- Não é culpa minha! Estou criando os Legions como me foi ordenado, mas já esvaziei quase todos os cemitérios da região. – O outro homem falou, sua voz parecia com a voz de um morto de tão rouca e arrastada.
- Basta trazer-lhe mais corpos. Terei prazer em fazer isto. Mas deve ser rápido, está irritando meu mestre também. – A mulher falou, sua voz encantadora me revelando ser uma vampira. Apenas meu treinamento e a mão de mamãe me manteve ligado ao mundo racional, e balancei a cabeça para apagar as imagens dela que se formavam em minha cabeça.
- Scarlet, não irei decepcionar nosso mestre. Farei Cadarn ter orgulho de mim e transformar-me em um vampiro também. – O homem falou e notei ansiedade em sua voz.
- Faça seu trabalho e será recompensado. – A vampira, Scarlet, gargalhou e respondeu, e eu sabia que ela mentia e apenas manipulava-o. Podia imaginar os olhos brilhando do homem.
- E faça direito, o Lord das Trevas é o último que você iria querer desapontar. – Procyon falou, e notei certa amargura em sua voz.
- Você sabe bem disso, não é, Procyon? Soube que seu nome foi banido...Nem mesmo os Comensais o chamam de Chronos. – Melegrant falou, cruelmente. Ouvimos o barulho de uma varinha cortando o ar, ao mesmo tempo que os dementadores e banshees voavam para a entrada da caverna. Meus olhos estavam acostumados à pouca luz e pude ver que Procyon apontava a varinha para o pescoço de Melegrant, que ria maliciosamente. Os servos do necromancer pareciam rosnar para Procyon, mas não se moviam, enquanto Scarlet sorria malignamente.
- Eu provarei para o Lord meu valor, e todos vocês se arrependerão! – Procyon falou com raiva na voz, mas também captei um tom de loucura.
- É o que veremos, você deixou dois deles vivos ainda. E foi humilhado por um sangue-ruim, e provocou a morte de dezenas de comensais! – Scarlet falou rindo, e Procyon lhe lançou um olhar furioso, mas eu via que ele temia a vampira.
- Eu matarei eles com certeza.
- Acho que terá a chance. O Legion que escapou de meu domínio, soube que foi destruído pelo seu amado irmão e sua querida mãe. – Melegrant falou, os olhos negros brilhando de malícia. Procyon não conseguiu esconder o espanto, fazendo Scarlet rir, enquanto pendurava-se em seu pescoço.
- Ora, ora, ora. Encontro em família? – Scarlet falou, os lábios próximos da orelha de Procyon. Ele a empurrou com raiva.
- Melegrant, quero o exército pronto amanhã, ou você me pagará. São as ordens do Lord.
- Cadarn quer resultados, você prometeu que desenvolveria novas formas de se criar Legions com mais facilidade. – Scarlet falou, ainda rindo.
- E terão seus resultados, os meus dois senhores. – Melegrant falou, fazendo uma pequena mesura, ainda com um sorriso malicioso no rosto para Procyon.
- Espero que tenha resultados. – Procyon falou. Nesse momento, mamãe fez os sinais de aproximação e ataque de nossa linguagem e começamos a nos mover sorrateiramente, aproveitando a discussão deles. – Ou provará da minha fúria! Esteja avisa..
Antes que Procyon pudesse terminar de falar, uma imensa bola de fogo foi lançada contra eles, seguida por uma chuva de fogo. Procyon e Scarlet saltaram pra trás, conjurando escudos e protegendo-se, enquanto uma nuvem de dementadores colocou-se entre os feitiços e o Necromancer. Eu e mamãe nos assustamos, ainda mais quando vimos que um único homem, envolto em uma capa negra e com uma larga cicatriz no rosto, estava de pé no alto do morro, lançando feitiços contra eles.
Scarlet gargalhou alto, o som me fazendo ter arrepios e saltou para a montanha, enquanto banshees e dementadores voavam pelo ar na direção do homem. Procyon e Melegrant apontaram as varinhas para o intruso, disparando feitiços verdes.
Eu agi antes de pensar e me coloquei de pé, apontando a varinha para Procyon. Uma luz prateada explodiu de minha varinha, atingindo-o no peito e jogando-o dezenas de metros para o alto e para trás. Em seguida disparei outro raio prateado contra a vampira, atingindo-a em pleno ar, fazendo-a chocar-se contra a montanha, com um guincho de dor. O Necromancer assustou-se e apontou a varinha para mim, lançando uma maldição negra poderosa, mas mamãe já estava de pé, protegendo-me. Procyon levantava-se assustado, encarando-nos com os olhos arregalados.
- Traidor! – Eu gritei e lancei uma onda de magia contra ele, cheio de raiva. Ele fez o chão subir, formando um escudo de terra, que foi destruído pela magia.
- Vocês! – Ele falou, misturando raiva e perplexidade. Agora a luz dos feitiços me fazia poder vê-lo com clareza e via que ele estava muito magro, e parecera envelhecer dezenas de anos em apenas um mês. Ele tinha uma queimadura próximo do pescoço e podia ver a Marca Negra em seu pulso. Ele gritou e disparou uma chuva de feitiços verdes, mas saltei de lado, fazendo pedras levitarem para me proteger. Mamãe lançou um feitiço contra ele, fazendo a terra levantar, em uma espécie de avalanche contra o traidor.
Scarlet voltou furiosa, concentrando toda a sua atenção em nós, enquanto o Necromancer gritava em sua voz rouca um comando maldito, fazendo todos os seus servos nos atacarem. Legions surgiram do chão a nossa volta e saíram de dentro da caverna, todos possuíam mais de três braços e eram tão asquerosos quanto o primeiro. Scarlet gargalhou, saltando em meio às banshees em uma velocidade assombrava, que nem eu conseguia acompanhar. Ela pulou sobre mim, as pressas a mostra, e eu pela segunda vez em vida, vi a morte diante de mim. Mas o outro homem lançou um feitiço rápido, atingindo-me nas costas e tirando do alcance da vampira, enquanto mamãe lançava um feitiço contra ela.
- Não se meta, criança. – Ouvi a voz grossa e forte do homem gritando para mim, enquanto duelava ferozmente com a vampira.
Scarlet gargalhou, rindo enquanto lutava com o homem. Notei com raiva que Procyon havia escapado, e notei com certa preocupação, que os seres malignos nos cercavam e fiquei costas a costas com mamãe. A vampira acertou um soco poderoso no homem, e ouvi o som dos ossos do peito do homem estalando, e ele foi jogado para perto de nós. Scarlet riu novamente, enquanto o Necromancer fechava o cerco. Mamãe lançou uma gigantesca bola de fogo contra um dos Legions, mas não surtiu efeito.
- Hahahahaha! – O Necromancer gargalhou. – A pele desses Legions é feita de uma substância que protege contra magia. Não conseguira acerta-los, mulher.
- Aquele medroso do Procyon, vai perder a chance de ver os Chronos mortos. – Scarlet falou, sorrindo malignamente para nós.
- Chronos? – O homem falou, cuspindo sangue. Eu me abaixei para ajuda-lo, mas ele me deu um soco, empurrando-me para longe. – Eu não preciso de ajuda.
- Morra sozinho então! – Falei com raiva, voltando a me concentrar nos nossos inimigos.
- Esses seus Legions, devem ter um limite para a magia que agüentam. – Mamãe falou, um sorriso nos lábios.
- Eles são perfeitos! Nada que faça os destruirá. – Melegrant gargalhou.
- É o que veremos. – Mamãe falou. – Filho, conjure seu Patrono, mantenha os dementadores e banshees longe de nós. Caçador, se puder lutar, mantenha Scarlet afastada.
O Caçador assentiu, e vi que ele parecia conhecer minha mãe. Ele ficou de joelhos, apontando a varinha para Scarlet que ria para ele. Eu conjurei meu patrono, porém foi algo difícil, pois a nuvem de dementadores e os gritos das banshees minavam minhas energias e esperanças. Mas ao pensar em Alice, Millie, Tristan, Penélope, Bianca, Anabela, Kwon, Marcel, Andréas, Philipe, Noah e Derik, e por fim nos meus planos para o futuro, consegui fazer minha águia prateada surgir. Ela brilhou intensamente e chocou-se contra um dementador que aproximou-se demais.
Mamãe levantou-se a varinha para o alto no mesmo momento em que os Legions, Inferi, Banshees, Dementadores, Scarlet e Melegrant avançavam, gargalhando com a vitória. Uma coluna de fogo saiu da varinha de mamãe e subiu aos céus, transformando a noite em dia por alguns momentos. Houve o barulho de uma explosão e uma chuva de chamas começou a cair ferozmente, parecendo com meteoros atingindo a terra. E era uma Chuva de Meteoros. As imensas bolas de fogo e lava atingiam o solo com força, causando explosões e aniquilando Inferis instantaneamente. Até mesmo as Banshees e os Dementadores foram aniquilados.
Mas não parou por ai. A coluna de fogo tomou a forma de uma imensa serpente de fogo que rodopiou ao nosso redor, como se preparasse o bote. O calor era insuportável e parecia que eu estava no meio de um vulcão, mas o feitiço de mamãe era monstruoso. A serpente de fogo atacou os inimigos, formando uma linha de fogo ao nosso redor, queimando os inimigos com ferocidade. Podíamos ouvir o grito de morte dos Inferi, os sons guturais da garganta maldita das Banshees e dos Dementadores, enquanto os Legions urravam de dor, perdendo o controle e tentando fugir. Mamãe, porém, apontou a varinha para cada Legion e dos céus uma imensa bola de fogo caiu sobre cada um deles, incinerando-os com um único golpe.
A Chuva de Meteoros continuava e o chão tremia com seu impacto, enquanto eu me assustava com o poder de mamãe. O homem estava boquiaberto, parecendo não acreditar, enquanto mamãe sequer parecia cansada. Mamãe tinha uma habilidade magnífica, ela era capaz de gerar e manter magias de níveis altíssimos, sozinha, enquanto normalmente seriam necessários dezenas de bruxos habilidosos. Depois, ela batizaria aquele feitiço gigantesco de Inferno, pois era aquilo que ele era.
Scarlet e Melegrant eram obrigados a saltar constantemente, fugindo dos meteoros e dos próprios aliados, que cegos pela dor e pelo sofrimento corriam pelo campo urrando, atingindo uns aos outros. Scarlet pulou para o alto da montanha e soltou um silvo para nós, fugindo em seguida. Melegrant cambaleou para trás e tentava escapar, quando mamãe apontou a varinha para ele, e uma língua de fogo o envolveu, fechando-se rapidamente. Ele gritou de dor, enquanto era queimado pelo feitiço, mas não morreu, mamãe o queria como prisioneiro.
Não havia mais exército de mortos-vivos, pois estes estavam queimando em chamas negras, urrando de dor e sofrimento. A resistência dos Legions não agüentou o poder da magia de mamãe e eles caiam mortos, totalmente incinerados. Os dementadores haviam sido aniquilados, tanto pelas chamas quanto pelo meu patrono e o do outro homem. Apesar do modo como ele me tratara, eu estava admirado, pois ele lutara de pé em igualdade com uma vampira, e mesmo agora já estava de pé, caminhando para o Necromancer.
- Muito bem, Melegrant, é a hora de nos contar o que sabe. – Mamãe falou, a varinha apontada para ele.
- Nunca. – O homem conseguiu reunir coragem para falar, os olhos brilhando em desafio. A língua de fogo apertou-se, queimando-o enquanto ele gritava de dor.
- Acho bom começar a falar, Necromancer. – O homem falou, enquanto apertava o peito com uma das mãos.
- Acha que tenho medo de vocês? – O Necromancer falou rindo, mas seus olhos transmitiam medo e loucura enquanto a corrente de fogo o queimava mais.
- Deveria ter. – Eu ameacei com raiva.
- Por que deveria ter medo de uma mulher, um pirralho e um maltrapilho? – Ele perguntou sorrindo. – Eu sou um Necromancer, aliado do Lord das Trevas e pisarei em vocês!
- É o que vamos ver. – O homem falou, apontando a varinha para o peito do homem. – Cruccio.
Melegrant começou a gritar de dor, e enquanto se debatia, as correntes de fogo o queimavam ainda mais, e seus gritos tornavam-se cada vez mais altos. Eu dei um passo a frente para impedi-lo, mas então lembrei-me das centenas de pessoas que aquele homem matara apenas por ganância e para construir um maldito exército. Mas não consegui mais assistir aquilo, lembrando-me da noite em que minha família fora torturada e assassinada.
- Chega. – Eu falei, abaixando o braço do homem.
- Caçador, não deixarei que use uma Imperdoável na minha frente. – Mamãe falou, com os olhos brilhantes.
- Como a Senhora Chronos desejar. – O homem falou, afastando-se um pouco.
- Acho que está pronto para falar? – Eu perguntei, segurando o Necromancer pela camisa. Ele grunhiu de dor.
- Está bem, está bem! O Lord das Trevas quer um exército invencível, um exército de mortos-vivos! Ele quer criar centenas de Inferi, Banshees e Dementadores. Aprendemos então a fazer Legions e ele me ordenou que criasse um exército deles.
- O que os vampiros tem a ver com isto? – O homem perguntou.
- Meu Lord aliou-se a eles, a alguns deles na verdade. Existe um poderoso Necromancer entre os vampiros, ele foi meu mestre e me ensinou a criar Legions, dando-me a tarefa de criar um exército.
- O Conselho jamais permitiria uma ligação entre vampiros e Comensais. – Mamãe falou, e o homem concordou com ela.
- O Conselho não sabe. Meu mestre, Cadarn, está trabalhando às escondidas.
- E o que Procyon fazia aqui? – Eu perguntei com raiva.
- Ele foi designado pelo Lord para vistoriar minhas ações, e, principalmente, ele é o responsável por fazer a ligação com os vampiros.
- Ele está aliado de vampiros?! – Mamãe perguntou enfurecida.
- Sim, seu filhinho está do lado deles agora. – Melegrant falou sorrindo. Dessa vez eu não me segurei e soquei o rosto dele com raiva. Ele caiu no chão e as correntes de fogo o queimaram ainda mais, fazendo-o gritar.
- Meça suas palavras com minha mãe e se voltar a falar que aquele verme pertence a nossa família, eu matarei você. – Eu falei, e algo em meus olhos causou medo no Necromancer.
- Vamos leva-lo para o Ministério. – Mamãe falou, fazendo o necromancer ficar de pé. Assim que ele ficou de pé, seus olhos encararam algo com medo, os olhos vidrados.
- O que houve? – Perguntei preocupado.
- Acho que não poderemos leva-lo. – O Caçador falou e eu olhei para onde ele olhava.E quase não acreditei no vi.
Continua...
No comments:
Post a Comment