Por Ian Lucas Renoir Lafayette
- Devolve, Ian, por favor
- Vai ter que implorar mais, Regalski...
- Estou pedindo com educação, devolva meu diário
- Ele escreve em um diário! – Samuel soltou uma gargalhada alta – Que coisa mais gay, Regalski!
- Vamos ver o que o Dave escreve... – Dominique tomou o diário de minha mão e o abriu – Que confidencias será que ele tem?
- Será que gosta de alguma menina da escola? Ou quem sabe de um menino? – Viera arriscou arrancando risos
- Devolve! São minhas anotações, vocês não têm o direito de ler! – Dave saltou tentando puxar o caderno verde da mão de Dominique, mas ele o atirou para Samuel, que por sua vez atirou para Michel
- Chega gente, deixem-no em paz – Michel parou de rir e estendeu o diário a Dave – Toma, guarda ele no dormitório, é mais seguro
Dave passou depressa pelas cadeiras abraçado ao diário, esbarrando em tudo pelo caminho. Quando passou pela mesa de Viera ele pôs o pé na frente e ele tropeçou, caindo por cima de uma das mesas. A mochila de Samuel caiu com o baque e um barulho de metal se chocando com o chão chamou nossa atenção. Um punhal de aspecto antigo jazia no chão, tendo caído da mochila do meu amigo. Olhamos todos para ele desconfiados, mas Samuel tinha uma expressão tão confusa quanto a nossa.
- O que está acontecendo aqui? – Sir Shaft pareceu finalmente ter a atenção na bagunça que tomava conta do fundo da sala e se aproximou – De quem é isto?
Ele havia abaixado e apanhado o punhal do chão, o analisando. Ninguém respondeu a pergunta, todos sem saber exatamente o que responder. Foi Dave, como forma de vingança, que quebrou o silencio.
- Caiu da mochila do Samuel, Sir Shaft
- Monsieur Berbenott, essa afirmação é verdadeira?
- Bom, é, mas... Eu não sei como isso foi parar na minha mochila! Não é meu!
- Monsieur Lestel?
- Sim professor – Bernard ficou de pé depressa
- Está responsável pela turma em minha ausência. Monsieur Berbenott acompanhe-me.
Samuel pegou o material e saiu de sala com o professor, não retornando pelo resto dela. Quando Sir Shaft voltou, estava sozinho e foi apenas para nos liberar. A primeira coisa que fizemos foi correr até a sala da Maxime, sabendo por certo que Samuel estaria lá. Ele estava saindo dela no instante em que chegamos e fez sinal para que fossemos para os jardins, para que não fossemos ouvidos por curiosos.
- Pierre Chirac está morto – ele disse finalmente, quando já estávamos perto do lago
- Quem morreu?? – perguntei sem entender, mas as expressões de choque de meus amigos logo me fizeram lembrar. Era o menino seqüestrado
- Tem certeza disso? – Bernard perguntou
- Absoluta. Madame Maxime disse que encontraram o corpo dele no vilarejo vizinho, do mesmo jeito em que estava o daquela trouxa que morreu – Samuel fez uma pausa antes de continuar – as marcas na roupa dele, os rasgos, são idênticos às serras do punhal que caiu da minha mochila.
- Não está dizendo que acham que foi você, não é?? – Marie tapava a boca com as mãos enquanto falava
- Não me acusaram de nada diretamente, mas queriam saber onde tinha conseguido aquilo
- E o que respondeu?
- A verdade. Que alguém o colocou lá. Sejam sinceros: qual de vocês fez isso?
- Er, Samuca, ninguém colocou ele na sua mochila – Viera falou e concordamos com ele
- Qual é gente, isso é o tipo de brincadeira que faríamos! Se não foram vocês, quem foi?
Ficamos todos em silencio, e apesar de não termos dito nada, sabia que todos estávamos pensando na mesma coisa. Foi ele, o lobo. Primeiro ele atacou o Bernard, depois destruiu o quarto do Viera e agora tentara incriminar Samuel pelo crime que ele cometeu. Ele estava indo atrás de um por um, e queria nos colocar uns contra os outros.
- Droga, e agora? – Samuel falou irritado
- Agora mais do que nunca, temos que pegá-lo. É autodefesa! – e Dominique recebeu o apoio de todos
Nos entreolhamos receosos e pensativos, todos com o mesmo medo e a mesma duvida: quem ele atacaria agora?
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