Friday, October 07, 2005

A primeira detenção

Cenário: Classe de DCAT. Uma sala ampla, repleta de pufes e almofadas, paredes claras e imensas janelas de vidro protegidas por um feitiço anti-quebra. Não haviam mesas nem cadeiras. Nos fundos da sala, um tablado com uma pequena mesinha e uma porta pequena de madeira simples.

Ela havia optado por participar destas aulas já que DCAT sempre fora sua matéria favorita. Estava curiosa para saber como seriam as aulas ali. Pelo que haviam lhe contado, o professor era fantástico. Pelo menos não seria mais um ano de tédio total dentro da sala de aula como aconteceu em Hogwarts.

Os alunos do sétimo ano já estavam na sala quando Adhara chegou. A garota mirou-os por alguns segundos e caminhou para os fundos da sala. Escolheu uma grande almofada verde-limão e arrastou-a até a janela. Jogou a mochila no chão e pulou em cima da almofada, toda desleixada. As garotas a olharam com ar de desdém e Adhara sorriu marotamente.

Sir Shaft Zambene apareceu na porta. O professor de Defesa Contra as Artes das Trevas era um homem negro, alto, de aproximadamente trinta anos de idade. Grande estudioso das Artes das Trevas e, segundo o que ouvira pelos corredores, um dos maiores criadores de novos métodos de defesa. Era o professor mais metódico e perfeccionista que havia no castelo, mas mantinha uma boa relação com os alunos. Todos o admiravam e respeitavam, e ele realmente sabia ensinar. Ele fitou os alunos um a um e deteve-se um instante a mais em Adhara. A garota sustentou o olhar, desafiante.

SZ: Bom dia. Sejam bem vindo a mais um ano de estudos de Defesa Contra as Artes das Trevas. Creio que meu método de ensino já é do conhecimento de vocês. Bem, vejo que temos uma nova aluna.

Adhara torceu o nariz pra ele. Sempre detestou chegar em algum lugar e ser tratada como se fosse um extraterrestre. Ia começar o interrogatório.

SZ: Senhorita...??
AB: Black. Adhara Black.
SZ: Vi sua carta de apresentação, Hogwarts, não é mesmo?
AB: Não. Jardim Zoológico. É como os alunos de Hogwarts costumam chamar a escola.
SZ: Gosta de gracinhas, não é mesmo? Por favor, senhorita Black, fique de pé.
AB: Não precisa, estou bem aqui.
SZ: Fique de pé. Não vou tornar a repetir.

Adhara olhou em volta. Alguns alunos sufocavam risadinhas, outros tinham os olhos arregalados, tentando descobrir o que o professor faria com a aluna insolente. Bem devagar, de propósito, a garota ergueu-se da almofada.

AB: Quer uma demonstração de feitiços?
SZ: Mostre do que você é capaz.

A garota tirou a varinha do meio das vestes e parou, de pé, diante da turma. Apontou para uma garota magrinha de longas tranças que se encolheu na cadeira. Mas não fez nada. Escolheu então um garoto de olhos pretos e cabelos castanhos. O garoto levantou e sacou a varinha também. Sir Shaft olhou-o ferozmente, e o garoto voltou a sentar. Adhara virou-se de repente para o professor e esticou o braço com a varinha, movimentando-a. Ouviu-se um “Ooooooh!” na sala, mas no momento em que a garota pronunciou o feitiço ela moveu a varinha alguns centímetros para o lado esquerdo e transformou a mesinha sobre o tablado em poeira.

Ambos se encararam por alguns instantes. O professor subiu no tablado e Adhara voltou a se jogar na almofada. Ele começou então uma explanação a respeito da proteção contra magia negra, um método único e exclusivo desenvolvido pelo próprio, e passados alguns minutos Adhara puxou um pergaminho de dentro da mochila e começou a picá-lo e atirar os pedacinho em redor. Sir Shaft encarou-a e parou de falar bruscamente.

SZ: Algum problema, senhorita Black?
AB: É só isso que você sabe? Pensei que aqui em Beauxbatons eu ia ter uma aula de DCAT de verdade.
SZ: Não tolero indisciplina em minha classe, senhorita.
AB: Não estou dizendo nenhuma mentira. Isso que o senhor considera sua excepcional aula inaugural do sétimo ano, eu aprendi no jardim de infância.
SZ: Silêncio! Costumo ser respeitado pelos meus alunos, senhorita Black, e espero o mesmo da senhorita. Quero evitar problemas, está entendendo?

Os olhos da garota soltaram faíscas, e o professor deixou-a de lado, voltando à explicação. Logo depois, os alunos formaram duplas para praticar a resistência a maldição Cruciatus. Adhara ficou sem dupla. Quando olhou para os lados, viu que o professor a observava. Obvio, se quisesse praticar, teria que ser com ele. Lutando contra o próprio orgulho, a garota deu dois passos na direção em que Sir Shaft estava, e então ele se virou e embrenhou-se entre os alunos mais desastrados, pois um garoto havia acabado de transformar o colega em uma espiga de milho.

Ele pensa que vai me dobrar. Veremos quem é o melhor aqui.

A garota puxou a varinha do meio das vestes e, murmurando uma fórmula mágica, conjurou um fogo esverdeado e ateou na capa do professor. Sir Shaft não deu motivo algum para que a aluna o atacasse daquela foram. Mas quem disse que Adhara precisa de um motivo?? Uma garota de óculos gritou e o professor, percebendo suas roupas em chamas, apagou-as com um feitiço redutor. A sala estava em silêncio. Ninguém precisou de um orbe para saber quem foi o responsável pela brincadeira de péssimo gosto.

SZ: Está detida, senhorita Black. Se você estava acostumada a esse tipo de comportamento na sua antiga escola, saiba que eu não vou tolerar isso. Agora, tem o direito de permanecer calada. E sentada, aqui não é permitido abandonar as aulas.

Os segundos pareceram se arrastar até o fim da aula. Sir Shaft chamou a garota quando ela já estava na porta.

SF: Estarei à sua espera às 19 horas, em minha sala. Não se atrase, odeio irresponsabilidade. Tenha um bom dia.

Adhara nunca havia pensado que pudesse, um dia, detestar DCAT. Esse dia havia chegado. E o ano estava apenas começando.

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