Thursday, January 18, 2007

There, and back again... [Final]

Do diário de Isabel McCallister

IM: Eu realmente não consigo acreditar que aquele pesadelo todo está acabando feliz!
AM: Feliz só se for pra você, porque eu não me sinto nem um pouco a vontade em barcos! Ainda mais depois de ter visto o Poseidon II sendo engolido pelo mar! – Bel fechou a cara.
ML: Ah, feliz sim, senhora! Reavemos nossas malas, não estamos nos apertando em uma cabine ou carroceria de um ladrão tarado, e finalmente, estamos indo de volta para Paris! Beauxbatons, ah, Beauxbatons! Que saudades!

É, de certo modo Marie tinha razão. Do que já esteve para onde estávamos, as coisas tinham melhorado e muito! Depois de sermos roubados, ficamos na delegacia horas. O delegado insistia em ligar para nossos pais e fazer com que pedíssemos ajuda, mas como nos recusamos e não tínhamos nem ao menos documentos em mãos, ele não pôde nos forçar a isso.

Samuel e eu conversávamos quando o telefone tocou. Todas as conversas pararam, e todas as atenções se voltaram para o policial que o atendeu. A conversa foi de poucas palavras e bem curta, mas então, ao desligar o telefone, o policial sorriu.

- Vocês estão com sorte! Clinton Abrutyv acaba de ser apanhado na estrada, com todas as malas de vocês na carroceria.

Mal conseguíamos acreditar em tamanha sorte! Teríamos nossas coisas de volta? Poderíamos voltar para Paris? A sorte nos sorriu, com certeza!
Após uma hora mais ou menos, um carro da polícia chegou à delegacia com nossas malas e uma foto de Clinton para que fizéssemos o reconhecimento. Ian agarrou a foto com violência e confirmou ser ele “o folgado” que nos tinha roubado.

Saímos da delegacia em viaturas da polícia. O delegado chiando aos nossos ouvidos que nossos pais deveriam ser comunicados de toda a situação, mas nem escutávamos mais. Descemos no porto de Berlim, onde com ajuda de um guarda, conseguimos alugar um pequeno barco... Barco este que nos levaria até o porto de Paris! Era o fim da nossa perfeita e nem tão organizada assim viagem à Alemanha...

°°°

Acordei bem disposta, e logo percebi que não estava sozinha no dormitório. Brendan estava sentado na beirada da minha cama me observando, e juro que tive que segurar um grito até entender quem era.

IM: Poxa Bren, quase morri de susto! – disse séria, e ele riu.
BL: Alguém mandou pedir a liberação dos dormitórios??? – eu ri e ele se levantou de uma vez. Caminhou até o lado oposto da cama, se virou, ficou me encarando, então repentinamente começou a correr e pulou em cima de mim. Soltei um palavrão e um gemido de dor quando senti o cotovelo dele atingir minha costela.
IM: OUCH! Ta doido???
BL: Doido! Doidinho por você! – começou a me beliscar e fazer cócegas. – Pensa que eu esqueci que hoje é seu aniversário, é?

Não conseguia responder por que me contorcia de risadas tentando me esquivar dos dedos dele. Quando saltei da cama e tomei distância, ele me encarou rindo. É mesmo, de fato era meu aniversário! Sim, da Bel também, claro...

IM: Belo presente de aniversário, hein? Hunf... –disse massageando a costela e arrumando o cabelo. Ele continuava a rir.
BL: Alguém mandou ser cheia de carnes? É atrativo para beliscões...
IM: Ta me chamando de gorda???
BL: Te chamei de carnuda...
IM: Pra mim, carnuda é gorda!
BL: Pra mim, carnuda é carnuda!
IM: Some da minha frente, trasgo depravado!
BL: Ta bom, minha carnudinha irritada! Ah, e a propósito... Feliz Aniversário!

Ele saiu rindo e eu joguei o travesseiro bem a tempo de ele fechar a porta. Continuei rindo um tempo e troquei de roupa.

°°°

O sinal para o fim das aulas tocou. Arrumei minhas coisas na mochila e sai da estufa o mais depressa que pude, acho que estava prestes a chorar de raiva. Como um dia que tinha começado tão bem, tinha se tornado péssimo? E pior, era o MEU aniversário! Ta, ok, o aniversário da Bel também...

O dia inteiro ouvi meu nome nos corredores. Meus amigos vinham me abraçar e cumprimentar. Até mesmo a professora Françoise havia se lembrado e me mandou um buquê de orquídeas e um broche! Encontrei a Bel no corredor, e ficamos nos encarando uns segundos até eu tomar a atitude de puxá-la para um abraço. Bernard estava ao lado dela, de mãos dadas! Sim, mãos dadas!

IM: Parabéns Bel...
AM: Er... Devo desejar o mesmo para você? – se soltando do abraço e rindo.

Como pode notar, meu dia estava realmente indo muito bem, como devem ser todos os dias do nosso aniversário! Bem demais, até Brendan me lembrar que a última aula era de Botânica. Caminhei decidida para estufa, o pensamento de que nada haveria de estragar meu dia, nem mesmo a Milenna e sua querida filha.

Assim que entrei, Nicole me lançou um olhar falso, seguido de um sorrisinho. Dora olhou para baixo, segurando o riso. Era evidente que elas estavam falando de mim até aquele momento. Brendan, percebendo a situação, lançou um olhar rude para as duas, e me arrastou até o fundo da estufa. Milenna entrou um minuto depois.

- Hoje vamos colher a Artemísia. Alguém por favor, sabe me dizer para que serve a Artemísia?

Nicole levantou o dedo, mas Milenna já tinha seu olhar na minha direção.

- Obrigada Nicole, mas hoje, prefiro que a aniversariante do dia me responda isso. McCallister, você sabe para que serve a Artemísia?

Levantei as sobrancelhas para ela, evidentemente eu estava fazendo a minha pior expressão, porque ela logo soltou um sorriso abafado.

- Como imaginei, beleza só por estética não serve para nada... A beleza natural vem da inteligência! – desviou o olhar de mim para sua filha. - Nicole, quais são os atributos da Artemísia?
ND: Sonhos proféticos, conhecimentos psíquicos e realização de projetos...
- Excelente! – voltando a me olhar. - McCallister, um rolo de pergaminho sobre indicações, contra-indicações e uso da Artemísia vulgaris Linné para a próxima aula.

O resto da aula passou arrastando. Nicole respondia as perguntas, Milenna elogiava, Dora olhava encantada para sua amiga “intelectual”, Brendan me sussurrava para ter calma, etc... Saí da estufa a ponto de mandar a família Dartagnam sabe Merlin para onde!

°°°

Já começava a desejar que aquele dia finalmente terminasse quando Rubens entrou na sala do capitão já vestido com o uniforme da casa. Nicole lançou um último sorriso pra ele e foi para a arquibancada assistir o treino.

RM: Precisamos nos organizar e treinar com mais vontade ainda, certo? A final do campeonato vai ser contra a Sapientai, e eu realmente espero levar essa taça, para me despedir desse campo...

O time deu um grito de aprovação, e um a um caminhou para o gramado, as vassouras nos ombros. Quando ia sair, Rubens me segurou e lançou um olhar para que Brendan continuasse o caminho. Senti o coração parar, e então olhei para ele zonza. Ele sorriu e me abraçou.

RM: Feliz aniversário, Isa!

Não sabia o que dizer, mas sentir os braços dele ao redor da minha cintura fez todo o meu dia ficar novamente feliz. Já não me lembrava da cara da Nicole, nem do dever da Milenna, nem de nada! Já nem me lembrava que a Nicole estava na arquibancada para assistir seu namorado treinando! Realmente aquilo não me veio à cabeça naquele momento. A única coisa que contou, foi aquele abraço longo que ele me deu enquanto falava baixo o quanto ele gostava de mim, e tudo de bom que ele me desejava...
Quando ele me soltou sorrindo, e me deu um beijo no rosto, fui capaz de sorrir pra ele de volta, e muito!

RM: Então, vamos treinar e conquistar essa taça?

Concordei com a cabeça e saímos juntos para o gramado, até o restante do time. Da arquibancada vi a cara de raiva que Nicole me lançou, e então, decidi: ajudo o time a conquistar essa taça, mas eu vou conquistar esse menino, ou não me chamo Isabel Damulakis McCallister!

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