Wednesday, September 12, 2007

Novos ventos...

Por Gabriel Storm Lupin

- Classe dispensada – O professor Collins falou sem entusiasmo e fechei o livro depressa – Senhores Bass, Hawke e Lupin, fiquem

Sentei outra vez na cadeira resmungando e Sean e Evan fizeram o mesmo. Shannon e Stuart riram e saíram da sala antes que ficassem retidos também. Era o ultimo período de quarta-feira e tivemos aula de Poções normal, mas com o mesmo professor de Cálculos. Como se não fosse o bastante uma matéria só. Nosso primeiro treino de quadribol estava marcado pra dali a 10 minutos e ainda precisávamos nos trocar, mas aparentemente, isso não seria mais possível.

Collins nos deixou em detenção por causa de um desenho que estava circulando no laboratório e que ele descobriu ser de nossa autoria, somado a uma poção que “misteriosamente” explodiu, soltando fagulhas no teto. Ficamos limpando os balcões e o teto por quase meia hora, quando a porta abriu e um homem que parecia ter a idade do meu pai, negro e com uma cara muito irritada entrou sem cerimônias, largando uma prancheta na mesa e quase cuspindo as palavras para Collins.

- Posso saber o porquê três dos meus jogadores mais importantes não estão em campo nesse exato momento com o resto da equipe?
- Os senhores estão em detenção por fazer bagunça na minha aula – Collins respondeu com a voz normal
- Harold, da próxima vez que quiser punir seus alunos, faça isso em dias que eles não tenham treino. Vocês três, larguem esses panos agora e vão trocar de roupa! – Obedecemos ao homem na mesma hora e corremos para a porta
- Herman, você não pode interferir na decisão de outros professores! – Collins falou em um tom de voz alterado pela primeira vez
- Vá discutir com Diperma o que ele prefere: o time estruturado e pronto para vencer ou as cadeiras do laboratório limpas! – E dizendo isso ele bateu a porta – Pensei ter dito para se trocarem imediatamente!

Saímos em disparada pelo corredor em direção ao vestiário masculino e em dez minutos estávamos de volta ao corredor, já com as roupas do treino. O homem estava parado de braços cruzados nos esperando e caminhamos apressados com ele para o campo. Ele era ao treinador novo, não o conhecíamos ainda, mas já havia gostado dele.

- Fiquem sabendo que não costumo fazer isso – Disse quando alcançamos o campo – Mas é o primeiro treino e tive que atrasar meu discurso por causa da ausência de vocês. Se começarem a acumular detenções nos horários de treino, vão para o banco.

Sorrimos sem graças para ele e concordamos com a cabeça. O time já estava todo espalhado no campo brincando de arremessar a goles e pararam quando nos viram chegar. Notei que havia muitos rostos novos, garotos que não estavam aqui na temporada passada. Todos se largaram na grama esperando o treinador falar. Ele andou de um lado para o outro por alguns segundos, leu alguns nomes na ficha e nos encarou com as mãos na cintura.

- Meu nome é Herman Boone. Treinador Boone. Alguns já me conhecem, andei visitando algumas casas no verão e recrutando novos jogadores. Para os que não me conhecem, não sou amigo e nem babá de vocês. Vamos trabalhar duro esse ano. Prêmios de melhor batedor e melhor apanhador não valem de nada se junto deles não estiver a taça do campeonato. Ano passado vocês ficaram em segundo lugar. Segundo lugar não é uma opção. O primeiro lugar é a única. É vencer, ou vencer. Nosso primeiro jogo é semana que vem, contra o Montana Timberwolfs. Eles são bons, fortes, e trabalham juntos. Mas nós somos melhores. E vamos deixar que eles entendam isso logo na abertura da temporada. Cavalheiros, peguem suas vassouras e para o alto.

Todo mundo levantou do chão apressado e em questão de segundos a área do campo se encheu com 20 vassouras voando de um lado para o outro. O treinador Boone nos dividiu em dois times e deixou alguns treinando arremessos, autorizando o inicio da partida. Não estávamos voando há mais de cinco minutos quando ele apitou.

- Bertier! – gritou enfurecido e o garoto de cabelo castanho se assustou – Porque não bloqueou o Pace? Ele estava livre e você próximo!
-Desculpa, treinador – Ele deu de ombros
- Resposta errada, Bertier – Boone avançou na direção de Josh e vi que ele recuou assustado – Quando o artilheiro do time adversário estiver voando livre na direção do gol, não tenha receio de interceptá-lo! – Ele fez um movimento rápido em volta de Josh e conseguiu tomar a goles dele – Faça isso, mas em movimento. Não interessa se ele é o capitão, derrube-o! Não espere os batedores sempre! Recomecem!

Retomamos nossas posições e continuei procurando pelo pomo, sempre com o apanhador do outro time, Emerson, na minha cola. Alguns minutos depois de voar sem encontrá-lo, ouvi alguém berrar um pouco abaixo de mim e olhei depressa. Josh tentava montar outra vez na vassoura enquanto o treinador falava animado com Bertier e os outros dois artilheiros riam. Acho que ele seguiu as dicas.

O treino seguiu violento pelo resto da tarde. Josh estava enfurecido por ter sido derrubado da vassoura e gritava instruções para Blake e Andy usarem força bruta na hora de tomar a goles e para que Evan e Sean arremessassem os balaços direto para cima dos artilheiros do time reserva, mas a verdade é que não foi tão simples assim. Os novos artilheiros reservas deram um baile nos titulares. Bertier perdeu o medo de peitar Josh e os outros dois partiam com vontade para cima deles. A goles não ficava nem cinco segundos em posse do nosso time sem que eles a recuperassem. Os batedores novos também eram bons e rebateram bons balaços, mas não alcançaram a marca dos nossos. Sean rebateu um balaço rente a Bertier que apenas o desequilibrou e Josh partiu berrando em sua direção.

- Eu falei para derrubá-los! – gritou tomando o bastão da mão de Sean e atirou um balaço para cima de Peter, atingindo seu braço – EU sou o capitão e quando dou uma ordem, espero que a cumpram!
- Porque não se preocupa em fazer gols e deixa que dos balaços cuido eu? – Sean tomou o bastão de volta o empurrando com raiva – Você não joga em todas as posições, Josh!
- Cavalheiros, já chega! – o treinador Boone interveio antes que uma briga começasse – Bertier, como está o braço?
- Está bem, treinador, não pegou direito
- Certo. Por hoje podemos parar, para o chão.

Evan e eu puxamos Sean depressa antes que ele desacatasse a ordem e partisse para cima de Josh e sentamos no gramado cansados junto com o resto do time. Bertier segurava o braço enquanto caminhava para perto de onde estávamos, mas não reclamava de dor. E dificilmente reclamaria, pois não admitiria que havia se machucado de verdade. O treinador deixou que bebêssemos água antes de começar a falar.

- Não foi um treino ruim. Não passei muitas instruções, queria ver como costumavam jogavam. Costumavam. Tudo que aprenderam ate agora está no passado – Ele rabiscou alguma coisa na prancheta e apontou a caneta para Josh – Você. Ser capitão não é ter subalternos. Melhore sua comunicação com seus companheiros de time no próximo treino ou perderá a braçadeira. Amanhã será diferente, montarei um novo time titular e um novo reserva. Podem ir.

Josh levantou do gramado primeiro que todo mundo e sumiu de vista. Ficamos para trás rindo e nos apresentando aos novatos e quando chegamos ao vestiário, não havia sinal dele. Acho que novos ventos começam a soprar aqui na Califórnia...

No comments: