- Ei, Miyako! Espera aí!
Olhei pra trás me perguntando quem queria falar comigo naquela hora. Sávio vinha correndo na minha direção, abrindo caminho entre um aglomerado de estudantes e malas no porto de Paris. Quando ele parou na minha frente, tinha o rosto vermelho, forçando a respiração, mas mesmo assim sorriu, parecendo satisfeito consigo mesmo de ter me alcançado.
MK: Sávio?! Tudo ok?
SD: Tudo sim... Desculpe a correria, mas precisava me despedir de você antes das férias!
MK: Uhn, é, eu tentei te procurar no navio, mas não te encontrei... Pensei que tinha ido pra casa pela lareira...
SD: Bom, é uma longa história, explico outra hora... – ele sorriu e colocou uma das mãos no meu queixo, me encarando. Depois, tirou a outra mão de trás do corpo, revelando um embrulho grande, me estendendo. – Feliz Natal!
Fiquei surpresa e ao mesmo tempo sem graça. Odiava chamar a atenção em meio a tantas pessoas, ainda mais, conhecidas, e aquilo definitivamente estava chamando a atenção de muitos estudantes! Sávio já era conhecido como o búlgaro transferido de Durmstrang, o que já era bastante para atrair atenção demais pra ele. Me estendendo um embrulho dourado e brilhoso então... Sorri sem graça e ele balançou a cabeça em um gesto positivo, como se estivesse me esperando abrir. Senti o olhar de um grupo de garotas do 7° ano em cima de mim, mas resolvi acabar logo com tudo aquilo e puxei o laço do embrulho.
MK: Um pato de pelúcia! Que lindo! Obrigada... – lancei um olhar expressivo pra ele, que continuava sorrindo pra mim, quase em expressão de hipnose.
SD: Achei que você se lembraria de mim toda vez que visse ele...
MK: Vou lembrar!
Continuei em silêncio sem saber o que dizer além, e vi minha mãe e Sergei apontarem na plataforma, olhando ao redor sem me localizarem ainda.
MK: Tenho que ir agora... – me aproximei dele e dei um beijo de leve no seu rosto, afastando em seguida. – Obrigada! Boas férias e...
Não completei a frase, porque antes que pudesse fazê-lo, Sávio me puxou e me beijou. Isso estava virando rotina mesmo? Quando nos soltei, segurei com força o pato, muito corada. Ele sorriu, deu um beijo no meu rosto e se virou, indo embora.
SD: Feliz Natal e Feliz Ano Novo! Nos vemos em breve, certo? – gritando, em quanto se afastava de mim.
Não consegui dizer nada, só assenti com a cabeça e o vi sumir no meio de um aglomerado de pessoas. Fiquei parada ali, sem saber aonde ir... As garotas agora me olhavam sérias demais, como se estivessem me avaliando. Um pouco delirada ainda, senti uma mão no meu ombro, e logo depois, um beijo estalado no meu rosto.
YH: Até que enfim te encontramos! Pensei que tinha tentado uma fuga! – mamãe falou a última frase em um tom perto do ofendido. Depois sorriu e me olhou da cabeça aos pés, conferindo se estava tudo no lugar. Sergei me encarou e pude ver que ele tinha assistido toda a cena, fato que comprovei quando ele sorriu marotamente me estendendo a mão para cumprimentar. – Então... Vamos pra casa?
°°°
YH: Pegou tudo? Escova de dentes, roupas de frio e...
MK: Mãe, eu tenho que fazer malas sempre! Ir pra Beauxbatons, voltar para casa... Acho que já sei bem o que preciso colocar em uma, certo?
Ela sorriu e Sergei não conseguiu controlar a cara cômica que fez.
YH: Sossega russo! Ainda não aceitei que minha filha é independente... Certo, vamos então, a Yaya deve estar esperando a gente!
Malas fechadas dentro do carro. Estávamos prontos para partir. Destino? Aquela mesma e velha casa da família em Kyoto. Tinha ido poucas vezes lá, minha mãe não gostava muito, fazia ela se lembrar dos pais dela, mas esse ano em especial decidimos ir até lá reunir a família. Tio Yuri e Sabrina já tinham ido. Tio Yoshi só ia de noite, pois tinha que entregar uma grande quantidade de poções para animar de tarde, e Yaya ou tia Yhara, tinha chegado um dia antes para abrir a casa.
Estava animada com a viagem, ainda mais porque já estava prevendo o que iria acontecer, e as cenas eram engraçadas demais de serem imaginadas...
°°°
MK: Ta nervoso né? – falei me divertindo enquanto via Sergei olhando para um ponto fixo da janela, parecendo concentrado. Ele olhou para mim como se eu fosse uma anormal.
SM: Nervoso? Eu? Não, não! Eu simplesmente não consigo agradar a “Yaya”! Ela me olha atravessado, como se eu fosse um monstro! Você ouviu o que ela disse pra sua mãe, com tom aborrecido? “Ah, vão te arrancar de mim?”... Ela quase chorou! Sua mãe não é uma criança pra ser arrancada de ninguém! Me senti um bandido!
Comecei a rir e ele me olhou irritado.
SM: É, ri mesmo, ri muito! Um dia você ainda vai passar por uma situação dessas, de querer agradar a família de quem você gosta, e sentir que não conseguiu! E aí vai ser a minha vez de rir! HAHAHA! E o que tanto elas conversam hein?
MK: Vou te ajudar, porque gosto de você e conheço a Yaya! Ela não é fácil... Quer ouvir a conversa?
SM: Adoraria, só queria saber como...
Levantei e fui até a minha mala, puxando dois pares de “Orelhas Extensíveis, Fred e Jorge Weasley”, entregando uma pra Sergei. Ele pegou o par dele, com um pouco de receio pela consistência mole que a coisa tinha, mas depois que expliquei pra ele para que elas funcionavam, e como, ele sorriu sussurrando: “mal posso esperar para agradecer a eles pela bela invenção! E depois, sua mãe preocupada que você não sabia fazer uma mala bem? Sua mala está completa!!!”.
Seguimos silenciosos até o corredor, e paramos diante de uma porta escura, estendendo as orelhas.
- Eu não estou exagerando, você que está precipitada demais! Yulli, você nem tem 40 anos ainda! Pra que se casar agora? Você tem a vida toda pela frente, pra viajar, conhecer o mundo! Se lembra quando você era jovem, e dizia que queria ser como eu? Viver pelo mundo?
YH: Me lembro Yaya, mas os tempos mudaram, e meus princípios também! Eu tenho uma filha, quero uma família! Quero alguém que me ame do meu lado, e que eu ame, e o Sergei é esse “alguém”! Entendeu?
- Acho que nunca vou ser capaz de entender... Mas, se você está certa disso, eu vou me acostumar com isso, se te faz feliz!
YH: Ah, obrigada Yaya! De verdade! Eu acho que nessa hora, o Sergei deve estar se remoendo, porque não conseguiu agradar a única pessoa da família que tem uma opinião que conta para a futura esposa dele! Ele está assustado!
- Vou tentar ser gentil, ele é uma boa pessoa, eu sei...
Depois disso, não houve mais conversa, só barulhos de movimentos. Decidimos recolher as orelhas e sairmos dali, antes de nos descobrirem bisbilhotando...
MK: Hum, acho que agora vai conseguir agradar! – sorrindo.
Sergei tinha um sorriso satisfeito no rosto, parecido com o de uma criança que acaba de ganhar um brinquedo que deseja há muito tempo. Ele balançou a cabeça afirmativamente.
SM: Agora a gente se casa! Não preciso pedir mais ninguém formalmente, preciso?
MK: Não... Acho que não... Ei, espera! Você já notificou a união para os ancestrais? – disse séria.
SM: Pra quem?
MK: Ancestrais! Deuses que guardam a família!
SM: Ta de brincadeira comigo né?
MK: É, estou! – comecei a rir e ele relaxou, me acompanhando.
SM: Ainda bem! Não saberia como agradar uma legião de deuses!
Ficamos em silêncio até mamãe e Yaya apontarem na sala. Mamãe sorrindo, foi até Sergei e lhe deu um beijo. Depois, arrastou-o até Yaya, que lhe estendeu a mão, o rosto um pouco contrariado, mas depois, revelando um sorriso.
- Bem vindo à família! Espero que cuide bem da minha afilhada, certo?
°°°
É isso aí! Depois de Kyoto, voltamos para o Japão. Sergei foi até a Escócia, encontrar a família do Ty. Mamãe e eu ficamos organizando os preparativos do casamento e das festas. Sem mais novidades, nem notícias devastadoras, fico por aqui! Mal posso esperar pra ver mamãe em cima de um altar dizendo “sim, eu aceito”! Ah, isso vai ser hilário!!!
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