*do subconsciente de Amaralina Bourbon de Montserrat*
Mais um ano nesse castelo. Não, Amaralina, seja positiva: um a menos para terminar isso tudo. O jantar foi encerrado, os alunos novos pareciam prestes a entrar em ebulição, completamente eufóricos. Acho que nunca viram um castelo tão grande! Juro que não consigo entender o que todo mundo acha de tão perfeito aqui. Bom mesmo é viver ao ar livre, somente eu, o vento e as estrelas, indo de qualquer lugar para lugar algum, tendo como única preocupação ser feliz e amar seu pai e seus irmãos... Meus irmãos... o que estariam fazendo agora? Onde Johhan estaria? Sentado, entre os nossos, ou talvez dançando com alguma bela cigana em torno da fogueira... E Kalinka? Amiga, como eu sinto a sua falta. Talvez, se você estivesse aqui, este caminho fosse menos pesado. Como eu queria estar em seu lugar, feliz, dançando e comemorando a chegada de Meneghal.
Olhei em volta. A escola estava reunida na tradicional “sala das metas”, onde os alunos costumavam se reunir para fazer promessas para o próximo ano letivo. Ó Abraim! Mal sabem eles que seu destino está traçado, não adianta fazer promessas. Abraim conhece o passado, o presente e o futuro, e a seus discípulos cabe saber o que acontecerá em sua passagem por este planeta. Os descrentes também conhecem, apenas preferem não acreditar. Então, traçam metas e planos para tentar justificar seus mais íntimos desejos.
Saí para os jardins. A lua me chamava. Toda vez que a olhava, lembrava de minha mãe. Sentia sua presença carinhosa, que me fora roubada tão cedo. Era a lua que me confortava, trazia o calor de minha família para perto de mim. A pulseira de minha avó brilhava sob a luz do luar. Apertei-a com força, e senti a presença de Ellyat. Meu irmão mais velho me abraçava e pedia aos deuses que eu tivesse força. Não sei dizer quanto tempo fiquei ali.
As luzes da sala de reuniões já estavam apagadas quando eu retornei ao castelo. Segui para o dormitório, confortada. Onde estivesse, sabia que os deuses olhavam para mim.
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