Friday, September 25, 2009

Após o ataque na casa do AJ, tivemos uma semana de aulas intensivas de Defesa contra as Artes das Trevas, com os aurores Kyle e Connor McGregor e Sarah McInnes e algumas vezes com a própria mãe do AJ. Se eu não houvesse visto a senhora Rigel em ação, duvidaria que ela pudesse derrotar um dementador.
Millie pode ficar hospedada na casa dos Chronos e sempre tinhamos algum lugar para namorar e segundo porque isso me aproximava um pouco mais do meu sonho de me tornar um auror e ter um futuro, afinal os dias de ficar paquerando todas as gatinhas da escola acabaram. Millie é ciumenta rsrs.
Embora eu tenha sido cego por um bom tempo, agora sei que ela e eu podemos fazer uma historia bonita, mesmo contrariando a irmã dela, mas como Kyle McGregor nos apóia, não me preocupo tanto.
Eu, AJ, Marcel Kwon, Andreas, Bianca Anabela, Alice e Millie tivemos que aprender num curto espaço de tempo, feitiços avançados e embora fosse um treinamento duro, eu adorava cada minuto. E no ultimo dia tiramos fotos de todos com os nossos professores, e foi muito muito bom.

Após aquela semana, voltei a morar no orfanato, enquanto AJ e sua mãe viajaram para caçar e ele pudesse ser apresentado a Ministros da magia do mundo Bruxo e ser conhecido como futuro líder do clã Chronos. Combinamos de trocar cartas sempre que possivel, e estarmos juntos na volta as aulas. Eu sempre me despedia deles com um sorriso, mas quando ultrapassava aqueles portões, eu dizia a mim mesmo que deveria suportar, mais algum tempo, logo eu iria embora. Era o que eu me dizia desde pequeno...
Quando cheguei ao orfanato eu tinha uns cinco anos de idade. Trazia algumas roupas, um par de botas velhos e um pião que eu vivia brincando com ele. Eu havia ido para lá, porque as pessoas que me criaram havia morrido e não havia ninguém mais. Uma vez ao mês o Orfanato Sacre Coeur recebia a visita de casais querendo adotar crianças que haviam ficado orfãs por causa da guerra, e então era o dia em que nos mandavam tomar banho com os sabonetes cheirosos não os baratos, nos faziam comer cedo, e nos recomendavam ser muito educados e sorrir muito, pois alguém poderia nos levar para casa.
No primeiro ano, eu tive a esperança de que a familia de meus pais verdadeiros me encontrassem e eu fosse para casa com eles, então eu não poderia ser adotado por ninguém e me perder da minha família novamente, enquanto os outros estavam cheirosos e engomadinhos, eu sempre dava um jeito de fazer alguma coisa que me sujasse, ou assustasse as pessoas, como por exemplo tirar um camundongo do bolso, dizer algum palavrão , enquanto cutucava o meu nariz com gosto. Nada enoja tanto uma mulher, mesmo que ela queira ser uma mãe adotiva, quanto ver o futuro filho limpar o salão e arrotar.
Bom, várias vezes, as freiras lavaram minha boca com sabão, ou me mandaram ajoelhar no milho para me ensinar ‘a ser humilde’, mas isso só reforçava a minha teimosia. Com o passar do tempo, elas optaram por não mais me colocar na fila dos disponíveis para adoção, e assim evitar que eu estragasse as chances das outras crianças, eu era deixado de lado. Mas isso não me incomodava, só me perturbava o fato de que com o passar do tempo, todos de alguma forma ou de outra conseguiam uma família, e a minha não aparecia para me buscar. Quando entrei em Beauxbatons e conheci os meus amigos, percebi que aquela seria a minha família, então desisti de esperar , e optei por bloequear algumas memórias que faziam com que eu tivesse esperança.
Quando fiz doze anos e sabia me virar por Paris sem me perder, comecei a arrumar trabalhos temporários durante as férias da escola, já que o diretor do orfanato nunca permitia que eu ficasse com meus amigos da ‘escola de esnobes’, como ele os chamava, mas me liberava para trabalhar e aprender qual era o ‘meu lugar’, como ele fazia questão de enfatizar. Comecei a entregar jornais, lavar pratos, aparar grama, enfim tudo que me rendesse o bastante para poder bancar minhas despesas na escola, sem depender de ninguém e estar preparado para alguma emergência. Algumas vezes eu chegava tão cansado, que eu dormia sem sonhar com a minha infância, outras vezes eu não tinha tanta sorte...

- Ele não tem ninguém??
- Não! Os velhos só tinham um único filho que morreu na guerra e não deixou filhos. Este garoto foi acolhido por eles, é um órfão de guerra...
- Mas os orfanatos estão tão cheios, ninguém vai querer ficar com ele, mesmo ele sendo um garoto bonito e forte...
- Talvez este medalhão de prata garanta uma boa vida até ele ficar por conta própria, veja os entalhes...Parece coisa de familia....
- Talvez tenha alguma pista sobre quem são os pais dele...Veja há algumas letras aqui...
Em meu sonho, comecei vter umas imagens pouco nitidas de um medalhão prateado cheio de entalhes e o queparecia ser um dragão ou uma criatura marinha, não sei bem...Estiquei a mão para virar o medalhão....


- Tristan, o diretor que falar com você!- disse uma das freiras, batendo forte na porta e eu acordei assustado. Eu estava tão perto de me lembrar de alguma coisa que pudesse me ligar aos meus parentes. Talvez, eu sonhasse novamente e pudesse resolver o mistério.
AJ e a mãe já estavam fora, há mais de uma semana e Millie estava visitando alguns parentes na Escócia, durant este tempo, eu havia conseguido um emprego num bistrô trouxa na Champs- Elyseés, e recebia boas gorjetas, que eu estava economizando para poder levar Millie em algum bom restaurante quando saíssemos no passeio da escola.
Fui até o escritório do diretor e ele após me lançar aquele seu olhar irritado, me disse que meu tempo ali já havia terminado e eu deveria me mudar. No começo fiquei espantado, mas me lembrei que com dezessete anos e com o dinheiro que eu tinha economizado, eu poderia me aguentar, até voltar para a escola.
- Ok, vou embora, mas quero o meu medalhão.
- Que medalhão? – ele perguntou espantado e eu respondi.
- O medalhão de prata que estava comigo quando me trouxeram para cá. Sei que era de prata e é meu, era um medalhão de família. Onde ele está? - percebi que sua testa começou a suar e disse sério:
- Diga logo aonde está e eu não chamo a polícia.
- Acha que sua palavra vale alguma coisa Thorn? Você não passar de um fedelho que ninguém quis. Fizemos o favor de colocar um teto sobre a sua cabeça e você nos agradece assim? Até o mantivemos aqui mais tempo que o necessário...
- Fiquei aqui, porque era interessante para você que meu amigo o principe de Mônaco, fizesse doações ao orfanato, e ele fez não é? Por isso você permitiu que eu ficasse aqui por mais algum tempo, mas agora que o dinheiro deve ter acabado, e você vai gerar desconfianças se pedir mais doações, então você está me mandando embora. – vi que as gotas de suor de sua testa aumentavam e disse:
- Dê-me o meu medalhão e eu não falo nada a sua alteza real, que o dinheiro dele serviu para pagar o seu agiota. É, eu sei que você iria perder os movimentos das pernas por uns tempos...Não tente dizer nenhuma mentira, sabe que nunca fui muito paciente, me dê o que é meu. – ele ficou pálido e disse:
- Não posso...
- Como não pode, deve estar no cofre.
- Eu...o...vendi...Tive que fazê-lo... Você sabe, as despesas do orfanato são altas e manter você aqui, custou dinheiro. Aquilo era apenas uma jóia, então eu o vendi para custear as suas despesas na escola...
- Minhas despesas?? Tudo o que usei aqui foi doado, até a comida e a escola, foi bancada por um fundo escolar, a professora Lefreve sempre cuidou de tudo, você não pagou por nada. Aquele medalhão era meu....Como você pode roubar algo que não era seu??- perguntei enquanto o apertava pelo colarinho, e o empurrava e ele caiu sobre a cadeira, fazendo um barulho enorme, e a secretaria abriu a porta e nos olhou assustada:
- Quer que chame a polícia, por causa deste delinquente, diretor? - antes que ele respondesse eu disse irritado:
- Isso chame a policia, mas se prepare para responder as perguntas deles sobre roubo, porque não deve ter sido apenas o meu medalhão roubado, deve haver outras coisas. – e a mulher ficou chocada enquanto olhava para o diretor. Eu repeti a pergunta, enquanto o puxava para cima:
- Aonde está o meu medalhão??
- Eu o vendi, um ano depois que você chegou aqui. Eu precisava de dinheiro rapido e eu o peguei emprestado, com o tempo eu iria pega-lo de volta....Ninguém seria prejudicado...
- Ah sim, claro, um empréstimo... Pra quem o vendeu??
- Eu o levei para a loja de penhores em Saint-Maur, no subúrbio, tentei recupera-lo, mas quando voltei lá ele já havia sido vendido...
Contei até três, minha vontade era sacar a varinha e fazer aquela criatura bater na parede repetidas vezes, ate virar uma massa disforme, mas isso não traria meu medalhão de volta. E me complicaria com o Ministério, eu não posso ter nada contra mim, se eu quiser me tornar auror. Respirei fundo e perguntei:
- Você deve ter algum recibo da loja de penhor, me entregue...Lá tem as caracteristicas do medalhão e vai me ajudar a procura-lo...
- Não eu não tenho mais o recibo, eu o joguei fora há algum tempo, não ia conseguir achar o medalhão mesmo...- perdi a cabeça e dei-lhe um murro, que o jogou por cima da mesa e ele caiu desacordado, coisa típica de quem tem queixo fraco. A secretaria gritou e eu passei por ela furioso, mas ainda ouvi quando ela correu até o diretor.
Fui até o meu quarto peguei minhas coisas com um aceno da varinha e ninguem apareceu no meu caminho para me impedir de ir embora. Eu precisava pensar em alguma coisa para recuperar meu medalhão, mas minha primeira necessidade era conseguir um lugar para morar, e dar um jeito para que aquele ladrão fosse punido. E tudo isso antes das aulas começarem....

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