Por Ty McGregor, um sobrevivente.
Desde que havia chego para as férias, meus pais têm me ajudado com a projeção astral. Consegui me dividir em dois novamente e já não ando ficando mais zonzo. Tio Sergei me encheu de livros sobre o assunto e meus pais resolveram que eu devia ter mais agilidade e força física.
Disse a eles que eu não era batedor da Sapientai apenas pelos meus belos olhos, mas eles resolveram me lembrar que eu FUI batedor no passado, pois havia sido suspenso, portanto já estava sem jogar a algum tempo e fora de forma.
A casa da vovó na Escócia estava cheia de netos e primos de vários graus, vindos de várias escolas que sofreram ataques de comensais. Houve uma reunião de família, onde os pais decidiram que os mais velhos teriam algumas aulas com meus pais e tio Sergei, para aprendermos a nos proteger e cuidar dos mais novos em caso de futuros ataques, pois meus pais achavam que a coisa não iria parar por aí.
Óbvio que nem tudo foi fácil, pois a mamãe teve ganas de bater em tia Patrícia, quando ela disse que meu pai estava exagerando, com esta historia de defesa pessoal ou ataquesa futuros.
Mamãe lembrou a ela que feitiços simples quando bem executados podem deixar uma pessoa hostil imobilizada dando tempo de a vítima fugir, disse isso com um olhar bem maldoso. Tia Patrícia se encolheu e meus tios abafaram risinhos junto com meu pai. Olhei interrogativamente para Riven e ele apenas sacudiu os ombros, não entendendo nada do que se tratava.
Começava ali minha semana infernal!
x-x-x-x
-Vamos dar mais uma volta, Ty. Ainda não acabou.
-Mas nós já demos nove voltas pela propriedade, tio.
-Eu sei que foram nove, seus pais e eu costumamos, dar quinze voltas quando estamos aqui. Hoje vocês só vão correr dez voltas, amanhã será o mesmo que eu e eles.
-Vamos Ty deixa de ser preguiçoso... - disse mamãe quando passou correndo por mim junto com papai.
Ambos corriam lado a lado, mantendo o ritmo, parecia que estavam passeando num parque. Logo atrás deles vinha meu primo Riven, que acelerou e se emparelhou com eles. Vi quando deu um sorrisinho sarcástico quando ouviu meus pais me zoando. Foi um baque no meu orgulho. Resolvi manter o corpo correndo porque o espírito já estava longe há muito tempo. Olhei para trás e Declan estava encostado numa árvore segurando um lado do corpo, e Johnny dava a mão para Mary, para ajudá-la a continuar.
Acelerei um pouco e deixei meu padrinho para trás, para alcançar meus pais. Riven me olhou feio quando o ultrapassei. Mas nem liguei, queria mostrar ao meu pai que eu conseguiria participar daquela corrida idiota.
KM - Cansado?
TM - Um pouco. - e puxava o ar com força enquanto corria.
AM - Isto faz parte do treinamento para auror. - observou mamãe.
TM - Mas eu não vou ser auror, já disse isso a vocês há muito tempo. Portanto estas maratonas são inúteis. - disse ríspido e vi quando meu pai ficou meio rígido, mas continuamos a correr.
Riven nesta hora se aproximou e disse arquejante:
RM - Eu tô adorando tudo isto, vou ser auror, tio. Pode contar comigo.
Meu pai abriu um sorriso orgulhoso e começou a diminuir o ritmo para esperar por ele. Olhei meio perdido para minha mãe ela disse firme, enquanto olhava com os olhos apertados para meu pai:
AM – Continue correndo. - obedeci e ficamos um pouco mais na frente. Podia ouvir meu pai rindo de alguma coisa que o Riven estava dizendo, e isso estava me deixando irritado. Ok, eu confesso: com ciúmes.
Logo a corrida terminou e papai e Riven em alguns minutos conversavam mais do que nestes anos todos, vi quando ele puxou o tio Sergei e ficaram lá os três trocando ideais sobre como ser um bom auror. Papai viu os outros primos se aproximando resmungando as palavras desistir, e resolveu injetar "ânimo". Apontou a varinha para garganta e disse alto:
KM - Quem não completar a corrida hoje não come nesta casa.
Logo vi Declan correndo apavorado e Mary fazendo força para segurar as lágrimas enquanto corria mais devagar com o irmão gêmeo, Johnny.
Naquela noite, após o jantar pedi licença para ir pro meu quarto mais cedo. Meu padrinho quis levantar para falar comigo, mas meu pai o chamou para mostrar que o Riven já conseguia conjurar um patrono corpóreo. Quanta babaquice.
Vovó fez emplastros de murtisco para todos colocarem nas pernas doloridas. Até mamãe usou um na barriga, tio Sergei olhou preocupado para ela, mas relaxou depois que papai cochichou algo para ele. Mary repetia os mesmos movimentos de minha mãe para usar o emplastro em algumas partes do corpo. Deve ser coisa de mulher...
Mais tarde, ouvi uma coisa rara: meus pais brigando. Levantei rápido para ouvir o que eu suspeitava. Não conseguia ouvir tudo, apenas algumas coisas:
AM - Você está sendo duro demais com ele. Ainda é um menino e já passou por muita coisa...
KM - Já é praticamente um homem, tem quase o meu tamanho. Se depender de você, ele vai ser um fraco, e fracos não sobrevivem no mundo lá fora.
AM - Você não precisava esnobá-lo o resto do dia... Só porque ele disse que não quer ser auror... Riven é um bajulador.
KM - Não esnobei ninguém. E o Riven realmente quer ser auror. Porque isso? O Ty já foi chorar pra mamãezinha, foi?
AM - Não, ele não veio chorar para mim. E se viesse estaria no direito dele. Afinal ele é o meu filho. Você foi muito idiota, com as crianças isto sim.
KM - Ah! Apelando pros insultos quando não consegue ganhar uma discussão. Típico. Ei, aonde você vai?
AM - Vou dormir em outro lugar. Estou com vontade de bater em você, e se eu ultrapassar este limite...
KM - Não se dê ao trabalho. Ainda posso ser um cavalheiro, saio eu.
Minha parede estremeceu quando ele bateu a porta com força. Fiquei ali por muito tempo, e quando dei por mim, o dia estava nascendo. Levantei-me e fui acordar meus outros primos que dividiam o quarto comigo. Eu havia decidido dar o melhor de mim, naquele treinamento insano.
Vou mostrar ao velho, que sou muito melhor que o Riven, e isto porque EU sou o filho dele, e ele terá que me aceitar como sou, quer ele goste ou não. Mas, antes disso, vou passar na cozinha e separar comida para quem não conseguir correr hoje.
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