Anotações de Ty McGregor
Deixei Rory na sala da Emily para cumprir sua detenção e fui à direção sala de estudos no quinto andar para encontrar meus amigos. A ordem era que andássemos em grupos e como eu tinha que terminar um trabalho de Botânica com Gabriel e Miyako combinamos de nos encontrar lá. Cheguei e já havia vários livros espalhados na nossa mesa e Gabriel, Miyako já folheavam alguns, enquanto Griff resmungava:
- O Seth devia estar aqui, e não em casa aproveitando a vida mansa...
- O tio Lu deve estar transformando seu irmão num gladiador. Você sabe como são estes treinos. – respondi sentando-me.
- Cara você demorou, da próxima te dou uma bússola, para não perder o caminho. – reclamou Griffon.
- Considerando com quem ele estava ele foi rápido rsrsrs. - Miyako ajudou.
- Ah qual é? Só atrasei 5 minutos. A Rory foi cumprir detenção com a Emily. E tinha um auror lá conversando com a minha irmã, tivemos que esperar. Griff você ta precisando de uma namorada para melhorar o seu humor. – comentei e Griff ficou vermelho. - Miyako enfiou a cara no livro para rir.
- Por mim não tem problemas seu atraso, acabei de chegar também. - disse Gabriel e ele completou: A Mad está numa reunião de garotas, dá pra imaginar isso?
- Apavorante! E você Mi? Onde está o Sávio?
- Nem imagino... – como continuássemos olhando pra ela sem acreditar ela respondeu:
- Está fazendo um trabalho para a Milena. Quase disse a ele para não se dar ao trabalho, porque ela sempre dá nota baixa, mas se não entregar é pior. E eu queria ficar um tempo com vocês. - Olhei para Gabriel e ele tinha um sorriso maroto no rosto, enquanto dizia:
- O pato está afundando....Glub, glub, glub....- depois de nos provocarmos um pouco, abrimos os livros e nos concentramos.
Após o que me pareceram horas, consegui terminar meu pergaminho, e suspirei de alívio.
- O que vamos fazer agora? Ainda tá cedo par dormir. - Griffon perguntou.
- Podemos dar uma volta pelo castelo. - disse Mi.
- Está perigoso fazer isso, depois da morte do Pierre. Os monitores que rondam hoje têm ordens de distribuir detenções e nem vão ter que passar ao Vieira. - respondeu Gabriel.
- E desde quando isso nos impediu de andar pelo castelo á noite? Estamos em quatro. O máximo que pode acontecer é o tal lobo ter que tirar no cara e coroa para decidir qual nós ele vai levar.
- Ty não brinca com isso. Esta história me amedronta. Coitado do menino que morreu.
- Eu também tenho medo, Mi. Mas não vai ser um cara revoltado porque ta encalhado que vai me intimidar.
- Você e sua mania de simplificar as coisas... Já são duas mortes e não há pistas do assassino. - disse Gabriel.
- Recuso-me a deixar que este cara tenha o controle sobre minha vida. Pelo menos isso eu tenho que controlar e no fundo você pensa como eu. Além de que precisamos terminar aquele mapa para nossa segurança.
Ele assentiu e começamos a verificar algumas anotações sobre passagens pelo castelo. Volta e meia tínhamos que nos esconder dos aurores ou dos monitores, e numa destas vezes ouvimos passos vindo ao nosso encontro e corremos para trás de uma estátua enorme de um unicórnio no terceiro andar. Nos amontoamos tanto que pés ou braços de alguém seria visto.
- Ai meu Mérlin, vai ser detenção das grandes. - cochichou Miyako e o impensável aconteceu: a estátua se moveu mostrando uma escada. Não tivemos tempo de pensar: descemos por ela rápido. Griif foi o último a entrar e ela se fechou sobre nossas cabeças. Ficamos ouvindo e logo os passos sumiram. Respiramos aliviados.
- Acho que já podemos iluminar isto aqui. – disse Gabriel e antes que pegássemos nossas varinhas tochas nas paredes se acenderam, iluminando a escadaria. Trocamos olhares e o consenso foi geral: estávamos em mais uma das passagens do castelo. Gabriel puxou o bloco de anotações do bolso e ia anotando tudo que falávamos enquanto descíamos as escadas e entravamos num corredor que dava para duas pessoas passarem lado a lado. Começamos a andar e comentei:
- Estamos indo para o Sul.
- Já anotei aqui. – Caminhamos por um bom tempo até que chegamos a uma porta entalhada com folhas e uma arvore estranha. Já a havia visto em algum lugar, mas não me lembrava de onde.
- Deixa ver se é seguro sair. – me projetei e atravessei a porta e logo voltava a entrar no meu corpo:
- Estamos perto dos jardins, naquela parte cheia de rosas, e não há ninguém por ali. Saímos pela porta e ficamos ali pelos jardins enquanto Gabriel fazia as anotações para o mapa. Tudo ia bem, até que ouvimos algo...
Miau...
E havia um gato gordo e com um laço de fita nos encarando:
- Este bichano é quem estou pensando?- disse Miyako.
- Não. Este é jovem, Napoleão era bem velho. Não faça isso Ty... - respondeu Gabriel apavorado enquanto eu me abaixava e o gato vinha ao meu encontro.
- É uma gata. E o nome dela é Maria Antonieta. Pela originalidade do nome sabemos a quem pertence, não? – comentei enquanto coçava atrás das orelhas dela e ela começou a ronronar contente.
- Você tem alergia a gatos Gabriel?- perguntou Griff e ele respondeu:
- Não, mas toda vez que o Ty encontra um dos gatos de madame Máxime, alguma coisa ruim acontece. Já fizemos um funeral egípcio com Napoleão. Só espero não ter que encenar a queda da Bastilha aqui. - e começamos a rir enquanto andávamos pelos jardins nos afastando do castelo e a gata nos seguia. Ficamos por ali mais de meia hora e arrancamos muitas risadas do Griff ao contar sobre o funeral do gato. E as nuvens cobriram a Lua, quando nos sentamos para ler as anotações do Gabriel. De repente a lua iluminou tudo e a gata ficou estranha e fez um barulho com os pelos eriçados e ostrando as garras:
Sssssssssss.
- O que ela tem? O que você fez Ty?- perguntou Miyako alarmada.
- Não fiz nada. Tô do seu lado esqueceu?
- Ela viu alguma coisa... - e antes que Griff saísse do lugar todos vimos o que deixou a gata nervosa. E ela vinha andando para trás e se aproximou de mim. Abaixei-me sem desviar os olhos e a segurei no colo
Um lobisomen vinha em nossa direção caminhando bem devagar.
- Calma... Calma... - Não sei se Gabriel dizia isso para a fera ou para nós.
Começamos a andar bem devagar para trás e o lobisomem acelerou o passo para atacar, Griff gritou:
- CORRE!
E começamos a correr desesperados e a fera atrás de nós, dava pra sentir que ele nos alcançaria e gritei:
- Vou distraí-lo. - e fiz uma projeção astral ficando parado, enquanto meu corpo físico corria junto com eles. A fera pareceu ficar desnorteada e parou encarando meu corpo astral. Ficamos nos encarando por alguns segundos e comecei a ir na direção da floresta sempre o encarando nos olhos. Ele pareceu ficar em dúvida sobre me seguir ou não e gritei:
- Que foi bobão, tá com medo? – e joguei uma pedra nele acertando sua pata, e ele veio correndo pra cima de mim furioso. Senti que entrávamos no castelo pela mesma porta que saímos e disse:
- Sinto muito amigão. Nossa corrida fica para um outro dia. - e desapareci.
Voltei rápido ao meu corpo e ainda segurava o gato e eu me sentia gelado.
- Cara você tá bem?- Griff perguntou preocupado e Gabriel revirava as vestes atrás de alguma coisa. Achou e me entregou. Era um pedaço de chocolate:
- Ty, coma isto. Você ficou muito tempo longe. - mastiguei o chocolate rápido e comecei a me sentir melhor.
- Agora você pode soltar a gata Ty. Já estamos seguros.
- Acho melhor não.
- Por quê? Vai adotá-la? Coitadinha... - comentou Mi dando risada, mas logo parou ao ver minha cara.
- Eu acho que... Que matei a gata. - e levantei o corpinho imóvel do bichano.
- Como você fez isso de novo? – disse Gabriel com a voz esganiçada.
- De novo o caramba, nunca matei nenhum gato antes. - respondi bravo. - Eu acho que a apertei demais, só controlei o corpo para correr, não prestei atenção ao restante. Mas acho que ela ainda ta viva, tô sentindo uma coisa bem fraquinha.
- Me dá ela aqui. - disse Griff e pegou a gata da minha mão, deitou-a no chão e colocou as mãos sobre ela, muito concentrado. Pareceu que ele entrava em transe: seus olhos assumiram um brilho intenso e de suas mãos saiu um brilho dourado por alguns segundos, enquanto ele recitava algumas palavras numa língua desconhecida. A gata começou a se movimentar agitada e logo saiu correndo. Griff voltou ao normal e nós olhávamos para ele:
- Er... Ahnn... Coisas de família sabem como é... – e ele parecia desconfortável e eu disse a primeira coisa que me veio à mente.
- Tudo bem, não precisa explicar se não quiser. Você me livrou de ter que fazer um funeral digno de uma rainha. E acho que nem temos brioches na cozinha. - começamos a rir, enquanto caminhávamos para nossos dormitórios lembrando todos os lances de nossa pequena aventura.
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