Há séculos lutam.
Há séculos caçam.
Há séculos destroem as trevas, sendo a luz na escuridão.
Avatares de seu Antepassado, alguns mais poderosos que os demais, os Chroni.
Dos Chroni surgirá o poder. Dos Chroni surgirá o exército.
De um deles, surgirão seres poderosos, nem vivos, nem mortos, mas poderosos.
Usarão as trevas como arma, usando-a para a guerra.
Mais poderosos que humanos, mais temidos que vampiros.
De um deles, surgirá a luz plena e pura, terna e destruidora.
Como o Sol, queimará os malignos, deixando apenas suas cinzas.
E o mal sucumbirá ao seu poder.
E o mundo não será o mesmo após sua chegada.
Pois eles são os Chronos.
- Mestre, conseguimos a profecia que o senhor ordenou.
- A Profecia dos Chronos?
- Sim, milorde. O vampiro Hellion a conseguiu, imaginamos que a profecia diz respeito a qualquer vampiro e também às trevas em geral.
- Ah, Hellion, um aliado muito útil. Finalmente posso ver o conteúdo dessa profecia. Quem mais a conhece?
- A líder da família Chronos, Rigel, conhece a profecia, mas apenas ela.
- Aquela mulher, ousa tentar lutar contra mim, o Lorde das Trevas! Ela sucumbirá ao meu poder e pagará pelos meus servos que prendeu e matou.
- Ela já está dando início a criação de uma poderosa instituição antitrevas, milorde. Ela fala contra as trevas, dizendo que devem eliminar os Comensais. E alguns já a seguem, os Ministérios da Inglaterra, França, Alemanha, e em breve, de toda a Europa, dão a ela seu apoio.
- Ela deverá ser silenciada, o mais rápido possível! Não permitirei que uma mulher destrua o meu poder, coloque em risco o mundo que pretendo criar.Não. Não só ela, todos os Chronos devem ser eliminados. Mas não devemos atacar diretamente, isso faria o mundo bruxo se virar contra nós. Precisamos de alguém que pague por nós. Chame os aspirantes a Comensais, já me decidi pelo que fazer.
O Lorde das Trevas riu, já preparando todos os detalhes de sua ação. Seja lá qual for a arma que surgiria dos Chronos, ele impediria. Os Chronos não iriam sobreviver por mais um ano sequer. Era chegado o fim deles.
Eu acordei no meio da noite, suando frio.
Eu não tenho dons de premonição, mas tenho certeza que sonhei com algo, era um sonho perigoso, maligno e destrutivo e no momento em que acordei, um calafrio tomou o meu corpo, e meus instintos me diziam: cuidado! Porém por mais que tentasse, não conseguia me lembrar do sonho, só sabia que devia ter medo, pois algo muito ruim estava para acontecer. Era algo inexplicável, como quando meus cães de caça, que antes do relâmpago, levantam a cabeça, reconhecendo o perigo à frente. Era assim que eu me sentia, o perigo estava a caminho.
- O que foi, AJ? Ta tudo bem? – Tristan falou sonolento, acordando com um susto que eu levei. Mesmo sonolento, ele sacou a varinha e olhou ao redor, preocupado.
- Foi um sonho. Estou com um péssimo pressentimento. – Eu falei enquanto apertava meus olhos, tentando lembrar.
- Como era o sonho?
- Ai que está, eu não consigo lembrar...Mas era algo ruim.
- Devia ser apenas um pesadelo, vamos voltar a dormir?
Ele já deitava novamente em sua cama, esquecendo do susto que eu levei. Dormíamos no meu quarto, pois era véspera de Natal e eu convidei o Tristan para passar o Natal conosco, e ele ficou muito feliz em aceitar, podendo fugir do orfanato e finalmente visitar a casa dos Chronos. Meus pais adoraram a idéia, pois também tinham vontade de conhecer o famoso TnT, de tanto que eu falava de nossa amizade, e principalmente de tanto que eles já receberam corujas do diretor falando de nossas detenções. Isa também gostou do convite e passava o dia conosco conversando ou me ajudando a ensinar a Tristan as artes da caça, e ele se dava muito bem, principalmente com a falcoaria. O único que não gostava do convite era o Procyon, mas ele não gostava de nada.
Na verdade, o Procyon tem andado estranho. Ele tem evitado falar conosco mais do que o necessário e evita a qualquer custo o olhar de meus pais. Ele está estranho assim desde o dia em que, em Beuaxbatons ainda, eu o encontrei conversando aos sussurros com outro aluno da Nox nos jardins. Eles pareciam nervosos e excitados ao mesmo tempo, mas com uma excitação mórbida, que fez meus instintos ficarem prontos para o ataque. Assim que eles me viram, eles mudaram de assunto e saíram dos jardins, mas pude ver que ainda sussurravam algo. Desde então eu o via andando com cada vez mais garotos e algumas garotas estranhas, de diversas casas, sempre sussurrando, e passaram a ficar meio metidos, como se soubessem de algo que nós não, como se fossem melhores ou superiores.
Durante o feriado de Natal, ele saia todos os dias e passava o dia todo fora, voltando apenas no final da tarde, parecendo cansado, apenas para jantar rapidamente e se trancar em seu quarto. Eu falei sobre isso com meus pais e com minha irmã, mas acharam que eu devia estar imaginando coisas, e que era bom o Procyon ter achado algo que gostasse de fazer. Tristan era o único que concordava comigo, e também achava que Procyon estava mais estranho que o normal e disse que me ajudaria a descobrir o que era.
Em um desses dias, eu e TnT decidimos segui-lo, e fomos até Londres, porém o perdemos de vista no Beco Diagonal, mas eu podia jurar que ele havia tomado a direção da Travessa do Tranco. Infelizmente, Millie não concordava comigo e dizia que eu e TnT já estávamos indo longe demais com a implicância com meu irmão mais velho. Eu adormeci pensando nesses fatos todos e acabei sonhando com Millie, porém não me lembro exatamente, pois logo em seguida o sonho mudou para um sonho de nós três juntos andando pelos jardins de Beauxbatons.
Na manhã de Natal, acordei animado, mais ainda sentia um frio no peito pelo pesadelo da noite anterior, mas esse frio logo desapareceu quando vi os presentes ao pé de minha cama, e acordei Tristan alegre, mostrando que ele também tinha uma pilha enorme. Ele parecia não acreditar e peguei o primeiro pacote que eu encontrei e taquei para ele, ele abriu um largo sorriso bobo, pois era um presente de minha irmã, Isa. O TnT acha minha irmã linda, mas não sei se por respeito a mim ou porque ela é mais velha ele evita tocar no assunto. Ele abriu o presente animado e ganhou uma lanterna mágica, encantada para emitir um raio de luz que era invisível para todos que não fosse o dono da lanterna e quem ele permitisse. Eu abri o presente de Isa também, e ganhei uma lanterna idêntica, e nós dois rimos com o recado dela: “Agora vocês podem andar pela escola à noite sem chamar a atenção”.
- Abra esse agora! – Eu falei animado, entregando o meu presente.
- AJ! Você não precisava!
- Deixa de bobeira, TnT, abre logo! – Ele abriu o presente animado e olhou surpreso para uma luva de falcoaria, que incluía uma venda para falcões.
- Uau! Isso é lindo cara! Vou usar na escola, imagina a cara das pessoas quando me verem com uma luva dessas! E vou amarrar essa venda em minha mochila.
- Acho que não vai precisar. – Eu sorri e ele ficou sem entender. Peguei então o maior embrulho e ele notou que haviam diversos furos.
- O que tem ai dentro?
- É dos meus pais, abra!
Ele retirou a fita vermelha que prendia a caixa e a caixa caiu no chão, aberta. E então ele realmente pulou de surpresa. Porque diante dele um falcão o encarava, os olhos poderosos e brilhantes fixos nos olhos de TnT. Ele ficou completamente sem fala, apenas encarando o pássaro, até este piar alto e ele saltar.
- Eu não posso acreditar! E não posso aceitar isso, Alderan!!
- Foi idéia do meu pai, ele viu que você se interessava pela falcoaria, então meus pais decidiram lhe dar um dos falcões da ninhada de Cronos. É uma fêmea de falcão, e agora ela é sua!!
- Você só pode ta brincando comigo não pode?! – Ele falou com a emoção nos olhos e tentou esconde-la.
- Não, não estou. E se o problema é onde deixa-la, ela pode ficar aqui e sempre que quiser visitá-la, esteja à vontade! Vamos pegue-a!
Ele me abraçou com força e tremendo de emoção esticou a mão com a luva que acabara de ganhar. O falcão piou para ele, porém dessa vez de forma mais carinhosa e subiu em sua mão, olhando-o com curiosidade.
- Viu? Falcões são bichos inteligentes, eles reconhecem o dono deles, e são fiéis. Ela já vê você como parceiro e estará sempre ao seu lado. Ela precisa de um nome!
- AJ, vocês realizaram um sonho meu sabia? Ela vai se chamar Athena.
- Belo nome! Vamos, onde está meu presente? – Falei rindo e ele também riu, fazendo Athena se assustar um pouco, mas logo ela se acostumou a sua risada. Ele pegou um pacote no pé de minha cama e me estendeu.
- Perto disso, o meu não é nada. – Ele falou enquanto eu abria o pacote, e foi minha vez de ficar surpreso, porque dentro havia um amuleto em forma de lobo feito de prata e uma lata que quando vi o que era comecei a rir. – Eu achei esse pingente dia desses em uma loja de Paris e achei a sua cara. E a lata é tintura mágica quando quiser pintar esse cabelo esquisito seu. É só uma lembrança. – Ele falou rindo enquanto bagunçava meu cabelo.
- Eu adorei o presente, Tristan, adorei mesmo. E pode deixar que um dia eu uso isso pra pintar o cabelo! Que cor é?
- Rosa! Olha é um recado da Millie, ela diz que vem nos visitar na hora do almoço, ela aceitou seu convite!! – Ele falou pegando uma carta da Millie que estava no topo de seus presentes.
- Que ótimo! Então vamos estar os três reunidos no Natal!
- AJ, me conta uma coisa? Você é gamado na Millie não é?
- Ei TnT! Dá pra parar com a bobeira? Não, não sou não! – Respondi, ficando vermelho.
- Ta bem, vou fingir que acredito.
- Vamos descer para o café, e temos que avisar que teremos visitas. – Desconversei já indo para o primeiro andar, sendo seguido por um risonho Tristan e uma silenciosa Athena.
O café da manhã foi ótimo, e até Procyon parecia de bom humor, conversando mais amigavelmente. Tristan agradeceu o presente de todos e disse que ficou emocionado com o presente de meus pais, que sorriram e disseram que ele merecia. Quando falei para mamãe que teríamos visitas, ela sorriu e ficou alegre.
- Ah, que ótimo! Então o almoço será bem cheio essa tarde! – Toda a família almoçava junto no dia do Natal e conseguíamos chegar facilmente a cem pessoas.
- Sim, a Millie Von Griffin, vai vir nos visitar e passar o dia conosco, ela disse que passará a tarde aqui. Imagino que sua irmã e seu genro também venham.
- E vamos ter outros convidados. Os Oceanborn virão nos visitar e almoçarão conosco também. – Os Oceanborn eram nossos vizinhos, e sua filha mais velha, Alice Oceanborn, estudava comigo em Beauxbatons e tinha a mesma idade que eu. Raramente conversávamos, pois ela era da Sapientai, e quase não nos víamos.
- Uau, realmente o almoço vai ser lotado... – Tristan comentou. – Sra. Chronos, por acaso é outra pretendente para o Alderan? – Ele perguntou com um sorriso maroto.
- Tristan eu vou fazer você engolir essa luva!
- Bem, quem sabe, não? – Papai respondeu rindo, me dirigindo um olhar alegre, deixando-me extremamente vermelho.
Passamos o resto da manhã preparando a imensa mesa para o almoço, e como toda a família estava reunida, era uma barulheira só e todos nos divertíamos juntos. Tristan adorava minha família, e algumas vezes eu sentia como se ele fosse mais meu irmão que o Procyon. No final da manhã, os Oceanborn chegaram e sua filha Alice estava de cabelo curto e tenho que admitir que estava bonita. Ela nos cumprimentou alegre e pisei no pé do Tristan quando ele cutucou meu braço. Logo em seguida Millie chegou acompanhada de seu genro, que foi saudado com um grande abraço de meu pai. Eu e Tristan corremos para nossa amiga e consegui ser o primeiro a abraça-la, tirando-a do chão, e derrubando os presentes. Ela riu e brigou comigo, mas retribuiu o abraço e depois abraçou com força Tristan. Ela nos deu nossos presentes e depois foi cumprimentar minha mãe, dizendo estar feliz em conhece-la. Enquanto elas conversavam, mamãe trocou um olhar com Tristan e os dois sorriram, e novamente eu pisei em seu pé.
Eu, Alice, Millie e Tristan nos sentamos próximos na mesa e conversávamos animadamente sobre a escola. Depois de algum tempo, eu lembrei que queria mostrar para Millie minha Cronos e Tristan ficou todo animado em mostrar Athena e nós quatro nos levantamos, indo para os fundos da casa para visitar o criadouro de animais. Eu e Alice ficamos um pouco atrás, propositalmente, e conversei muito com ela, e descobri que ela era uma boa pessoa, além de inteligente, forte e bonita. Ela chamou minha atenção. Quando chegamos nos criadouros, Tristan tentava fazer uma hesitante Millie calçar as luvas de falcoaria e pegar Athena. Eu me animei e emprestei minhas luvas a ela, ajudando-a a colocar e peguei Cronos sem luvas, colocando-a na mão de Millie. Depois peguei Athena também sem luvas e coloquei nas mãos de Alice. As duas ficaram maravilhadas com as aves e depois ficamos o resto da tarde brincando com os nossos cães de caça, que adoraram as novas presenças, pedindo e ganhando carinho. Esse dia ficaria marcado em minha memória, pois era um de meus mais felizes...E algo me dizia para aproveitar...Mas um sorriso de Millie e o som da voz de Alice me fizeram esquecer esses pensamentos obscuros.
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