Das memórias de Gabriel Graham Storm
- Eu não vou decorar isso, é impossível!
- Já viu o tamanho das falas? Eu li o script ontem à noite... Acho que vamos precisar aprender alguma técnica de não respirar pra conseguir completar uma sentença simples!
- Silencio... – o professor falou baixo ao passar do nosso lado – O exercício requer concentração, marionetes não falam, mademoiselle Kinoshita.
- Desculpa professor Armand...
Ele continuou andando e Miyako e eu rimos baixo. Estávamos na aula de teatro e o professor havia passado um exercício maluco onde as meninas tinham que se passar por marionetes e os garotos as comandavam. Elas não podiam fazer nenhum tipo de movimento por conta própria. Miyako agora tinha parado de falar e mantinha os olhos fechados, enquanto eu mexia os braços e cabeça dela de um lado pro outro, sem nenhum tipo de sincronia. Ela abafava risadas de tempo em tempo, tentando se concentrar.
Depois de passarmos meia hora nessa brincadeira para relaxar fomos liberados. Mad, que passara boa parte do tempo assistindo a aula, tinha desaparecido. Caminhava com Miyako e Ty, que nos esperava na saída, pensando em ir para os jardins quando senti alguém me cutucar com força e virei depressa. Renault estava parado de braços cruzados e tinha uma cara mal humorada.
- O que é? Perdeu alguma coisa? – disse cínico. Sabia muito bem o por que da cara feia
- Que história é essa que você anda se encontrando com a minha garota?
- Sua garota? Desculpe, mas não sei do que está falando
- Não se faça de cínico, Storm! Sei que você e a Mad estão saindo!
- O que eu faço ou deixo de fazer com a minha vida não lhe diz respeito. Por que não vai arrumar uma ocupação, como uma namorada? Ou de repente um namorado, não sei o seu gosto... – Miyako e Ty caíram na gargalhada
- Ora seu idiota! – ele avançou pra cima de mim e logo Ty e eu nos armamos
- O que está acontecendo aqui?? – Mad apareceu do nada e parou entre nós dois
- Nada, já estava de saída – Renault se desarmou depressa, mas eu me mantive pronto para socá-lo – Quero ver essa sua valentia em campo, quatro-olhos - ele me empurrou outra vez e o empurrei para longe
- Não encosta a mão em mim, seu imbecil!
- Ei, chega! O que pensam que estão fazendo?? – Mad olhava de um para outra sem entender nada – Thiery, por que está perturbando o Gabriel?
- Pronto Storm, chegou sua advogada! – ele riu debochado e me irritei ainda mais
- Não preciso de defesa, Mad! – falei olhando vermelho de raiva para ela – Mas já que está aqui e pretende se justificar para o seu namorado, quando acabar me procura!
- Gabriel, espera! Aonde vai?
Ela me chamou de volta, mas a ignorei e sai andando para fora do castelo, Miyako e Ty me acompanhando. Ninguém falava nada e quando já estávamos perto do lago ouvi a voz da Mad me chamando outra vez. Ela andava depressa para tentar nos alcançar. Parei de andar e esperei por ela.
- Será que dá pra conversarmos?? – ela parecia irritada também
- Er Biel, vou voltar pro castelo... Até amanha! – Miyako falou depressa
- É, to indo também... A gente se fala depois no dormitório – Ty falou saindo com Miyako
- O que quer conversar? Estou ouvindo
- Por que vocês dois estavam brigando?
- Mad, você não é burra e não combina com você se passar por uma. Acho que sabe exatamente o porque!
- É, pode ser que eu saiba... Mas não estou querendo acreditar e queria ouvir de você!
- Por que de mim? Seu namorado não lhe explicou? – disse debochado e ela só faltou espumar
- Argh! Odeio quando você faz isso! Ele NÃO é meu namorado, você que... – mas ela parou de falar antes de terminar. Não pude deixar de rir e isso a irritou ainda mais
- Você é patética! Essa situação beira o ridículo! – agora já estava pouco me lixando se ela ia me odiar ou me azarar com alguma maldição imperdoável – Você sabe que estamos namorando, é obvio isso até pra um bebe de 2 anos, mas não consegue admitir!
- Você sabia que seria assim quando resolveu ir em frente com isso, não venha reclamar agora!
- Não estou reclamando, apenas fazendo uma observação. Você não pode negar que é ridículo...
Ela me encarou por alguns segundos, mas não respondeu. Ela sabia que quem estava sendo infantil nisso tudo era ela. Depois de um tempo em silencio ela passou a encarar o lago e finalmente resolveu falar alguma coisa.
- Thiery é mimado, não sabe dividir as coisas e...
- Dividir? Que história é essa? Não me lembro de ter concordado em dividir nada!
- Quer me deixar terminar de falar? – falou me olhando ainda irritada. Fiquei calado e deixei que ela prosseguisse – Thiery sempre foi filho único, e muito mimado pela mãe, principalmente depois que o pai dele largou ela e teve outra família...
- Largou a mãe dele para ficar com a mãe da Anne? – perguntei começando a entender a falta de semelhança entre os dois irmãos
- Isso. Eles são irmãos por parte de pai, por isso ela é tão diferente dele, em todos os aspectos. Mas enfim, ele é muito mimado, um péssimo perdedor. Ele enche a boca para falar que foi ele quem terminou comigo, mas é mentira. Eu cansei dos ataques dele, da mania de se achar melhor que todo mundo e terminei tudo. E ele simplesmente não aceita isso.
- É, deu pra perceber que ele não aceita ter perdido você pra um garoto dois anos mais novo que ele – falei presunçoso de propósito, queria ver a reação dela.
- Não se gabe muito, ouviu? – mas não conseguiu conter o sorriso ao falar
- Não estou me gabando, é apenas a realidade...
- Ótimo, troquei um mimado por um presunçoso... – disse rindo e sentou no chão
- É, pode ser, mas você gosta... – disse sentando ao lado dela e a beijando
Ficamos juntos nos jardins até que o tempo limite para os monitores circularem pelo castelo terminasse e caminhamos para nossas casas. Resolvi acompanhá-la até a Nox.
- O que pretende fazer no fim de semana? Os meninos estavam com planos de escapar do castelo, podemos ir com eles...
- Não posso, vou para casa sexta-feira.
- Como assim? Por que?
- Ah, eu esqueci de comentar com você... – disse sendo sincero. Tinha mesmo esquecido – É o casamento dos meus pais e da mãe da Miyako com o padrinho do Ty, vamos os três, mais os gêmeos Chronos. Madame Maxime permitiu que saíssemos, mas voltamos domingo.
- Seus pais só vão se casar agora? Não entendi...
- É uma longa historia, qualquer dia explico. Mas enfim, o casamento vai ser no sábado e temos que ir, não quero perder isso.
- Bom, então programamos alguma coisa para o próximo fim de semana, vai cair no dia 14... – e fingiu não saber que dia era dia 14 de fevereiro
- Isso, faremos alguma coisa dia 14...
- Tem certeza que não está indo para casa por causa do carnaval que você tanto fala? – disse mudando de assunto – Você parecia muito animado contando e eu já vi na tv como é, todo mundo muito à vontade...
- Estou mesmo indo ao casamento... Está com ciúmes? – perguntei rindo
- Esse é único prazer que não vou lhe dar, pode tirar o sorriso da cara... – disse me beijando e em seguida sumiu pela passagem secreta
Dei meia volta depois que ela entrou e voltei para a Sapientei, torcendo para não esbarrar com o panaca do Renault pelo caminho. Meu humor estava muito bom para ser estragado pela dor de cotovelo dele. E um fim de semana em casa não poderia ter vindo em melhor hora. Precisava contar o que estava acontecendo ao meu padrinho e saber a opinião dele sobre isso tudo.
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