1942, o ano em que tudo começou...
- Não posso mais Bryce…
- Agüente só mais um pouco, meu amor, estamos quase chegando...- e o homem embora fraco pelo ferimento que carregava, suprimiu a dor e a ergueu nos braços para carregá-la. A mulher embora magra exibia uma barriga que não deixava duvidas sobre o seu estado: ela estava grávida. E ele faria tudo que pudesse para salvar o bem mais precioso de sua vida: sua família.
Chegaram a um pequeno vilarejo que ainda não havia sido ocupado pelos alemães. Bryce mandou às favas toda a prudência e bateu na primeira porta que viu. Para sua sorte, um casal de velhos apareceu e ao verem o jovem casal, os acolheram, pois viram que a bolsa d’água havia se rompido. O trabalho de parto, demorou muito, e quando o céu se iluminou com os primeiros bombardeios alemães, o choro de um bebê robusto era ouvido naquela casa humilde.
Ela após segurar seu filho nos braços, olhou para o marido e disse:
- Quero que ele tenha o nome de Tristan.
- Podemos escolher o nome depois Suzanne, você precisa descansar...
- Não terei tempo para isso Bryce, prometa que ele terá o nome de meu pai.
- Prometo, tudo o que você quiser, mas fique boa...
- Você fez a minha vida valer a pena, amo vocês...- foram as últimas palavras da jovem mãe ao homem que abraçava a trouxinha nos braços e chorava como uma criança.
A velha embalava o pequeno sobrevivente, enquanto seu marido conversava com o jovem pai, que estava queimando de febre. Infelizmente o estado do homem era tão desesperador quanto o da jovem mulher. Ele tinha um ferimento a tiro mal cicatrizado, e não disse nada. Somente quando caiu, é que perceberam o quanto ele estava doente.
- Você poderia ficar aqui por uns tempos filho, até seu filho ficar mais forte...
- O senhor não quer saber quem eu sou?
- Sei que você é um homem defendendo sua família, nestes tempos é só o que me importa.
- Assim que conseguir entrar em contato com minha família, eu poderei pagá-los por todo o trabalho... Temos posses...
- Não quero o seu dinheiro. O ajudei porque você se parece com meu único filho que a guerra me levou. Não pude fazer nada por ele num campo de batalha, mas posso tentar te ajudar...
- Preciso pedir-lhes um favor: quero que fiquem com meu filho enquanto vou atrás de minha família...
- Mas você está muito ferido... Poupe suas forças, filho.
- Sou escocês e faço parte da resistência francesa, assim como minha mulher, Suzanne. Ela é uma Thorn de Nantes. Sou um bruxo, mas minha mulher não. Não pude usar meus poderes porque durante um cerco à nossa casa, minha varinha foi partida. Vejam...- e mostrou pequenas lascas de madeira, ligadas por um fio parecendo uma corda de violino em sua mão. - os velhos olharam com atenção, mas dava para ver que eles achavam que o jovem estava delirando pela febre.
- Filho... Bruxos não existem...- disse a mulher timidamente.
- Existem, ou você acha que não há um bruxo poderoso apoiando os inimigos? Acha que sem ajuda, um homem que quer exterminar milhões de pessoas, faria isso sem ser detido? Pois ele conseguiu a ajuda de Grindelwald, que quer acabar com o seu mundo e para isso, vai utilizar a sede de poder de um homem que não valoriza a vida. Por isso alguns bruxos de meu mundo se juntaram a vocês, para equilibrarmos a luta, para que vocês tenham alguma chance... - fechou os olhos por alguns segundos para arranjar forças. Ele tinha que falar tudo e rápido.
- Este medalhão, é um medalhão que mandei fazer. De posse dele, meu filho será recebido por meus familiares e será cuidado. Prometam que vão levá-lo até lá...- e os velhos viram um medalhão todo de prata, com um dragão marinho em relevo.
- Para onde quer que levemos o menino?
- Loch Ness, é onde minha família está desde o início dos tempos...Somos antigos sabe?
Minha família não sabe para onde vim, e com quem. Não sabem que me casei e nem que tive um filho. As respostas que eles precisam está neste medalhão. Prometam que o protegerão. - e segurou a mão do velho com força.
O velho após olhar para a mulher assentiu dando sua palavra de honra. Então o bruxo segurando as lascas de madeira e o medalhão aberto murmurou algumas coisas e assombrosamente um fio prateado começou a sair de sua boca e entrar no medalhão. Ele parou por uns segundos e perguntou:
- Qual era o nome de seu filho?
- Napoleon.
- Meu filho será Tristan Napoleon, não se esqueça de sua promessa... - e disse antes de fechar o medalhão: ‘Só se revelará por quem procurar a verdade’. - e antes que falasse mais alguma coisa, fechou os olhos novamente e desta vez para sempre.
O casal de velhos chorou por aquele jovem casal, mas o grito de fome do pequeno os fez voltar os pensamentos ao que era mais urgente.
- O que vamos fazer com o pequeno?
- Ele tem nome, é Tristan Napoleon.
- Eu sei, mas e o resto? O pai morreu antes de nos dizer o seu sobrenome...- o velho após pensar por uns segundos disse:
- Será Tristan Napoleón Thorn, e vamos cuidar dele, até que ele se reúna com a sua família.
Infelizmente naqueles tempos de guerra, algumas promessas mesmo bem intencionadas, não puderam ser cumpridas.
I'll be seeing you;
In every lovely, summer's day;
And everything that's bright and gay;
I'll always think of you that way;
I'll find you in the morning sun;
And when the night is new;
I'll be looking at the moon;
But I'll be seeing you.
N.Autora: - I'll Be Seeing You - Frank Sinatra
- Grindelwald, personagem de J.K. Rowling
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