Do diário de Morgan O'Hara
Não era difícil se acostumar com Beauxbatons, por sorte os alunos do sétimo ano eram em sua maioria simpáticos, especialmente minha colega de quarto Marienne Duprét.
Era uma garota um pouco mais alta do eu, magra, com cabelos louros lisos e olhos azuis.
Usava óculos e tinha a mania irritante de morder a pena enquanto estudava ou pensava; e na falta de uma pena, os óculos sofriam. Todos sabiam de sua mania.
Havia nascido trouxa, filha de professores e logo nos tornamos amigas. Nos divertimos contando histórias da vida de cada uma, antes de pegarmos no sono.
Acordamos um pouco atrasadas e tomamos o café da manhã super rápido e fomos para a aula de Mitologia Greco-Romana. A sala de aula ficava na ala Sul do castelo, e ao contrário da sala de Binns, que era um pouco escura e poeirenta, esta sala tinha as janelas abertas e o sol da manhã, infiltrava-se deixando tudo à mostra.
Na frente havia um palco, e sobre ele havia um homem vestido com uma toga e em sua cabeça havia uma coroa de louros dourados. Segurava uma harpa pequena. Tinha cabelos castanhos com alguns fios grisalhos e olhos cinzentos. Mantinha os olhos fechados em uma pose teatral, como se esperando a platéia se acalmar.
MD-Oba, você vai adorar a aula hoje. - disse com os olhos brilhando.
MOH-Porquê?
MD-Quando Monsieur Richelieu está com estas fantasias ele declama, ou fazemos apresentações teatrais para assimilarmos melhor a matéria.
MOH-Nós? Palco? - perguntei chocada.
Marienne riu divertida e me empurrou até ficarmos bem na frente. Logo a sala já estava cheia e o homem, que não havia movido um músculo, disse com voz clara e empostada:
"Venham, venham todas as mentes sedentas do saber... Da espuma do mar, fecundada pelo sangue de Urano (o céu), nasceu uma deusa linda, ao andar de seus pés delicados brotavams flores. Chama-se Afrodite ou Citeréia, nome da Ilha em que aportou ou Cipris, nome da ilha em que é honrada".
E foi contando sobre a deusa Vênus ou Afrodite, e fazendo surgir flores em nossos pés, enquanto ouvíamos o barulho do mar, logo a aula chegou ao fim, para infelicidade de alguns alunos.
Como não podia deixar de ser, recebemos como dever, escrever um pergaminho de 50 centímetros, sobre os inimigos de Vênus e as conseqüências para o Olimpo, quando o professor, me chamou:
Richelieu: Senhorita O'Hara, podemos nos falar? Se quiser, pode esperá-la Mademoiselle Dupret. Não vou demorar.
Paramos e prestamos atenção:
Richelieu: Espero que não tenha estranhado muito meu método de ensino. - comentou e olhou para Marienne, que ficou corada, meio sem graça.
MOH-Não senhor. Mantém o aluno interessado. - respondi.
Richelieu- Li, o seu currículo e você só fez aulas de História da Magia, gostaria que procurasse nossa bibliotecária e pegasse com ela alguns livros que os alunos usam para a preparação para os Niems, isto vai ajudá-la.
MOH-Ok, vou fazer isto.
Richelieu: Era só isso, tenham um bom dia.
MOH-O senhor também, obrigada. - e saímos da sala e perguntei a Marienne:
MOH-Você não gosta do professor François?
MD-Claro que gosto. O que deu esta impressão?
MOH-Bom, ele ficou olhando para você, como se esperasse um gesto de simpatia da sua parte, e você preferiu contar os ladrilhos do chão.
MD-Sou tímida apenas isso.
Olhei para ela e ela tinha aquele brilho no olhar, de quem guarda algum segredo. Optei por pensar nisto mais tarde, pois iria para minha primeira aula de Zoologia e estava com vontade de me sair bem. Sempre gostei de atividades ao ar livre.
Chegamos ao gramado e logo Pierre Coussot, apareceu. Bom... Confesso que esperava alguém fora do comum, mas o homem à minha frente não exibia mais do que o ar feliz daquelas pessoas do almanaque rural trouxa, segurando o prêmio pela melhor vaca leiteira.
Cumprimentou-nos e começou o famoso discurso sobre o nosso último ano na escola, que os NIEMS, eram os nossos últimos testes para a vida adulta, e que estudaríamos animais trouxas, pois alguns ainda não conseguiam diferenciar um amasso de um gato de rua trouxa, e faziam algumas transfigurações deploráveis.
E para provar seu ponto de vista: exibiu dois ovos enormes. E perguntou:
- Alguém sabe a diferença destes ovos?
- A diferença é clara professor. Um é amarelado e outro é marrom. - respondeu um garoto que eu ainda não conhecia, mas devia ser da Nox pelas vestes. - e arrancou risos da turma,
PC- Há-há. Muito engraçado, mas alguém sabe a diferença?
Como ninguém falava nada eu levantei a mão:
PC-Vejamos uma pessoa de coragem... Você é nova por aqui... Deixe me ver na lista: aqui está Morgan O’Hara. Então me diga senhorita, qual a diferença destes ovos? E toda a turma virou-se para mim.
MOH-O mais claro é um ovo de avestruz trouxa. E o outro é um ovo de dragão da espécie Dente de Víbora Peruano, e pelo jeito que o senhor está segurando com luvas protetoras, ele deve estar quente. - respondi.
O professor me olhou de cima a baixo e perguntou: Tem certeza? - percebi que era um teste e respondi:
MOH-Sim, senhor, assim como tenho certeza que o senhor vai colocar o ovo de dragão dentro de algum caldeirão e mantê-lo aquecido, dentro de aproximadamente, um minuto, ou perderemos o filhote.
O homem rapidamente foi para a mesa e não me fiz de rogada, me aproximei e conjurei um fogo de chamas permanentes, um caldeirão de estanho e ajudei a aquecer o ovo. Terminado o trabalho de preservar o ovo de dragão o homem virou para mim e disse:
-Cinco pontos para Fidei Angeli, senhorita O'Hara, por ter acertado a minha pergunta. E agora a aula de hoje, quero que abram seus pergaminhos e escrevam tudo que foi visto nesta aula, inclusive com desenhos do meu amiguinho guaxinim, e estes ovos.
Trabalhamos rápido e enquanto caminhávamos de volta ao castelo, fui conhecendo os colegas das outras casas e descobrindo um pouco mais sobre o professor. Estou na metade do dia e já tenho montanhas de deveres para fazer.
Nunca desejei tanto, que um fim de semana chegasse tão rápido.
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