Lembranças de Isa McCallister
- Cinco... Quatro... Três... Dois... Um... FELIZ ANO NOVO!
[4 dias antes do Reveillon – Casamento Rubens & Nicole/ Paris]
- Na verdade, tenho um convite... Um amigo meu está se casando hoje, e não queria ir sozinha. A noiva dele não vai muito com a minha cara, se é que me entende.
- Não. Nunca chegou a acontecer nada. Eu gostava dele, admito. Mas nunca tivemos nada... E agora, estou descobrindo que não gostava dele, coisa nenhuma. Sentia um afeto, admiração, seja lá o que for! Muito diferente do que estou sentindo por você.
- E o que exatamente você está sentindo por mim, Isabel Damulakis McCallister? – ele perguntou parando e me puxando com força, enquanto envolvia seus braços na minha cintura. Nossos rostos estavam a poucos centímetros de distância. Sorri.
- Não sei. Quer me ajudar a descobrir?
- Nada. Estava te olhando, só isso. – sacudiu os ombros sorrindo e recomeçamos a caminhar – Então... Que horas é o casamento?
Na hora marcada, Henrique chegou para me buscar. Ele estava, no mínimo, L-I-N-D-O! *Controle-se, Isabel*.
- É. – disse, finalmente conseguindo colocar o batom, o espelho e o perfume encaixados no pente e lápis de olho. – Que horas são?
- 20:50! Temos dez minutos. Vamos chegar atrasados, por que o trânsito está horrível hoje! Falando nisso... Onde é o casamento, afinal?
- Paris. – Respondi com simplicidade apanhando os convites. – Temos tempo suficiente. Vamos?
- O que?
- O casamento é em Paris?
- Claro que sim! Olhe só o convite... – estendi e ele leu, arregalando os olhos.
- Pode me dizer como pretende ir até Paris em menos de dez minutos?
- Aparatando, é claro!
- E como funciona?
- Assim.
A cerimônia foi bonita. Henrique e meus amigos pareciam estar se dando bem. Até mesmo Bel desfez a careta quando ele disse que mesmo não sendo bruxo, se interessava muito por runas. Quando fomos cumprimentar, Nicole exibiu sua aliança dourada com um sorriso de satisfação, mas não me atingiu em nada e ela percebeu isso, pois rapidamente disfarçou e agradeceu nossa presença junto com Rubens, que parecia muito feliz também. E a festa estava muito animada. Dançamos, bebemos, conversamos, rimos e matamos um pouco da saudade. Já era madrugada quando resolvemos ir embora. Me aproximei de Dora, que estava sentada na mesa da sua família, mas não tirava os olhos da nossa mesa. De Sávio. Era hora do teatro...
- Muito prazer. Megan. – A mãe dela foi a primeira a me cumprimentar. – Meu marido, Philipe. Dora fala muito de você.
- E eu falo muito dela lá
- E o que me garante que você não vai se encontrar com aquele moleque?
- Sem querer me intrometer, mas... de que moleque estão falando? – eles me olharam e o pai dela apontou para Sávio, que rapidamente desviou o olhar para o outro lado. Segurei o riso.
- Dulovóski? Hum... Posso te garantir que não tem a mínima chance de Dora se encontrar com aquele garoto, Sr. Gaster. Também não gosto dele. Arrogante, presunçoso e...
- Pai! – Dora falou de repente interrompendo minha pequena coleção de palavrões destinada a Sávio. Agradeci mentalmente. – Eu não quero mais nada com aquele garoto. Escolhi vocês, se esqueceu? Me deixa ir para Nova York!
Voltei à mesa, Henrique se levantou com lágrimas nos olhos. Samuel e Ian também gargalhavam ali perto, e soube que nada de bom havia saído daquela conversa...
- Só um minuto...
- Ele vai adorar essa notícia.
- Ei, será que dá para parar de agarrar meu namorado, Isa? – Anne falou irritada, mas logo sorriu. Pisquei para ela, e Dora nos alcançou sorrindo de orelha a orelha. – Já entendi. Bom... Feliz Ano Novo, meninas. – Anne piscou de volta.
- Teremos. – eu e Dora respondemos juntas.
- Bel... Mande um abraço para a Rebecca, por mim? – disse me despedindo dela, Bernard, e cia. Ela sorriu discreta, pois Henrique ainda nos encarava abismado.
- Mando. Faça o mesmo para o Richard.
- Ok.
- Se acalma. Ele não pode desaparecer logo depois de você! Seus pais iriam desconfiar! Logo ele está aqui.
- É. Você tem razão.
- Não precisa me agradecer. O amor é lindo, afinal de contas! – sorri.
- As coisas estão começando a melhorar... Samuel conseguiu um emprego pra mim no Ministério, em Paris.
- Fico muito feliz, de verdade! – disse sendo sincera. Ele e Dora se entreolharam.
- Eu fiz reserva de um apartamento, em um hotel não muito longe daqui... Para mim e Dora. Você se incomoda se...? – ele começou.
- De maneira nenhuma. Tudo isso é para vocês ficarem juntos, não é? Aproveitem.
- Você faria o mesmo por mim...
- Ok. – sorri. – Agora vai logo. Antes que eu encarne sua responsável e te prenda aqui.
- Nas peças que a vida prega nas pessoas. Veja só o exemplo desses dois... Se conheciam há um tempo, mas nunca se encontraram. Quando se apaixonam, descobrem que as famílias são inimigas e têm que namorar escondidos, e esperarem até ela se formar para poderem largar tudo para o alto e começarem vida nova.
- A história deles é trágica, né? Mas é linda.
- E nós dois? – ele perguntou tirando os olhos do céu e me encarando.
- O que tem?
- Quem diria... Eu, mero estagiário do seu pai, um “trouxa” como vocês falam, vou perder completamente a cabeça me apaixonando pela filha do chefe, alguns anos mais nova do que eu. Linda. Inteligente.
- Shhh... – coloquei dois dedos nos lábios dele, fazendo-o calar. O beijei. – As coisas aconteceram sem previsão. Deixe que elas nos levem, naturalmente.
- Por quê? – perguntei assustada.
- Tenho medo de estar indo rápido demais. Não quero te pressionar. – disse decidido. Sorri.
- Eu pareço ser do tipo que aceita algum tipo de suborno? – perguntei. Ele me avaliou e sorriu, me puxando novamente.
- Não.
- Então?!
- Temos todo o tempo do mundo. Amanhã volto. – disse dando um beijo e andando em direção ao carro. Fiquei parada um tempo esperando ele entrar no carro, sem acreditar.
- Vai mesmo embora?
- Vou. Amanhã volto. – disse decidido. – Qualquer coisa, me liga. Sabe o número.
- Só pode estar brincando... – disse sorrindo. Ele riu.
- Já estou com saudades.
Já estava desistindo e aceitando o fato de que Henrique não apareceria mais, quando senti um puxão na minha cintura, me fazendo virar. Um par de mãos me agarrou e Henrique me deu um beijo longo.
- Do que você está falando? – perguntei sorrindo.
- Demorei por que seu pai chegou de viagem. Pedi sua mão em namoro, com as melhores intenções, e ele disse que se sentia muito feliz por nós... – falou em um atropelo, e então se virou para mim – Só falta você. Quer namorar comigo?
Afinal, será que amar é mesmo tudo?
Se isso não é amor... O que mais pode ser?
Estou aprendendo também.
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