Thursday, August 07, 2008

7 de Agosto de 1958 – Eventos aleatórios (Parte I)

- Mas diga Marcel, qual a sua opinião sobre esse apelo contra a escravidão de elfos domésticos que parece estar tomando força? – Um bruxo alto e de aparência pomposa perguntou ao garoto loiro ao seu lado, enquanto tomavam uma taça de gilly.
- Eu apoio ele – Disse no mesmo tom de voz formal do bruxo – Acho que os elfos merecem sim melhores condições de trabalho.

- Mas se libertarmos os elfos, quem trabalhará para os bruxos? – O homem parecia chocado com a opinião do mais jovem.

- Eles são elfos, não escravos. Pague a eles um salário digno, e o trabalho continuará sendo feito. Bruxos estufam o peito para dizer que são melhores que os trouxas, e, no entanto, o tempo de escravidão para eles já teve fim há muitos anos. Eu apoio o movimento! – O jovem disse com firmeza e o homem olhava para ele sem reação.

- Sim, estamos cientes de seu apoio a essa nobre causa – Um segundo bruxo se aproximou com ar de desdém, sorrindo forçado para as pessoas que o cumprimentavam – Mas talvez não seja prudente um príncipe, herdeiro do trono de Mônaco, fazer discursos em público sobre assuntos não oficiais como o que fez naquela passeata que ocorreu em Paris há alguns meses.

- Cadbury, meu pai pode ter nomeado você minha babá oficial, mas isso não lhe concede o direito de controlar minha vida – O garoto respondeu friamente, apertando a mão de um senhor que passava e sorrindo – Acho mesmo um absurdo que o Ministério da Magia ignore a voz de tantos bruxos pelo simples conforto de terem elfos como escravos em suas casas. Ninguém pode me impedir de pensar por conta própria.

- Como quiser majestade, mas estou apenas cumprindo ordens de seu pai, o Rei – O homem chamado Cadbury sorriu para o garoto, que não retribuiu – E por falar nele, vim lhe buscar. Vossa majestade solicita sua presença imediatamente, a corrida já vai começar. E meu cargo é assessor particular, não babá oficial.

- Soa como uma babá pra mim – Ele estendeu a mão ao homem, que apertou sorrindo gentilmente – Perdoe-me Lucien, mas tenho que me retirar. Depois continuamos a conversar.

Marcel se afastou dos dois homens e se dirigiu ao hall onde sua família estava reunida. Seu avô fez sinal para que ficasse ao seu lado e ele obedeceu. Bocejou e sacudiu a cabeça, parando de fazer careta e montando o sorriso padrão para se juntar aos outros cinco membros da família real que saíam para a luz do dia, prontos para saudar as pessoas que aguardavam na rua e assistir à corrida. Certas coisas nunca mudariam.

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- Erga mais o cotovelo, Kwon! – Seu pai falou áspero da lateral do campo – Olho na bola do arremessador!

O garoto coreano fechou os olhos e respirou fundo antes de erguer o cotovelo e encarar o arremessador do time adversário que se preparava para lançar a bola. Seu pai, o técnico do time de beisebol da região, gritava palavras de incentivo a ele. O garoto magricela arremessou a bola e ele não conseguiu rebater.

- Strike três, está fora! – O juiz apontou para o banco

Kwon atirou o capacete no chão com raiva e cruzou a tela de proteção para se juntar aos companheiros de time. Seu pai bagunçou seu cabelo como sinal de que estava tudo bem e se virou para seu outro filho, de pé ao seu lado.

- Você é o próximo, Philipe – Disse colocando o capacete na cabeça do garoto – Mostre a eles, faça um home run!

O garoto africano pegou o bastão das mãos do irmão e correu para o campo. O arremessador do time adversário brincava com a bola em provocação, mas ele não lhe dava atenção. Esporte era o seu forte, era bom em tudo que fazia. Se rebatesse aquela bola para fora do campo, seu time ganharia o campeonato juvenil de Mônaco.

O primeiro arremesso o derrubou. Ele levantou batendo a terra da calça e direcionou um olhar irritado para o arremessador, que riu debochado. Seu pai observava de braços cruzados do banco, parecendo inquieto. O garoto arremessou de novo e dessa vez Philipe moveu o bastão, mas ele não acertou a bola. Os garotos do time adversário gritavam no banco para desconcentrá-lo e Philipe fechou os olhos por alguns segundos, tentando abafar os gritos e recuperar a concentração.

- Vai rebatedor, manda pra fora – Ele ouviu Kwon gritar batendo palma com outros colegas de time e ajeitou o capacete, sorrindo para ele

Ele retomou sua posição e concentrou o olhar para a bola na mão do arremessador. O garoto lançou sua bola mais difícil, mas Philipe estava atento dessa vez e acertou o bastão com força nela. Ela subiu alto e tomava cada vez mais velocidade. O time no banco começou a comemorar quando ela passou por cima da arquibancada e foi para fora do campo. Philipe atirou o bastão no chão e correu para completar todas as bases dando pulos e com os braços erguidos. Seu pai pegou o troféu das mãos do organizador do campeonato e o entregou a Philipe, que o ergueu para o resto do time. Era mais um para enfeitar a estante dos irmãos Perrineau.

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- Alcachofra, Mademoiselle Darrieux?

- Sim, obrigada – A menina ruiva sorriu gentilmente ao mordomo e observou-o colocar a alcachofra em seu prato – Ai meu Merlin, como foi mesmo que o Marcel falou? Pensa Danielle, usa o cérebro! – Ela pensou enquanto sorria tímida para o namorado e sua irmã sentada do outro lado da enorme mesa. A menina parecia esperar que ela comesse primeiro – Como era mesmo? Se acalma, Danielle! Alcachofra quando vem inteira, acompanha o molho e é para ser desfolhada a mão! Isso! – Ela sorriu mais confiante e pegou a alcachofra, começando a desfolhá-la

A garota de cabelos loiros do outro lado da mesa torceu o nariz de leve ao ver o irmão sorrir satisfeito, porém, Danielle não notou. Aquele jantar na casa do namorado parecia não ter fim. A insistência de sua mãe em manter uma conversa com ela sobre carreira, família e casamentos estavam deixando-a apavorada, tinha receio de dizer algo errado. Ela agradeceu em silêncio quando o jantar enfim terminou e o rapaz de cabelos tão loiros quanto os de sua irmã pediu licença à mãe e ao pai e a puxou para outro cômodo da mansão.

- Ai meu amor, obrigada! – Ela se pendurou em seu pescoço o cobrindo de beijos quando já estavam longe do restante da família – Não sabia mais o que falar com a sua mãe, ia começar a cantar o hino da França!

- Mil desculpas, por favor – Ele a ergueu do chão em um abraço apertado – Mas meus pais insistiram para que lhe trouxesse aqui, não tinha mais argumentos para adiar. Esse dia teria que chegar eventualmente!

- Tudo bem, eu sobrevivi! Mas não foi nada fácil, não sabia usar todos aqueles talheres e pratos diferentes! – Disse fazendo careta. Ele riu – Fiquei repassando mentalmente tudo que Marcel me ensinou ontem. O que foi? – Perguntou quando ele riu

- Já disse o quanto eu te amo? – Ele olhava para ela sorrindo. O sorriso meigo e carinhoso que ela tanto adorava – Adoro esse seu jeito, a maneira como você fala, até quando você faz careta. Adoro tudo em você, Dani...

A garota sorriu e o abraçou com força. Ela sentia que não havia agradado tanto assim a seus pais, talvez um pouco sua mãe, mas não tinha importância. Tudo que importava era que eles gostavam um do outro o suficiente para superar e passar por cima do que fosse preciso. E ela tinha certeza que era o que ambos fariam.

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- Seu braço duro, não consegue nem arremessar uma goles direito! São só 10 jardas – Johnny Delacroix caçoou o amigo – Tenho ingressos para o próximo jogo da temporada – disse pegando uma garrafa de cerveja amanteigada e colocando no capô do carro – São de vocês se a garrafa não quebrar. Se quebrar, vocês pagam o valor dos ingressos.

- Um arremesso de 10 jardas para o astro do Quiberon Quafflepunchers? – um dos seus amigos riu – Nos dê alguma vantagem pelo menos! Assim você ganha fácil!

- Não sou eu que vou lançar – ele riu – Minha irmã vai.

- Eu? – Bianca, que até então observava os irmãos conversarem com os amigos sem interesse, ergueu a sobrancelha surpresa

- Ok, apostado! – Gaston se apressou em puxar o dinheiro do bolso e os amigos fizeram o mesmo – Um arremesso apenas.

- Johnny, tem certeza? – Bianca olhou incerta para a garrafa e para os garotos rindo – Pierre quase torceu meu pulso ontem naquela brincadeira idiota na sala.

- Você consegue, sei disso – ele apertou os ombros da irmã e a colocou na posição – Pode fazer tudo que quiser, Bia.

- Como é que é, Johnny? – François bateu palmas debochado – A garotinha vai lançar ou não?

- É o seu dinheiro... – Bianca olhou atravessado para os garotos e tomou a goles da mão de um deles

A garrafa estava a uma distancia de 4 carros enfileirados. Ela girou a goles na mão uma única vez e com um arremesso forte, acertou-a em cheio, espalhando pedaços de vidro no chão. Riu com satisfação enquanto seu irmão do meio, Pierre, recolhia o dinheiro dos amigos e Johnny a ergueu do chão.

- Foi perfeito! Disse que podia fazer isso, não disse? – Johnny a colocou no chão novamente e sentaram no banco

- Você viu aquilo? E meu pulso está inchado! – falava eufórica

- Quadribol está no nosso sangue, Bia – ele abraçou a irmã – E sei que um dia vai poder mostrar o seu valor. Ainda não desistiu, não é?

- Nunca! – levantou de um salto e pegou a goles do chão – Ainda vou defender as cores da casa que vocês defenderam! Mas até lá, que tal uma partida contra seus amigos idiotas?

Johnny levantou animado e pegou a goles da mão de Bianca, correndo até os amigos e os desafiando para uma partida. Delacroix x visitante. E o placar foi um massacre a favor do time da casa.

((Continua...))

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