Do diário de Morgan O’Hara
Mesmo estando numa escola diferente, certas coisas nunca mudam.
Outro dia estava estudando com Marienne na beira do lago, quando um jovem se aproximou e foi pondo a mão em meu ombro, todo galante. Acho que o deixei meio chateado quando, tirei suas mãos de cima de mim e avisei que tinha namorado. Seu nome é Dominique, é do sexto ano e segundo minha amiga ele é "O" conquistador oficial de Beauxbatons.
Ele ficou rubro quando Ian, um conhecido de Marienne, disse que ele estava perdendo "o jeito". Tudo bem que ele é bem bonito, mas não a ponto de se perder a cabeça e cair aos seus pés. Francamente.
Já Ian, foi a simpatia em pessoa. Sabe aquelas pessoas que te transmitem energias boas logo de cara? Ele é assim. Nossa pareço a Amaralina falando em energia...
Esta colega é muito legal, apesar de algumas vezes eu ficar meio abobalhada quando ela começa a falar em Saturno em conjunção com Plutão, gerando o vértice da onda meteorística cósmica. Ela ama Astrologia.
Nunca fui fanática, mas se tenho que fazer a aula vamos lá... Seguimos pelo castelo até a Torre Sul da ala Leste, e ao chegarmos lá havia varias mesinhas, vários telescópios, e um grande telescópio no meio, sendo observado por um homem de cabelos longos, e vestes um pouco frouxas. Ele não deve gostar de comer, quase não o vejo durante as refeições. Ele apenas fez um movimento com a cabeça, enquanto escrevia freneticamente no pergaminho à sua frente.
MD-Ai Merlin, hoje ele parece mais aéreo que nunca.
Levantei a sobrancelha para Marienne e a segui quando ela sentou-se numa mesa mais afastada. O homem pareceu despertar do transe, ergueu os olhos claros e disse meio assustado:
MW-Oh, vocês estão aqui... Claro que estariam aqui, sou eu que ensino Astrologia. - foi ao quadro negro e escreveu seu nome: Martin Winkler, não se virou logo e acabou rabiscando também uma fórmula matemática, e começou a dizer para si mesmo, suas conclusões, até que um garoto fez um barulho com a garganta para chamar sua atenção e ele saiu do devaneio e começou a falar dos planetas que veríamos, das constelações. Pude notar o seu fascínio pela matéria. De repente ele diz...
Na janela, a imagem da Lua
Pronta a moldurar meus sonhos
Sempre ali, fazendo-se presente
Leva para tão longe meu coração
Envolta em seu véu brilhante
Hora grande e bela, hora simples traço
Desperta minha imaginação
Permite-me mais espaço...
MOH- Ele é assim sempre? Doidinho? - Perguntei baixinho para Marienne.
MD-Ás vezes. Mas de um modo geral ele ensina bem, entre um surto e outro. E não oferece perigo. - disse antes que eu perguntasse.
A aula continuou neste ritmo, ate que ele teve uns poucos momentos de lucidez e nos pediu um pergaminho de 60 centímetros sobre a constelação de Andrômeda e suas estrelas mais brilhantes. Ao sairmos da sala alguns alunos comentaram:
-Porque ele voltou à razão, cinco minutos antes de acabar a aula?Não podia ser depois não?
Claro que o dia não iria terminar assim com risadas. Ainda teríamos aula de etiqueta. Não foi por opção minha, mas porque é obrigatório, para quem não teve esta matéria no currículo.
-Em Ballyhara ou Hogwarts era tão mais simples de se viver.(pensei comigo).
Ao entrarmos na sala elegantemente arrumada para um jantar formal, Madame Defossez já me olhou torto, pois não segurei o riso ao ver o coque todo enfeitado parecendo um bolo de noiva em cima da cabeça dela.
FD-Mademoiselle O'Hara, procure entrar sempre com um sorriso discreto nos lugares. - e me forcei a dar um sorriso frio para ela, enquanto ela prosseguia:
FD-Na aula prática de hoje, degustaremos uma das mais sublimes iguarias. Acomodem-se. Dois casais para cada mesa. Marienne e eu olhamos em volta, e logo os gêmeos Armand e Julian Gaston, vieram para nosso lado. Nos ofereceram o braço como fora ensinado anteriormente e nos levaram para a mesa. Puxaram as cadeiras para que sentássemos e logo os elfos entraram trazendo enormes bandejas de prata e começaram a servir. Tudo ia bem até a hora, em que eles nos ofereceram Scargots.
MOH-Não como isso. É nojento. (disse baixinho).
MD/AG-É uma delícia, experimente.
MOH-Não tenho intenção de comer lesma. - e meu estômago revirava a ver a satisfação de Marienne e Armand com "a coisa".
JG-Eu também não gosto, mas vou comer para não receber demérito. - E engolia a lesma com um gole de vinho branco.
Sacudi a cabeça em negativa, e a professora veio até nossa mesa.
MD-Porque não está comendo senhorita O'Hara?
MOH-Não gosto do que está sendo servido, senhora. Prefiro abster-me.
MD-Não perguntei se gosta ou não. É uma aula prática e todos sem exceção têm que provar o que está sendo servido. Vamos lá, segure as pinças como seus colegas. - e como ela apertava os olhos de forma a ficarem um único risco, optei por não contrariar, mas apertei com tanta força que o caracolzão escapou e foi cair no meio do penteado da professora. Alguns alunos começaram com risinhos baixos e eu me segurei bastante para não cair na gargalhada.
A mulher tirou o caramujo dos cabelos, com toda a dignidade que a situação permitia e optou por me mandar ler um livro de etiqueta chamado "Elegância nunca morre".Pois na próxima aula prática, iremos comer ostras.
Sinceramente... Não sei o que os franceses acham de tão gostoso em lesmas...
N.A: Trecho do poema Lua Amiga da Star do Conselhonet
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