Friday, October 21, 2005

Certas coisas nunca mudam...

Do diário de Morgan O’Hara

Mesmo estando numa escola diferente, certas coisas nunca mudam.
Outro dia estava estudando com Marienne na beira do lago, quando um jovem se aproximou e foi pondo a mão em meu ombro, todo galante. Acho que o deixei meio chateado quando, tirei suas mãos de cima de mim e avisei que tinha namorado. Seu nome é Dominique, é do sexto ano e segundo minha amiga ele é "O" conquistador oficial de Beauxbatons.
Ele ficou rubro quando Ian, um conhecido de Marienne, disse que ele estava perdendo "o jeito". Tudo bem que ele é bem bonito, mas não a ponto de se perder a cabeça e cair aos seus pés. Francamente.
Já Ian, foi a simpatia em pessoa. Sabe aquelas pessoas que te transmitem energias boas logo de cara? Ele é assim. Nossa pareço a Amaralina falando em energia...
Esta colega é muito legal, apesar de algumas vezes eu ficar meio abobalhada quando ela começa a falar em Saturno em conjunção com Plutão, gerando o vértice da onda meteorística cósmica. Ela ama Astrologia.
Nunca fui fanática, mas se tenho que fazer a aula vamos lá... Seguimos pelo castelo até a Torre Sul da ala Leste, e ao chegarmos lá havia varias mesinhas, vários telescópios, e um grande telescópio no meio, sendo observado por um homem de cabelos longos, e vestes um pouco frouxas. Ele não deve gostar de comer, quase não o vejo durante as refeições. Ele apenas fez um movimento com a cabeça, enquanto escrevia freneticamente no pergaminho à sua frente.
MD-Ai Merlin, hoje ele parece mais aéreo que nunca.
Levantei a sobrancelha para Marienne e a segui quando ela sentou-se numa mesa mais afastada. O homem pareceu despertar do transe, ergueu os olhos claros e disse meio assustado:
MW-Oh, vocês estão aqui... Claro que estariam aqui, sou eu que ensino Astrologia. - foi ao quadro negro e escreveu seu nome: Martin Winkler, não se virou logo e acabou rabiscando também uma fórmula matemática, e começou a dizer para si mesmo, suas conclusões, até que um garoto fez um barulho com a garganta para chamar sua atenção e ele saiu do devaneio e começou a falar dos planetas que veríamos, das constelações. Pude notar o seu fascínio pela matéria. De repente ele diz...

Na janela, a imagem da Lua
Pronta a moldurar meus sonhos
Sempre ali, fazendo-se presente
Leva para tão longe meu coração
Envolta em seu véu brilhante
Hora grande e bela, hora simples traço
Desperta minha imaginação
Permite-me mais espaço...

MOH- Ele é assim sempre? Doidinho? - Perguntei baixinho para Marienne.
MD-Ás vezes. Mas de um modo geral ele ensina bem, entre um surto e outro. E não oferece perigo. - disse antes que eu perguntasse.
A aula continuou neste ritmo, ate que ele teve uns poucos momentos de lucidez e nos pediu um pergaminho de 60 centímetros sobre a constelação de Andrômeda e suas estrelas mais brilhantes. Ao sairmos da sala alguns alunos comentaram:
-Porque ele voltou à razão, cinco minutos antes de acabar a aula?Não podia ser depois não?
Claro que o dia não iria terminar assim com risadas. Ainda teríamos aula de etiqueta. Não foi por opção minha, mas porque é obrigatório, para quem não teve esta matéria no currículo.
-Em Ballyhara ou Hogwarts era tão mais simples de se viver.(pensei comigo).
Ao entrarmos na sala elegantemente arrumada para um jantar formal, Madame Defossez já me olhou torto, pois não segurei o riso ao ver o coque todo enfeitado parecendo um bolo de noiva em cima da cabeça dela.
FD-Mademoiselle O'Hara, procure entrar sempre com um sorriso discreto nos lugares. - e me forcei a dar um sorriso frio para ela, enquanto ela prosseguia:
FD-Na aula prática de hoje, degustaremos uma das mais sublimes iguarias. Acomodem-se. Dois casais para cada mesa. Marienne e eu olhamos em volta, e logo os gêmeos Armand e Julian Gaston, vieram para nosso lado. Nos ofereceram o braço como fora ensinado anteriormente e nos levaram para a mesa. Puxaram as cadeiras para que sentássemos e logo os elfos entraram trazendo enormes bandejas de prata e começaram a servir. Tudo ia bem até a hora, em que eles nos ofereceram Scargots.
MOH-Não como isso. É nojento. (disse baixinho).
MD/AG-É uma delícia, experimente.
MOH-Não tenho intenção de comer lesma. - e meu estômago revirava a ver a satisfação de Marienne e Armand com "a coisa".
JG-Eu também não gosto, mas vou comer para não receber demérito. - E engolia a lesma com um gole de vinho branco.
Sacudi a cabeça em negativa, e a professora veio até nossa mesa.
MD-Porque não está comendo senhorita O'Hara?
MOH-Não gosto do que está sendo servido, senhora. Prefiro abster-me.
MD-Não perguntei se gosta ou não. É uma aula prática e todos sem exceção têm que provar o que está sendo servido. Vamos lá, segure as pinças como seus colegas. - e como ela apertava os olhos de forma a ficarem um único risco, optei por não contrariar, mas apertei com tanta força que o caracolzão escapou e foi cair no meio do penteado da professora. Alguns alunos começaram com risinhos baixos e eu me segurei bastante para não cair na gargalhada.
A mulher tirou o caramujo dos cabelos, com toda a dignidade que a situação permitia e optou por me mandar ler um livro de etiqueta chamado "Elegância nunca morre".Pois na próxima aula prática, iremos comer ostras.
Sinceramente... Não sei o que os franceses acham de tão gostoso em lesmas...

N.A: Trecho do poema Lua Amiga da Star do Conselhonet

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