Saturday, August 26, 2006

Paixão de ocasião.

Rabiscos de Ty McGregor

Com o novo professor de vôo, fazendo os treinos dirigidos, hoje havia sido o dia dos batedores. O bom neste tipo de treino é que você pode avaliar os adversários abertamente. O ruim é que eles fazem o mesmo. Nas férias, aproveitei para treinar bastante, então não fui tão mal. O novo capitão da Nox, Samuel era ótimo e tinha um bom controle sobre a vassoura. Eu me viro bem, mas o meu maior problema será o treino com o time. Teremos que arranjar um goleiro e excluir um batedor, e o goleiro tem que ser alguém muito bom. Havia recebido uma carta da minha mãe, dizendo que ela e meu pai haviam conversado e resolvido tudo, e que no passeio da escola, eles falariam comigo. Embora, eu estivesse um pouco zangado com o velho, respirei aliviado quando soube que ainda éramos uma família.
Saí do treino, e estava faminto, então resolvi rever meus amigos elfos, afinal eles deviam sentir saudades minhas ;). Voltava da minha visita á cozinha, quando ouvi risos no corredor:

- Aqui é legal não vem ninguém. Os monitores já passaram por aqui.
-Eu vou querer salada mista.
-Devíamos ir embora, pode vir alguém e...
-Ai, deixa de ser boba, até parece que nunca brincou disso...
-Já brinquei sim. E não sei se notou, tem mais meninas que meninos aqui... E eu só estou aqui de companhia...

Comecei a andar mais depressa, queria ver quem eram os lerdos que iriam fazer uma das brincadeiras mais velhas do mundo e que seriam pegos se continuassem com o escândalo.
Quando dobrei o corredor todos pararam de falar com medo de que fosse algum monitor. Olhei para eles e vi que Rory estava no meio do grupo. Resolvi seguir meu caminho, mas uma das garotas falou alto:
- Vejam, é o novo capitão da Sapientai... Ah, se ele ficar, tudo vai ficar mais interessante. Você está mais alto Ty. - disse Savie, uma loira bonita da Nox.
- Ei McGregor quer brincar?- perguntou Duschamps.
- Não, ele não quer... - Rory disse rápido.
Olhei para ela e havia apreensão e um pouco de medo nos olhos dela.
Medo de quê? Ou de quem? Resolvi entrar no jogo e saber onde aquilo ia acabar.
- Depende. Tudo bem pra vocês? Olhei para os outros e Duschamps, falou:
- Tudo bem, ai fica tudo igual. – e os outros assentiram positivamente.
- Uma sugestão: vocês deveriam ficar um pouco mais silenciosos, daqui a pouco o castelo todo aparece para ver. - avisei e todos começaram a falar mais baixo.
- Eu... Acho que vou embora... - Rory disse e começou a haver protestos dos outros garotos, pois a amiga dela quis fazer o mesmo e as outras meninas começaram a pensar na possibilidade também.
- Por quê? Está com medo de beijar alguém?- provoquei.
- Não tenho o que temer. - ela respondeu tentando parecer segura.
- Então prova! – falei e ela me encarou.
Retribuí o olhar e acho que eu devia estar me achando o tal nesta hora, porque ela estreitou os olhos, parecendo irritada. Por dentro eu estava achando tudo muito estimulante. Como se estivesse num jogo decisivo do campeonato e tivesse que me impor pro adversário.
Só nesta hora lembrei de olhar para as outras meninas. Respirei aliviado, quando vi que eram bonitinhas. Se bem que se fossem feias, não tinha mais volta, o jeito era encarar.
Rory torcia as mãos enquanto me olhava e uma de suas amigas tinha um risinho nervoso na cara. Savie, a garota que me convidou tinha um olhar convencido. Sabe aquelas meninas que sempre são cobiçadas pelos garotos? Savie era assim, acostumada a ter os garotos aos pés dela, e ficava de cochichos com a amiga me olhando. Os garotos se reuniram separados das meninas e como sempre acontece nesta brincadeira, todos iam dizer suas preferências, resolvi ser rápido:
- Vou beijar a Rory. Algum problema?
- Por mim não, mas a Savanah, vai ficar desapontada, corre um boato na Nox, que ela está de olho em você, desde que você se tornou capitão.
- Fico lisonjeado, mas eu acho que ela faz mais o seu tipo Edward. Quero beijar a Rory Ok? - após acertamos os detalhes começamos com a brincadeira.
Duschamps tampou meus olhos e após dizer não algumas vezes, ele apertou um pouco mais meus olhos e eu disse: salada mista.
Quando abri os olhos Rory me olhava mordendo os lábios. Olhei sério para ela e fui para frente. Ela não viu outro jeito senão fazer o mesmo. Evitava olhar para as amigas, talvez com medo de fazer o que a cara dela dizia que faria: sair correndo.
Aproximei-me bem, e como, ela hesitasse, falei baixo:
-Feche os olhos e confie em mim.
Ela engoliu seco, e fechou os olhos. Encostei meus lábios nos dela. Senti que ela tremia nervosa. Comecei a beijar de leve sua boca, para que ela relaxasse. Envolvi meus braços ao seu redor e foi estranho. Parecia natural ela estar ali.
Senti que ela começou a relaxar e não sei o que deu em mim, que comecei a beijá-la pra valer. Não sei quanto tempo ficamos assim, até que Duschamps bateu no meu ombro, interrompendo e eu levantei a cabeça ressentido com ele.
- Er... Hum... McGregor. Agora é a vez dos outros brincarem...
Demorei a tirar meus braços da cintura dela e ela me encarava com os olhos arregalados, ofegante.
Finalmente a soltei, e alisei meu cabelo para disfarçar o tremor da minha mão, enquanto voltava para o meu lugar. Ficamos vendo os outros brincarem. Toda vez que olhava para ela, ela desviava os olhos, vermelha.
Quando a brincadeira terminou e todas as meninas haviam sido beijadas, Rory saiu rápido em direção ao salão comunal da Nox, sem nem olhar para trás. Podia jurar que ela queria correr, mas seu orgulho impediu.
ED - Ei, Ty, vocês já saíram alguma vez? A Rory parece um pouco zangada com você.
TM - Não. Nunca saímos.
ED - Então porque ela foi embora brava?
TM - Quem entende as garotas? A gente se vê por ai, Duschamps. – dei de ombros e voltei ao meu salão comunal e nem parei para falar com Gabriel, todo absorto lendo o diário da mãe dele. Ele vai me zoar muito quando eu contar que estava brincando de salada mista rsrsrs.
Deitei na minha cama, fechei o cortinado e fiquei lá de olhos abertos pensando no que tinha acontecido.
- Se a Rory não gostava de mim antes, depois de hoje, acho que ela me odeia. Se bem que eu gostaria muito se ela... Ah, deixa para lá. Seria querer demais, e no momento eu só quero me dedicar ao time. Este será o ano da Esfinge!

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