?
SS: Na verdade só hoje foram liberar nossas correspondências. Recebi sim, mas ainda não abri.
IS: Irão ficar de olho nos pacotes a partir de agora. Todas as escolas de Magia estão tomando essa medida de segurança.
SS: Tudo bem... Até mais pai! Tenho que ir...
IS: Até...

Sai da sala de Máxime ao mesmo tempo que ela voltava mais aliviada. Segui para a aula de Etiqueta pensando em tudo que meu pai disse e prometendo que pelo menos por um bom tempo não seria mais uma preocupação pra ele.

como se nada mais pudesse acontecer...

Anotações de Ty McGregor

Alguns dias depois do ataque a Paris, andava remoendo meus pensamentos quando Gabriel e Miyako me cutucaram enquanto separávamos os ingredientes na aula de Poções. A professora Morghana Indirizzo, era uma turca baixinha e achava que Poções é como Manjar Turco, um doce que mamãe sempre compra nas festas de fim de ano: viciante.
Eu era um bom aluno, nunca fui como Gabriel, que só de olhar os livros a matéria entra na cabeça, então algumas vezes por distração não tirava notas tão boas. Ela era uma boa professora, mas tinha um problema com o sotaque forte, o que fazia com que muitas vezes eu anotasse algumas coisas erradas. Mas como era uma poção energizante, e já tínhamos feito isto antes, eu anotei o que ouvi e enquanto separava a coisas, Gabriel me chamou:
GS- Já vi esta cara, vai aprontar o quê?
TM- Nada. Tô pensando na poção....
MS- Ai, Merlim, boa coisa não é. O que pode ter de tão estranho numa poção energizante?
GS- Não devia dizer isto, sei que vou me arrepender depois, mas... O que é hein?
TM- Fiquei pensando sobre aquela historia de enfrentar os comensais e acho que devemos fazer alguma coisa.
GS- Fazer o quê? Somos menores.
TM- Eu, sei mas sei lá, a gente devia saber reagir mais rápido né? Nem que seja pra lançar um Impedimenta, pra ter tempo de correr.
MS- Eu prefiro aprender a correr mais rápido isto sim.
TM- Mas as nossas mães lutaram contra eles no passado, meus pais ainda estão no Ministério.Sei lá, às vezes eu acho que devia ser um bruxo melhor.
GS- Ty...Você tá com febre? Nunca te vi falar assim...
MS- O ataque te impressionou mesmo.
TM- Já tenho pensado nisso há algum tempo... .E depois que vi aquelas pessoas contra os comensais...
Eu continuei a picar as coisas e ia jogando no caldeirão, logo nossa poção foi adquirindo uma cor azulada, que deveria ficar verde limão. Tudo ia bem até a hora em que tínhamos que adicionar o pó de chifre enrugado. Bem... Pelo menos eu achei que tivesse ouvido isto.
Como Gabriel e Miyako já haviam feito a parte deles, a parte final seria minha, raspei o pó do chifre numa outra mesa, e trouxe rápido para o caldeirão e joguei dentro.
GS- O que é isto?
TM- Pó de chifre enrugado, oras.
GS- MERLIM! Abaixem-se.
POW!
Gabriel gritou tão alto, que logo percebi que tinha feito besteira. Pois o ar se encheu com o cheiro de pneu de carro queimado e uma fumaça preta que chegava a tirar o fôlego. A professora começou a gritar, enquanto os alunos corriam para fora da sala, e me pareceu que ela disse algum palavrão, porque eu não entendia nada do que ela falava. Logo ela fazia a fumaça desaparecer e marchava decidida em nossa direção, cheirou o caldeirão e disse:
MI- Quemjogoupódechifreenrugadonapoção?
TM- Hein?
GS- Ty, ela quer saber quem jogou pó de chifre enrugado na poção...
TM- Ah ta. isso. Fui eu professora, foi o que a senhora falou.
A mulher me olhava brava:
MI- Não, eu falei pó de chifre de unicórnio.
Olhei para Gabriel e ele assentia com a cabeça, e eu esbocei um risinho sem graça.
MI- Você vai ficar aqui e limpar tudo. Tirar o cheiro de coisa queimada da sala.
TM- Mas nós temos treino de quadribol, professora.
MI- Limpe rápido que você ainda pega seu treino. E menos cinco pontos para a Sapientai.
Velha chata. Isto ela fala direitinho, o sotaque dela nem atrapalha. Humpft.
Fiquei lá limpando tudo, enquanto Gabriel ia pra o treino. Miyako iria ficar na biblioteca estudando, enquanto nos esperava para fazermos revisão das matérias.
Terminei tudo e ia correndo para pegar o finalzinho do treino quando virei um corredor e dei uma topada com algo que cruzou o meu caminho.
TM- Ei olhe por onde anda.... - disse enquanto segurava a criatura que quase caiu no chão.
- Você que é um desastrado que não olha por onde anda...
Ficamos nos encarando e o reconhecimento foi mútuo. Era a garota que estava com as duas crianças, parados no meio da rua durante o ataque dos comensais.
TM- Ah é você?
- Não, é o Brad Pitty.
TM- Quem?
- Você não deve conhecer .- disse com um ar de metida a sabe-tudo.
Murmurei um pedido de desculpas e fui para a direita e ela foi também, fui pra esquerda e ela também. Fui ficando irritado:
TM- Dá pra deixar eu passar?
-Vai passar por cima? Não sabe pedir licença?
TM- Garota qual é a sua hein? Tá querendo que eu a salve de novo?
- Você me salvar? Aquilo foi reflexo de quem não queria ficar sozinho no escuro.
TM- Não tô a fim de brigar, seja lá com quem for ok? Tenho treino agora...
- Não tem mais, um dos garotos, o apanhador saiu machucado do treino. Um balaço acertou ele. Estão todos na enfermaria.
TM- Putz, o Gabriel. – virei as costas e ia saindo quando ela falou rápido:
- Desculpe o que falei agora há pouco. Você realmente nos salvou aquele dia. Obrigada Ty.
Olhei para ela, e ela estava vermelha, como se estivesse fazendo um esforço enorme para dizer aquilo então respondi:
TM- Não foi nada, sei que você faria o mesmo por mim. - e saí correndo na direção da enfermaria.
Droga! Se eu não tivesse sido idiota a ponto de jogar a coisa errada no caldeirão, teria evitado que ele se machucasse de novo.
Acho que não sei fazer nada direito.

Thursday, March 09, 2006

A caixa de Pandora


Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette

BL: Anda Luke, já estamos atrasados.
IL: Calma, ainda nem peguei as meias!

Estávamos no dormitório do 6º ano, já atrasados para a aula de DCAT. Bernard estava extremamente impaciente, batendo com o dedo no relógio em seu pulso o tempo todo enquanto me esperava. Puxei as meias do fundo do malão e uma caixinha prateada saiu rolando pelo quarto. Bernard a parou com o pé e a apanhou do chão.

BL: O que é isso?
IL: Meu avô me deu quando eu estava voltando, me esqueci completamente dela.
BL: O que tem aqui dentro? – falou sacudindo a caixa.
IL: Não sei, não abri ainda. Nós descobrimos na aula, vamos!

Tomei a caixa da mão dele e descemos correndo para a sala. Sir Shaft impôs algumas novas regras em suas aulas desde os ataques em Paris e passamos a ter mais duelos, pouca teoria. Segundo ele mesmo, se nos depararmos com um comensal na rua, ele não vai nos desafiar para um quiz e muito menos nos acertar com uma torta na cara se errarmos a resposta. Dividimos-nos em duplas como sempre e passamos à aula inteira praticando o “estupefaça” e o “enervate”. Faltavam apenas 10 minutos para o sinal tocar quando Sir Shaft pediu que nos sentássemos e fizéssemos algumas anotações simples sobre os feitiços praticados hoje. Aproveitei a deixa para abrir a caixa e ver o que o vovô tinha me mandado, mas para minha surpresa, a tampa não saiu.

IL: Ta emperrada... Não vejo buraco de fechadura, não pode ter uma chave.
DC: O que é isso ai Luke?
BL: Presente do avô dele, mas não dá pra abrir.
ML: Se não dá, é porque não é pra abrir.
IL: E porque ele me daria uma caixa que não se pode abrir?
DC: Peso de papel?

A sineta tocou e descemos os jardins para a aula de Zoologia. O professor Pierre hoje tinha alguns macacos numa jaula, que pulavam e se penduravam nas barras agitados. Bom, ao menos eles pareciam macacos comuns, não posso afirmar nada porque não prestei atenção na matéria. Sentei encostado a uma arvore perto da bancada dele e passei todo o tempo tentando abrir aquela maldita caixa! Pisei nela, atirei pedras, bati na arvore, bati em uma pedra, mas nada, ela nem se abalava. Michel se juntou a mim na tentativa frustrada, mas também não fazia idéia do que poderia ter ali dentro. Ele sugeriu que eu escrevesse ao vovô perguntando e foi se juntar ao resto da turma para alimentar os tais macacos.

Cheguei pra aula de Mitologia já intrigado, continuando a não prestar atenção no que era dito pelo professor. Dessa vez não usávamos as togas, tivemos uma aula normal. O professor almofadinha tinha alguns objetos sobre o pilar na frente da classe e ia pegando-os enquanto explicava cada um deles. Bernard me deu um cutucão indicando o professor com a cabeça e parei para ouvir o que ele dizia.

FR: Deste mito ficou a expressão caixa de Pandora, que se usa em sentido figurado quando se quer dizer que alguma coisa, sob uma aparente inocência ou beleza, é na verdade uma fonte de calamidades.
IL: O que?
BL: Ouve isso...
FR: Abrir a Caixa de Pandora significa que uma ação pequena e bem-intencionada pode liberar uma avalanche de repercussões negativas...
IL: Ta de sacanagem comigo não é?
BL: Esses mitos são verdades, e se isso for uma espécie de caixa de pandora?
ML: O Bê tem razão, talvez não seja uma boa idéia abrir essa caixa...
IL: Não é só porque a expressão diz que é uma caixa que a coisa realmente é uma, é só uma maneira de falar.
BL: Mas ainda assim, deve ter alguma ligação...
DC: Acho que vocês estão loucos, andam prestando atenção demais nas aulas do François.
IL: Obrigado Nick, alguém sensato no grupo! Parem com essa besteira, abrir a caixinha não vai trazer desgraça pra ninguém.
MD: Vai trazer só pra você, que abriu...
IL: Até você Michel? Pensei que não acreditasse nessas bobagens?
MD: E não acredito, só estava brincando. Me da essa caixa aqui, acho que sei uma maneira de abri-la!

Assim que a aula terminou, Michel correu até o alto da torre sul do castelo e nós ficamos no jardim, embaixo dela. Ele se pendurou na janela e atirou a caixa lá de cima, com força. Enquanto caia, só conseguia pensar que ela se espatifaria no chão em mil pedaçinhos, talvez até quebrando seu conteúdo, mas estava enganado. A caixinha bateu no chão com um estrondo e afundou na grama, fazendo um buraco no formato dela. Enfiei a mão no buraco e tirei a caixa, intacta, sem um arranhão sequer. Balancei a cabeça negativamente para Michel e ele desceu espantado. Ok, agora estou começando a me assustar com isso!

BL: Eu to dizendo...
ML: Desiste Luke, não vale a pena.
IL: Mas agora eu estou curioso!
DC: Eu também! Será que se a gente soldar a caixa ela abre?
BL: Não, esqueçam isso! Luke, não abre essa caixa, por favor!
IL: Para com essa neurose Bernard, ta assustando a Marie! Vamos andando senão perdemos o almoço... Depois eu penso no que fazer.

Voltamos para o castelo e quando Dominique começou a questionar sobre nossos NOMs que se aproximavam cada vez mais, logo o assunto foi esquecido. Pelo menos por eles, pois eu estava começando a ficar intrigado com aquela caixa. E se Bernard e Marie tiverem razão? Mas se ela traria algum tipo de má sorte ou o que quer que seja, porque o vovô me mandaria ela? Será que foi por isso que ele me pediu que não deixasse mamãe vê-la comigo? Talvez eu escreva a ele perguntando, é melhor do que ficar criando essas teorias e suposições malucas!

Tuesday, March 07, 2006

Correio-Coruja

Das lembranças de Gabriel Graham Storm

Olá tio Scott!
Como tem passado? Eu estou bem apesar do susto que passei, estou escrevendo porque não sei se mamãe já voltou para o Brasil e lhe contou sobre a confusão que se instalou aqui... Bom, vou tentar resumir: Passei cerca de 2 horas trancado em um sarcófago com mais 5 alunos da Academia, tendo só uma pequena fresta para respirar. E mesmo assim quase morremos sufocados, pois as meninas faziam escândalo toda vez que ameaçávamos abri-la um pouco e com medo de um dos comensais nos ouvirem, fechávamos ela. Fomos resgatados graças à tia Alex. A cabeça dela apareceu flutuando lá e nos achou, sendo que a maioria dos alunos já estavam de volta, vivos e a salvos na escola. Miyako já chorava a minha morte e escrevia uma carta pra tia Yulli contando a tragédia quando eu apareci por lá. Mamãe apareceu aqui no dia seguinte furiosa, achei que ela fosse bater na Madame Maxime apesar de alcançar muito mal os ombros dela! Ela esbarrou com a tia Yulli e a tia Alex na diretoria também e bom, acho que você pode imaginar o pandemônio que foi não é? Ela queria me levar embora, mas depois que se acalmou viu que isso não ia resolver os problemas. Em todo caso, estou proibido de sair do castelo até que as aulas terminem. Mas o motivo da carta também é outro: quando fomos resgatados do Louvre, uns homens usando broches no formato de uma fênix nos escoltavam, enquanto outros ainda lutavam com os comensais. Você sabe quem eram eles? Porque aurores não usam roupas iguais... Quando mamãe voltar para casa mais calma, me avise!

Beijos
Gabriel.

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Ah, finalmente notícias suas! Imagino sim o Deus nos acuda que foi essas três Marias na sala da pobre da Maxime, fiquei com dó da mulher agora. Estou em Paris com sua mãe, não resisti às ligações debochadas delas e dei um jeito de vir, mas já estamos voltando para o Brasil hoje à noite. Quanto aos homens que você viu, acertou em pensar que eles não eram apenas aurores. Eles são membros da Ordem da Fênix, o que explica o broche no formato de uma. A Ordem é um grupo de pessoas que lutam contra Voldemort, tentam impedir que seus poderes aumentem cada vez mais. Na verdade, estou tendo um trabalho danado pra reunir sua antiga formação.
Espero ter esclarecido suas duvidas.

Scott

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Olá tio!
Obrigada por responder minha pergunta, mas você só aumentou as minhas duvidas. Quem fundou essa organização? Você faz parte dela? Se está tentando reunir seus antigos membros, é porque ela existiu há anos atrás e foi extinta por um tempo. Você fazia parte da formação antiga? Minha mãe também era dessa Ordem? O que exatamente vocês faziam?

Gabriel

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OK vamos por partes. Antes de qualquer coisa, respira. Uma pergunta de cada vez. A Ordem da Fênix foi criada por Alvo Dumbledore quando eu ainda era aluno de Hogwarts. Naquela época Voldemort estava ganhando cada vez mais poder e o diretor começou a recrutar pessoas interessadas em ajudar a combatê-lo, pois seus comensais estavam a cada dia mais numerosos e a situação estava fugindo do controle do Ministério. Eu e sua mãe nos juntamos a Ordem quando nos formamos na escola, assim como todos os nossos amigos. Seu pai também fazia parte dela, entrou antes de nós e apesar de ter relutado em aceitar o fato de que sua mãe também queria participar, acabou cedendo. Éramos todos garotos ainda, animados com a possibilidade de enfrentar o perigo real, pôr em pratica o que aprendemos em sala e no clube dos duelos. Ninguém sabia de verdade que não seria nada fácil. Voldemort tinha o dobro de comensais, estávamos em uma significante desvantagem, mas ninguém desistiu. Lutamos junto a esse grupo de resistência por anos, até que os Potter morreram e a Ordem se desfez. Muitos dos membros ainda sofreram ataques de comensais que escaparam de Azkaban depois disso, mas não existia mais a organização. Há pouco mais de um ano Dumbledore começou a recrutar seus antigos membros, aqueles que sobreviveram à primeira formação, para reintegrá-la, pois Voldemort havia voltado e ele precisaria de toda ajuda que pudesse ter para impedir que as coisas ficassem como eram naquele tempo. As coisas andam piorando, por isso que estou tentando entrar em contato com algumas pessoas daquela época, pois toda ajuda é bem vinda. Não tem mais nenhuma duvida não é?

Scott

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Na verdade, tenho milhões de duvidas, mas não vou incomodá-lo com todas elas. Queria pedir só mais uma coisa... Você pode me contar como era duelar com os comensais? Assim, meu pai e minha mãe iam atrás deles disparando feitiços? Nunca se machucaram serio numa batalha? Sei que mamãe não gosta quando você me conta essas coisas do passado dela, mas é importante pra mim. Prometo não contar a ela, mas, por favor, me conte tudo que você puder ou souber sobre esse período em que eles ainda estavam juntos. Você acha que eu poderia fazer parte da Ordem quando me formar?

Beijos
Gabriel

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Gabriel,
Sinceramente, espero que quando você estiver formado, a Ordem já tenha entrado em extinção novamente e que Voldemort esteja cremado, as cinzas depositadas em um saco amarrado com 50 nós, dentro de um baú lacrado com o feitiço mais poderoso que existe e enterrado na cova mais funda que conseguirmos cavar. Mas caso isso não aconteça, tenho certeza que será um membro excelente da Ordem, mesmo que contra a vontade de sua mãe. Quando às suas perguntas, bom... Louise vai me matar quando descobrir, mas me entendo com ela o dia que ela der por falta dele: estou mandando o diário dela, a partir da nossa formatura. Guarde isso com o mesmo cuidado que você guarda aquele livro que seu pai te deu, muito cuidado para não rasgar nada. Acho que ele poderá responder com mais precisão às suas duvidas.

Beijos e saudades,
Scott

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Dobrei a carta com cuidado e abri o pacote. Era um caderno velho de capa verde, com as inicias de minha mãe talhadas em dourado. Passei as mãos pela folhas já amarelas por causa do tempo e abri, sorrindo. Será que esse velho diário vai mesmo tirar todas as minhas duvidas?

Friday, March 03, 2006

As loucas idéias que surgem numa crise...

Do diário de Morgan O'Hara

Após o ataque dos comensais na parte trouxa de Paris, a escola havia redobrado sua vigilância. Acho que os comensais não esperavam uma reação tão rápida dos aurores, justamente na parte trouxa, e por sorte não houve uma desgraça maior. E como sempre ocorre uma série de boatos se espalhou pela escola, deixando todos apavorados. Naquele passeio eu havia decidido ficar no castelo, tinha algumas matérias para pôr em dia, e me despedi de Marienne e Julian logo cedo. Quando soube do ataque larguei tudo e corri ate o salão principal, toda e qualquer noticia passaria por ali e era mais fácil de saber quem estava a salvo, pois os elfos enchiam as mesas com grandes bules de chá e rosquinhas, para acalmar os nervos de quem fosse aparecendo.
Os barcos voltavam cheios de estudantes e assim que se notava a falta de alguém saía-se em sua busca. Escrevi uma nota rápida a Carlinhos e mandei Orion levar. Sabia que se ele soubesse do ataque daria um jeito de vir para cá; mas como a rede de Flù estava congestionada pelo grande número de pais que apareciam na escola a toda hora, isso seria impossível, teria de vir pelo jeito normal e isso seria perigoso.
As mães do Ty, Gabriel e Miyako, estavam extremamente nervosas cobrando de madame Máxime maior segurança na escola, e a diretora apesar do tamanhão ia diminuindo, em frente à avalanche de críticas.
Como sei que eram as mães deles? Simples: a mãe do Ty eu já conhecia, a da Miyako era uma oriental bonita com jeito de empresária que sai em revista de negócios, e o Gabriel tem os cabelos ruivos da mãe. E como madame Magali, a enfermeira da escola e sua auxiliar Marine estavam cuidando dos alunos, me ofereci para levar alguns cálices de poção calmante até a diretoria e pude ouvir os nomes delas ;) .
Quando as crianças começaram a aparecer, começamos a ficar mais aliviados, mas na contagem descobriu-se que estava faltando o Gabriel, amigo do Ty e outros alunos.
O trio foi à loucura novamente, mas a mãe do Ty mandou os outros pais saírem e fechou-se lá dentro com Máxime, e as senhoras Storm e Kinoshita.
Juro que tive dó da diretora nesta hora.
Demorou um tempo, e quando elas abriram as portas, Máxime me pediu uma poção e entregou para a mãe do Ty, que estava pálida. Parecia que ela havia feito um esforço enorme, e as outras duas mulheres estavam mais calmas.
Começou a haver barulhos na entrada e era de alguns homens trazendo o Gabriel e outras crianças. Pude reconhecer entre eles o senhor McGregor, e logo o Gabriel foi entregue na enfermaria. Encontrei Marienne, Julian e Armand no caminho e fiquei contente por eles estarem bem, andamos um pouco e encontrei Ty acompanhado de Miyako com sérias intenções de montar acampamento da porta da enfermaria. Porém uma coisa que o Ty disse chamou minha atenção:
TM- Acho que está na hora de responder a estes ataques Mi...
MS- Mas somos alunos ainda...
TM- Eu sei, mas odeio ficar correndo com medo a toda hora, isso tá me cansando.Quando o Lobão acordar, vou falar com ele. Tô cansado de ser "vítima" e não reagir. - foi andando e não pude ouvir mais nada.
Em meu tempo de Hogwarts, ouvi comentários sobre o grupo do Potter que praticava defesa contra as artes das Trevas, eram a Armada de Dumbledore, e achei uma coisa muito boa.
Será que teremos que criar algo assim? Vou ficar de olho...

Wednesday, March 01, 2006

Mudanças Radicais... Quem nunca experimentou?

Das lembranças de Isa McCallister

Quando chegou o dia da segunda visita à Paris, acordei cedo e fui tomar café. Lina se despediu de mim com um olhar como se quisesse se desculpar e saiu pra se encontrar com o Samuca pra irem juntos até a cidade. Na verdade eu nem me importava com isso, muito pelo contrário, estava feliz deles estarem se dando bem, e, porque, também, eu já havia planejado a minha manhã na cidade da luz, e a Lina não gostaria de ir aonde eu iria...
Desci direto na Champs Elysée e segui pela avenida procurando... Lá estava ele, colírio pros meus olhos, do outro lado da rua. Atravessei decidida e alegre a rua e entrei no Noélia Bartilotti, o mais famoso Salão de Beleza do país... Parecia até um sonho!

- Pois não, em que posso ajudá-la?
- Isabel McCallister... Acho que mandei uma carta marcando um horário com vocês pra hoje, não?
- Ah sim, claro... Em cima da hora senhorita McCallister! Queira se sentar, já vai ser atendida por Madame Noélia, em pessoa...
- Obrigada!

Logo uma mulher de idade avançada, que me lembrou a cara de seriedade da Professora Minerva McGonagall, mas que tinha a mesma pose da Professora Françoise, se apresentou como Noélia Bartilotti. Ela tinha um sorriso gentil, mas me percorreu inteira com seus olhos, analisando e me conduziu até uma das cadeiras em frente a um grande espelho.

- O que quer fazer com o seu cabelo, querida?
- Ham, pra falar a verdade ainda não pensei direito! Primeiro, queria tirar essas mechas coloridas dele, e dar um corte mais definido...
- Perfeito! Já sei o que fazer...

Genial! Adoro quando sou compreendida por cabeleireiros e não tenho que ficar especificando muito... Ela começou a picotar o cabelo pra lá, pra cá, alisa, e não sei o que mais e enquanto isso, a moça que tinha me recebido na entrada aplicava uma máscara de pepino no meu rosto, bem gelada. Nem vi o tempo passando... A última coisa que vi foi Madame Noélia colocando uma touca térmica na minha cabeça e me levando pra debaixo de um dos secadores. O creme de pepino ainda na minha cara e senti alguém puxando minha mão e meu pé. Tratamento de primeira aquele!
Sentia meu cabelo começando a fumegar quando se iniciou uma gritaria doida lá fora. Madame Noélia veio correndo na minha direção me puxando bruscamente da cadeira, desesperada, dizendo algo sobre homens, máscaras e explosões. Foi me rebocando pra fora do Salão, eu não estava entendendo nada. As pessoas corriam alucinadas lá fora e berravam... Olhei pros lados pra saber o que estava acontecendo e vi um grupo de Comensais da Morte explodindo a avenida e aterrorizando os trouxas. Tentei entrar pra dentro do Salão de novo, mas Madame Noélia tinha seus dois braços nas minhas costelas e me empurrava com força...

IM: Madame, ainda não deu tempo de acabar a hidratação e eu preciso enxaguar o cabelo...
NB: O que são eles? O que são? Socorroo... Obrigada querida, até algum dia!
IM: Madame são Comensais... Por Merlin, termine meu cabelo???
NB: Passe bem querida, boa sorte e... sua hidratação fica por conta da casa!

PAM! Sim, ela fechou a porta na minha cara e lacrou a chaves, saiu correndo pra dentro do Salão e me deixou lá estática, com uma touca térmica e um creme de pepino na cara em meio àquela balbúrdia. Não conseguia pensar no que fazer... Estava pensando seriamente em sentar ali na porta e chorar, e se os Comensais me atacassem sentiriam dó de mim com aquela aparência deplorável. Arranquei o maior número de pepinos que consegui, mas ainda sentia uma geléia gelada no rosto. Sem saber o que fazer, senti um puxão no meu braço direito e vi que era o Brendan, um dos artilheiros do nosso time de quadribol. Ele corria desesperado avenida abaixo e saia me arrastando junto dentre a aglomeração.
Paramos na Pont de La Concorde que estava abarrotada de estudantes aos berros e subindo apressadamente no barco. Subi junto com Brendan até ficarmos em segurança. Olhando abaixo na avenida, via-se os Comensais se espalhando por todos os lados, pessoas correndo, e Aurores tentando estabelecer a calma e espantar os Comensais...
O barco saiu para o castelo e os alunos só começaram a se acalmar quando já estávamos no meio do caminho pelo rio.
Em Beuaxbatons as coisas estavam tão agitadas quanto na Champs Elysée. Pais de alunos que chegavam a todos os momentos na escola, preocupados procurando por seus filhos, outros desesperados por alguma notícia dos aurores a cada barco que chegava. Havia muita gritaria e discussões por ali, e eu só queria subir logo para o dormitório e lavar o cabelo. Não sei se o Brendan era muito educado ou se não reparou mesmo, mas em hora nenhuma perguntou o porquê da minha aparência, contudo, Anabel... Ela me encontrou na entrada do castelo e me olhou com total desprezo. Rebecca estava ao lado dela, parecia aflita quando me abraçou...

RM: Ah, que bom que você está bem minha filha...
IM: Aprendi a me virar sozinha!
AM: Mamãe, não dê moral, ela está estressada porque não deu tempo de terminar de arrumar o cabelo...
IM: Como você adivinhou Anabel, querida irmã?
AM: Até um trasgo perceberia a julgar pela sua touca e o gel verde na cara, Isabel...

Juro, nunca me irrito com as provocações da Bel, mas estava afetada emocionalmente, precisava falar alguma coisa pra revidar, e então eu me lembrei... Rebecca havia se afastado para conversar com outro auror que estava perto e eu chamei Anabel.

IM: Bom, mas parece que você não está conseguindo decifrar o livro não é? Como é mesmo o nome? Grimoi...
AM: Shiiiiiiiiiii, cala a boca Barbie, esqueceu que mamãe não sabe que pegamos o livro?
IM: Que você pegou né?
AM: Eu estou conseguindo, só pra constar!
IM: Ah, é mesmo? Quero que me empreste ele... Vou pedir ajuda à Amaralina! Ela adora Runas e é cigana...
AM: Nunca! Não entrego o livro pra você e muito menos pra ele ser estudado por uma doid...
IM: Ah, não vai entregar? Então eu acho que mamãe vai ter que ficar sabendo do desaparecimento do livro bizarro dela daquele quarto secreto!
AM: Arghh, ok, ok, mas quero ele de volta rápido, entendido? Não vou parar minha tradução nele por seus caprichos fúteis!
IM: Ótimo, pego com você durante o jantar!

Nem sei porque tinha pedido o livro... Estava claro que nem ia abrir ele, muito menos pedir ajuda à Lina, porque isso daria mais um problema pra cabeça dele, problema esse que era função da Anabel solucionar, mas consegui o que queria, deixei ela alarmada.
Subi correndo as escadas e cheguei ao dormitório. Amaralina não estava lá e fiz pedido a Abraim, todos os Deuses e cristais para que estivesse bem. Depois fui para o banheiro e tomei um banho. Qual foi meu horror quando saí do banho e deparei com a minha imagem do espelho? Meu cabelo estava muito, muito volumoso. O repicado novo não se adaptara e eu não estava acostumada com o seu tom castanho pardo e brusco. As mechas, nossa, como faziam diferença! E o meu rosto? Tinha um tom acinzentado, como se o creme não tivesse saído por completo. Fiz uma trança e saí correndo à Ala Hospitalar, precisava de algum remédio para meu cabelo!

IM: Madame Magáli, preciso de ajuda... Meu cabelo! A senhora por acaso não teria uma poção ou algo assim que possa o deixar liso?
ML: Ora, faça-me o favor... Montes de alunos chegando acidentados aqui toda hora e você preocupada com o seu cabelo?
IM: Mas Madame, ele está acidentado! Veja o estado dele...

Ela me olhou com tanta fúria e pediu pra me retirar que eu fiquei até assustada e estava pronta a sair quando a assistente dela, Marine, me chamou até o escritório.

MJ: Desculpe senhorita, ouvi o que disse à Madame Magáli. Ela anda tão ocupada com esse ataque e... Bom, mas de qualquer modo, acho que posso te ajudar!
IM: Pode? Como?
MJ: Eu passo uma poção, na verdade é uma mistura, no meu cabelo, e como pode ver ele fica liso!
IM: Eu preciso dessa poção! Qual o nome? Onde posso comprar?
MJ: Eu tenho um frasco aqui... Eu mesma que faço! – Ela abriu a gaveta e tirou um frasco com um líquido azul pérola de dentro.
IM: É confiável?
MJ: Sim, uma receita de família! Quando acabar, posso te passar a receita, é muito simples, até pra quem não se dá bem em poções!
IM: Muito obrigada! Merlin se lembrará disso!

Sai em disparada para o banheiro novamente e tratei de aplicar a tal mistura no cabelo. Era morno, apesar do frasco não aparentar. O cabelo se torceu e se esticou, e então, lá estava ele, liso, liso, muuito liso. Ta, estava liso até demais, mas antes assim do que o anterior! Quando chegasse minhas férias, daria um melhor trato nele no Salão da esquina da minha casa mesmo, porque na porta do Noélia Bartilotti não passo nunca mais!