Das lembranças de Ian Lucas Renoir Lafayette
- Beauxbatons! Eu te amo! Eu nunca mais vou te deixar! Não saio mais do castelo!
- Levanta do chão, Ian!
Era o 1º dia de retorno às aulas e havíamos acabado de conseguir chegar ao castelo através de um barquinho que alugamos no píer de Paris. Claro, gastamos todo o dinheiro que nos restava, mas ao menos estávamos vivos e inteiros, de volta ao castelo. E o melhor, sem ter pedido ajuda a ninguém. Cada um pegou suas malas e nos separamos assim que atravessamos os portões da escola.
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Dois dias se passaram desde que havíamos retornado e eu já tinha perdido a conta de quantas vezes repeti a historia das nossas férias na Alemanha para as pessoas. Todos vinham perguntar, pois havíamos saído nos noticiários trouxas sobre o naufrágio e como os alunos descendentes de trouxas viram, espalharam a notícia.
As aulas seguiam normal e ninguém mais falava sobre o lobo, até aquela manhã. Ainda tomávamos nosso café quando um grupo de aurores entrou com passadas decididas e arrogantes pelo corredor de mesas do Grande Salão, madame Maxime abrindo o cortejo. Eles pararam à frente dos alunos, que àquela altura já estavam todos prestando atenção a eles, e madame pediu silencio. Desnecessário, pois já estávamos todos mudos.
- Atenção alunos! Tenho uma excelente noticia! – a gigante falou sem esconder o sorriso – Nossos aurores acabam de me informar que o ‘lobo’ já foi capturado.
O salão na mesma hora se encheu com o falatório dos alunos, todos comemorando, menos eu. Olhei para a mesa da Nox e Dominique também não estava rindo como os demais. Parecia fácil demais para ser verdade. Os aurores ao lado de Maxime tinham um sorriso de satisfação estampado na cara que me embrulhou o estomago. Detestava aurores, os achava arrogantes demais. Só porque caçam bruxos das trevas se acham os poderosos da sociedade bruxa. Meu pai, por ser um, me condenava por pensar assim. Mas no fundo, de alguma maneira, eu esperava que a notícia não fosse verdade somente para ver o sorriso se esvaziar da cara deles.
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- Quem será que era o lobo? – Marie falou se aproximando da nossa mesa
- Não sei, eles não querem dizer o nome da pessoa. – Bernard respondeu
- Isso está estranho – Samuel falou pensativo – eles capturaram ele rápido demais, não acham?
- Concordo – falei de imediato – Madame Maxime fez a coisa parecer simples demais
- É verdade... – Michel entrou na conversa – Lembro que os aurores estavam nos acalmando dizendo que estavam na pista certa dele, mas meu pai me disse que eles não tinham a menor idéia de quem pudesse ser. Como capturaram de repente?
Estávamos na aula de DCAT quando Sir Shaft foi interrompido por uma batida violenta. Uma vez por semana tínhamos aula com ele tarde da noite, e nunca fomos interrompidos nela, o que fez com que o professor levantasse a sobrancelha desconfiado. Antes mesmo que ele pudesse chegar até a porta para abri-la, o mesmo grupo de aurores que interrompeu nosso café da manha entrou marchando pela sala de aula, parando à nossa frente. Sir Shaft não estava entendendo nada, mas permitiu que eles falassem.
- Sir Shaft, terei que pedir que alguns de seus alunos venham conosco.
- Posso saber o motivo? – o professor falou
- Infelizmente não podemos lhe informar
- Então sinto muito, mas não permitirei que nenhum de meus alunos deixe a sala sem que eu saiba a razão.
O auror parecia contrariado, mas vendo que não tinha como desacatar uma ordem do negão, se aproximou dele e numa voz inaudível explicou o que se passava. Sir Shaft parecia irritado com o que quer que ele tenha dito e mais contrariado que ele quando começou a contar o que estava acontecendo, se adiantou e chegou perto do nosso grupo. Comecei a ficar assustado.
- Vocês terão que acompanhar os aurores
- Hã? Por que?? – perguntei logo e todos me apoiaram
- Não se preocupem, não aconteceu nada. Eles só querem fazer algumas perguntas
- Nos acompanhem, por favor – o auror autoritário falou e levantamos confusos – Obrigado Sir Shaft, pode continuar com a sua aula
Saímos todos de sala e acompanhamos o grupo de aurores. Não demorou muito para que eu percebesse que éramos o mesmo grupo envolvido na brincadeira do lobo e isso me preocupou. O que poderia ter acontecido? Eles não haviam capturado o autor do ataque essa manhã? Bernard parecia estar lendo meus pensamentos, pois acelerou o passo até me alcançar e sem precisar dizer nada fez com que eu entendesse que ele pensava a mesma coisa.
Fomos encaminhados até a sala de madame Máxime e para o meu total horror, meu pai, meu tio e mais um grupo de aurores mais velhos estava presente. Eles haviam conjurado várias cadeiras e nos puseram sentados nelas, de frente para a mesa da diretora. Eu não estava entendendo nada e estava quase perguntando quando a diretora começou a falar.
- Algum de vocês sabe por que estão aqui? – mas ninguém respondeu – Pois bem... Acontece que o lobo atacou outra vez. Sim, ao que parece nossos aurores capturaram a pessoa errada – ela tinha uma expressão impaciente ao falar
- Desculpe diretora, mas o que nós temos a ver com isso? – Marie perguntou
- O problema mademoiselle Laforêt, é que alguém me confidenciou, e afirma ter provas, que os responsáveis por espalhar os boatos sobre o lobo foram vocês.
Nesse instante a sala dela ficou tomada pelas nossas vozes, todas emboladas e se atropelando, cada um dando uma justificativa diferente, mas todos negando ter participação na brincadeira. Os aurores se mantinham imóveis no canto da sala e a diretora bateu na mesa com força, nos assustando e fazendo com que ficássemos quietos.
- Não estou interessada nas desculpas – ela disse rígida – a pessoa afirma ter provas, mas eu não as quis. Quero que vocês assumam a culpa e digam onde está a pessoa, e prometo não expulsar ninguém. Apenas uma detenção, nada mais.
- A senhora está dizendo que NÓS seqüestramos aquela menina e agora essa outra? – eu falei ofendido e meus amigos me apoiaram
- Francamente madame Maxime... A não ser que alguém aqui saiba fazer projeção astral, não há como termos participação nisso! – Bernard falava de um jeito que nunca ousou falar com a diretora – Estávamos dentro de sala!!
- É isso mesmo! Estávamos na aula de Sir Shaft! – Samuel o interrompeu e apontava o dedo para os aurores – esses aí nos arrancaram de lá e nos trouxeram para cá!
- Acalmem-se, por favor! Não estou acusando os senhores, pois sei que estavam em aula. Mas todos aqui concordamos que vocês sabem quem é o autor dos seqüestros.
- Sinto lhe informar digníssima diretora, mas não sabemos quem está por trás disso tudo – falei debochado e ela fechou a cara
- Quem foi seqüestrado? – Michel perguntou e desviamos a atenção para a diretora
- Um aluno do 4º ano da Nox. Pierre Chirac.
- Eu sei quem é ele. É um loirinho de olhos verdes, cabelos cacheados... – Dominique falou e me recordei do menino. Ele era calado, quase não tinha amigos. Quem poderia ter seqüestrado ele e por que?
Madame Maxime ainda nos prendeu em sua sala por uma hora, tentando fazer com que deixássemos escapar algo que os ajudasse, mas não estávamos mentindo quando afirmávamos não saber quem estava por trás disso. A verdade era que só havíamos espalhado o boato, nada mais. E isso, mesmo que a pessoa que nos delatou a ela apresente as provas, vamos continuar negando. E a duvida maior naquele momento era a identidade do delator, e não do lobo. Quem nos entregou que afirma ter provas? Alguém do grupo?
Quando deixamos a sala dela não havia mais ninguém fora das casas. Aparentemente ninguém sabia do novo ataque e a diretora afirmou que ninguém saberia. Eles diriam que o menino, caso perguntassem, tinha ido para casa. E também proibiu os aurores de contar até mesmo aos seus parentes sobre o ocorrido, pois não queria que mais nenhum aluno soubesse e deixasse que isso desencadeasse o pânico na escola. Quem pode ser essa pessoa, capaz de tirar alunos de dentro da escola, debaixo do nariz de um esquadrão de aurores, sem ser notado? Quem quer que seja, é um aluno, e dos espertos. Só resta descobrir quem, e era isso que iríamos fazer. Se os aurores não tem competência de descobrir, nós mesmos íamos pegar esse maníaco.
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