Assim que eu cai na cama eu dormi, sem conseguir sequer pensar de tão cansado. No meu quarto estávamos eu, Procyon, Tristan e meus primos John e Lincor, e todos fomos dormir rapidamente. Porém, no meio da noite, devia ser umas 3 da manhã, eu acordei, sentindo novamente algo estranho. Eu levantei da cama e vi que Procyon não estava e decidi ir dar uma olhada pela casa. Silenciosamente, eu sai do quarto e fui até o salão de entrada, e com certo espanto vi Isa olhando pela janela. Novamente eu tive a impressão de ver um brilho dourado envolvendo-a, e parecia haver um homem ao seu lado, mas logo a impressão sumiu, deixando apenas a imagem de minha irmã, pensativa e distante.
- Isa? – Eu falei, descendo as escadas e indo para perto dela. Eu peguei o casaco que eu usava e estendi para ela, enquanto ela sorria e me agradecia. – Sem sono?
- Um pouco. E você, maninho?
- Acordei no meio da noite, e não consegui voltar a dormir, fora que não vi o Procyon na cama.
- Ele já saiu então... – Isa falou, suspirando e voltando a olhar para a janela. Seus olhos agora tinham um forte brilho de decisão.
- O que disse?
- Nada. Ele deve ter saído para andar um pouco. – Ela falou sorrindo. Ela se virou pra mim e me puxou para um forte abraço. – Sempre amarei você, maninho. Sempre, nunca se esqueça disso, não importa o que aconteça. Tenho orgulho de ter você como irmão e tenho orgulho do homem que você se tornará. – Ela falou abraçada a mim, a voz forte, porém marcada por sentimentos intensos, deixando-me confuso.
- Eu também sempre a amarei, mana. Nunca se esqueça que você é muito importante pra mim. Aconteceu alguma coisa? – Eu perguntei, enquanto acariciava os seus cabelos.
- Também estão sem sono? – Ouvimos papai falar, me fazendo pular. Ele desceu as escadas sorrindo, acompanhado por mamãe.
- Hoje foi um dia cansativo, mas muito feliz. – Mamãe falou, sorridente e alegre.
- Aconteceu alguma coisa? – Ouvimos a voz de Tristan descendo as escadas.
- Ah, Tristan. Ninguém dorme na casa? – Mamãe falou rindo.
- Fiquei um pouco sem sono e quando acordei nem o AJ nem o Procyon estavam na cama, fiquei meio preocupado. – Tristan explicou, descendo as escadas.
- Bem junte-se a nós, já o considero como meu filho. Só falta o Procyon para completarmos a reunião de família. – Papai falou, olhando em volta, como se pensasse em ir acorda-lo. Nós cinco estávamos perto da janela, conversando e olhando o céu cheio de estrelas.
- Acho que ele foi caminhar um pouco, quando acordei, ele estava fora da cama. – Expliquei, ainda abraçado a Isa. Senti quando ela apertou minha mão com mais força e no mesmo momento vi o semblante de meus pais mudarem da alegria para o alerta. – O que aconteceu?
- Alguém desativou as defesas da Fazenda. Vá acordar seus tios, imediatamente. – Mamãe me falou, enquanto sacava a varinha. Eu também saquei a varinha e corri para as escadas, seguido por Tristan.
- Já estamos aqui. – Tio Arthur falou, descendo as escadas, seguido por Tia Esther, Vovô Sirius, Vovô Acrab, Vovó Capella e Vovó Shaula. Rapidamente eles nos fizeram descer e formaram um círculo ao redor de mim, de Gomeisa e de Tristan, protegendo-nos. Claramente o objetivo deles era proteger os descendentes da família e o Tristan. Papai e mamãe se juntaram ao círculo e todos aguardávamos em silêncio.
- Onde está o Procyon? – Vovô Acrab perguntou, preocupado.
- Não sabemos, ele pode ter saído durante a noite. Precisamos saber se ele está bem. – Papai falou, preocupado com meu irmão.
- Eu estou bem, pai. – Ouvimos a voz de Procyon das sombras. A voz dele estava marcada por rancor e parecia estranha.
- Filho, venha pra cá rápido! Alguém desativou as defesas. – Mamãe falou, dando um passo a frente, indo para perto de Procyon, mas ele respondeu antes que ela chegasse muito perto.
- Sim, eu sei disso. Fui eu. – Ele falou, apontando a varinha para mamãe. Um jato de luz vermelha voou em sua direção, porém Vovô Sirius a empurrou de lado e recebeu o impacto do feitiço no peito e pude sentir sua vida desaparecendo. Vovó Capella gritou, enquanto mamãe caia no chão, vendo o corpo sem vida do pai. Todos ficaram estáticos e confusos, mas fui o primeiro a voltar ao normal e apontei a varinha para Procyon com raiva, pensando no feitiço mais destrutivo que eu conhecesse. Nesse momento, em um clarão intenso, dezenas de luzes surgiram nas sombras e feitiços de várias cores foram lançados contra nós.
Tia Esther moveu a varinha com rapidez e empurrou a mim, meus pais, Isa e Tristan para trás, enquanto Tio Arthur e meus avós formavam uma barreira, humana e mágica entre nós e os feitiços. Uma parede de luz prateada estava diante deles, enquanto eles se esforçavam para segurar os ataques. Das sombras, por trás de Procyon, surgiram dezenas de rostos encapuzados e com máscaras brancas. Eles levantaram as varinhas novamente e dessa vez, jatos verdes foram lançados, atingindo meus avôs e meus tios no peito. Eles caíram sem vida no mesmo momento, tendo a vida roubada pela Maldição da Morte. Apenas Tia Esther ainda estava de pé, o corpo de Tio Arthur na frente dela, morto de pé, protegendo a esposa. Nos juntamos a ela, e começamos a lançar feitiços. Isa fez o teto desabar, jogando os destroços contra os inimigos, porém eles eram muitos e juntos bloquearam o ataque. Tia Esther e mamãe duelavam juntas, jogando feitiços rapidamente, enquanto as figuras encapuzadas as atacavam com feitiços de diversas cores fortes. Papai, eu e Tristan duelávamos lado a lado, e nossas varinhas disparavam feitiços com rapidez. Isa lutava sozinha, disparando feitiços mais rápido do que qualquer um de nós, concentrando seus ataques em Procyon, que os ignorava, sendo protegido pelas figuras de preto.
- Matem o sangue-ruim primeiro. – Procyon falou, rindo e apontando a varinha para Tristan. Porém foi obrigado a desviar de um feitiço lançado por Tristan, que estava completamente furioso e lançou outro feitiço, obrigando Procyon e bloquear.
- Por que a presa, idiota? Está com medo da surra que vai levar de mim, seu maricas? Sou sangue-ruim sim, mas pelo menos não sou um nojento traidor do próprio sangue!! – Tristan gritou enfurecido e disparou outro feitiço contra Procyon, que bloqueou novamente. Eu e papai lançamos feitiços junto dele e o protegíamos, pois claramente os invasores queriam ataca-lo a qualquer custo, ainda mais depois dele ter insultado o Procyon.
Ouvimos gritos quando o resto da casa entrou na luta, e os homens de preto espalhavam-se e a toda hora ouvíamos o encantamento da Morte e luzes verdes. Vi um dos homens encapuzados ser jogado ao teto e depois ao chão com violência e pude ouvir sua coluna quebrando. Sua máscara caiu e reconheci Trimorgir, aluno do sexto ano da Nox.
- Matem todos, quero apenas eles vivos. Eles são meus. Deixem o sangue-ruim vivo, quero brincar com ele antes de mata-lo. – Ouvi Procyon falar para os outros homens, enquanto apontava para nós. Um homem encapuzado, que aparentava estar no comando também, assentiu e ao levantar o braço para lançar novos feitiços, vi que havia a tatuagem de uma caveira e uma cobra em seu braço direito.
Houve um clarão do lado de fora, mostrando que a luta também acontecia ali. Sem precisar olhar pra saber, eu soube que a árvore da festa estava em chamas, atingida por um dos feitiços da luta. Eu estava furioso e chocado também, pois haviam muitos homens encapuzados, dezenas, talvez mais, deles atacavam nossa casa e nossa família, matando todos sem dó. Eu podia ouvir os gritos de todos, nossos e dos atacantes, mas eles levavam a melhor. Dois deles apontaram a varinha para Tia Esther e os vi brandindo a varinha como se fossem espadas. No mesmo momento dois cortes profundos e negros surgiram no peito de minha tia, jorrando sangue para o alto. Ela caiu de joelhos, cuspindo sangue enquanto apontava a varinha para um dos homens, lançando um último feitiço, esmagando o braço do homem, fazendo-o gritar de dor antes de cair sem vida.
- Agora! – Procyon gritou e todos eles apontaram a varinha para nós cinco, os únicos ainda lutando no salão. Novamente dezenas de feitiços foram lançados contra nós, dessa vez eram feitiços vermelhos e os reconheci como estuporantes. Isa e mamãe fizeram arcos com a varinha, e devem ter conjurado algum tipo de barreira para nós quatro, pois quando os feitiços nos atingiram no peito, fomos apenas jogados para trás, sem perder os sentidos. Eu bati com força contra a parede, mordendo o lábio para não gritar, e cai próximo de Tristan e Isa, que levantou-se mais rápido do que eu, ajoelhando-se e segurando minha mão.
- Accio varinhas! – Procyon falou rindo e nossas varinhas voaram para a mão dele, que nos olhou triunfante. Ele deu nossas varinhas para um dos outros homens de preto e segurou a de Isa, apontando as duas varinhas para mim, com um sorriso cruel no rosto. – Cruccio.
- Não! – Ouvi meus pais e Isa gritarem, mas nada podiam fazer. Foi a última coisa que consegui ouvir, pois no segundo seguinte, uma dor que eu mal posso descrever e explicar tomou todo o meu corpo, como se milhões de facas perfurassem-me. A dor era horrível e eu não pude segurar os gritos, gritando de dor para o ar, contorcendo-me completamente. Eu podia sentir que alguém me segurava e senti o cheiro de Isa, e a ouvi chorar enquanto ela me abraçava, tentando me ajudar. Ao fundo eu ouvia Procyon e os encapuzados rindo.
- Sempre quis fazer isto, irmão querido. – Ele falou, rindo de mim e parando por alguns segundos. Eu arfava com dificuldades de respirar. – Por que parou de gritar? Estava tão divertido. – Ele falou, apontando as duas varinhas para mim novamente, me fazendo gritar novamente. Um dos outros homens apontou sua varinha para Tristan, torturando-o também, mas Procyon parecia se divertir mais e aplicar mais energia em me torturar. – É excelente, sermos irmãos, Gomeisa, nossas varinhas também são gêmeas!
- Odeio você, você não é meu irmão! – Isa gritou para ele, furiosa. Seus olhos brilhavam de raiva.
- O que pensa que está fazendo, Procyon? – Papai gritou enfurecido, o rosto marcado por arranhões e grossas lágrimas. Ele olhava para os pais, quer perderam a vida para nos proteger e encarava aqueles malditos encapuzados. – Você matou seus avós, sua família!!
- Como ousou fazer isto? Se unir a Comensais?! – Mamãe gritou, enquanto chorava, porém a voz firme e enfurecida, apontando para os encapuzados.
Agora eles formavam um semi-círculo ao nosso redor, cercando-nos de encontro à parede, sem possibilidade de escapatória. Eu conseguia olhar em volta, uma vez que devido à discussão, Procyon não mais me torturava, apesar de manter as varinhas apontadas para mim. Eu consegui contar o número de homens, e marquei o nome deles: Comensais. Eram em torno de 40 homens, sem contar os que estavam do lado de fora da casa e ainda duelavam com o resto da família. Eu podia ver os corpos de pelo menos 20 homens, mostrando que minha família não cairia sozinha.
- Vejo que já os conhece. – Procyon falou, certo sarcasmo na voz.
- Claro que conheço, eu prendi e matei alguns deles já. – Mamãe falou desafiadora e dois Comensais mais velhos, deram um passo a frente furiosos, mas o outro comensal os segurou.
- Então, Procyon, você é tão fraco que eles precisaram mandar babás? – Eu consegui falar com dificuldade, indicando cinco homens mais velhos, claramente Comensais de verdade. O Comensal de quem eu vi a tatuagem apontou a varinha para mim e eu gritei de dor por mais alguns segundos, até Procyon bater em sua mão.
- Divirta-se com o sangue-ruim, Mcganir. Meu irmão é meu. – Procyon falou furioso, voltando a me torturar.
- Acabe logo com isso, Chronos. Sabe para o que viemos aqui. – O Comensal chamado Mcganir falou, nos indicando com a cabeça.
- Não ouse usar o nome Chronos, verme! Você não merece esse nome! – Tristan gritou furioso em meio aos gritos de dor. Procyon apontou a varinha dele para meu amigo e o torturou também.
- Calado, escória.
- Maldito! Eu renego o dia que o tivemos como filho, TRAIDOR! – Papai gritou, e o choque das palavras fez Procyon sentir algo. – Tristan merece o nome Chronos muito mais do que você. Eu amaldiçôo o dia que nasceu. – Papai completou, cuspindo sangue na direção de Procyon. Procyon ficou enfurecido e apontou as duas varinhas para meu pai, fazendo-o gritar também. Mamãe gritou e o abraçou, tentando diminuir seus espasmos.
- Quando eu acabar aqui, pai, terei o nome Chronos para mim e vocês já serão memória. Vou mostrar a vocês o meu valor, mesmo que já estejam mortos.
- Você vale menos que uma pedra. O nome Chronos nunca será seu. Será lembrado apenas como Traidor. Seu nome será apagado de qualquer registro da família. – Isa sentenciou, os olhos brilhando com lágrimas e raiva. Ela ainda me abraçava e o seu cheiro me fazia bem em meio a tanta dor. Eu senti uma energia diferente saindo de dentro dela e parecia que a noite era iluminada por uma luz dourada.
- Como se eu me importasse com o que você diz, irmã. Cruccio. – Ele falou apontando uma varinha para mim e outra pra ela. Eu tentei me jogar na frente dela, mas ela me segurou e com certo espanto vi que nenhum dos dois sentia dor. Procyon concentrou-se mais, mas nenhum de nós sentia dor. Vi que Tristan também não mais era torturado, e outro dos Comensais mais velhos aponto a varinha para ele, sem sucesso.
- Fraco. – Isa falou, soltando um riso.
- Maldita! Quando dominou magia não-verbal?! – Procyon gritou, enraivecido.
- Mcganir, os aurores podem chegar a qualquer momento. – Um dos mais velhos falou, olhando de nós para os dois líderes.
- Procyon, já chega. Faça logo. – Mcganir falou novamente.
- Eu já falei que eu decido, Mcganir! Calado! – Procyon gritou para o Comensal e os dois se encararam.
- A babá tomando conta da criança. – Tristan falou rindo, e cuspiu sangue no chão, o olho roxo e o corpo cheio de hematomas e machucados. Eu ri com ele e isso fez Procyon ficar furioso, voltando a nos encarar.
- Muito bem, sangue-ruim. Você ganhou a honra de ser o primeiro. – Ele apontou as duas varinhas para Tristan, que empertigou-se e o encarou com brilho nos olhos. Eu me debatia no abraço de Isa, tentando ajudar meu amigo, mas Isa me mantinha preso. Ninguém mais parecia notar, mas a noite realmente estava iluminada por um luz dourada, e a fonte era Isa. Procyon sorriu cruelmente antes de enunciar a maldição. – Avada...
- Já chega, Traidor. Não tocará mais em minha família. – Isa falou, porém não era mais sua voz, mas o que ouvíamos era a sua voz misturada a uma poderosa voz masculina. Ela se pôs de pé e vi que seus olhos estavam totalmente dourados. Procyon se assustou, assim como os Comensais e todos lançaram feitiços contra ela, mas ao estender a mão esquerda, todos eles foram bloqueados com facilidade.
Então todos conseguiram ver. Por trás de Isa surgiu a figura de um homem muito alto, usando uma armadura dourada e uma longa lança na mão direita. Ele possuía cabelos na altura da cintura, prateados, parecidos com os meus, e doze asas se abriam às suas costas. Ele também mantinha a mão esquerda levantada e era sua energia que bloqueava os ataques. Alguns dos Comensais recuaram, amedrontados e nesse momento, minha irmã fez um movimento rápido com o braço direito e o homem brandiu a lança dourada na direção dos atacantes. Uma poderosa onda de magia foi lançada e muitos Comensais foram jogados para trás pela energia.
- Acordem-te Chronos! – Isa falou e pude ver o homem falando com ela.
Nesse momento, os corpos de toda nossa família brilharam e luzes brancas saíram de dentro deles, espalhando-se pela casa. As luzes atingiram as paredes e objetos e, com certo espanto, vi que seus espíritos estavam ativando todas as nossas defesas novamente. Procyon lançou dois feitiços contra Isa, mas dos jardins veio uma das armaduras da família, ela quebrou a parede com facilidade colocando-se entre nós e Procyon. A ela seguiram-se outras armaduras que bloqueavam a chuva de feitiços que os Comensais disparavam contra nós. Ouvi gritos do lado de fora e soube que as demais armaduras estavam lutando contra os inimigos.
- Matem todos! – Procyon gritou e disparou maldições da Morte contra nós. Isa porém fez um movimento rápido com o braço e uma pedra imensa do teto bloqueou os feitiços, sendo feitas em pedaços.
Ela apontou para Procyon e um raio de luz poderosa saiu de sua mão, atingindo-o no peito, jogando para o alto. Ele soltou as varinhas e no mesmo momento todas nossas varinhas voltaram para nossas mãos e gritando “Chronos”, nós cinco voltamos a lutar, com Isa à frente de todos.
Procyon, Mcganir e os outros Comensais mais velhos lutavam conosco, enquanto as defesas da casa atacavam os outros homens. Nós cinco estávamos furiosos e conseguíamos virar o duelo, mesmo após toda a tortura e todos os machucados, renovados com alguma energia poderosa. Tristan estava do meu lado direito e Isa do esquerdo, enquanto meus pais estavam ao lado de minha irmã e disparávamos feitiços como nunca disparamos, duelando com ferocidade. O que restava da casa foi destruído nesse momento, pois a casa em si lutava, e blocos de pedra ganhavam vida, jogando-se contra os inimigos, que começaram a recuar e ficar encurralados.
Meu irmão estava totalmente ensandecido de raiva, uma vez que vira seu plano desmoronar. Após certo tempo, eu, ele e Isa duelávamos, trocando feitiços com rapidez. Ele usava magia negra e com horror vi quando ele tentou conjurar um “fogo maldito”, sendo impedido por uma bola de fogo dourada lançada por Isa. Eu e ela lutávamos juntos, um do lado do outro, porém Procyon também era habilidoso e bloqueava nossos ataques, mas era obrigado a recuar. O espírito que envolvia Isa parecia nos proteger e os feitiços ou não surtiam efeito em nós ou eram enfraquecidos. Eu conjurei correntes, e obedecendo ao meu comando, do chão surgiram correntes de ferro que dispararam para prender os pés de Procyon, fazendo-o tropeçar. Ele porém queimou as correntes e acertou um feitiço no meu rosto, jogando-me para trás. Isa bloqueou o segundo feitiço e disparou uma rajada de luz contra Procyon, tais luzes saiam das asas do homem e perfuraram o corpo de Procyon, fazendo sua roupa ficar rasgada e fazendo-o cair de joelhos.
Ele, porém, estava irado e tal ira alimentava suas forças e com esforço ele se colocou de pé, encarando a mim e a Isa. Com um movimento brusco, ele fez uma parede inteira da casa desmoronar e a jogou contra nós. Isa saltou e me pegou no ar, desviando da parede por centímetros, como se as asas do homem a permitissem voar. Nesse momento ouvimos um grito e olhamos em volta. Eu gritei também, assim como Isa e começamos a chorar.
Papai estava de pé, porém sem vida, os olhos vazios, mas pareciam sorrir, uma vez que ele morreu protegendo a esposa. Mcganir ria alto, enquanto o corpo de papai caia sem vida nos braços de mamãe e ela ia ao chão abraçada a ele, os olhos cheios de lágrimas e dor. Tristan estava perto deles e abraçou minha mãe, e em seguida gritou para Mcganir e em sua raiva ele correu para frente, lançando feitiços contra o Comensal, que ria dele. Porém Tristan era habilidoso e nós dois éramos os melhores duelistas do colégio, e portanto o Comensal se viu obrigado a desviar com dificuldade dos feitiços de meu amigo, sendo encurralado na parede e recebeu um feitiço na barriga. Então vi que Isa já não estava do meu lado, mas sim do lado de Tristan e o jogou pra trás, a tempo de protegê-lo de um feitiço de Procyon que fez a parede explodir. Eu gritei para ele e o atingi com um feitiço na barriga, enquanto Isa gritava também e socava com o ar com a mão direita. O homem segurou a lança com força e para horror de Mcganir a fincou em seu coração. Um buraco surgiu no lugar onde a lança o atingiu e o Comensal sufocou um grito de dor, engasgando no próprio sangue. O homem tirou a lança e Mcganir caiu morto no chão, enquanto Isa se virava para Procyon também enfurecida, enquanto jogava Tristan para perto de mamãe. Meu amigo caiu sentado perto de minha mãe, sem energias e a abraçou.
Procyon nos encarou e vi que éramos os únicos ainda lutando no salão, pois os outros Comensais saíram para os jardins ou lutavam em outros cômodos da casa. Nós arfávamos, mas não baixávamos a guarda.
- Acabou, Procyon, se entregue. – Eu falei tentando ganhar tempo.
- Nunca! Eu irei acabar com vocês a qualquer custo!
- Chega Procyon, você já foi longe demais. – Isa falou, os olhos ainda brilhando em dourado.
- Calada! Só porque ficou um pouco mais forte não pode mandar em mim!
- Procyon, os aurores estão chegando! Eles estão na entrada da fazenda, estamos tentando conte-los! – Um comensal gritou dos jardins, enquanto desviava dos ataques de fadas e armaduras, e pude ouvir ao longe o som de duelos.
- Droga!
- Acabou, Procyon. – Eu falei ainda sem baixar a guarda.
- Então eu levarei ao menos você! AVADA KEDAVA! – Ele gritou apontando para mim antes que eu pudesse fazer qualquer outra coisa.
Tudo aconteceu em câmera lenta...Eu vi o jato de luz mortal vindo na minha direção e gritei ao ver o que aconteceria. As doze asas do homem bateram e no instante seguinte Isa estava diante de mim, as costas viradas para o encantamento. Ela sorria para mim e li seus lábios, enquanto ela me falava.
- Adeus, querido. Sempre amarei você.
Continua....
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