Friday, May 09, 2008

Heranças de família, final

Trechos do diário de Phoebe Damulakis:

18 de março de 1823

Estou com umas idéias um pouco ousadas, devo confessar. Há algum tempo ando lendo e estudando os diários e anotações soltas de meus antepassados da família e pensei: “por que não unir todos esses relatos (alguns muito interessantes e até mesmo perigosos) em um único livro?”. É, como um dos Grimoires que os antigos e poderosos magos guardavam com seus feitiços.
Penso que terei muito trabalho até finalizar tudo, então pedi ajuda à Leda. Minha única pessoa de confiança. Enquanto ela não responde, melhor começar a juntar todo o material...


25 de março de 1823

“Querida Phoebe,

Fiquei muito feliz ao receber seu convite, ainda mais se tratando se um projeto tão importante para você e toda a sua família (a qual, tenho bastante estima).
É claro que eu aceito te ajudar no que for preciso para que finalize logo este livro. Já terminei meus trabalhos aqui na Áustria e dentro de três dias, estarei retornando à Grécia. Não comece sem mim!

Ansiosamente,

Leda M. Bonaccorsso”

°°°

Páscoa, 1999 – Mansão dos Damulakis, Grécia.

O Grimoire estava em cima da mesa de centro da sala de visitas. Eu e Anabel paramos de falar e Rebecca olhava o livro, tensa.

- Então Ulisses Bonaccorsso simplesmente devolveu o livro para vocês após ler a carta de Leda?
- É. Ele percebeu finalmente que o livro é mesmo da nossa família, afinal, tem a assinatura de Leda na carta não é? Além do mais, fizemos um trato: não o denunciaríamos pelo roubo se ele nos devolvesse o livro.
- Tivemos muita sorte também. Ele estava só esperando alterar nossas memórias para mandá-lo para a avó dele. – Bel terminou exausta e novamente a sala caiu em silêncio. Vários minutos se passaram.
- Vocês estão certas de que querem fazer isso? – Rebecca perguntou nos encarando longamente. Eu e Bel nos entreolhamos decididas.
- Estamos.
- É o melhor a se fazer. – respondemos depressa e ela balançou os ombros.
- Bom, então não há mais nada a dizer. Desde o dia que vocês nasceram que o livro não é meu mais. É de vocês. Façam dele o que preferirem.

---

- Prontos?
- Prontos.
- ‘Incendio’

Três vozes diferentes gritaram ao mesmo tempo e instantaneamente três feixes de fogo foram disparados em direção ao centro do triângulo que eles formavam. As chamas alcançaram, antes, vários pergaminhos e diários. Depois atingiram a capa negra do Grimoire, que começou a ser consumida pelo fogo. Folha por folha, maldição por maldição se tornaram cinzas. Quando o fogo cessou naturalmente, Isabel e Anabel Damulakis e Ulisses Bonaccorsso sorriam.

- Acabou. – Bel sorriu largo, abaixando finalmente a varinha.
- Acabou... – Ulisses repetiu lentamente.
- O que você vai fazer agora? Sua avó o expulsou de casa, não é?
- Sim. Mas não me importo com isso. Ela acha que os trai, mas quem sabe um dia não volta atrás? Vou terminar meus estudos aqui na Grécia, com meus amigos. E depois, vou fazer o que sempre quis: trabalhar no Gringotes e viajar o mundo. Tenho como sobreviver. Meus pais me deixaram uma boa herança... – ele abriu um sorriso discreto. As irmãs retribuíram. – De qualquer maneira, foi um prazer conhecer vocês! Espero que desculpem tudo o que fiz.
- O que foi mesmo que você fez? – Isa perguntou divertindo-se. Ele riu.
- Minha avó se enganava quando me disse que não teria trabalho com você. E eu fui um tolo de acreditar nela. Mas... águas passadas. E quanto a você, Anabel, se um dia perceber que não gosta mais do seu namorado, me procure. Estarei à disposição. – ele disse galanteador e Bel fechou a cara.
- Já aprendeu a falar meu nome. Ponto positivo. Mas não se preocupe, isso não vai acontecer. Eu amo o Bernard, só preciso falar isso pra ele... – ela disse a última frase mais como um pensamento alto.
- Ele precisa saber a sorte que tem.
- Ele sabe! – Isabel falou sorrindo vitoriosa. - Adeus, Ulisses.
- Adeus.

Com um último aceno e sorriso, ele desapareceu em fumaça. Bel balançou a cabeça e com um aceno, fez as cinzas desaparecerem de uma vez.

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