Por Millie Von Griffin
- BAM!
- O que é isso?- peguntei olhando o bolo de cartas que Andreas jogava em cima de minha mesa no jornal.
- Isso Millicent Von Griffin É uma intervenção! Sabe que como seus amigos, temos o direito de intervir em uma situação sempre que acharmos que isso esta te prejudicando, e este é o caso.
- Vocês estão se intrometendo em minha vida pessoal....- comecei a dizer mas ele me cortou:
- Veja só: Isso são cartas dos ouvintes da rádio querendo saber como vai ficar a novela, já que eles querem saber se Louis vai enfrentar a familia para fazer valer o seu amor pela pobre camponesa Marienne.- e ante o meu olhar espantado ele disse:
- Sim, a novela fez um tremendo sucesso. Não sei se notou mas muitas garotas andam circulando pelo castelo, cantarolando a musica da serenata do mocinho, eu até tenho sonhado que canto Suspicious Minds, sabia?? E então? Ele vai tomar uma atitude ou vamos ter que dizer no ar, que a novela não vai mais ser exibida, porque a autora está zangada demais por ser uma ótima escritora? Vai deixar seus amigos na mão?- perguntou sério Andreas, e atrás dele estavam os outros membros da rádio apreensivos. Olhei-o séria mas meus olhos se voltaram para o monte de cartas dos fãs.
- Gostaram mesmo?
- Sim, e até a professora Cordelia veio me perguntar se o diretor não permitiria aumentar os dias de funcionamento da radio, só por causa da novela...- disse Kwon e não pude deixar de me espantar.
- Está bem, vocês venceram. A novela pode ser exibida, e se quiser ajudo na montagem dos capitulos para ir ao ar e se o diretor permitir...
- Vou falar com ele agora...- disse Kwon saindo da sala apressado e rimos. Jude se aproximou e perguntou curiosa:
- Mas então, Louis vai mesmo enfrentar a familia para ficar com Marienne??
- Aguarde os próximos capitulos.- disse com uma voz de locutor de rádio, e começamos a rir, mas um olhar para a pilha de papeis em nossas mesas nos fez voltar ao trabalho.
Durante a festa de aniversário de Andreas e Olivia, no salão da Lux
Depois de resolver com o pessoal da rádio sobre a novela, e deixar com eles, os proximos capitulos para serem estudados, eu comecei a ajudar na organização da festa de Andreas e Olivia. Meus amigos, vinham falar comigo sobre as boas intenções de Tristan, mas quando eu mostrava meu mau humor e começava a enumerar todas as coisas que estava fazendo, e o quanto estava ocupada demais pra pensar nisso, eles ficavam quietos. AJ ficava inconformado, mas Alice o acalmava dizendo que eu precisava de tempo, e eu a olhava agradecida.
Havia tanta coisa a ser feita, tanto a estudar pelos NIEMS, o jornal, o anuário, que a minha briga com Tristan havia sido deixada de lado. Ele havia tentado se aproximar durante a semana, mas eu o ignorava e ele desistia.
Hoje durante a festa, ele estava quieto num canto e vez ou outra nosso olhares se encontravam. Nos olhávamos, mas eu logo virava o rosto, não queria ceder, mas pelo canto do olho, eu o via segurar segurar sua cerveja amanteigada e recusar dançar com algumas garotas mais atiradas.
- Você deveria dar uma chance ao Tristan, Millie. Ele está se sentindo péssimo, e quer se desculpar com você...- disse Yanic, enquanto dançavamos uma música dos Beatles.
- Você advogando pelo Tristan? Nossa! Devo ser uma péssima companhia, já que você me quer longe.- disse fazendo biquinho e ele me girou dizendo, enquanto me abraçava de forma galante:
- Sabe que se eu percebesse que teria alguma chance, te convidaria para sair, mas o fato de você fingir que flerta comigo enquanto dançamos e disfarçadamente verificar se Tristan, está vendo o quanto você ‘se diverte’ me coloca em meu devido lugar: um amigo, e eu quero ver vocês dois bem.
- Estou sendo patética e intransigente não é?
- Não diria tanto,você teve suas razões para ficar zangada, afinal sua privacidade foi invadida. Qualquer um perderia as estribeiras. Ele te ama, e só pensou no melhor para você. Não acha que ele já sofreu o bastante? Não acha que em nome dos velhos tempos, você deveria dar a ele a chance de se explicar?
- Você tem razão...Droga! Porque eu não me apaixonei por você??
- Porque Thorn chegou primeiro, e o mundo feminino não deve ser privado de alguém como eu tão cedo.- rimos e depois de dançarmos fomos nos sentar.
Não demorou e Tristan se aproximou, Yanic me olhou e após ver um leve aceno meu, saiu dando a desculpa de que iria buscar uma bebida. Tristan me olhava cauteloso e como estava começando uma musica lenta, ele me convidou para dançar me estendendo a mão. Demorei alguns segundos a mais em aceitar, fazendo-o suar, mas acabei pegando em sua mão. E quando ele colocou a mão em minha cintura e me puxou para ele, eu já estava com as pernas bambas, e porque não confessar, já havia esquecido porque estava zangada, eu só pensava em como eu pude ficar longe dele, por tanto tempo.
- Sei que fui um idiota, mas eu so queria fazer algo bom pra você. Você tem razão em ter ficada magoada comigo, e eu sinceramente espero que você me perdoe.
- Tristan, eu realmente fiquei muito zangada com você, afinal você mais do que ninguem, sabe o que é não ter sua privacidade respeitada, mas eu sei que você nunca quis me fazer mal, sei o quanto se preocupa comigo.
- Senti sua falta, mesmo que fosse para brigarmos.- ele sorriu e me puxou mais para perto, mas eu o empurrei levemente e disse o encarando:
- Eu desculpo o que você fez, Tristan, mas eu gostaria de saber, porque o fez, mesmo correndo o risco de me ver zangada. – e ele me segurou firme dizendo:
- Porque eu amo você. Quero faze-la feliz, e sei que se você me der uma chance posso...- o puxei-o para mim e o beijei. Quando nos separamos eu disse:
-Eu também amo você Tristan, há muito tempo. Só não quero mais que você tome atitudes que tenham a ver conosco, sem me consultar, promete?
- Prometo.
Continuamos a dançar e depois resolvemos escapar para algum lugar onde houvesse mais privacidade. Estava na hora de recuperar o tempo perdido.
I will follow you
And bring you back where you belong
'cause I could't really stand it,
I admit that I was wrong,
I wouldn't let you leave me
'cause it's true,
'cause you like me too much and I like you.
Música: Trecho da música: You Like me too much, The Beatles
Monday, February 08, 2010
Friday, February 05, 2010
- Todos prontos? – Andreas pegou o apito da mão de Philipe e ficamos em posição de corrida – 1, 2, 3... JÁ!
Assim que ele assoprou o apito com força, disparamos para dentro do lago. Philipe abraçava uma goles a protegendo e Kwon e Bianca corriam colados com ele. Alphonse e eu tínhamos um bastão leve e uma bola de meia cada um, Leví já estava posicionado entre as bóias no meio do lago e Alexis corria junto dos artilheiros. Correndo do outro lado, o time da Fidei vinha ao nosso encontro. Era nossa versão aquática para o quadribol. Philipe e o capitão da Fidei, Royer, decidiram que deveríamos treinar dessa forma, porque além de ser divertido, era muito mais difícil correr na água do que voar, então se conseguíssemos fazer aquilo, não teríamos dificuldade no campeonato. Os times concordaram em trabalhar juntos nesse treino.
A partida realmente foi divertida. As funções de cada um continuaram as mesmas, e enquanto Bianca, Kwon e Philipe corriam pela água tentando proteger a goles dos artilheiros da Fidei e marcar gol contra eles, Alphonse e eu rebatíamos as bolas de meia contra para todos os lados, sem conseguir distinguir muito bem quem era quem com toda aquela água. A rivalidade dos times ainda estava lá, mas com muito menos intensidade, e nos permitíamos rir dos tombos e jogadas erradas. Segundos antes de Andreas apitar o fim do treino, Kwon estava com a goles na mão pronto para arremessá-la, mas foi interrompido por uma massa de gente que voou por cima dele. Os dois batedores da Fidei pularam pra cima do japa e Alphonse e eu nos atiramos também para impedir, e ele acabou afundou na água, deixando a goles livre. Bianca a recuperou antes do time adversário, mas Andreas apitou o fim da partida.
- Samurai, está bem? – puxei Kwon pela camisa de dentro da água e ele só ergueu o polegar pra cima – Ele está vivo!
Kwon saiu da água meio desnorteado, mas caminhando sozinho, e Philipe e Royer declararam o fim do treino aquático, prometendo marcar outro antes do fim da temporada. Quadribol estava ficando mais complexo a cada dia.
-----
O treino de quadribol aquático da noite anterior havia sido divertido e o assunto do dia durante as aulas, mas fomos obrigados a afastar a imagem de Kwon se afogando por um instante, pois tínhamos preocupações maiores naquele momento. No próximo sábado era aniversário de Olivia e Andreas e toda a Lux estava empenhada em ajudar nos preparativos da comemoração. Mesmo com Olivia protestando que não queria nada exagerado, Andreas pregava por uma festa histórica e como eles eram obrigados a dividir a data, optamos por dar ouvidos apenas a Andreas.
Já eram quase 20h e agora que estávamos proibidos de apresentar a novela até que Millie se acalmasse, Kwon estava inventando programas para a rádio e achei melhor ir ajudá-lo. Talvez fosse minha única oportunidade de conversar com ele sem mais ninguém por perto e aproveitei que todos estavam ocupados demais decidindo quem seria barrado para sair sem ser notado. Como previ, ele estava sozinho na sala quando entrei.
- Precisa de ajuda? – bati na porta e ele virou para ver quem era. Estava todo agasalhado, como se dentro da sala estivesse nevando – Vai esquiar?
- Estou doente – respondeu com a voz esquisita e percebi que não era o áudio da radio que estava ruim – Lago no inverno não é uma boa idéia.
- Porque não falou nada? Podia ter vindo pra rádio mais cedo.
- E deixar você sozinho aqui? Estou doente, mas não perdi minha sanidade ainda.
- Deixe disso, não vou falar nenhuma bobagem! – empurrei Kwon para o lado e ele ainda protestou, mas seu nariz vermelho e cara abatida acabaram cedendo.
Assumi o controle da rádio e depois de falar algumas gracinhas no ar que fizeram Kwon tossir engasgado, programei uma seqüência de 10 musicas para tocar sem intervalo. Isso me daria tempo de sobra para conseguir fazer Kwon falar o que eu queria ouvir. E antes mesmo que eu pudesse pensar em como chegar ao assunto, a porta da rádio abriu e Nani entrou trazendo um chá quente para ele, a mando da enfermeira. Ela não ficou nem cinco minutos lá dentro, mas foi tempo suficiente.
- Há quanto tempo estão namorando em segredo? – perguntei quando ela saiu da sala e Kwon me olhou espantado.
- Não estamos namorando, seu doente. Ela é minha irmã.
- Ah qual é, Samurai? Pra cima de mim? – debochei e ele fechou a cara – Se não estão namorando, estão em um joguinho de flerte bem avançado.
- Você está louco, Nani e eu somos amigos e irmãos, mais nada.
- Olha no meu olho, Kwon, e nega que você goste dela. Mas olha pra mim pra negar isso, quero ver você sua cara de pau pra mentir na minha cara.
- Eu gosto dela – Kwon admitiu depois de retorcer a cara por quase um minuto.
- E ela gosta de você também, está esperando que você tome uma atitude.
- Isso nunca vai acontecer, ela é minha irmã. Meu pai me mataria e Kalani ia me odiar.
- E se eu te disser que posso ajudar com isso?
- Como?
- Apenas confie em mim e faça o que eu disser. Até sábado vocês estarão juntos.
- Não sei...
- Relaxe, Kwon – bati nas costas dele de leve - Ninguém pode te odiar ou julgar por gostar de uma garota que passou a ser sua irmã aos 14 anos.
Kwon ainda estava receoso, mas acabou aceitando minha ajuda e apertamos as mãos para selar o acordo. São dois elfos com um feitiço só: ajudava um amigo a desencalhar e deixava o caminho livre pra mim. Tão fácil como tirar doce de criança.
A festa de aniversário que meus amigos organizaram para Andreas e eu lotava o salão comunal da Lux. Sem darem ouvidos as minhas exigências e levando em conta apenas o que Andreas queria, o que eu queria que fosse uma comemoração menos chamativa havia se transformado em uma festa com quase toda a população de Beauxbatons espremida dentro da nossa casa. Tinha um aluno da Nox comandava a Jukebox e as portas e janelas haviam sido equipadas com abafadores de som, dessa forma nenhum barulho sairia dali e chamaria a atenção dos professores. O transporte dos alunos de outras casas até a Lux foi organizado por Kalani e Anabela, que cuidaram para que viessem em pequenos grupos de 5 para não tumultuar os corredores. A comida ficou toda nas mãos de Danielle e Bianca, que encomendaram tantos doces e comidas salgadas em um restaurante bruxo de Paris que eu começava a ficar feliz por ter toda aquela gente, ou nunca daríamos conta de comer aquilo tudo.
- Está gostando da festa? – Danielle se atirou no pufe ao meu lado com uma caneca de cerveja amanteigada na mão e derrabou quase tudo – Ops! Desculpa!
- Acho que já chega de cerveja pra você, não acha?
- Hoje é dia de celebrar, você e Andreas estão fazendo 18 anos! Os mais velhos da turma! Por que está com essa cara feia?
- Não estou de cara feia, estou gostando da festa. Não posso sentar por cinco minutos?
- Não, não pode – Marcel surgiu na minha frente e pegou minha mão, me puxando pra cima dele – Vamos dançar!
Marcel me puxou para o meio da pista improvisada no salão comunal, onde a maioria dos alunos se espremia para dançar twist, a nova febre das festas. As músicas eram um de grupo novo chamado The Beatles, que só Marcel parecia conhecer, mas fizeram muito sucesso na festa. O som era bom e me deixei levar pela música animada, mas empaquei de repente no meio da pista quando meus olhos viram Kwon dançando com Nani, e para o meu total choque, eles estavam se beijando.
- O que foi? – Marcel parou de dançar quando viu a minha cara.
- Eles não são irmãos? – perguntei sem reação e ele entendeu o que estava olhando.
- Vem pra cá – e saiu me rebocando da pista até um canto da sala.
- Como isso aconteceu? Quando isso aconteceu? – perguntei ainda tonta.
- Foi essa semana. Ontem, pra ser mais preciso. Kwon me disse que eles estavam apaixonados, já tinham conversado com Kalani e não precisavam mais esconder.
- E você não me contou nada? – bati em seu braço, mas não sabia se por raiva ou impulso.
- Sinto muito, Olivia, mas Kwon nunca olhou pra você do jeito que olha pra Nani – Marcel foi cruel em dizer aquilo e o olhei chocada – Ele a vê como vocês são, apenas amigos. Nunca passou disso e nunca ia passar.
- Porque está falando assim comigo?
- Porque quero que você pare de correr atrás de quem não quer nada com você e preste atenção em quem quer.
- Ninguém quer nada comigo, Marcel. Essa idéia idiota toda deveria gerar alguma reação nele, mas não aconteceu nada.
- É, acho que no fundo, vocês são almas gêmeas mesmo – Marcel soltou uma risada nervosa e debochada – Kwon nunca percebeu que você gostava dele e você também não percebe o obvio!
- Do que você está falando? Que óbvio eu não percebo?
- Que sou eu que gosto de você!
- O que? – falei depois do que pareceu uma eternidade em silêncio.
- Eu sei que não era pra ser assim, mas passar todo esse tempo com você só me fez bem, eu nunca fui tão feliz contando uma mentira. Foi inevitável não me apaixonar por você.
- Apaixonar? Marcel, o quanto você bebeu hoje?
- O bastante pra ter coragem de ser sincero com você, mas não o suficiente para não saber o que estou dizendo ou me arrepender. É a dosagem perfeita – como eu não disse nada, ele continuou – Sei que vai dizer que gosta do Kwon, mas ele agora tem namorada. Se antes não aconteceu nada, não vai ser agora que vai acontecer. Ele não está disponível pra você, mas eu estou. Eu sei que você me acha imaturo e bobalhão, mas acho que nesses 7 meses provei que posso ser um cara legal.
- Eu nunca disse que você era imaturo e bobalhão.
- Mas não anula o fato de que pensava. Me dê uma chance de provar que posso fazer você feliz.
Antes que eu pudesse reagir, fui puxada para o meio do salão por vários pares de mão enquanto um carrinho com o bolo era empurrado até meu irmão e eu. O parabéns acabou quem ainda não tinha nos cumprimentado veio nos abraçar, mas quando me vi livre da multidão, já não encontrei mais Marcel. Danielle percebeu minha expressão frustrada e perguntou o que tinha acontecido. Decidi ser sincera e contei toda a historia, desde o começo em Julho até 5 minutos atrás, quando Marcel confessou estar gostando de mim.
- O que eu faço? – perguntei completamente perdida.
- COMO ASSIM O QUE VOCÊ FAZ? – Danielle gritou e algumas pessoas olharam – Quer saber o que você faz? Vai até lá e se atira nos braços dele, ora!
- Assim sem mais nem menos?
- Eu não te entendo, Liv, sério. Você tem o estereótipo da garota que sonha com o dia que o príncipe encantado vai aparecer e viver com ele feliz para sempre, e quando tem um príncipe de verdade se dizendo apaixonado por você, você recua! Tudo bem que ele não é encantado e ta mais pra vir numa vassoura do que num cavalo, mas é o garoto mais disputado da escola, aos seus pés. Quase todas as meninas daqui queriam estar no seu lugar E VOCÊ ESNOBA!
- Eu não estou esnobando, só nunca imaginei ouvir isso dele e fiquem sem reação!
- Fale a verdade pra mim. Nesses 7 meses que vocês fingiram namorar, você não se pegou nem ao menos uma vez imaginando como seria se fosse verdade? Não pensou nem por um segundo que talvez pudesse enxergar Marcel de uma forma diferente? – não respondi nada e ela riu – Bom, dizem que quem cala consente, não é? Você não tem nada a perder, amiga.
- Tenho sim, a amizade dele se isso não der certo. Gosto do Marcel e não quero me afastar dele se as coisas não saírem como ele fantasiou.
- Mas e se ele for o “escolhido” – ela brincou com o jeito de falar e ri um pouco – E se Marcel for a pessoa com quem você vai passar o resto da sua vida, casar e ser feliz? Somos todos amigos desde que ainda usávamos fraldas, ele não vai se afastar de você caso não dê certo. Não acha que vale a pena pagar pra ver?
- Acho que ele ficou chateado, nem o vi por perto quando estavam cantando parabéns.
- Sua chance de se redimir é agora, olha ele ali.
Danielle apontou pro outro lado do salão comunal, onde Marcel estava sentado sozinho vendo as pessoas dançando, e ria sem muita empolgação de alguma que Philipe e Kalani diziam. Deixem Danielle sozinha no sofá e fui até o outro lado, parando na frente dele e estendendo a mão. Ele me olhou surpreso, mas segurou minha mão se levantando e no mesmo instante o beijei. Quando me afastei, ele tinha um sorriso tão verdadeiro no rosto que era impossível não sorrir também. Danielle tinha razão: não sabia se ia dar certo, mas valia à pena tentar.
Well she looked at me, and I, I could see
That before too long I'd fall in love with her.
Whoah, we danced through the night,
And we held each other tight,
And before too long I fell in love with her.
I Saw Her Standing There – The Beatles
Assim que ele assoprou o apito com força, disparamos para dentro do lago. Philipe abraçava uma goles a protegendo e Kwon e Bianca corriam colados com ele. Alphonse e eu tínhamos um bastão leve e uma bola de meia cada um, Leví já estava posicionado entre as bóias no meio do lago e Alexis corria junto dos artilheiros. Correndo do outro lado, o time da Fidei vinha ao nosso encontro. Era nossa versão aquática para o quadribol. Philipe e o capitão da Fidei, Royer, decidiram que deveríamos treinar dessa forma, porque além de ser divertido, era muito mais difícil correr na água do que voar, então se conseguíssemos fazer aquilo, não teríamos dificuldade no campeonato. Os times concordaram em trabalhar juntos nesse treino.
A partida realmente foi divertida. As funções de cada um continuaram as mesmas, e enquanto Bianca, Kwon e Philipe corriam pela água tentando proteger a goles dos artilheiros da Fidei e marcar gol contra eles, Alphonse e eu rebatíamos as bolas de meia contra para todos os lados, sem conseguir distinguir muito bem quem era quem com toda aquela água. A rivalidade dos times ainda estava lá, mas com muito menos intensidade, e nos permitíamos rir dos tombos e jogadas erradas. Segundos antes de Andreas apitar o fim do treino, Kwon estava com a goles na mão pronto para arremessá-la, mas foi interrompido por uma massa de gente que voou por cima dele. Os dois batedores da Fidei pularam pra cima do japa e Alphonse e eu nos atiramos também para impedir, e ele acabou afundou na água, deixando a goles livre. Bianca a recuperou antes do time adversário, mas Andreas apitou o fim da partida.
- Samurai, está bem? – puxei Kwon pela camisa de dentro da água e ele só ergueu o polegar pra cima – Ele está vivo!
Kwon saiu da água meio desnorteado, mas caminhando sozinho, e Philipe e Royer declararam o fim do treino aquático, prometendo marcar outro antes do fim da temporada. Quadribol estava ficando mais complexo a cada dia.
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O treino de quadribol aquático da noite anterior havia sido divertido e o assunto do dia durante as aulas, mas fomos obrigados a afastar a imagem de Kwon se afogando por um instante, pois tínhamos preocupações maiores naquele momento. No próximo sábado era aniversário de Olivia e Andreas e toda a Lux estava empenhada em ajudar nos preparativos da comemoração. Mesmo com Olivia protestando que não queria nada exagerado, Andreas pregava por uma festa histórica e como eles eram obrigados a dividir a data, optamos por dar ouvidos apenas a Andreas.
Já eram quase 20h e agora que estávamos proibidos de apresentar a novela até que Millie se acalmasse, Kwon estava inventando programas para a rádio e achei melhor ir ajudá-lo. Talvez fosse minha única oportunidade de conversar com ele sem mais ninguém por perto e aproveitei que todos estavam ocupados demais decidindo quem seria barrado para sair sem ser notado. Como previ, ele estava sozinho na sala quando entrei.
- Precisa de ajuda? – bati na porta e ele virou para ver quem era. Estava todo agasalhado, como se dentro da sala estivesse nevando – Vai esquiar?
- Estou doente – respondeu com a voz esquisita e percebi que não era o áudio da radio que estava ruim – Lago no inverno não é uma boa idéia.
- Porque não falou nada? Podia ter vindo pra rádio mais cedo.
- E deixar você sozinho aqui? Estou doente, mas não perdi minha sanidade ainda.
- Deixe disso, não vou falar nenhuma bobagem! – empurrei Kwon para o lado e ele ainda protestou, mas seu nariz vermelho e cara abatida acabaram cedendo.
Assumi o controle da rádio e depois de falar algumas gracinhas no ar que fizeram Kwon tossir engasgado, programei uma seqüência de 10 musicas para tocar sem intervalo. Isso me daria tempo de sobra para conseguir fazer Kwon falar o que eu queria ouvir. E antes mesmo que eu pudesse pensar em como chegar ao assunto, a porta da rádio abriu e Nani entrou trazendo um chá quente para ele, a mando da enfermeira. Ela não ficou nem cinco minutos lá dentro, mas foi tempo suficiente.
- Há quanto tempo estão namorando em segredo? – perguntei quando ela saiu da sala e Kwon me olhou espantado.
- Não estamos namorando, seu doente. Ela é minha irmã.
- Ah qual é, Samurai? Pra cima de mim? – debochei e ele fechou a cara – Se não estão namorando, estão em um joguinho de flerte bem avançado.
- Você está louco, Nani e eu somos amigos e irmãos, mais nada.
- Olha no meu olho, Kwon, e nega que você goste dela. Mas olha pra mim pra negar isso, quero ver você sua cara de pau pra mentir na minha cara.
- Eu gosto dela – Kwon admitiu depois de retorcer a cara por quase um minuto.
- E ela gosta de você também, está esperando que você tome uma atitude.
- Isso nunca vai acontecer, ela é minha irmã. Meu pai me mataria e Kalani ia me odiar.
- E se eu te disser que posso ajudar com isso?
- Como?
- Apenas confie em mim e faça o que eu disser. Até sábado vocês estarão juntos.
- Não sei...
- Relaxe, Kwon – bati nas costas dele de leve - Ninguém pode te odiar ou julgar por gostar de uma garota que passou a ser sua irmã aos 14 anos.
Kwon ainda estava receoso, mas acabou aceitando minha ajuda e apertamos as mãos para selar o acordo. São dois elfos com um feitiço só: ajudava um amigo a desencalhar e deixava o caminho livre pra mim. Tão fácil como tirar doce de criança.
ººººººººº
A festa de aniversário que meus amigos organizaram para Andreas e eu lotava o salão comunal da Lux. Sem darem ouvidos as minhas exigências e levando em conta apenas o que Andreas queria, o que eu queria que fosse uma comemoração menos chamativa havia se transformado em uma festa com quase toda a população de Beauxbatons espremida dentro da nossa casa. Tinha um aluno da Nox comandava a Jukebox e as portas e janelas haviam sido equipadas com abafadores de som, dessa forma nenhum barulho sairia dali e chamaria a atenção dos professores. O transporte dos alunos de outras casas até a Lux foi organizado por Kalani e Anabela, que cuidaram para que viessem em pequenos grupos de 5 para não tumultuar os corredores. A comida ficou toda nas mãos de Danielle e Bianca, que encomendaram tantos doces e comidas salgadas em um restaurante bruxo de Paris que eu começava a ficar feliz por ter toda aquela gente, ou nunca daríamos conta de comer aquilo tudo.
- Está gostando da festa? – Danielle se atirou no pufe ao meu lado com uma caneca de cerveja amanteigada na mão e derrabou quase tudo – Ops! Desculpa!
- Acho que já chega de cerveja pra você, não acha?
- Hoje é dia de celebrar, você e Andreas estão fazendo 18 anos! Os mais velhos da turma! Por que está com essa cara feia?
- Não estou de cara feia, estou gostando da festa. Não posso sentar por cinco minutos?
- Não, não pode – Marcel surgiu na minha frente e pegou minha mão, me puxando pra cima dele – Vamos dançar!
Marcel me puxou para o meio da pista improvisada no salão comunal, onde a maioria dos alunos se espremia para dançar twist, a nova febre das festas. As músicas eram um de grupo novo chamado The Beatles, que só Marcel parecia conhecer, mas fizeram muito sucesso na festa. O som era bom e me deixei levar pela música animada, mas empaquei de repente no meio da pista quando meus olhos viram Kwon dançando com Nani, e para o meu total choque, eles estavam se beijando.
- O que foi? – Marcel parou de dançar quando viu a minha cara.
- Eles não são irmãos? – perguntei sem reação e ele entendeu o que estava olhando.
- Vem pra cá – e saiu me rebocando da pista até um canto da sala.
- Como isso aconteceu? Quando isso aconteceu? – perguntei ainda tonta.
- Foi essa semana. Ontem, pra ser mais preciso. Kwon me disse que eles estavam apaixonados, já tinham conversado com Kalani e não precisavam mais esconder.
- E você não me contou nada? – bati em seu braço, mas não sabia se por raiva ou impulso.
- Sinto muito, Olivia, mas Kwon nunca olhou pra você do jeito que olha pra Nani – Marcel foi cruel em dizer aquilo e o olhei chocada – Ele a vê como vocês são, apenas amigos. Nunca passou disso e nunca ia passar.
- Porque está falando assim comigo?
- Porque quero que você pare de correr atrás de quem não quer nada com você e preste atenção em quem quer.
- Ninguém quer nada comigo, Marcel. Essa idéia idiota toda deveria gerar alguma reação nele, mas não aconteceu nada.
- É, acho que no fundo, vocês são almas gêmeas mesmo – Marcel soltou uma risada nervosa e debochada – Kwon nunca percebeu que você gostava dele e você também não percebe o obvio!
- Do que você está falando? Que óbvio eu não percebo?
- Que sou eu que gosto de você!
- O que? – falei depois do que pareceu uma eternidade em silêncio.
- Eu sei que não era pra ser assim, mas passar todo esse tempo com você só me fez bem, eu nunca fui tão feliz contando uma mentira. Foi inevitável não me apaixonar por você.
- Apaixonar? Marcel, o quanto você bebeu hoje?
- O bastante pra ter coragem de ser sincero com você, mas não o suficiente para não saber o que estou dizendo ou me arrepender. É a dosagem perfeita – como eu não disse nada, ele continuou – Sei que vai dizer que gosta do Kwon, mas ele agora tem namorada. Se antes não aconteceu nada, não vai ser agora que vai acontecer. Ele não está disponível pra você, mas eu estou. Eu sei que você me acha imaturo e bobalhão, mas acho que nesses 7 meses provei que posso ser um cara legal.
- Eu nunca disse que você era imaturo e bobalhão.
- Mas não anula o fato de que pensava. Me dê uma chance de provar que posso fazer você feliz.
Antes que eu pudesse reagir, fui puxada para o meio do salão por vários pares de mão enquanto um carrinho com o bolo era empurrado até meu irmão e eu. O parabéns acabou quem ainda não tinha nos cumprimentado veio nos abraçar, mas quando me vi livre da multidão, já não encontrei mais Marcel. Danielle percebeu minha expressão frustrada e perguntou o que tinha acontecido. Decidi ser sincera e contei toda a historia, desde o começo em Julho até 5 minutos atrás, quando Marcel confessou estar gostando de mim.
- O que eu faço? – perguntei completamente perdida.
- COMO ASSIM O QUE VOCÊ FAZ? – Danielle gritou e algumas pessoas olharam – Quer saber o que você faz? Vai até lá e se atira nos braços dele, ora!
- Assim sem mais nem menos?
- Eu não te entendo, Liv, sério. Você tem o estereótipo da garota que sonha com o dia que o príncipe encantado vai aparecer e viver com ele feliz para sempre, e quando tem um príncipe de verdade se dizendo apaixonado por você, você recua! Tudo bem que ele não é encantado e ta mais pra vir numa vassoura do que num cavalo, mas é o garoto mais disputado da escola, aos seus pés. Quase todas as meninas daqui queriam estar no seu lugar E VOCÊ ESNOBA!
- Eu não estou esnobando, só nunca imaginei ouvir isso dele e fiquem sem reação!
- Fale a verdade pra mim. Nesses 7 meses que vocês fingiram namorar, você não se pegou nem ao menos uma vez imaginando como seria se fosse verdade? Não pensou nem por um segundo que talvez pudesse enxergar Marcel de uma forma diferente? – não respondi nada e ela riu – Bom, dizem que quem cala consente, não é? Você não tem nada a perder, amiga.
- Tenho sim, a amizade dele se isso não der certo. Gosto do Marcel e não quero me afastar dele se as coisas não saírem como ele fantasiou.
- Mas e se ele for o “escolhido” – ela brincou com o jeito de falar e ri um pouco – E se Marcel for a pessoa com quem você vai passar o resto da sua vida, casar e ser feliz? Somos todos amigos desde que ainda usávamos fraldas, ele não vai se afastar de você caso não dê certo. Não acha que vale a pena pagar pra ver?
- Acho que ele ficou chateado, nem o vi por perto quando estavam cantando parabéns.
- Sua chance de se redimir é agora, olha ele ali.
Danielle apontou pro outro lado do salão comunal, onde Marcel estava sentado sozinho vendo as pessoas dançando, e ria sem muita empolgação de alguma que Philipe e Kalani diziam. Deixem Danielle sozinha no sofá e fui até o outro lado, parando na frente dele e estendendo a mão. Ele me olhou surpreso, mas segurou minha mão se levantando e no mesmo instante o beijei. Quando me afastei, ele tinha um sorriso tão verdadeiro no rosto que era impossível não sorrir também. Danielle tinha razão: não sabia se ia dar certo, mas valia à pena tentar.
Well she looked at me, and I, I could see
That before too long I'd fall in love with her.
Whoah, we danced through the night,
And we held each other tight,
And before too long I fell in love with her.
I Saw Her Standing There – The Beatles
Tuesday, January 19, 2010
Janeiro de 1960
Após umas férias de final de ano agitadas, era hora de voltar para a escola e continuar com a nossa rotina de estudos para os NIEM’s. AJ demorou a voltar e todos estávamos preocupados com ele, claro Alice estava mais, mas Tristan estava tenso, com a demora de nosso amigo, eu era a única dos três a tentar manter a calma, mas estava ficando dificil. Não poderia dizer a eles que eu mantinha a calma, porque meu cunhado Kyle, de uma forma que ele não havia me explicado, tentava monitorar a segurança dos Chronos, e ele apenas me dizia que AJ e a mãe estavam bem, que logo eles estariam em casa. E com o estado delicado de Alice, eu não queria assusta-la, não quando nem eu conseguia entender direito, que tipo de auror era o meu cunhado.
Cada um de nós, tinha seus próprios problemas para resolver e eu não era uma exceção, já que eu também era a editora do jornal da escola e tinha muitas coisas para decidir e fazer, antes de nos formarmos.
- Ok, já temos a matéria de capa, e preciso colocar um aviso para os alunos do sétimo ano, que na próxima semana faremos as fotos para o anuário...- eu disse enquanto riscava mais um item da agenda e engolia um pouco de suco de abóbora do jantar.
- De novo? Mas já nos fotografaram a semana passada. – remungou Andreas e eu respondi:
- Agora serão as fotos individuais, onde cada um de nossos amigos poderá assinar e deixar uma dedicatória, algo mais descontraído... Nada parecido com um selo comemorativo.- provoquei:
- E ela era tão quietinha quando chegou aqui...É...más companhias fazem isso.- ele respondeu e
ele e Tristan bateram as mãos no ar, trocando cumprimentos.
- Sabe poderíamos fazer uma edição especial, com a foto de todos os colunistas no final do ano letivo o que acham?- sugeriu Olivia.
- É, ai poderemos conhecer a tão famosa ‘Shirley’, até agora não entendo como somente a Millie e a professora Molineux sabem quem ela é? Aposto que é uma gatinha. - disse Yanic e eu disse rindo:
- Bom, eu acho que uma matéria com os colunistas ficaria ótima, e espero que a Shirley aceite fazer a foto, aposto que será memorável. Talvez ela seja uma das poucas, que ainda não sucumbiu ao seu charme Yanic...
- Quer apostar que eu a conquisto??- e os meninos começaram a se mexer para formar um bolão de apostas, dando seus palpites.
- Mesmo que ela seja um trasgo? Tenha pernas cabeludas?- e Yanic respondeu rindo:
- Não existe mulher feia, você apenas bebeu pouco.- e rimos com ele.
Nos despedimos de Kwon, Andreas, Anabela e Jude, pois iriam colocar a rádio no ar e ficamos conversando e rindo e de repente ouvimos o bater de asas, tão conhecido indicando o correio coruja.
Estranhamos, pois normalmente elas apareciam de manhã e uma assim, à noite devia ser muito urgente. Todos no salão observaram a coruja vir diretamente até a nossa mesa e pousar na minha frente, e percebi uma carta trouxa amarrada em sua pata.
Peguei a carta e dei a ela um pedaço de maçã e ela levantou vôo. Meus amigos estavam tão apreensivos quanto eu, então abri logo a carta. Minha expressão devia estar mudando rapidamente à medida que eu ia lendo, que Alice perguntou preocupada:
- Aconteceu alguma coisa séria Millie?
- É uma carta de uma editora querendo publicar minhas estórias infantis e quer usar minhas ilustrações... - e fui levantando a vista e encarando cada um de meus amigos, que pareciam tão espantados quanto eu.
- Estórias Infantis? Mas você não escreve con...quer dizer, artigos para o jornal?- perguntou AJ, mas não respondi, voltei a olhar para a carta e ao final, a editora se dizia encantada pelo meu estilo de escrever e pelos desenhos cheios de vida das figuras...
- Ela diz que leu “O esquilo Trica-nozes”...- e nessa hora a rádio começou a a transmitir a nova novela, e todos fizeram silencio, enquanto eles começavam a falar, segurei a carta na mão e comecei a ouvir os anúncios e depois o nome da novela, “Os ricos também choram...”mas quando eles começaram a transmissão, levantei derrubando a cadeira:
- O que foi isso Millie?- quis saber Derek assustado, enquanto eu sacudia as mãos desesperada:
- Eles precisam parar de transmitir isso... Eu não autorizei... - e nesta hora caiu de dentro do envelope, um cartão de agradecimento. Peguei o cartão e depois de ler, me lembrei que meu namorado, era o único a não demonstrar espanto por causa da carta.
- Tristan... O que está acontecendo aqui?- eu perguntei tremendo e acho que minha voz devia estar um pouco esganiçada, porque as pessoas começaram a olhar:
- Ok, eu confesso: fui eu que enviei uma cópia do seu livro para esta editora, eu a conheci no restaurante onde eu trabalhei e pelo jeito eu tinha razão. Ela adorou suas estórias, e a novela da rádio, também fui eu, eles gostaram da sua novela romântica, então... Parabéns, agora você vai ser uma autora conhecida e publicada!- e sorriu, e nesta hora eu devo ter enlouquecido, porque saquei a varinha e apontei para ele e em minha mente eu gritei: estupefaça, e o joguei longe, e as pessoas gritaram assustadas.
- Hey, o salão não é lugar de duelos. O que está havendo aqui?- perguntou Philipe, enquanto Tristan levantava e me encarava pasmo, enquanto eu perguntava:
- Como você fez isso?? Ou melhor como você pode fazer isso comigo?
- Amorzinho, vamos conversar em algum lugar mais reservado...
- Por quê? Você não respeitou a minha privacidade, porque devo respeitar a sua?- perguntei tensa.
- Vocês aí circulando, ou vou descontar pontos de todos.- disse Philipe sério dispersando as pessoas que se juntavam ao nosso redor.- mas percebi que AJ, Alice, Derek, Dani e o próprio Philipe, continuavam perto de nós.
- Vocês sabiam?- olhei para eles rapidamente fizeram que não com as cabeças e voltei meu olhar para Tristan que começou a falar rápido:
- Millie você é uma escritora incrível, e quando vi o livros que você deu aos seus sobrinhos, os achei tão bons, que pensei que outras crianças também deveriam ter a oportunidade de ouvir estórias tão bonitas e de ver aquelas ilustrações... Eu sei que você, tímida do jeito que é, não procuraria alguém para publicar, então eu fiz cópias através da magia, e a mostrei para a senhora Markham.É uma editora pequena, mas muito responsável, e nunca a enganaria.Tanto que ela está te oferecendo um contrato não é?
- E a novela? Onde você a conseguiu?- perguntei friamente.
- Você me emprestou alguns livros e ela estava junto... Mostrei a Andreas, que achou a trama muito interessante e resolveu colocar no ar, ele queria falar com você sobre isso, mas eu não deixei. Eu disse a ele que seria uma ótima surpresa para você, não pensei que você fosse se chatear. - ele disse e tentou se aproximar de mim e eu novamente ergui a varinha, o mantendo afastado:
-Sabe, porque eu escrevo estes contos, as novelas, as estórias infantis...? Não é só porque eu amo escrever, mas foi a forma que encontrei de poder manter viva, a memória dos meus pais, e poder transmitir o amor que eles deram a mim e a minha irmã para os meus sobrinhos que nunca vão conhecer os avós, mas de alguma forma se sentiriam próximos por eles. Cada um dos livros que você viu, eram presentes pessoais.
- Descul...
- Ainda não acabei.- disse ríspida e ele se calou:
- Se eu não havia procurado uma editora, era porque eu não estava pensando em publicá-los, não agora. Qual é, eu sou a editora chefe do jornal da escola, não acha que eu poderia pedir para professora Cecile me ajudar? Ou então começar a publicar meus contos no jornal? Acha que eu não sou capaz de decidir por mim mesma, quando algo de minha autoria é bom? Você me acha tão estúpida assim? Não, não se incomode, eu respondo esta: Deve achar ou não teria tomado para si o poder de decidir expor algo que pertencia a mim.
- Millie, acalme-se... Deixe-explicar, por favor...- disse Tristan, e pensei sentir um pouco de apreensão em sua voz, mas ignorei:
- Mesmo que você passasse um ano se explicando, não adiantaria nada Tristan. Você traiu a minha confiança, e sinceramente eu não consigo mais olhar para você sem me perguntar como eu pude me enganar tanto com alguém. Agora sim, eu acabei... Ou melhor, acabamos.
Saí correndo do salão principal, deixando as pessoas chocadas para trás, e enquanto eu fazia o caminho para a Lux, ouvia nos auto falantes da escola, a minha primeira radio novela sendo transmitida e eu não estava me sentindo feliz.
If you knew just how I really feel
You might return and yet
There are so many times
That people have to love and then forget
Oh there might have been a way somehow
I have to force myself to say
It's over
Nota da autora:
A história infantil citada, é de autoria de Beatrix Potter, uma grande autora inglesa, que criou Peter Rabbit. E a novela citada "Os ricos também choram", foi uma novela exibida pelo SBT, que foi um sucesso mundial.Trecho da música, It’s Over, de Elvis Presley.
Após umas férias de final de ano agitadas, era hora de voltar para a escola e continuar com a nossa rotina de estudos para os NIEM’s. AJ demorou a voltar e todos estávamos preocupados com ele, claro Alice estava mais, mas Tristan estava tenso, com a demora de nosso amigo, eu era a única dos três a tentar manter a calma, mas estava ficando dificil. Não poderia dizer a eles que eu mantinha a calma, porque meu cunhado Kyle, de uma forma que ele não havia me explicado, tentava monitorar a segurança dos Chronos, e ele apenas me dizia que AJ e a mãe estavam bem, que logo eles estariam em casa. E com o estado delicado de Alice, eu não queria assusta-la, não quando nem eu conseguia entender direito, que tipo de auror era o meu cunhado.
Cada um de nós, tinha seus próprios problemas para resolver e eu não era uma exceção, já que eu também era a editora do jornal da escola e tinha muitas coisas para decidir e fazer, antes de nos formarmos.
- Ok, já temos a matéria de capa, e preciso colocar um aviso para os alunos do sétimo ano, que na próxima semana faremos as fotos para o anuário...- eu disse enquanto riscava mais um item da agenda e engolia um pouco de suco de abóbora do jantar.
- De novo? Mas já nos fotografaram a semana passada. – remungou Andreas e eu respondi:
- Agora serão as fotos individuais, onde cada um de nossos amigos poderá assinar e deixar uma dedicatória, algo mais descontraído... Nada parecido com um selo comemorativo.- provoquei:
- E ela era tão quietinha quando chegou aqui...É...más companhias fazem isso.- ele respondeu e
ele e Tristan bateram as mãos no ar, trocando cumprimentos.
- Sabe poderíamos fazer uma edição especial, com a foto de todos os colunistas no final do ano letivo o que acham?- sugeriu Olivia.
- É, ai poderemos conhecer a tão famosa ‘Shirley’, até agora não entendo como somente a Millie e a professora Molineux sabem quem ela é? Aposto que é uma gatinha. - disse Yanic e eu disse rindo:
- Bom, eu acho que uma matéria com os colunistas ficaria ótima, e espero que a Shirley aceite fazer a foto, aposto que será memorável. Talvez ela seja uma das poucas, que ainda não sucumbiu ao seu charme Yanic...
- Quer apostar que eu a conquisto??- e os meninos começaram a se mexer para formar um bolão de apostas, dando seus palpites.
- Mesmo que ela seja um trasgo? Tenha pernas cabeludas?- e Yanic respondeu rindo:
- Não existe mulher feia, você apenas bebeu pouco.- e rimos com ele.
Nos despedimos de Kwon, Andreas, Anabela e Jude, pois iriam colocar a rádio no ar e ficamos conversando e rindo e de repente ouvimos o bater de asas, tão conhecido indicando o correio coruja.
Estranhamos, pois normalmente elas apareciam de manhã e uma assim, à noite devia ser muito urgente. Todos no salão observaram a coruja vir diretamente até a nossa mesa e pousar na minha frente, e percebi uma carta trouxa amarrada em sua pata.
Peguei a carta e dei a ela um pedaço de maçã e ela levantou vôo. Meus amigos estavam tão apreensivos quanto eu, então abri logo a carta. Minha expressão devia estar mudando rapidamente à medida que eu ia lendo, que Alice perguntou preocupada:
- Aconteceu alguma coisa séria Millie?
- É uma carta de uma editora querendo publicar minhas estórias infantis e quer usar minhas ilustrações... - e fui levantando a vista e encarando cada um de meus amigos, que pareciam tão espantados quanto eu.
- Estórias Infantis? Mas você não escreve con...quer dizer, artigos para o jornal?- perguntou AJ, mas não respondi, voltei a olhar para a carta e ao final, a editora se dizia encantada pelo meu estilo de escrever e pelos desenhos cheios de vida das figuras...
- Ela diz que leu “O esquilo Trica-nozes”...- e nessa hora a rádio começou a a transmitir a nova novela, e todos fizeram silencio, enquanto eles começavam a falar, segurei a carta na mão e comecei a ouvir os anúncios e depois o nome da novela, “Os ricos também choram...”mas quando eles começaram a transmissão, levantei derrubando a cadeira:
- O que foi isso Millie?- quis saber Derek assustado, enquanto eu sacudia as mãos desesperada:
- Eles precisam parar de transmitir isso... Eu não autorizei... - e nesta hora caiu de dentro do envelope, um cartão de agradecimento. Peguei o cartão e depois de ler, me lembrei que meu namorado, era o único a não demonstrar espanto por causa da carta.
- Tristan... O que está acontecendo aqui?- eu perguntei tremendo e acho que minha voz devia estar um pouco esganiçada, porque as pessoas começaram a olhar:
- Ok, eu confesso: fui eu que enviei uma cópia do seu livro para esta editora, eu a conheci no restaurante onde eu trabalhei e pelo jeito eu tinha razão. Ela adorou suas estórias, e a novela da rádio, também fui eu, eles gostaram da sua novela romântica, então... Parabéns, agora você vai ser uma autora conhecida e publicada!- e sorriu, e nesta hora eu devo ter enlouquecido, porque saquei a varinha e apontei para ele e em minha mente eu gritei: estupefaça, e o joguei longe, e as pessoas gritaram assustadas.
- Hey, o salão não é lugar de duelos. O que está havendo aqui?- perguntou Philipe, enquanto Tristan levantava e me encarava pasmo, enquanto eu perguntava:
- Como você fez isso?? Ou melhor como você pode fazer isso comigo?
- Amorzinho, vamos conversar em algum lugar mais reservado...
- Por quê? Você não respeitou a minha privacidade, porque devo respeitar a sua?- perguntei tensa.
- Vocês aí circulando, ou vou descontar pontos de todos.- disse Philipe sério dispersando as pessoas que se juntavam ao nosso redor.- mas percebi que AJ, Alice, Derek, Dani e o próprio Philipe, continuavam perto de nós.
- Vocês sabiam?- olhei para eles rapidamente fizeram que não com as cabeças e voltei meu olhar para Tristan que começou a falar rápido:
- Millie você é uma escritora incrível, e quando vi o livros que você deu aos seus sobrinhos, os achei tão bons, que pensei que outras crianças também deveriam ter a oportunidade de ouvir estórias tão bonitas e de ver aquelas ilustrações... Eu sei que você, tímida do jeito que é, não procuraria alguém para publicar, então eu fiz cópias através da magia, e a mostrei para a senhora Markham.É uma editora pequena, mas muito responsável, e nunca a enganaria.Tanto que ela está te oferecendo um contrato não é?
- E a novela? Onde você a conseguiu?- perguntei friamente.
- Você me emprestou alguns livros e ela estava junto... Mostrei a Andreas, que achou a trama muito interessante e resolveu colocar no ar, ele queria falar com você sobre isso, mas eu não deixei. Eu disse a ele que seria uma ótima surpresa para você, não pensei que você fosse se chatear. - ele disse e tentou se aproximar de mim e eu novamente ergui a varinha, o mantendo afastado:
-Sabe, porque eu escrevo estes contos, as novelas, as estórias infantis...? Não é só porque eu amo escrever, mas foi a forma que encontrei de poder manter viva, a memória dos meus pais, e poder transmitir o amor que eles deram a mim e a minha irmã para os meus sobrinhos que nunca vão conhecer os avós, mas de alguma forma se sentiriam próximos por eles. Cada um dos livros que você viu, eram presentes pessoais.
- Descul...
- Ainda não acabei.- disse ríspida e ele se calou:
- Se eu não havia procurado uma editora, era porque eu não estava pensando em publicá-los, não agora. Qual é, eu sou a editora chefe do jornal da escola, não acha que eu poderia pedir para professora Cecile me ajudar? Ou então começar a publicar meus contos no jornal? Acha que eu não sou capaz de decidir por mim mesma, quando algo de minha autoria é bom? Você me acha tão estúpida assim? Não, não se incomode, eu respondo esta: Deve achar ou não teria tomado para si o poder de decidir expor algo que pertencia a mim.
- Millie, acalme-se... Deixe-explicar, por favor...- disse Tristan, e pensei sentir um pouco de apreensão em sua voz, mas ignorei:
- Mesmo que você passasse um ano se explicando, não adiantaria nada Tristan. Você traiu a minha confiança, e sinceramente eu não consigo mais olhar para você sem me perguntar como eu pude me enganar tanto com alguém. Agora sim, eu acabei... Ou melhor, acabamos.
Saí correndo do salão principal, deixando as pessoas chocadas para trás, e enquanto eu fazia o caminho para a Lux, ouvia nos auto falantes da escola, a minha primeira radio novela sendo transmitida e eu não estava me sentindo feliz.
If you knew just how I really feel
You might return and yet
There are so many times
That people have to love and then forget
Oh there might have been a way somehow
I have to force myself to say
It's over
Nota da autora:
A história infantil citada, é de autoria de Beatrix Potter, uma grande autora inglesa, que criou Peter Rabbit. E a novela citada "Os ricos também choram", foi uma novela exibida pelo SBT, que foi um sucesso mundial.Trecho da música, It’s Over, de Elvis Presley.
Monday, January 18, 2010
Janeiro de 1960
- Bati! – Danielle abriu as cartas na mesa e puxou toda minha pilha de fichas.
- Dê as cartas outra vez – respondi sério, devolvendo as minhas.
Já passava da meia noite e não havia uma alma viva acordada na Lux, exceto por Danielle e eu. Preocupado com Remy, que havia se sentido mal durante o dia e precisado passar um bom tempo na enfermaria, perdi o sono e ganhei a companhia de Danielle, que não conseguia dormir por estar com coisas demais na cabeça. Segundo ela, pensar muito às vezes atrapalhava.
- Tem certeza? Podemos pular toda a burocracia de ter que jogar e você podia me dar logo o dinheiro, já perdeu cinco partidas mesmo – ela zombou – O que há com você, afinal? Nunca te vi perder tantas partidas de Snap Poker seguidas.
- Estava um pouco distraído, só isso. Vamos, dê logo as cartas, não vou perder pela 6ª vez.
- E o que te distrai? Por acaso está pensando na namorada? – ela perguntou em tom de deboche, distribuindo as cartas mais uma vez.
- É, mas não do modo que está pensando – ela me olhou intrigada – Ela está tentando me tirar do sério.
- Sinto um desequilíbrio entre Fred Astaire e Ginger Rogers – ela zombou outra vez, mas continuei sério e ela parou – Ok, o que eu perdi?
- Ela não para de falar no Kwon! – explodi, atirando as cartas na mesa – O tempo todo, tudo é o Kwon! Que ele é isso e aquilo, e que não sabe como fazer para que ele a note, blá, blá, blá. Não sei se ela já notou que gosto dela e está fazendo isso para me irritar ou se não percebeu nada mesmo.
- A Olivia que conheço jamais faria isso sabendo que você gosta dela – Danielle a defendeu – Ela não deve ter percebido nada, ela nunca percebe as coisas.
- Que seja, mas está me tirando do sério de qualquer jeito. Preciso acabar com isso, antes que acabe comigo.
- E o que você pretende fazer? Quer que eu converse com ela e tente contornar isso?
- Não, obrigado, posso cuidar disso sozinho – recolhi as cartas da mesa e distribui entre nós dois – Vamos jogar outra vez, não vou deixá-la bater de novo.
Danielle ficou me encarando com ar de curiosidade e preocupação, mas não perguntou o que eu tinha em mente e continuamos a jogar Snap Poker. Não tinha um plano elaborado, mas sabia que precisava tirar Kwon do meu caminho, e a qualquer preço.
A jogatina com Danielle no salão comunal da Lux durou toda a madrugada. Sem sono nenhum, viramos a noite jogando todos os tipos de jogos de carta que conhecíamos, tanto trouxas quanto bruxos, e colocamos a conversa em dia. A correria diária do 7º ano, os treinos de quadribol e a preocupação constante com Remy não me deixavam tempo para saber, por exemplo, que Danielle vinha sendo atormentada pela irmã gêmea de Henri, Estelle, e que tentava sobreviver à perseguição dela sem terminar o dia com uma passagem só de ida para Azkaban. Boa parte da madrugada insone foi dedicada a insultos a Estelle e demos boas risadas, o que acabou por tirar um pouco do peso de tudo que Danielle vinha enfrentando.
Mas se a noite foi de risadas e disposição, o dia seguinte foi exatamente o contrario. Graças à noite em claro, as aulas da terça-feira não renderam em nada. Danielle e eu passamos o dia inteiro nos escorando pelos cantos, cochilando enquanto os professores falavam e na hora do almoço, enquanto nossos amigos tagarelavam animados do nosso lado. Olivia até esqueceu sua obsessão por Kwon, curiosa para saber por que estávamos tão cansados. Havíamos optado pela tortura e não contamos a ele que havíamos passado a noite batendo papo, deixando todos com suas teorias furadas e a curiosidade em alta.
Danielle lutava para não dormir em sua aula favorita, Botânica, e eu já cochilava escondido atrás de algumas mudas de Bubotúberas quando Andreas me cutucou e acordei assustado, derrubando os vasos no chão e chamando a atenção de toda a turma.
- O que? – perguntei mal humorado e ele me ajudou a recolher os vasos.
- Sério, o que você e Dani andaram fazendo essa noite? Nunca vi você cochilar em DCAT e aposto que nem sabe sobre o que foi a aula de hoje.
- Me acordou só pra testar minha memória?
- Não, só pra lembrá-lo de que hoje temos radio novela às 20h. Jude quer revisar o texto já que a novela é nova, então temos que chegar lá às 18h.
- Estarei lá.
Terminamos de recolher as plantas e remendei os vasos quebrados, recolocando todos no lugar e voltando ao meu cochilo. Nunca um dia se arrastou tanto e quando o sinal anunciando o fim das aulas finalmente tocou, me arrastei sozinho até a rádio enquanto o resto do elenco ia jantar. Nani era a única pessoa na rádio, encarregada de colocar as primeiras músicas do dia no ar e já com um grosso caderno na mão, que reconheci de imediato como o script da novela.
- Largaram você sozinha aqui? Isso é trabalho escravo, você pode denunciar o Kwon – brinquei entrando na sala e ela riu.
- Jude pediu que viesse mais cedo porque ela precisava terminar um trabalho de Literatura Mágica pra amanhã antes de vir pra cá – sentei ao seu lado na mesa e ela me estendeu um pedaço solto do caderno – Sua parte, se quiser começar a estudar.
- Os ricos também choram – li o nome na capa do script – É a novela da Millie, não é?
- É sim, Kwon e Jude trabalharam a semana toda para transformar ela em radio novela, ficou muito legal.
- Bom, então vamos começar a trabalhar.
Espantei o sono e Nani começou a me ajudar a passar o texto do dia, mas logo Kwon chegou e nos fazer companhia. Vê-lo entrando na rádio me fez lembrar o tormento que Olivia estava me fazendo passar e não consegui mais me concentrar na passagem de texto. Enquanto ele e Nani liam o roteiro diversas vezes, ficava martelando na cabeça uma maneira de afastar da cabeça dela a idéia de que Kwon poderia notá-la. A única solução que voltava sempre a mente era que, se ele tivesse uma namorada, ela talvez desencanasse, mas Kwon era a pessoa mais introspectiva da face da Terra, quem ia namorá-lo?
A resposta me atingiu como uma estrela cadente, até pude sentir o brilho daquele plano. A única pessoa no mundo, além de Olivia, que parecia achar a nerdice de Kwon interessante estava sentada na cadeira ao meu lado, e parecia facilmente manipulável. Eu iria transformar Kwon e Nani no casal sensação de Beauxbatons, ou não me chamo Marcel!
- Bati! – Danielle abriu as cartas na mesa e puxou toda minha pilha de fichas.
- Dê as cartas outra vez – respondi sério, devolvendo as minhas.
Já passava da meia noite e não havia uma alma viva acordada na Lux, exceto por Danielle e eu. Preocupado com Remy, que havia se sentido mal durante o dia e precisado passar um bom tempo na enfermaria, perdi o sono e ganhei a companhia de Danielle, que não conseguia dormir por estar com coisas demais na cabeça. Segundo ela, pensar muito às vezes atrapalhava.
- Tem certeza? Podemos pular toda a burocracia de ter que jogar e você podia me dar logo o dinheiro, já perdeu cinco partidas mesmo – ela zombou – O que há com você, afinal? Nunca te vi perder tantas partidas de Snap Poker seguidas.
- Estava um pouco distraído, só isso. Vamos, dê logo as cartas, não vou perder pela 6ª vez.
- E o que te distrai? Por acaso está pensando na namorada? – ela perguntou em tom de deboche, distribuindo as cartas mais uma vez.
- É, mas não do modo que está pensando – ela me olhou intrigada – Ela está tentando me tirar do sério.
- Sinto um desequilíbrio entre Fred Astaire e Ginger Rogers – ela zombou outra vez, mas continuei sério e ela parou – Ok, o que eu perdi?
- Ela não para de falar no Kwon! – explodi, atirando as cartas na mesa – O tempo todo, tudo é o Kwon! Que ele é isso e aquilo, e que não sabe como fazer para que ele a note, blá, blá, blá. Não sei se ela já notou que gosto dela e está fazendo isso para me irritar ou se não percebeu nada mesmo.
- A Olivia que conheço jamais faria isso sabendo que você gosta dela – Danielle a defendeu – Ela não deve ter percebido nada, ela nunca percebe as coisas.
- Que seja, mas está me tirando do sério de qualquer jeito. Preciso acabar com isso, antes que acabe comigo.
- E o que você pretende fazer? Quer que eu converse com ela e tente contornar isso?
- Não, obrigado, posso cuidar disso sozinho – recolhi as cartas da mesa e distribui entre nós dois – Vamos jogar outra vez, não vou deixá-la bater de novo.
Danielle ficou me encarando com ar de curiosidade e preocupação, mas não perguntou o que eu tinha em mente e continuamos a jogar Snap Poker. Não tinha um plano elaborado, mas sabia que precisava tirar Kwon do meu caminho, e a qualquer preço.
ººººº
A jogatina com Danielle no salão comunal da Lux durou toda a madrugada. Sem sono nenhum, viramos a noite jogando todos os tipos de jogos de carta que conhecíamos, tanto trouxas quanto bruxos, e colocamos a conversa em dia. A correria diária do 7º ano, os treinos de quadribol e a preocupação constante com Remy não me deixavam tempo para saber, por exemplo, que Danielle vinha sendo atormentada pela irmã gêmea de Henri, Estelle, e que tentava sobreviver à perseguição dela sem terminar o dia com uma passagem só de ida para Azkaban. Boa parte da madrugada insone foi dedicada a insultos a Estelle e demos boas risadas, o que acabou por tirar um pouco do peso de tudo que Danielle vinha enfrentando.
Mas se a noite foi de risadas e disposição, o dia seguinte foi exatamente o contrario. Graças à noite em claro, as aulas da terça-feira não renderam em nada. Danielle e eu passamos o dia inteiro nos escorando pelos cantos, cochilando enquanto os professores falavam e na hora do almoço, enquanto nossos amigos tagarelavam animados do nosso lado. Olivia até esqueceu sua obsessão por Kwon, curiosa para saber por que estávamos tão cansados. Havíamos optado pela tortura e não contamos a ele que havíamos passado a noite batendo papo, deixando todos com suas teorias furadas e a curiosidade em alta.
Danielle lutava para não dormir em sua aula favorita, Botânica, e eu já cochilava escondido atrás de algumas mudas de Bubotúberas quando Andreas me cutucou e acordei assustado, derrubando os vasos no chão e chamando a atenção de toda a turma.
- O que? – perguntei mal humorado e ele me ajudou a recolher os vasos.
- Sério, o que você e Dani andaram fazendo essa noite? Nunca vi você cochilar em DCAT e aposto que nem sabe sobre o que foi a aula de hoje.
- Me acordou só pra testar minha memória?
- Não, só pra lembrá-lo de que hoje temos radio novela às 20h. Jude quer revisar o texto já que a novela é nova, então temos que chegar lá às 18h.
- Estarei lá.
Terminamos de recolher as plantas e remendei os vasos quebrados, recolocando todos no lugar e voltando ao meu cochilo. Nunca um dia se arrastou tanto e quando o sinal anunciando o fim das aulas finalmente tocou, me arrastei sozinho até a rádio enquanto o resto do elenco ia jantar. Nani era a única pessoa na rádio, encarregada de colocar as primeiras músicas do dia no ar e já com um grosso caderno na mão, que reconheci de imediato como o script da novela.
- Largaram você sozinha aqui? Isso é trabalho escravo, você pode denunciar o Kwon – brinquei entrando na sala e ela riu.
- Jude pediu que viesse mais cedo porque ela precisava terminar um trabalho de Literatura Mágica pra amanhã antes de vir pra cá – sentei ao seu lado na mesa e ela me estendeu um pedaço solto do caderno – Sua parte, se quiser começar a estudar.
- Os ricos também choram – li o nome na capa do script – É a novela da Millie, não é?
- É sim, Kwon e Jude trabalharam a semana toda para transformar ela em radio novela, ficou muito legal.
- Bom, então vamos começar a trabalhar.
Espantei o sono e Nani começou a me ajudar a passar o texto do dia, mas logo Kwon chegou e nos fazer companhia. Vê-lo entrando na rádio me fez lembrar o tormento que Olivia estava me fazendo passar e não consegui mais me concentrar na passagem de texto. Enquanto ele e Nani liam o roteiro diversas vezes, ficava martelando na cabeça uma maneira de afastar da cabeça dela a idéia de que Kwon poderia notá-la. A única solução que voltava sempre a mente era que, se ele tivesse uma namorada, ela talvez desencanasse, mas Kwon era a pessoa mais introspectiva da face da Terra, quem ia namorá-lo?
A resposta me atingiu como uma estrela cadente, até pude sentir o brilho daquele plano. A única pessoa no mundo, além de Olivia, que parecia achar a nerdice de Kwon interessante estava sentada na cadeira ao meu lado, e parecia facilmente manipulável. Eu iria transformar Kwon e Nani no casal sensação de Beauxbatons, ou não me chamo Marcel!
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