Do diário de Isa McCallister
IL: O que você quer dizer com cancelados?
- O último partiu há duas horas. Os trilhos para lá estão muito velhos, sofrerão alteração a partir de amanhã. Creio que em 20 dias, teremos outros trens para lá, se já quiserem deixar reservada alguma cabine especial...
DC: Se em 20 dias eu ainda não tiver em Paris, daqui não saio mais e tenho dito!
- Vamos pegar carona! A estrada daqui a Paris deve ser bastante movimentada! Não é possível que não tenha alguém indo para Paris!
Não me lembro bem quantas horas ficamos sentados no encostamento esticando os braços sempre que víamos um farol, mas o fato é que depois de um longo tempo de espera, um carro parou. Um carro não, uma caminhonete. Foi como um daqueles momentos mágicos! Era uma daquelas caminhonetes antigas. Na cabine, só um rapaz, sorridente e simpático. Ele disse que estava indo para Paris ver a família, e que podíamos subir na carroceria.
Ta, não era um avião, nem um ônibus confortável... Na verdade, perdia de muito para o trem de Hogwarts, mas só a sensação de alívio de finalmente estarmos indo para casa, foi boa demais para me incomodar com luxo! Marie e eu nos esprememos na cabine com Clinton, o motorista, o resto foi na carroceria, com as malas.
Alias, me deixa fazer um aparte... Mesmo antes de entrar, não aprovei em nada o jeito que ele olhava para a Marie. Um olhar diferente, não de um conquistador, mas de um psicopata. Merlin, eu realmente fiquei com medo daquele olhar, fato que me fez comentar com o Samuel sobre isso...
SB: Isa, você só precisa de um banho e dormir um pouco! Estamos todos cansados, e só o Clinton nos deu essa chance! O cara é legal!
IM: Samuca, eu conheço olhares assim... Já passei na frente de muitas construções trouxas cheias de operários. Eu realmente sei como eles encaram obsessivamente. Acho que é melhor, hm...
SB: Não temos outra opção melhor, temos? O jeito é confiar nele... E, ah, nem fala isso pro Ian! Você sabe, é a Marie... – Samuel riu e pulou na carroceria.
- Acho que o motor fundiu.
ML: E o que quer dizer isso, exatamente?
- Quer dizer que vamos ter que ficar parados aqui um tempo, até eu conseguir arrumar. Ei, pessoal, melhor descerem da carroceria e esticarem as pernas, pode demorar!
A conversa estava animada, acho que estávamos empolgados de estarmos quase na metade do caminho para Paris, que nem estávamos nos importando mais de ficarmos parados um tempo. A conversa estava tão divertida e alta, que nem mesmo notamos o que aconteceu em seguida a tempo de evitar!
Clinton fechou o motor, entrou na cabine, ligou a caminhonete, e Ian só deu um grito para ele esperar quando ele já tinha alcançado a estrada e acabado de sumir na curva.
Ficamos parados em choque encarando a curva vazia. O “cara legal” tinha acabado de nos assaltar sutilmente e ido embora com todas as nossas coisas! Com todas as minhas malas!
- Mas o que vocês estão me contando não faz sentido algum! Deixa ver se entendi direito... Vocês vieram de barco, certo?
BL: Certo, era o barco da minha família. Mas na festa de Reveillon, acidentalmente, com fogos, ele naufragou.
- Então, vocês não tendo mais como voltar para Paris decidiram pedir carona. Certo?
IL: Certo, certo! – Ian falou cansado do lenga-lenga.
- E foram assaltados pelo homem que deu carona para vocês?
IM: É isso aí! Quer que eu desenhe? – falei irritada. O delegado me olhou cético e depois, voltou sua atenção para o pedaço de papel que Dominique o entregara no começo da denúncia, com a placa da caminhonete. – Bom, suponho que eu não possa fazer muita coisa por vocês.
DC: E você narrou nossa história quinze vezes a troco de nada?
- Posso mandar a polícia rodoviária barrar ele em algum ponto à frente, caso ele continue a estrada...
OV: Já é alguma coisa.
- E entraremos em contato com os pais de vocês, então, mandaremos vocês pra casa com viaturas da polícia...
SB, IL, BL: NÃO!
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