Thursday, January 11, 2007

Desfazendo nós

Do diário de Rory Montpellier

Apesar do clima de medo que ronda o nosso mundo, as festas de final de ano em minha casa foram especiais. Meu pai havia arrumado uma maneira de obter lucro com a nossa pequena fazenda e com isso as coisas melhoravam. Mamãe, contra a sua vontade, havia ido a uma médica trouxa e ela lhe receitara medicamentos que a fizeram melhorar. Com o kit de poções que ganhei de papai fiz algumas poções revigorantes para ela. E no dia de Natal, papai, todo feliz havia enchido nossas meias com presentes, e até pudemos ver um sorriso de mamãe.
Estávamos á mesa quando uma enorme coruja castanha avermelhada com um pacote e um pergaminho presos á pata, bateu na janela tentando entrar. Reconheci a letra na carta e fiquei vermelha, pois meus pais olhavam indagadores para mim, enquanto Lucien perguntava com ar maroto:
- É de alguém importante mana?
- É do Ty.
Minha mãe ficou me encarando por um tempo, e papai após limpar a garganta segurando o riso, disse:
- Então libere logo a ave, meu bem. Vá ver o que você ganhou do seu amigo.
Dei um pedaço de maçã para a ave comer e subi ao meu quarto. Quando abri o pacote do Ty, não contive o grito de surpresa, pois era um lindo par de luvas de couro de dragão, porém a coisa mais bonita que havia ganhado era a carta dele, dizendo que estava com saudades.

Mais tarde naquela noite...
- Não esperava isso de você Rory.
- Não esperava o que mamãe?- fingi não entender.
- Ora, não queira bancar a espertinha comigo. Quando você iria contar que estava namorando o filho dos McGregors?- arregalei o olho.
- É, sua irmã me contou toda feliz que você estava namorando o filho daquele assassino. Como pode trair ao seu pai assim?
- Como posso trair alguém que nem conheço? Nem o nome dele eu sei... E meu pai é quem me criou, me amou...
- Raoul Lestrange. Este é o nome do SEU pai. O sangue é o elo mais forte que se pode ter com alguém. Amor? (disse com asco)... O que é que você sabe sobre isso?
-Estou seguindo meu coração e ele me diz que o Ty não tem nada a ver com o passado. Aliás, nenhum de nós dois tem. Deixe o Ty fora disso, o que está feito está feito, acabou. - não sabia de onde vinha àquela minha “valentia”. Sabia que devia confrontar minha mãe de uma vez e acabar com esta história ridícula de vingança.
Ela me olhou por um longo tempo e cheguei a achar que fosse me agredir, mas aquela fúria nos olhos foi substituída por algo indecifrável. Ela suspirou.
- Onde eu estava com a cabeça em envolver você nisso? Você tem razão quando diz que o passado não vai voltar, mas é que eu senti tanta falta de seu pai nestes anos todos, que acabei ficando cega, e não aproveitei as graças que recebi. Perdoe-me filha. - e começou a chorar baixinho. Fiquei com remorso, aproximei-me dela e a abracei.
- Mamãe, vamos seguir em frente ok? Podemos ser todos felizes aqui... Tudo está melhorando.
- Sim, querida, vamos ser todos felizes. - senti-me aliviada por ela finalmente entender que eu nunca iria fazer nada para magoar o Ty.

- Quem quer ir até Paris amanha?- papai perguntou todo contente, na hora do jantar.
- O que você vai fazer lá papai?- perguntou Angelique.
- Tenho que visitar alguns clientes, e pensei que vocês talvez se interessassem em passear por lá, talvez revir seus amigos. Iremos amanhã cedo e voltaremos ao final do dia. Então se quiserem revê-los, apressem-se.
Angelique e eu corremos a enviar corujas para o Ty e o Jean.
No dia seguinte saímos cedo e nossa mãe disse que ficaria em casa descansando. Papai ficou preocupado e ainda quis desistir de ir, mas ela insistiu. Viajamos de carro até Paris e papai foi nos contando que seus clientes são donos de restaurantes que apreciam produtos orgânicos. Tinha sido idéia de uma amiga e não deu mais detalhes.
Que isto seria uma nova moda, entre os trouxas que queriam se manter saudáveis e que com isso, a fazenda começara a prosperar. Havíamos combinado com Ty e Jean na Place de La Concorde e não demorou muito Ty chegou junto com algumas pessoas. Eram seus primos: Riven, Declan, Mary e Amber. Jean e Desireé Savoy e decidimos ir até o shopping e passar o dia lá.
Os primos dele eram muito legais e Lucien que ficava vermelho a cada vez que Amber ou Mary falavam com ele, voltou animado com ideias que elas deram para os artigos dele no jornal. Teve uma hora que Ty olhou de um jeito estranho para trás e segurou a varinha, achei que ele tivesse visto alguma coisa, mas ele descartou a idéia dizendo que não era nada. Despedimos-nos ao final do dia, já fazendo planos para nossa volta á escola.
Foi um ótimo dia.

No comments: