Sunday, October 30, 2005

All Hollows Night

Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette

-Perfeito!
-O povo vai se borrar de medo!
-Como você conseguiu isso?
-Pedi ao meu primo para me mandar, mas não me pergunte como ele arrumou...
-Genial! Simplesmente genial!

**************************************

Já era quase 23hs do dia 31 de Outubro, o dia das bruxas. Não tinha melhor data para pregar uma peça nos colegas... Todos os alunos se encontravam nos jardins da escola, devidamente decorado com abóboras e velas. Eu estava me arrumando no banheiro masculino do 3º andar com Dominique, Bernard e Samuel. Marie estava no final do corredor vigiando a movimentação.

BL: Acho que já podemos sair...

Dominique foi puxando a fila e os seguíamos colados, tomando cuidado para não fazer barulho. Marie fez sinal de que estava tudo limpo e paramos ao seu lado.

ML: Vocês têm certeza de que querem continuar com isso? Ainda acho uma idéia imbecil...
IL: Não é imbecil, é brilhante!
SS: Ninguém nunca pensou em nada parecido!
ML: Vocês que sabem... Vão, sumam logo daqui! Não quero ser pega com vocês enquanto estiverem usando essas roupas! Não sei nem porque ainda dou cobertura...
DC: Porque você nos ama muito...

Marie sacudiu as mãos impaciente e descemos as escadas rindo. Não havia sinal de alunos no segundo andar. Quando já estávamos perto da escadaria que nos levaria ao saguão de entrada, avistamos nossas primeiras vitimas: um grupo de quartanistas inocentes...

BL: O que era mesmo pra usar?
DC: Petrificus Totalus! – Dominique berrou, acertando um ruivo que estava de costas.
-COMENSAIS DA MORTE! – a menina loirinha berrou alarmada ao olhar para nós.

Antes que os gritos do grupo chamassem a atenção da escola toda, petrificamos os demais. Deixamos os pirralhos estirados no chão e avançamos em direção a um segundo grupo que vinha em socorro dos já nocauteados. As expressões nos rostos deles ao verem os alunos duros no chão eram de pânico. Eles não sabiam que havíamos usado um simples feitiço de petrificação e pensaram logo que era a maldição da morte. Dois garotos do 7º ano ainda tentaram sacar as varinhas para nos deter, mas o espanto era tão grande de estar de frente a quatro supostos comensais que suas mãos tremiam violentamente e as varinhas não se mantinham firmes.

IL: PETRIFICUS TOTALUS! – berrei junto com Samuel e os dois caíram com um baque no chão.
BL: Lá vem mais três...

Bernard e Dominique derrubaram os três que estavam chegando e corremos escada abaixo rumo ao 1º andar. Já estávamos quase alcançando os jardins quando parei de súbito e eles esbarraram em mim. Bernard perguntou por que parei e apontei para a garota sozinha olhando entediada para um dos quadros do castelo. Estava fácil demais pra ser verdade... Adhara Black estava parada sem ninguém por perto para socorrer, éramos quatro contra uma... Os meninos pareceram entender e marchamos em direção a ela.

SS: Petrificus Totalus!

Samuel berrou, mas ela devia ter os sentidos muito aguçados, pois desviou do feitiço e ele só atingiu seu pé. Adhara pulou com o jato e se virou rapidamente já com a varinha em punho, berrando de susto ao ver nossas roupas. Mas ao contrario do resto do povo, ao invés de correr ela desatou a lançar feitiços às cegas em nossa direção. Lançamos o feitiço escudo em volta e corremos depressa, despistando ela ao virarmos o corredor. Dominique abriu o portão do saguão com um jato laranja e saímos aos tropeços porta afora, parando no meio do jardim. A conversa animada que estava do lado de fora deu lugar a gritos e corre-corre. Quando os alunos viram quatro comensais surgirem nos jardins com as varinhas em punho, começaram a correr desabalados pelo gramado, derrubando mesas, cadeiras e atropelando as abóboras.

DC: Ta no inferno? Abraça o capeta! Petrificus Totalus!

Dominique recomeçou a disparar os jatos azuis por todas as direções e diante dessas palavras poéticas, nos juntamos a ele. Algumas pessoas já choravam a “perda” de amigos estatelados no chão quando sentimos a grama tremer. Senti uma enorme sombra vindo em nossa direção e me virei para ver quem era...

-ESTUPEFAÇA!

Festa dos Comensais...

Do diário de Isa McCallister


Pois é diário, mais uma vez estou aqui... Depois do meu último relato, os dias que se passaram não tiveram qualquer novidade que constasse interessante demais. Quarta-feira eu fui para o primeiro treino do meu novo time. No começo, eu achei estranho, porque em Hogwarts as meninas costumavam jogar bastante quadribol, mas chego aqui e descubro que elas acham o esporte um tédio, e preferem jogar xadrez de bruxo para não estragarem penteados ou unhas. Na verdade, é até interessante...

Cheguei ao vestiário da Fidei e seis meninos conversavam animadamente. Quando entrei, como se eu fosse uma figura nova no álbum, eles vieram me cumprimentar e me apresentar todo o local... Depois de conversarmos bastante e eu narrar tudo que achava importante da minha vida e conhecer um pouco de cada um deles, o capitão começou a falar em algumas táticas novas que havia pensado para o time... E então fomos para o campo tentar executá-las e ficamos lá até tarde da noite, até que juntos voltamos pro castelo e nos despedimos nas escadarias dos dormitórios.

É realmente de se impressionar, a educação francesa. Não que em Hogwarts não sejamos educados, mas o nível lá não se compara com a delicadeza e o cavalheirismo que encontramos aqui... Françoise realmente faz um ótimo trabalho! Falando em professores... Lembra-se da de Botânica? Milenna. Eu não consigo entender qual é o problema dela com a minha pessoa. Samuel disse que ela me escolheu para “vítima do ano”, e Amaralina disse que simplesmente “nossos planetas não estão bem alinhados com a afinidade”. Bom, de qualquer jeito, resumindo, ela me odeia... Ta, isso é recíproco, mas ela começou... Na última aula me prendeu 20 minutos depois na estufa para limpar a bagunça da turma... Pode? Inacreditável não é? Bom, então, depois disso que eu te contei, a semana passou sem mais nenhuma novidade até ontem...

Durante toda a tarde, os jardins foram invadidos por elfos e mais elfos que trabalharam. Monta mesa daqui, arruma som de lá... Por volta das dez horas da noite, metade do castelo já se encontrava reunida naquele local... Madame Máxime anunciou o início da festa...


OM: Feliz dia das Bruxas! Divirtam-se...


A decoração estava impecável! Toda preta, laranja e roxa... Várias abóboras gigantes, como as que Hagrid cultivava, estavam espalhadas por todo o gramado e iluminavam o local. Morcegos passavam voando, e aranhas andavam em grandes teias presas superiormente à nossas cabeças. No lago, flutuavam velas dessas três cores, que davam ao local, uma beleza sinistra... Havia vários pufes negros e laranjas espalhados, e as mesas de comida estavam completas... Era noite de lua cheia, o que completou a animação de todos. Cheguei com Amaralina na festa, e fomos nos sentar próximas ao som, que explodia nas músicas de As Esquisitonas. A festa estava passando ótima e muito animada... Logo encontrei Bel e Adhara, e Morgan que estava conversando com dois meninos e sua amiga não muito longe...

Já me encontrava sentada com Johnny, Chris, Brendan e Danilo, alguns dos meninos do time. Avistei Tony (o apanhador) com sua namorada na mesa de bebidas, e Rubens, pra minha total infelicidade, estava sentado com uma menina em um pufe próximo. Eu conhecia aquela menina... Ah, mas é claro que sim! É a que ama a Milenna e puxa saco dela... Hunf! Desde a primeira vez que nos vimos, ela me olhava atravessado...

Ficamos interagindo um bom tempo, e a noite já estava avançada... Levantei para caminhar um pouco, e os deixei conversando sobre a próxima Copa Mundial de Quadribol... Desci até as proximidades do lago, onde alguns casais se encontravam abraçados, e avancei mais um pouco... Já estava bem longe, e a música da festa não me alcançava quando vejo vultos brancos se mexendo próximos. Fiquei parada e prendi a respiração... Eles estavam se aproximando. Quando saiu da escuridão, meus olhos se encheram de lágrimas... Caminhando e sorrindo pra mim, estavam Giovanna e Luighi. Minha amiga me olhava e acenava, e eu não conseguia corresponder! Comecei a andar em sua direção, quando gritos de horror me alcançaram. As pessoas que se encontravam no lago corriam desesperadamente, e Giovanna me fez sinal pra correr enquanto me mandava beijos, até que desapareceram novamente... Sem pensar de novo, comecei a correr de volta pra festa, e já estava chorando. O jardim estava um caos! Os alunos corriam de lá pra cá e soltavam gritos de horror. Quatro figuras negras e mascaradas soltavam jatos de suas varinhas, e alguns alunos jaziam caídos no chão. Comensais da Morte invadiram a festa. Eu não sabia o que fazer e corri até uma abóbora mais distante pra me esconder atrás dela, quando jatos vermelhos atingiram os vultos e os derrubaram com um baque no chão. Madame Máxime, nos mandou voltar imediatamente para nossos dormitórios e ficarmos sob alertas, e foi isso que fiz...

Caí na cama com um baque pesado. Amaralina ainda não tinha chegado. Logo estava com as cobertas sobre o corpo todo e chorando dolorosamente. As figuras de Giovanna e Luighi sorridentes pra mim, eu não conseguia entender... Nem sei como dormi ontem, mas ainda estou com uma baita interrogação na cabeça, sem me abrir pra ninguém que não seja essa folha de papel.

Descobri esta manhã que os “Comensais” eram na verdade, Samuel, Ian, Bernard e Dominique... Madame Máxime estava furiosa com eles, assim como os seus pais deveriam estar! Depois, devo procurar Samuel para saber o que aconteceu... Estava tão atordoada com o que vi ontem que nem me toquei do perigo que corria se eles fossem mesmo Comensais.

Saturday, October 29, 2005

Hallowen

do diário de Morgan O’Hara.

Hoje era o dia das bruxas. Não estava feliz pelos doces, minha felicidade triste ia mais longe que isso. Seria meu primeiro Dia das bruxas, após a morte de meus pais e hoje eu poderia novamente expressar meu amor por eles.
Ao final das aulas, enquanto guardava minhas coisas no dormitório, Marienne me encheu de perguntas:
MD-O que você tem hoje?
MOH-Hoje é dia das bruxas.
MD-Ai, eu sei disso dããã. Mas você esta diferente. Está alegre, mas uma pequena sombra tolda seus olhos.
MOH-Marienne, você realmente sabe que dia é hoje? - (e ao ver o seu olhar de incerteza expliquei) - Hoje é o dia em que a barreira entre o mundo dos mortos e dos vivos fica quase invisível.
MD-Como assim??? Ai Merlin, os fantasmas vão andar por nós hoje? - disse olhando por sobre os ombros.
MOH-De uma maneira trouxa de se pensar sim. É o dia de celebrarmos nossa ligação com os que se foram ... Você nunca ouviu as histórias antigas?
MD-Esqueceu que sou filha de trouxas? Nem imagino o que você está falando.
MOH- Hoje é a noite dos Ancestrais, uma noite onde nos lembraremos daqueles que se foram para o Outro Mundo e não é uma noite de tristezas. - fui dizendo enquanto nos encaminhávamos para o banquete nos jardins. Para minha surpresa os gêmeos Gaston, se aproximaram:
AG-Oi, podemos nos sentar juntos?
MOH-Por mim tudo bem.
Notei que Julian olhava com alívio para o irmão e logo ofereceu o braço para Marienne, e seguimos para o banquete.
A decoração era luxuosa, enormes abóboras iluminavam todo o jardim, haviam bolos, doces, jarras de suco de abóbora e cidra, ponche e diversas comidas. Um banquete de se fazer inveja. Logo nos servimos e conversamos por um tempo, os irmãos eram muito engraçados, e rimos bastante.
AG-Foi muito agradável gostariam de passear pelos jardins?
Olhei para Marienne e seu olhar era surpreso, especialmente porque Julian lhe segurava a mão. Começamos a andar pelos jardins, e fui me encaminhando para longe dos jardins, pude ouvir o som de espanto de Julian quando entramos na floresta a ponto de não ouvir a musica do banquete.
Esta floresta não oferecia os perigos de Hogwarts embora eu sentisse olhos invisíveis nos acompanharem. Mal ouvia o que Armand falava, olhava para aquelas árvores que estavam enraizadas desde muito antes de eu nascer e senti uma emoção tomar conta da minha alma...

When the moon on a cloud cast night
Hung above the tree tops' height
You sang me of some distant past
That made my heart beat strong and fast
Now I know I'm home at last

Os gêmeos olhavam surpresos para Marienne e ela fez sinal para que eles ficassem quietos, e apenas ouvissem. Continuei a minha canção e ao final com os olhos cheios de lágrimas, eu os vi. Estavam a uma certa distância, mas eu os reconheceria em qualquer lugar. Papai e mamãe estavam com os rostos alegres e acenaram para mim.

You offered me an eagle's wing
That to the sun
I might soar and sing
And if I heard the owl's cry
Into the forest I would fly
And in its darkness find you by

Estavam com vestes claras, envoltas em luz e não estavam sozinhos… Algumas pessoas que eu não sabia quem eram estavam próximos e acenavam para nós. Pude ver que Marienne, Armand e Julian estavam emocionados.

And so our love's not a simple thing
Nor our truths unwavering
But like the moon's pull on the tide
Our fingers touch, our hearts collide
I'll be a moonsbreath by your side.

Terminei de cantar e vi mamãe levantar a mão e me soprar um beijo, como sempre fazia antes de eu ir par a escola. Papai olhava com aquele seu jeito investigativo, como se quisesse descobrir tudo o que se passava comigo, apenas com seu olhar. Olhou para alguma coisa acima de meu ombro, sorriu, abraçou mamãe, acenou e foram caminhando com os outros para o interior da floresta.
Fiz menção de segui-los, mas um toque e uma voz familiar, me reteve:
-Hora de voltar para o castelo, amor....
Levantei meus olhos e Carlinhos estava parado atrás de mim com os braços abertos. Logo estava abraçada a ele, enquanto ele enxugava minhas lágrimas, com beijos.
Apresentei-o a todos e começamos a voltar para o castelo.
MOH-Como nos encontrou?
CW-Porshy me trouxe até você. - olhei e o elfo, que segurava sua enorme frigideira, e exibia os dentes satisfeito pelo trabalho bem feito.
JG-Cadê a música? – perguntou quando estávamos próximos e vimos que os jardins estavam quase vazios.
CW-Alguns garotos resolveram pregar uma peça, usando roupas de comensais da morte. Quase ocorreu uma tragédia. Madame Máxime está com eles. Fui te procurar, assim que não te achei, e Porshy veio atrás (disse me analisando, para ter certeza que eu estava bem).
Nos despedimos de todos e ficamos sentados no jardim conversando.
MOH-Quanto tempo vai ficar?
CW-Volto amanhã à tarde, vim para trazer mensagens da Ordem para Olimpia. As coisas ainda estão feias por lá, mas eu precisava dar um jeito de te ver. (enquanto me abraçava apertado).
Não perdi mais tempo... Depois eu perguntaria sobre todos, agora eu só queria aproveitar o Dia das bruxas com os doces beijos do meu namorado.

N.AUTORA: Samain Night - Words and music by Loreena McKennitt

Monday, October 24, 2005

Educação à mesa – Lição I

Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette

ML: είστε χαριτωμένοι και σας αγαπώ
IL: Por Merlin, para com isso...
ML: αλλά είστε
DC: Chega Marie! Não estamos entendendo uma única palavra!
ML: Não amola Nique, to tentando cumprir minha meta.
DC: Ela por acaso é nos irritar?
BL: Vocês vão entrar ou não?

Bernard já estava dentro da sala junto com nossa classe de etiqueta. Blergh odiava isso mais que sereiano, que Marie insistia em me fazer aprender, mas não tinha como escapar, era matéria obrigatória em todos os sete anos de estudo. A megera da Françoise, a professora, não estava lá dentro ainda. Mas foi apenas pisarmos no templo da tortura que ela entrou, andando reta como uma tabua e parando de frente para a turma.

FD: Bom dia classe.
IL: E começou a tortura semanal...
FD: Por favor, queiram ter a gentileza de se acomodarem nos assentos da mesa posta no final da sala de aula, vamos dar continuidade ao modulo “Etiqueta à mesa”.

Uma enorme mesa estava arrumada na sala, pratos, vários talhares por pessoa, taças e guardanapos estavam postados à frente das cadeiras. Sentamos-nos na ponta esquerda da mesa, o mais longe possível da cadeira da professora Defossez. A megera se acomodou, pousando aquela vareta infernal dela ao seu lado. Quando já estávamos todos sentados, elfos surgiram carregando bandejas e as colocaram na frente de cada um de nós. Dominique me olhou faminto, imaginando se ali embaixo teria uma deliciosa travessa de bouillabaisse. Mas a decepção ao abrirmos as tampas foi notável: no lugar de algo suculento, estavam suspeitas poções de ostras. Vendo que ninguém se mexia, a professora se manifestou.

FD: Qual o problema crianças? Já esqueceram tudo que aprendemos no ultimo ano?
ML: Eer... Tem que comer isso?
FD: Isso se chama ostra e sim mademoiselle Laforêt, tem que comer.
DC: Não tem um hambúrguer não?
BL: Ou um salzinho pra melhorar o gosto disso? – Disse Bernard fazendo careta ao engolir corajosamente uma delas.
FD: Vamos encerrar as frescuras, não há tempo para elas nesta classe.
IL: Mademoiselle Defossez, a minha ostra ta viva! Não posso comer algo vivo!
FD: Boa tentativa monsieur Lafayette, agora engula a ostra.

Ergui a ostra ate a altura do rosto e tampando o nariz, virei à concha na boca. A impressão que tinha era que engolia uma gelatina molenga, nojenta e gelada, quando engasguei. Comecei a tossir descontroladamente e Bernard e Dominique começaram a bater em minhas costas.

BL: Ele ta sufocando!
DC: Não se vá agora meu amigo, você ainda é muito novo!
ML: Professora, ele ta ficando roxo...

Bernard desferiu um soco tão forte nas minhas costas que cuspi a ostra de volta, direto no arranjo de flores no centro da mesa. Ajoelhei-me no chão esfregando o peito, tentando respirar normalmente. Marie parou ao meu lado assustada, certificando-se de que eu estava bem.

-Ei, o que é isso aqui no meio da planta?
-É uma pérola?
IL: Passa ela pra cá, saiu da minha ostra, é minha!

A turma começou a rir e Henri me entregou a pérola que brilhava em sua mão, babada. Mademoiselle Defossez bateu a vareta irritada na mesa e todos se sentaram novamente.

DC: Luke, você deveria denunciar essa aula pro seu pai. Ela tentou te assassinar com a pérola escondida na ostra.
FD: Mas que absurdo é esse monsieur Cartier?
BL: É seu burro, não foi tentativa de assassinato, era pra gente achar a ostra premiada. O Ian achou... O que ele ganha professora?
FD: Silencio! Não vou tolerar mais gracinhas. Retomem a atenção para seus pratos.

Encarei meu prato ainda com quatro ostras sobreviventes. Sem chance, não ia comer mais nenhuma daquelas coisas, não queria correr o risco de sufocar de novo. Ao invés disso, me ocupei eu entorna-las nos arranjos sempre que a megera não estava olhando. Já estávamos quase eliminando as ostras quando um menino da Lux, Antoine Georges, deixou escapar um sonoro arroto. Se a professora já estava irritada, perdeu o resto da paciência que tinha quando eu, Dominique e mais cinco garotos nos juntamos a Antoine para um animado coral. Mademoiselle Defossez levantou-se da mesa com uma expressão de total indignação no rosto e ordenou que nós oito nos retirássemos se sua classe imediatamente. Mas dispensou a turma em seguida, pois não conseguiu mais terminar a aula. Se tem uma coisa que ela não suporta e que a deixa atordoada, sem conseguir raciocinar, era falta de educação. E éramos mestres em deixá-la nesse estado.

Saímos da sala ouvindo a professora esbravejar que não eram esses os modos que ela vem ensinando há cinco anos para nossa turma e que estava abismada com a falta de educação e selvageria demonstrada a mesa, lugar onde as pessoas devem se portar como damas e cavalheiros. Felizmente essa aula é só uma vez por semana...

Friday, October 21, 2005

Certas coisas nunca mudam...

Do diário de Morgan O’Hara

Mesmo estando numa escola diferente, certas coisas nunca mudam.
Outro dia estava estudando com Marienne na beira do lago, quando um jovem se aproximou e foi pondo a mão em meu ombro, todo galante. Acho que o deixei meio chateado quando, tirei suas mãos de cima de mim e avisei que tinha namorado. Seu nome é Dominique, é do sexto ano e segundo minha amiga ele é "O" conquistador oficial de Beauxbatons.
Ele ficou rubro quando Ian, um conhecido de Marienne, disse que ele estava perdendo "o jeito". Tudo bem que ele é bem bonito, mas não a ponto de se perder a cabeça e cair aos seus pés. Francamente.
Já Ian, foi a simpatia em pessoa. Sabe aquelas pessoas que te transmitem energias boas logo de cara? Ele é assim. Nossa pareço a Amaralina falando em energia...
Esta colega é muito legal, apesar de algumas vezes eu ficar meio abobalhada quando ela começa a falar em Saturno em conjunção com Plutão, gerando o vértice da onda meteorística cósmica. Ela ama Astrologia.
Nunca fui fanática, mas se tenho que fazer a aula vamos lá... Seguimos pelo castelo até a Torre Sul da ala Leste, e ao chegarmos lá havia varias mesinhas, vários telescópios, e um grande telescópio no meio, sendo observado por um homem de cabelos longos, e vestes um pouco frouxas. Ele não deve gostar de comer, quase não o vejo durante as refeições. Ele apenas fez um movimento com a cabeça, enquanto escrevia freneticamente no pergaminho à sua frente.
MD-Ai Merlin, hoje ele parece mais aéreo que nunca.
Levantei a sobrancelha para Marienne e a segui quando ela sentou-se numa mesa mais afastada. O homem pareceu despertar do transe, ergueu os olhos claros e disse meio assustado:
MW-Oh, vocês estão aqui... Claro que estariam aqui, sou eu que ensino Astrologia. - foi ao quadro negro e escreveu seu nome: Martin Winkler, não se virou logo e acabou rabiscando também uma fórmula matemática, e começou a dizer para si mesmo, suas conclusões, até que um garoto fez um barulho com a garganta para chamar sua atenção e ele saiu do devaneio e começou a falar dos planetas que veríamos, das constelações. Pude notar o seu fascínio pela matéria. De repente ele diz...

Na janela, a imagem da Lua
Pronta a moldurar meus sonhos
Sempre ali, fazendo-se presente
Leva para tão longe meu coração
Envolta em seu véu brilhante
Hora grande e bela, hora simples traço
Desperta minha imaginação
Permite-me mais espaço...

MOH- Ele é assim sempre? Doidinho? - Perguntei baixinho para Marienne.
MD-Ás vezes. Mas de um modo geral ele ensina bem, entre um surto e outro. E não oferece perigo. - disse antes que eu perguntasse.
A aula continuou neste ritmo, ate que ele teve uns poucos momentos de lucidez e nos pediu um pergaminho de 60 centímetros sobre a constelação de Andrômeda e suas estrelas mais brilhantes. Ao sairmos da sala alguns alunos comentaram:
-Porque ele voltou à razão, cinco minutos antes de acabar a aula?Não podia ser depois não?
Claro que o dia não iria terminar assim com risadas. Ainda teríamos aula de etiqueta. Não foi por opção minha, mas porque é obrigatório, para quem não teve esta matéria no currículo.
-Em Ballyhara ou Hogwarts era tão mais simples de se viver.(pensei comigo).
Ao entrarmos na sala elegantemente arrumada para um jantar formal, Madame Defossez já me olhou torto, pois não segurei o riso ao ver o coque todo enfeitado parecendo um bolo de noiva em cima da cabeça dela.
FD-Mademoiselle O'Hara, procure entrar sempre com um sorriso discreto nos lugares. - e me forcei a dar um sorriso frio para ela, enquanto ela prosseguia:
FD-Na aula prática de hoje, degustaremos uma das mais sublimes iguarias. Acomodem-se. Dois casais para cada mesa. Marienne e eu olhamos em volta, e logo os gêmeos Armand e Julian Gaston, vieram para nosso lado. Nos ofereceram o braço como fora ensinado anteriormente e nos levaram para a mesa. Puxaram as cadeiras para que sentássemos e logo os elfos entraram trazendo enormes bandejas de prata e começaram a servir. Tudo ia bem até a hora, em que eles nos ofereceram Scargots.
MOH-Não como isso. É nojento. (disse baixinho).
MD/AG-É uma delícia, experimente.
MOH-Não tenho intenção de comer lesma. - e meu estômago revirava a ver a satisfação de Marienne e Armand com "a coisa".
JG-Eu também não gosto, mas vou comer para não receber demérito. - E engolia a lesma com um gole de vinho branco.
Sacudi a cabeça em negativa, e a professora veio até nossa mesa.
MD-Porque não está comendo senhorita O'Hara?
MOH-Não gosto do que está sendo servido, senhora. Prefiro abster-me.
MD-Não perguntei se gosta ou não. É uma aula prática e todos sem exceção têm que provar o que está sendo servido. Vamos lá, segure as pinças como seus colegas. - e como ela apertava os olhos de forma a ficarem um único risco, optei por não contrariar, mas apertei com tanta força que o caracolzão escapou e foi cair no meio do penteado da professora. Alguns alunos começaram com risinhos baixos e eu me segurei bastante para não cair na gargalhada.
A mulher tirou o caramujo dos cabelos, com toda a dignidade que a situação permitia e optou por me mandar ler um livro de etiqueta chamado "Elegância nunca morre".Pois na próxima aula prática, iremos comer ostras.
Sinceramente... Não sei o que os franceses acham de tão gostoso em lesmas...

N.A: Trecho do poema Lua Amiga da Star do Conselhonet

Saturday, October 15, 2005

Pretty woman...

Do diário de Isa McCallister


Pretty Woman, walking down the street
Pretty Woman, the kind I like to meet
Pretty Woman,
I don’t believe you, you are not the truth
No one could look as good as you
Mercy!


Levantei cedo na quinta-feira e saí para o Salão Principal pra tomar café. Quando Anabel entrou no Salão corri ao seu encontro, e ela com cara de poucos amigos, já olhou ao redor pra ver se alguém nos observava...


AM: Fala rápido o que você quer Isabel, porque num tenho a manhã inteira...

IM: Nossa! Bel é bom pedir um suco de maracujá e um calmante... As aulas estão te deixando realmente em colapso nervoso!

AM: Se foi pra falar do meu nervoso que você veio não perca o seu tempo...

IM: Não... Depois marco um horário de terapia cigana com a Amaralina pra você, mas queria te perguntar uma coisa...

AM: Dá pra falar logo?

IM: Bom, só queria saber se você conseguiu descobrir algo novo no tal do livro estranho...

AM: Grimoire, Isabel! Não, nada ainda que fosse realmente interessante, mas eu sinto, tem alguma coisa naquele livro muito grave! Por enquanto só sei que nossas avós eram muito criativas em feitiços de artes das trevas, mas feitiços básicos e que nunca tinha ouvido falar... Depois quero até testar uns em você, pode ser?

IM: Você e seu humor negro... Está liberada dona pressa! Bom dia de aulas...


Ela saiu com seu humor sarcástico e foi se sentar-se à mesa da Sapientai ao lado de Adhara. Voltei pro Salão Comunal da Fidei e arrumei meus materiais correndo, porque já estava na hora das aulas começarem...


Pretty Woman, won’t pardon me
Pretty Woman, I couldn’t help but see
Pretty Woman,
That you look lovely as can be
Are you lonely just like me?
Arrroooooouuuunnn


Já estava louca de ansiedade quando finalmente o sino que marcava o final das aulas tocou. Deixei as coisas no dormitório e peguei minha vassoura... Comecei a correr em disparada pro Campo de Quadribol, e quando chego lá, já havia uma pequena aglomeração de pessoas conversando em um círculo... Um menino loiro de olhos azuis fez sinal para que parassem de falar e ficou me encarando enquanto eu me aproximava...


RW: Pois não?

IM: Ah, oi... Meu nome é Isabel McCallister. Madame Máxime disse que o teste do time seria realizado agora, certo?

RW: Ah, sim, ela me falou de você! É a que veio de Hogwarts... Eu sou o capitão do time, Rubens Wood... Vai fazer teste para que posição?

IM: Artilheira!

RW: Ok, só temos uma vaga... Pode esperar nas arquibancadas se quiser!


Caminhei até a arquibancada encantada... UAU... Eu sabia que os franceses eram bonitos, mas isso aqui está bom demais pra mim... Nem preciso dizer que o capitão é uma graça né? Ele começou com os testes de batedores, e um menino foi selecionado, acho que do 6° ano, e então ele fez sinal pra mim...


RW: O teste vai ser bem simples... Só tenho você e a Dora concorrendo a essa vaga. Cada uma das duas terá direito a três goles... Quem acertar mais, ganha a vaga, e se empatar, escolherei pelos melhores lances...


A tal da Dora, uma menina do 5° ano também, que reconheci instantaneamente, me olhou de cima a baixo, e levantou ar... Foi uma das meninas que me recebeu calorosamente junto com outras duas, quando chegava pra aula de sereiano. Afinal, o que foi que eu fiz dessa vez? Levantei vôo e encarei o goleiro, que estava disposto no aro central. Dora pegou a goles e acertou seu primeiro lance no aro da direita... Minha vez! Peguei a goles e encarei os dois aros livre... Voei de uma vez pra esquerda, simulei que ia arremessar no da direita, confundi o goleiro e acertei o do meio...


RW: Uau, muito boa! Próxima...


Dora errou o segundo arremesso por pouco e fazia uma cara de cão rabugento pra mim, quando saí triunfante do meu acerto... Duas bolas contra uma, a vaga era minha!

Pretty woman, stop a while
Pretty woman, talk a while
Pretty woman, give your smile to me
Pretty woman, yeah, yeah, yeah…
Pretty woman, look my way
Pretty woman, say you stay with me
‘Cause I need you, I’ll treat you right
Come with me baby be mine tonight…


RW: Bom, é isso aí… A vaga é sua! Os treinos acontecerão às quintas-feiras, 17:30... Alguma pergunta?

IM: Sim... Me apresenta o resto do time?

RW: Nossa, é mesmo... Bom, esse é o Johnny e este o Chris... Nossos dois batedores! Eu, você, e meu amigo Brendan somos os artilheiros... Tony é o apanhador e Danilo é o goleiro... Meninos, essa é a Isabel, a nossa nova artilheira...


Como assim? Só eu de mulher nesse time? Juro que fiquei até chocada, mas depois comecei a apreciar a idéia... Fiquei conversando muito tempo com meus novos companheiros, todos muito educados, mas, confesso... Já estou com uma quedinha pelo capitão! Depois disso, os sete voltamos para o castelo conversando sobre o campeonato, e nada demais me aconteceu, mas será que precisa de mais alguma coisa?


Pretty woman, don’t walk on by
Pretty woman, don’t make me cry
Pretty woman
Don’t walk away hey ok
If that’s the way it must be ok
I guess I’ll go on home it’s late
There’ll be tomorrow night but wait…


What do I see?
Is she walking back to me?
Yeah, she’s walking back to me…
Oh Oh Pretty Woman!

Thursday, October 13, 2005

Novos amigos, porque não?

Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette

Meu caldeirão borbulhava na minha frente, terminando de cozinhar a poção pedida pela professora Morghana enquanto eu tentava socorrer Dominique, que sacudia os braços freneticamente na tentativa de me avisar que a dele estava prestes a explodir. A bruxa velha de poções me pegou tentando contrabandear ingredientes da minha bancada para a dele e nos expulsou da sala, alegando cola.

Saímos descontraídos da masmorra, rindo da situação. Afinal, o que é um zero em uma única aula quando temos excelentes notas na matéria? Ainda tínhamos um tempinho à toa ate a hora do almoço e resolvemos ir até os jardins aproveitar o pouco sol que tinha. Uma das meninas novas, a ruivinha que Dominique tinha gostado, estava sentada por lá com uma amiga. Ele traçou uma reta até elas e fiz o caminho contrario para observar de longe o que ele ia fazer.

DC: Olá Marienne, não vai me apresentar sua amiga?
MD: Ah, oi Nique! Essa é a Morgan. Morgan, esse aí é o Dominique.
MOH: Olá, muito prazer.

Não podia ouvir direito o que eles diziam, então cheguei mais perto. Dominique mexia nos cabelos e já tinha as mãos postas sobre um dos ombros da ruiva. Ela pegou a mão dele como se pegasse um pano sujo e a retirou.

MOH: Er, eu tenho namorado...
DC: Uma pena pra ele...
MOH: Não, não, uma pena pra você mesmo...

As últimas frases eu consegui entender e não contive o riso, chamando a atenção deles. Dominique me fuzilava com os olhos e passou direto por mim de volta ao castelo, sem dizer uma palavra. Fui até elas tentando disfarçar a risada.

IL: Desculpa o meu amigo, ele tem o péssimo habito de querer ser um Dom Juan...
MD: Sim, já estou acostumada, mas devia ter avisada a Morgan.
MOH: Tudo bem, não tem problema.
IL: Mas aí você fica com uma péssima impressão de que todos os franceses são assim.
MOH: Sempre ouvi que os franceses eram charmosos, mas não abusados!
IL: Ta vendo? Não somos assim não! Só aquela figura que é.
MOH: Acho que não fomos apresentados... Morgan O’Hara, Fidei Angeli.
IL: Ian Lucas Lafayette, muito prazer. – falei sorrindo.
MD: O Ian é do 6º ano, Sapientai.
MOH: Ah, tenho duas amigas lá, Bel e Adhara.
IL: Oh, a esquentadinha... Tenho uma amiga na Fidei tambem, a Marie.
MD: Ai droga, não tem nada disso nas minhas anotações, vou precisar ir até a biblioteca.
IL: Vamos todos então, fui expulso de sala e não terminei o dever que a velha cachaceira pediu.
MOH: Quem??
MD: A professora de poções...

Morgan riu do apelido carinhoso e entramos. Não vi Dominique em canto algum durante todo o caminho até a biblioteca. Ocupamos uma mesa logo na entrada e fui atrás do livro de poções que contivesse a matéria inacabada da aula. Voltei à mesa e a outra amiga dela, Bel se não me engano, estava sentada com elas, o rosto colado nos livros. Ela nos apresentou e sentei para tentar terminar o meu dever, mas acabamos iniciando um animado bate-papo sobre as aulas e a dificuldade que elas estavam enfrentando para acompanhar as matérias novas. Bernard logo entrou e se juntou a nós.

BL: O que aconteceu? Porque a velha cachaceira expulsou vocês de sala?
IL: Disse que tava passando cola pro Dominique... Aquela lá é louca!
BL: Bom, não perdeu muita coisa, só levou zero. – disse rindo.
IL: Coisas da vida... Bernard, essas são Morgan e Bel, duas das alunas novas. Bel ta na Sapientai e a Morgan na Fidei!
BL: Muito prazer meninas. Estão gostando daqui?
AM: Sim, adorando, só não estou muito feliz com esse tanto de matéria nova. Sinceramente, acho que vou entrar em colapso!
MOH: Calma Bel, você vai conseguir alcançar eles, é de longe a mais inteligente de todas nós.
IL: E nós podemos te ajudar. O meu amigo aqui é a pessoa mais paciente da face da Terra e o melhor explicador de Beauxbatons! – falei dando tapinhas nas costas de Bernard.
AM: Ai que bom! Vou aceitar a ajuda sim, quando podemos começar?
BL: Ahn, er... Quando você quiser. – disse sem graça. – Bom, vou almoçar porque depois tenho que fazer o dever de Botânica. Você vem Luke?
IL: O que? Não, eu... Quer dizer, vou sim. – falei ao ver que ele me olhava sério.
AM: Depois vamos marcar isso Bernard!
Bl: Sim, sim, vamos. Sem duvida.

Despedimos-nos das meninas e Bernard foi me empurrando pra fora da biblioteca. Quando já estávamos em outro corredor, ele me bateu com sua mochila pesada.

IL: Ei! Porque fez isso?
BL: Por ter me empurrado pra cima da menina! Não era mais fácil ter amarrado um laço na minha cabeça e entregue a ela não?
IL: Ora, como se você não tivesse gostado...
BL: Não sei do que você ta falando!
IL: Minha vez de dizer isso: Ta querendo enganar a mim? Já vi você olhando pra ela na mesa da Sapientai e ela faz o seu tipo...
BL: Luke, você ta delirando.
IL: Não to não. Não se esqueça da sua meta, meu amigo... Comece a agir ou não poderá mais me criticar!

Sai andando e deixei Bernard parado no corredor. Ele só apareceu mais de 20 minutos depois no grande salão para o almoço e quando se sentou ao meu lado, não disse uma palavra a respeito disso. Mas nem foi preciso, eu podia ler em sua mente que ele estava processando o que havia lhe dito.

Wednesday, October 12, 2005

Acho que vi uma peixinha...

Da caderneta velha de Samuel Berbenott

Ok, eu estou voltando pra escrever aqui de certo porque tenho algumas novidades... As aulas começaram na segunda bem cedo, e até hoje estava tudo indo igual todos os anos. Igual é modo de dizer, claro... Esse ano as matérias estão mais pesadas e ouço NOM’s umas trezentas vezes por aula, mas conheci uma menina que veio de Hogwarts, o nome dela é Isabel... Não, não é nada disso que você está pensando! Ela tem uma irmã gêmea a Anabel, que foi pra Sapientai, e a Isabel pra Fidei e divide dormitório com Amaralina.

Vou explicar como a conheci... Acordei bem cedo, tomei café, e junto com Patrick segui pra beira do lago, onde teríamos a nossa primeira aula do ano de sereiano. Patrick falava algo como: Odeio essa aula! Aquele sereiano, como é mesmo o nome dele? Ah sim, Tritão, ele simplesmente não me suporta, o que é recíproco. Aliás, sinceramente, porque fui escolher essa aula de novo? Só porque minha mãe diz que é elegante falar sereiano?

Patrick num parou um só segundo de falar que esse ano levaria mais umas 15 detenções por causa do professor, e que ia desistir da matéria de um jeito ou de outro. Eu ouvia calado, ainda estava com muito sono para opinar, até que a água cristalina foi se formando aos nossos olhos, e alguns alunos já esperavam lá. De longe, avistei Amaralina. Maravilha! Essa aula seria com a Fidei. Desci e me aproximei dela, e de Isabel que olhava pro lago, maravilhada...


IM: Nossa! O de Hogwarts não era clarinho e grande como esse não, mas era bem agradável, sabe... Tinha uma lula gigante toda preguiçosa, e às vezes com espírito de assassina, mas pelo que eu até hoje soube, ninguém desapareceu na beira do lago lá...

SS: Oi Amaralina... Tudo bem?

AM: Oi, Samuel... Tudo indo! Ah, sim... Samuel, essa é Isa McCallister, veio de Hogwarts, Isa, esse é o Samuel, um amigo meu da Nox...

SS: Prazer Isa... Ah, você então é uma das meninas que vieram?

IM: Igualmente... Bem, é, sou sim! Eu, Bel, Morgan e Adhara.


Já ia abrir a boca pra perguntar o que tinha as feito virem pra cá em caravana, quando ouço um barulho como de água se abrindo, e olhei pro lago. Patrick agora fazia as honras da casa pra Isabel, mas também logo parou e olhou já com medo pro que vinha a seguir. Ao contrário do que todos esperavam, não era Tritão que estava ali para nos dar a aula, e sim... E sim, uma linda sereia, e bota linda nisso! A sereia tinha os cabelos longos, liso-ondulados, verdes, olhos azuis mais escuros, um lindo semi-corpo que terminava em uma longa calda bifurcada, e nos encarava com um enorme sorriso.


MS: Bom dia! Meu nome é Mariska Sarkovy, e eu sou a nova professora de sereiano... O meu tio, Tritão, se aposentou, e então, a diretora me contratou pra substituí-lo. Antes de tudo, digo que sou uma pessoa calma, alegre, adoro o meu povo, e será um imenso prazer lhes ensinar um pouco da minha língua. É muito importante que todos os mundos mágicos se conheçam e se respeitem, então, só peço que respeitem as nossas diferenças e nos daremos muito bem. Pois não senhor... Qual seu nome?


Patrick havia levantado a mão euforicamente, e sorria muito para a professora... Acho que tinha retirado o que disse em desistir da matéria de um jeito ou de outro...


PB: Patrick... Patrick Bittencourt. Só queria lhe desejar as Boas-Vindas ao corpo docente professora! Será um grande prazer ser ensinado pela sobrinha do nosso amado e eterno professor Tritão...


Ham? Como assim, amado e eterno? Juro que quase caí na gargalhada ali do lado, mas me segurei... Patrick se apaixonou perdidamente na professora, à primeira vista. Quase que a pergunto se ela tinha algum vínculo familiar com as veela.


MS: Muito obrigada, senhor Bittencourt... Transmitirei seus elogios ao meu tio, e tenho certeza que ele vai se alegrar. Agora, por favor, peço que me respondam o que for perguntando, pra irem se lembrando aos poucos do que já estudaram, e pra ver até onde chegaram.


Bom, ela começou com as coisas básicas... Contagem de números, cores, e foi aprofundando o conteúdo. Tritão estava nos ensinando algo como orações em sereiano, e nessa parte eu me embolei completamente. Patrick tentava puxar na memória o máximo que conseguia pra não fazer feio pra professora que sorria agradavelmente com o desempenho da turma.


IM: Nossa... Essa língua é fascinante! É uma pena não termos tido essa matéria em Hogwarts...

AM: Depois te ajudo com o que estudamos antes, Isa...

SS: Sim, se precisar, pode pegar algumas aulas comigo também...

IM: Ah, tudo bem! Acho que quem vai acabar precisando de aulas vai ser a Anabel, a minha irmã gêmea... Ela deve estar pirando, se já não foi internada.


No final da aula, voltei pro castelo com as duas, conversando sobre a professora nova. Patrick havia ficado pra trás, pois disse que queria tirar uma dúvida com ela... Sei a dúvida que ele queria tirar... Agora, estou aqui na biblioteca, tentando fazer as tarefas que já estão acumuladas e querendo voltar pro dormitório e hibernar até segunda-feira...

Saturday, October 08, 2005

As aparências às vezes não enganam!

Do diário de Isabel McCallister

Desde que cheguei a este castelo só me surpreendo mais a cada dia que passa. Querido diário, você acredita que tive escolhas de aulas a fazer, e em uma das aulas extras se encontrava uma coisa que nunca imaginaria que fosse ter, mas que é extremamente importante para a sobrevivência do sexo feminino: Etiqueta! Sim, isso mesmo, etiqueta... A professora é uma francesa nata, herdeira da dinastia num sei o que. Imagina o padrão social dessa mulher, começando pelo nome: Françoise Dekeuwer-Defossez. Apesar de ser uma mulher totalmente rígida e séria, o que me lembrou a Minerva, ela é a mulher mais chique que já conheci. De vista, já me identifiquei com ela, e ela comigo pelo que me parece, porque conversamos muito em sua primeira aula, e ela ficou completamente petrificada quando soube que em Hogwarts ninguém se preocupava com aulas do tipo.

No segundo dia de Beaubatons, recebi as encomendas de papai. Ele me mandou todas as minhas roupas, e todos meus espelhos da minha particular coleção, e a partir desse momento me senti completa naquele dormitório. Amaralina, como havia previsto, é uma ótima pessoa e até agora temos nos dado muito bem, obrigada!

Os dias passando agradavelmente, pelo menos até essa manhã... Meu primeiro horário seria de Botânica, e quando desci Amaralina já estava na mesa da Fidei tomando café da manhã... Madame Máxime veio ao meu encontro pedindo pra ter uma palavrinha comigo. Até me assustei momentaneamente, pois pensamentos ficaram passando na minha cabeça, mas totalmente inválidos, do tipo: Anabel deve ter levado uma detenção e ela está nos confundindo... Mas me diga, em que dia e porque Anabel levaria uma detenção em sã consciência? NUNCA! Levantei olhando intrigada pra ela, mas sua cara estava bem cordial, e então me tranqüilizei...

MM: Senhorita Isabel, recebi uma carta de Alvo Dumbledore com a ficha escolar da senhorita e das outras meninas. Estava dando uma lida, e vi que você jogava quadribol na sua casa, é verdade?

IM: É... Jogava desde o meu segundo ano como artilheira.

MM: Muito bem então. A senhorita ainda teria interesse de continuar a jogar pela Fidei Angeli?

IM: Claro que sim! Amo quadribol...

MM: Então compareça na quinta-feira que vem, às 18:00 horas no campo de quadribol, porque estarão ocorrendo os testes, e já passei o seu nome pro Rubens... Bom, é só isso! Pode ir andando pra sua aula, ou chegará atrasada por minha causa...

IM: Tudo bem... Obrigada! Bom dia!

MM: Bom dia...

Virei as costas, creio que com um sorriso triunfante. Ta bom que tudo aqui estava maravilhoso, mas nunca imaginei que teria chance de jogar quadribol aqui, e agora, a última coisa que estava me faltando, me aconteceu. Caminhei até as estufas atrás do castelo, e os alunos estavam parados lá esperando a aula começar. Mal tinha me aproximado ao lado de Amaralina, e três garotas que conversavam animadamente pararam de fazê-lo para me encarar de cima a baixo como se fosse uma gosmenta meleca de trasgo. Já estava prestes a perguntar o que eu tinha feito pra receber tão calorosa recepção quando uma mulher alta, de cabelos negros e lisos e olhos bem verdes apareceu na porta da estufa, olhando de um por um com um olhar rabugento e grosso e fazendo sinal para que entrássemos.

Entrei no ambiente totalmente quente, com cheiro de fertilizante e abafado. Não se parecia nada com a estufa de Hogwarts. Lá não havia mesas, somente colunas onde várias espécies de plantas eram tratadas. A professora pediu silêncio da turma, e começou a sua breve apresentação, acompanhada pelo nosso programa de estudos do ano que seria totalmente voltado para os NOM’s. Após todo o seu discurso, ela pediu que nos dividíssemos em duplas e trabalhássemos com as plantas carnívoras da espécie Nicofindus Carnivorous. Eu e Amaralina fomos pro fundo da estufa, onde em uma das colunas havia uma grande planta vermelho-arroxeada com grandes espinhos que mais pareciam presas se debatendo furiosamente. A nossa função era simples: Agradar a lindinha planta. Dar a comidinha certa na boquinha dela, até que ela ficasse um mimo de vegetal.

Amaralina me olhou assustada, como se pedindo socorro. Perguntou-me se já tinha trabalhado com plantas carnívoras em Hogwarts, e eu simplesmente a falei que depois me lembrasse de fazer essa pergunta à Anabel. A professora passou entregando pra cada dupla uma caixa com o que nomeava comida da planta. E eu achando que lá dentro, no máximo eu encontraria uma lesma, ou um pedaço de carne qualquer... Engano meu! Lá dentro continha pedaços de salamandras, ratazanas mortas e alguns outros insetos.

Fiquei ali, esperando ela entregar nossos pares de luvas de couro de dragão, mas esse momento não aconteceu. Sinceramente, ela realmente esperava que desse comida àquele vegetal sem nenhuma proteção às minhas unhas? E eu que pensei ter conhecido gente doida...

Quando as outras duplas estavam trabalhando, eu e Amaralina olhávamos para a planta, para suas presas, para as opções de comidas e continuávamos paradas. A professora se aproximou nos fitando furiosa e mandando que agíssemos, pois ela não tinha o tempo todo do mundo.

IM: Mas professora, a gente precisa de uma luva protetora ao menos...

MD: Não senhorita McCallister, se eu digo que não precisam, certamente é porque não precisam...

IM: Mas e se esse vegetal nos atacar?

MD: Esse vegetal se chama Nicofindus Carnivorous e não se preocupe, ele não ataca se você não der motivo para isso. Agora por favor, parem de falar e trabalhem...

Amaralina já irritada com toda aquela situação pegou uma ratazana morta e jogou dentro da boca da planta, que prendeu o animal e engoliu. Pensei que o trabalho estava feito, mas a planta ou era fresca demais ou estava de ressaca regurgitou a ratazana pra fora e virou apontando aquelas presas pro nosso lado. A professora pegou seu bloco de anotações e começou a escrever sem parar. Amaralina tremia toda, e disse que era a minha vez. Peguei um rabo de salamandra bem carnudo e bem devagar me aproximei, até colocar o pedaço dentro da boca. Dessa vez ela mastigou, mastigou e engoliu. Ficamos ainda sob alerta pra ver se não receberíamos o rabo triturado de volta também, mas acho que ela gostou e terminamos de alimentá-la só com as salamandras até ela fechar a boca e adormecer.

A professora novamente pediu o silêncio de todos e começou as observações sobre cada um dos grupos. Elogiou a dupla de duas das meninas que tinham me encarado na entrada concedendo 20 pontos para cada uma delas, ambas da Lux Angeli, e depois seu olhar pousou encima de mim. Disse que nunca havia visto trabalho mais porco e sem dedicação como o nosso, e me falou claramente que se eu estava acostumada com a vida de Hogwarts era bom me desacostumar rápido. A sineta tocou e todos começavam a sair. Estava saindo totalmente constrangida e pra piorar tudo, ela me barrou na porta e me pediu um relatório completo do tal vegetal, repito, ela pediu pra mim e somente pra mim. Pergunta que não quer calar: O que raios eu fiz com essa professora pra ela ter me odiado tanto logo de cara? Bom, meu dia que começou bem, muito bem, ficou bem ruim depois dessa aula, porque além de ter de fazer um relatório sobre a coisa, ainda vi que no livro de botânica tinham umas 30 páginas só da planta...

Mas é como eu digo: nem tudo é um mar de rosas! Fico por aqui diário... Tenho que terminar esse relatório porque não pretendo passar meu final de semana pesquisando sobre Nicofindus Carnivorous... Quando tiver qualquer outra novidade apareço aqui!

Hasta lá vista, baby!


PS.: Saldo dos dias de Beauxbatons: Até agora tenho uma professora que se deu muito bem comigo, e uma que me odeia. Balança equilibrada...

Ano de Niems, são de enlouquecer

Do diário de Morgan O'Hara

Não era difícil se acostumar com Beauxbatons, por sorte os alunos do sétimo ano eram em sua maioria simpáticos, especialmente minha colega de quarto Marienne Duprét.
Era uma garota um pouco mais alta do eu, magra, com cabelos louros lisos e olhos azuis.
Usava óculos e tinha a mania irritante de morder a pena enquanto estudava ou pensava; e na falta de uma pena, os óculos sofriam. Todos sabiam de sua mania.
Havia nascido trouxa, filha de professores e logo nos tornamos amigas. Nos divertimos contando histórias da vida de cada uma, antes de pegarmos no sono.
Acordamos um pouco atrasadas e tomamos o café da manhã super rápido e fomos para a aula de Mitologia Greco-Romana. A sala de aula ficava na ala Sul do castelo, e ao contrário da sala de Binns, que era um pouco escura e poeirenta, esta sala tinha as janelas abertas e o sol da manhã, infiltrava-se deixando tudo à mostra.
Na frente havia um palco, e sobre ele havia um homem vestido com uma toga e em sua cabeça havia uma coroa de louros dourados. Segurava uma harpa pequena. Tinha cabelos castanhos com alguns fios grisalhos e olhos cinzentos. Mantinha os olhos fechados em uma pose teatral, como se esperando a platéia se acalmar.
MD-Oba, você vai adorar a aula hoje. - disse com os olhos brilhando.
MOH-Porquê?
MD-Quando Monsieur Richelieu está com estas fantasias ele declama, ou fazemos apresentações teatrais para assimilarmos melhor a matéria.
MOH-Nós? Palco? - perguntei chocada.
Marienne riu divertida e me empurrou até ficarmos bem na frente. Logo a sala já estava cheia e o homem, que não havia movido um músculo, disse com voz clara e empostada:

"Venham, venham todas as mentes sedentas do saber... Da espuma do mar, fecundada pelo sangue de Urano (o céu), nasceu uma deusa linda, ao andar de seus pés delicados brotavams flores. Chama-se Afrodite ou Citeréia, nome da Ilha em que aportou ou Cipris, nome da ilha em que é honrada".

E foi contando sobre a deusa Vênus ou Afrodite, e fazendo surgir flores em nossos pés, enquanto ouvíamos o barulho do mar, logo a aula chegou ao fim, para infelicidade de alguns alunos.
Como não podia deixar de ser, recebemos como dever, escrever um pergaminho de 50 centímetros, sobre os inimigos de Vênus e as conseqüências para o Olimpo, quando o professor, me chamou:
Richelieu: Senhorita O'Hara, podemos nos falar? Se quiser, pode esperá-la Mademoiselle Dupret. Não vou demorar.
Paramos e prestamos atenção:
Richelieu: Espero que não tenha estranhado muito meu método de ensino. - comentou e olhou para Marienne, que ficou corada, meio sem graça.
MOH-Não senhor. Mantém o aluno interessado. - respondi.
Richelieu- Li, o seu currículo e você só fez aulas de História da Magia, gostaria que procurasse nossa bibliotecária e pegasse com ela alguns livros que os alunos usam para a preparação para os Niems, isto vai ajudá-la.
MOH-Ok, vou fazer isto.
Richelieu: Era só isso, tenham um bom dia.
MOH-O senhor também, obrigada. - e saímos da sala e perguntei a Marienne:
MOH-Você não gosta do professor François?
MD-Claro que gosto. O que deu esta impressão?
MOH-Bom, ele ficou olhando para você, como se esperasse um gesto de simpatia da sua parte, e você preferiu contar os ladrilhos do chão.
MD-Sou tímida apenas isso.
Olhei para ela e ela tinha aquele brilho no olhar, de quem guarda algum segredo. Optei por pensar nisto mais tarde, pois iria para minha primeira aula de Zoologia e estava com vontade de me sair bem. Sempre gostei de atividades ao ar livre.
Chegamos ao gramado e logo Pierre Coussot, apareceu. Bom... Confesso que esperava alguém fora do comum, mas o homem à minha frente não exibia mais do que o ar feliz daquelas pessoas do almanaque rural trouxa, segurando o prêmio pela melhor vaca leiteira.
Cumprimentou-nos e começou o famoso discurso sobre o nosso último ano na escola, que os NIEMS, eram os nossos últimos testes para a vida adulta, e que estudaríamos animais trouxas, pois alguns ainda não conseguiam diferenciar um amasso de um gato de rua trouxa, e faziam algumas transfigurações deploráveis.
E para provar seu ponto de vista: exibiu dois ovos enormes. E perguntou:
- Alguém sabe a diferença destes ovos?
- A diferença é clara professor. Um é amarelado e outro é marrom. - respondeu um garoto que eu ainda não conhecia, mas devia ser da Nox pelas vestes. - e arrancou risos da turma,
PC- Há-há. Muito engraçado, mas alguém sabe a diferença?
Como ninguém falava nada eu levantei a mão:
PC-Vejamos uma pessoa de coragem... Você é nova por aqui... Deixe me ver na lista: aqui está Morgan O’Hara. Então me diga senhorita, qual a diferença destes ovos? E toda a turma virou-se para mim.
MOH-O mais claro é um ovo de avestruz trouxa. E o outro é um ovo de dragão da espécie Dente de Víbora Peruano, e pelo jeito que o senhor está segurando com luvas protetoras, ele deve estar quente. - respondi.
O professor me olhou de cima a baixo e perguntou: Tem certeza? - percebi que era um teste e respondi:
MOH-Sim, senhor, assim como tenho certeza que o senhor vai colocar o ovo de dragão dentro de algum caldeirão e mantê-lo aquecido, dentro de aproximadamente, um minuto, ou perderemos o filhote.
O homem rapidamente foi para a mesa e não me fiz de rogada, me aproximei e conjurei um fogo de chamas permanentes, um caldeirão de estanho e ajudei a aquecer o ovo. Terminado o trabalho de preservar o ovo de dragão o homem virou para mim e disse:
-Cinco pontos para Fidei Angeli, senhorita O'Hara, por ter acertado a minha pergunta. E agora a aula de hoje, quero que abram seus pergaminhos e escrevam tudo que foi visto nesta aula, inclusive com desenhos do meu amiguinho guaxinim, e estes ovos.
Trabalhamos rápido e enquanto caminhávamos de volta ao castelo, fui conhecendo os colegas das outras casas e descobrindo um pouco mais sobre o professor. Estou na metade do dia e já tenho montanhas de deveres para fazer.
Nunca desejei tanto, que um fim de semana chegasse tão rápido.

Friday, October 07, 2005

A primeira detenção

Cenário: Classe de DCAT. Uma sala ampla, repleta de pufes e almofadas, paredes claras e imensas janelas de vidro protegidas por um feitiço anti-quebra. Não haviam mesas nem cadeiras. Nos fundos da sala, um tablado com uma pequena mesinha e uma porta pequena de madeira simples.

Ela havia optado por participar destas aulas já que DCAT sempre fora sua matéria favorita. Estava curiosa para saber como seriam as aulas ali. Pelo que haviam lhe contado, o professor era fantástico. Pelo menos não seria mais um ano de tédio total dentro da sala de aula como aconteceu em Hogwarts.

Os alunos do sétimo ano já estavam na sala quando Adhara chegou. A garota mirou-os por alguns segundos e caminhou para os fundos da sala. Escolheu uma grande almofada verde-limão e arrastou-a até a janela. Jogou a mochila no chão e pulou em cima da almofada, toda desleixada. As garotas a olharam com ar de desdém e Adhara sorriu marotamente.

Sir Shaft Zambene apareceu na porta. O professor de Defesa Contra as Artes das Trevas era um homem negro, alto, de aproximadamente trinta anos de idade. Grande estudioso das Artes das Trevas e, segundo o que ouvira pelos corredores, um dos maiores criadores de novos métodos de defesa. Era o professor mais metódico e perfeccionista que havia no castelo, mas mantinha uma boa relação com os alunos. Todos o admiravam e respeitavam, e ele realmente sabia ensinar. Ele fitou os alunos um a um e deteve-se um instante a mais em Adhara. A garota sustentou o olhar, desafiante.

SZ: Bom dia. Sejam bem vindo a mais um ano de estudos de Defesa Contra as Artes das Trevas. Creio que meu método de ensino já é do conhecimento de vocês. Bem, vejo que temos uma nova aluna.

Adhara torceu o nariz pra ele. Sempre detestou chegar em algum lugar e ser tratada como se fosse um extraterrestre. Ia começar o interrogatório.

SZ: Senhorita...??
AB: Black. Adhara Black.
SZ: Vi sua carta de apresentação, Hogwarts, não é mesmo?
AB: Não. Jardim Zoológico. É como os alunos de Hogwarts costumam chamar a escola.
SZ: Gosta de gracinhas, não é mesmo? Por favor, senhorita Black, fique de pé.
AB: Não precisa, estou bem aqui.
SZ: Fique de pé. Não vou tornar a repetir.

Adhara olhou em volta. Alguns alunos sufocavam risadinhas, outros tinham os olhos arregalados, tentando descobrir o que o professor faria com a aluna insolente. Bem devagar, de propósito, a garota ergueu-se da almofada.

AB: Quer uma demonstração de feitiços?
SZ: Mostre do que você é capaz.

A garota tirou a varinha do meio das vestes e parou, de pé, diante da turma. Apontou para uma garota magrinha de longas tranças que se encolheu na cadeira. Mas não fez nada. Escolheu então um garoto de olhos pretos e cabelos castanhos. O garoto levantou e sacou a varinha também. Sir Shaft olhou-o ferozmente, e o garoto voltou a sentar. Adhara virou-se de repente para o professor e esticou o braço com a varinha, movimentando-a. Ouviu-se um “Ooooooh!” na sala, mas no momento em que a garota pronunciou o feitiço ela moveu a varinha alguns centímetros para o lado esquerdo e transformou a mesinha sobre o tablado em poeira.

Ambos se encararam por alguns instantes. O professor subiu no tablado e Adhara voltou a se jogar na almofada. Ele começou então uma explanação a respeito da proteção contra magia negra, um método único e exclusivo desenvolvido pelo próprio, e passados alguns minutos Adhara puxou um pergaminho de dentro da mochila e começou a picá-lo e atirar os pedacinho em redor. Sir Shaft encarou-a e parou de falar bruscamente.

SZ: Algum problema, senhorita Black?
AB: É só isso que você sabe? Pensei que aqui em Beauxbatons eu ia ter uma aula de DCAT de verdade.
SZ: Não tolero indisciplina em minha classe, senhorita.
AB: Não estou dizendo nenhuma mentira. Isso que o senhor considera sua excepcional aula inaugural do sétimo ano, eu aprendi no jardim de infância.
SZ: Silêncio! Costumo ser respeitado pelos meus alunos, senhorita Black, e espero o mesmo da senhorita. Quero evitar problemas, está entendendo?

Os olhos da garota soltaram faíscas, e o professor deixou-a de lado, voltando à explicação. Logo depois, os alunos formaram duplas para praticar a resistência a maldição Cruciatus. Adhara ficou sem dupla. Quando olhou para os lados, viu que o professor a observava. Obvio, se quisesse praticar, teria que ser com ele. Lutando contra o próprio orgulho, a garota deu dois passos na direção em que Sir Shaft estava, e então ele se virou e embrenhou-se entre os alunos mais desastrados, pois um garoto havia acabado de transformar o colega em uma espiga de milho.

Ele pensa que vai me dobrar. Veremos quem é o melhor aqui.

A garota puxou a varinha do meio das vestes e, murmurando uma fórmula mágica, conjurou um fogo esverdeado e ateou na capa do professor. Sir Shaft não deu motivo algum para que a aluna o atacasse daquela foram. Mas quem disse que Adhara precisa de um motivo?? Uma garota de óculos gritou e o professor, percebendo suas roupas em chamas, apagou-as com um feitiço redutor. A sala estava em silêncio. Ninguém precisou de um orbe para saber quem foi o responsável pela brincadeira de péssimo gosto.

SZ: Está detida, senhorita Black. Se você estava acostumada a esse tipo de comportamento na sua antiga escola, saiba que eu não vou tolerar isso. Agora, tem o direito de permanecer calada. E sentada, aqui não é permitido abandonar as aulas.

Os segundos pareceram se arrastar até o fim da aula. Sir Shaft chamou a garota quando ela já estava na porta.

SF: Estarei à sua espera às 19 horas, em minha sala. Não se atrase, odeio irresponsabilidade. Tenha um bom dia.

Adhara nunca havia pensado que pudesse, um dia, detestar DCAT. Esse dia havia chegado. E o ano estava apenas começando.

Thursday, October 06, 2005

Autoconfiança zero

Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette

Pierre Coussot ainda não estava no gramado quando chegamos descontraídos para sua primeira aula do novo ano. Ele era o professor de Zoologia, o melhor de Beauxbatons. Já estava 5 minutos atrasado, um habito irreparável que ele tinha, quando emergiu do meio dos arbustos, a cara de bobalhão que sempre teve sorrindo para os alunos. Em uma de suas mãos tinha um bichinho de aparência engraçada, uns dentes imensos.

PC: Boa tarde minhas pestes favoritas! Prontos para mais um ano estudando as fabulosas criaturas que habitam nosso mundo? Bom, espero que estejam dispostos, pois esse ano vamos começar com algo um pouco diferente.

A turma já estava agitada, qualquer aula normal dele já era interessante, imagina se ele já estava avisando que seria diferente? O pequeno animal em sua mão se debatia na tentativa de se soltar.

PC: Algum de vocês sabe que animalzinho bonitinho é esse que estou segurando?
IL: Um esquilo? – falei incerto.
PC: Sim, exatamente. E alguém sabe por que eu trouxe um animal sem nenhum tipo de poder mágico para a aula?
DC: Porque o senhor não é normal? – Dominique arriscou, arrancando risos da turma.
PC: Apesar de ser uma informação correta, não é a resposta que procuro. A partir de hoje, começaremos a estudar animais comuns, trouxas. Vocês precisarão ter um conhecimento básico sobre alguns desses bichos futuramente...

Levantei a mão, curioso com o que ele quis dizer com “futuramente”, mas ele não quis responder, disse que era surpresa. Pierre dividiu a turma em duplas, deixando um esquilo com cada uma. A tarefa do dia era desenhá-lo no pergaminho e detalhar suas características. Feito isso, deveríamos alimentá-los com algumas nozes que ele escondeu nas arvores mais próximas. Ainda teríamos que caçar as nozes. Marie fez dupla comigo. Ela passou a aula toda fazendo carinho no esquilo e me dizendo o quanto ele era fofinho. Ai, como se já estivesse difícil me concentrar no trabalho com ela do meu lado, ainda tinham as interrupções.

ML: Aqui Ian, ele gosta que cocem a cabecinha dele, que gracinha...
IL: Marie, segura ele direito, não consigo desenhar assim.
MR: Pega ele um pouco, me deixa tentar.

Peguei o esquilo do colo dela e ele pareceu não gostar muito. Não parava de se debater.

ML: Você tem que fazer carinho nele, senão ele não fica quieto.
IL: Esse bicho não gostou de mim...
ML: Coça a barriga dele que ele melhora.
IL: Ele não me deixa vira-lo... OUCH! Esse bicho idiota me mordeu! – exclamei, atirando o esquilo no colo de Marie.
ML: Não fala mal do pobrezinho, você deve ter segurado ele de mau jeito...
IL: Segura firme esse bicho, quero terminar logo esse desenho e ir procurar a comida. – já estava irritado.

Marie apertou o esquilo entre as mãos, acariciando sua cabeça naturalmente. Terminei de rabiscar um modelo torto dele, indicando as características que consegui distinguir. Ao terminar, levantei-me e me dirigi em direção as árvores para procurar as nozes. Ela se levantou também, ainda com o esquilo na mão, e veio me ajudar.

ML: Sua mão ta sangrando...
IL: Foi o dentuço na sua mão.
ML: Deixe-me ver isso – falou puxando ela. – Isso ta horrível, você precisa ir ver a enfermeira.
IL: Não precisa, não foi tão fundo. – puxei minha mão de volta depressa.
ML: Vai lá sim senhor. Acho que já tem nozes o suficiente. Vamos voltar para podermos sair mais cedo.

Voltamos para onde estavam nossas mochilas com as mãos carregadas de nozes. Ia sufocar o esquilo besta de tanta comida. Marie chamou o professor, mostrando o corte em meu dedo, e ele nos liberou pra sair assim que alimentássemos o dentuço. Empurrei algumas nozes goela abaixo no esquilo, sob protestos de uma Marie indignada, alegando que ia engasgá-lo. Já de barriga cheia, ela o devolveu ao professor e me acompanhou até a enfermaria. Bernard me olhava intrigado de onde estava sentado com Dominique. Pelo jeito que ele me encarava, já sabia o que ele diria se estivesse perto: Ian, você é retardado! Está com ciúmes do esquilo!

Sunday, October 02, 2005

Cartas de Morgan

do diário de Morgan O'Hara

"Carlinhos amado,
Espero que você esteja bem e com tantas saudades quanto eu.
Vamos às notícias: Adhara Black, as irmãs Isabel e Isa McCallister estão aqui também. Fiquei feliz por ter a companhia delas. Mas aposto que você já sabia não? Você andou falando com muita gente antes de minha partida
. (ele sorriu ao reconhecer a verdade nas palavras da namorada).
Chegamos ao castelo de barco, atravessando o rio Sena, e no castelo entramos numa sala quase que totalmente de ouro eu acho, ah sei lá... Só sei que era magnífica. Havia muita luz, a nossa volta.
Tive a Seleção de casas mais estranha que já tinha ouvido falar, mas fantástica. Quatro fadas elementais nos puseram num semitranse e depois olhamos para um espelho. Não sei o que minhas colegas viram, mas acho que tive algumas visões, se posso chamar assim; fiz uma viagem ao passado, onde revi meus pais, fui ao futuro e voltei ao presente, e meu presente trazia o medo do desconhecido.
Senti muita apreensão e esperança. Estranho não?
Quando vi o futuro... Não ria ok?
Vi a nós dois na Ilha Negra, sendo abraçados por crianças... Eram um menino e uma menina, pareciam da mesma idade e er... ahr... Eram ruivas.
(ele sentiu o coração falhar uma batida e segurou o pergaminho com mais força).
Talvez sejam emoções represadas em meu subconsciente, por sentir saudades de você. Não há com que se preocupar, neste aspecto. (ele deveria sentir-se exultante, mas sentiu-se vazio. Talvez se eles tivessem sido imprudentes, Morgan estivesse com ele agora).

Continuou sua leitura.

Vários professores pelo que pude ouvir são de confiança de Madame Máxime, menos os dois enviados pelo Ministério francês, para ensinar Legilimência e Oclumência. Fazem o tipo nervoso sabe? Espero me sair bem nestas matérias.
Madame Máxime permitiu que Porshy ficasse na cozinha junto com os outros elfos, vou pedir que ele seja meus ouvidos pelo castelo, assim poderei ir colhendo pistas sobre o assassino de meus pais. Eu sinto que de alguma forma ele ou ela está aqui. Manterei olhos e ouvidos abertos, não se preocupe. Sei, que estou sendo repetitiva, mas creia: vou me cuidar.
Quando você vier a Paris, já tem um local para se hospedar.
(ele girou a pequenina chave dourada entre os dedos). Jean mandou-me duas chaves do Chatêu que está a nossa disposição, próximo ao castelo. Porshy já cuidou de tudo. Até mesmo já fez alguns feitiços para nossa segurança.
Agora preciso dormir um pouco, amanhã terei aula de Mitologia Greco-romana, e a única coisa que sei do professor é que ele ama o que faz e é agradável com os alunos...
Deseje-me sorte.
Cuide-se e sempre que puder me escreva. Logo estaremos juntos.
Sempre sua,
Morgan
."

Na Romênia, o ar primaveril já dava mostras de partida, tornando as noites mais frias.
Ele dobrou cuidadosamente a carta perfumada e guardou dentro de uma caixa em cima de sua escrivaninha. O quarto se encheu com o cheiro dela, e ele sentiu a familiar contração no estômago. Tomou um copo de água gelada de um gole só, para acalmar as ondas de desejo que cresciam em seu corpo.
Deitou-se olhando para as sombras refletidas no teto, e mais uma vez se viu pensando na namorada e quem sabe no futuro. Um futuro que queria construir com ela, mas para isso teriam que superar o presente.
Que seus deuses a protejam, meu amor. – foi seu último pensamento antes de adormecer.