Sunday, September 27, 2009

Prelúdios de um sonho - Parte I - Fortalezas

- Vamos AJ, deixa de ser bobo e vem tirar a foto!
- Eu não estou sendo bobo, só que viu como estou sujo?
- Olha, parece uma garota falando!
- Não enche!
- Reúnam-se todos, vou tirar uma foto só de vocês então. – Kyle falou, segurando a câmera e gesticulando para que eu e meus amigos nos reuníssemos todos juntos. Quando todos conseguiram parar de empurrar para aparecer mais na foto, a luz da câmera brilhou, cegando-nos momentaneamente. Eu e Alice tiramos a foto abraçados, pois havíamos oficializado nosso namoro, enquanto Tristan e Millie também estavam abraçados.
- Eles precisam de uma foto com os professores! – Mamãe falou, tirando a câmera das mãos de Kyle, empurrando-o para junto de nós, assim como Connor e Sarah, que se juntaram a nós. Ela bateu novas fotos, em que nos abraçávamos, assim como nossos professores.
- A senhora também, Sra. Chronos.
- Vem, mãe, você pode encantar a câmera! – Eu falei, enquanto puxava minha mãe.

Mamãe riu fazendo a câmera levitar acima do chão e ficando junto de todos. Ela começou a tirar dezenas de fotos seguidas, e em algumas eu abraçava mamãe, em outras Tristan, em outra ganhava um beijo de Alice e Millie. Em outra, Marcel, Kwon, Andréas, eu e Tristan nos jogávamos uns sobre os outros, empurrando-nos com gargalhadas, enquanto as meninas olhavam chocadas.
Eu estava feliz... Os primeiro dias após aquela Traição foram como tortura para mim... Eu desejei por muito tempo ter ido no lugar dela, ter empurrado-a de lado e recebido a maldição da morte. Mas depois que achei seu diário, eu tive certeza que nada poderia fazer... O Diário de Gomeisa me deu novo ânimo e energia, e comecei a enxergar alguma esperança. Meu ânimo aumentou ainda mais com a chegada dos meus amigos, no segundo dia após a conversa com mamãe sobre o futuro do clã.
Alice, Millie, Tristan, Andréas, Penélope, Kwon, Marcel, Anabela e Bianca foram para minha casa me visitar e apoiar e passaram um dia inteiro apenas me fazendo rir e me divertir, querendo que eu esquecesse que tudo havia acontecido. Por mais incrível que parecesse, eles conseguiram, e sei que se não fosse por eles, eu não teria conseguido... Depois começamos a ter as aulas de defesa avançada com os Mcgregrose com a Senhorita McInners, e eventualmente mamãe. Mamãe organizava nossa viagem ao redor do mundo, que ocorreria na semana seguinte. Ela pretendia me mostrar o máximo do mundo possível, além de me apresentar a seus aliados e políticos poderosos, como Ministros de vários países. Eu não via a hora da viagem, para poder estar próximo de mamãe, além de começar a concretizar o sonho de todos nós...
As aulas avançadas eram puxadas, pois deveríamos aprender em uma semana, o que aurores na Academia levavam ao menos um semestre. A maioria das garotas esforçava-se para acompanhar o ritmo dos demais, mas os garotos encaravam como diversão e adoravam a parte prática das aulas, duelando entre si com alegria e energia. Muitas vezes Connor ou Sarah tiveram que intervir, pois começávamos a brincar demais. As garotas também se esforçavam, empolgadas com as aulas, mas elas tinham dificuldade nas partes práticas, preferindo a teoria.
Aprendemos feitiços de defesa avançada, aprendemos a conjurar barreiras e escudos, a identificar seres das trevas e como combate-los, todos muito interessados e empenhados. Ao final da primeira semana, todos haviam feito progressos incríveis, e era uma felicidade para todos ver o quanto tinham avançado e aprendido em tão pouco tempo. Daríamos uma pausa nas aulas particulares até a volta à Beauxbatons, pois viajaria sozinho com mamãe. Durante as aulas, nossa turma de Defesa Avançada continuaria, sendo ministrada principalmente por mamãe e no próprio castelo, para que não perdêssemos nosso preparo e aprendizado. Philipe, Noah e Derik participariam de tais aulas, pois tiveram compromissos e não puderem comparecer às aulas das férias.
Na noite antes da data marcada para o começo da viagem, meus amigos realizaram uma festa de despedida surpresa para mim, e comemoramos o aprendizado e principalmente, nossa amizade, que estava cada vez mais intensa. Marcel e Andréas me mantiveram ocupado no quarto, conversando sobre as últimas partidas de Quadribo, enquanto os demais preparavam a surpresa. Por volta das 7 da noite, Tristan e Kwon foram nos procurar e falaram que o jantar estava servido, e descemos juntos.
Assim que cheguei perto do salão de jantar, achei estranho ele estar com as luzes apagas e entrei com a varinha em punho. Nesse momento, Connor me desarmou, enquanto os outros explodiam fagulhas com a varinha, dando-me um enorme susto. Todos caíram na gargalhada e os garotos, para terminar, me pegaram no colo e me jogaram numa bacia cheia de cerveja-amanteigada, me deixando ensopado.
- Nos ganhamos! Vocês nos devem 1 Galeão, cada um! – Tristan e Andreas falaram para Marcel e Kwon.
- O que é isso?! – Perguntei, tentando sair da bacia.
- Seu castigo. Se você entrasse com varinha em punho, seria jogado ai. – Penélope falou, rindo.
- E se entrasse sem varinha, também seria jogado aí. – Anabela falou, rindo também.
- Ah, que ótimo e como eu não seria jogado?
- De jeito algum, oras? – Bianca falou, enquanto tirava fotos de mim, junto de Alice e Millie.
- Ah ta, era só pra me molhar mesmo? – Falei rindo, quando Kyle me ajudou a levantar.
- Exatamente. – Connor falou, e logo em seguida me derrubou novamente. Eu levantei rindo e comecei a jogar cerveja-amanteigada em todos, fazendo as garotas gritarem e os garotos entrarem na festa.
Depois que fizemos uma guerra de cerveja-amanteigada, nos limpamos com a varinha e continuamos a nos divertir e comer, passando a noite toda inteira assim. Só por volta da meia noite que eles começaram a ir para suas casas, em chaves de portais conjuradas pelos aurores ou por mamãe. Millie e Kyle foram os últimos a sair, desejando-me sorte na viagem. Ela despediu-se com um beijo em Trisnta, pois ele passaria a noite conosco, assim como Alice. Eu, Alice, mamãe e Tristan terminamos de arrumar a bagunça, e depois elas foram dormir, deixando eu e Tristan conversando mais um pouco.
- Queria que você fosse conosco, Tristan, seria divertido ter você com a gente nessa viagem.
- Eu também gostaria de ir, AJ, mas sei que é uma viagem em família.
- Aqui que está, Tristan, eu te considero como minha família. Você é um irmão pra mim.
- Obrigado, AJ, te considero como um irmão que nunca tive, e você e Millie são minha única família.
- Você sempre será meu melhor amigo, TnT, e te considero muito mais meu irmão do que...Aquele maldito traidor. – Eu falei, e não pude conter a raiva, socando a parede. Tristan, riu, mas me falou para me acalmar.
- Você precisa se acalmar. Tenho certeza que ele vai pagar por tudo que fez. E vou te ajudar no que for preciso
- Muito obrigado, a sua ajuda será muito importante pra mim. – Eu falei, sorrindo. Ficamos olhando as estrelas mais algum tempo em silêncio.
- Bom, vamos dormir, amanha você acorda cedo. E sei que a Alice quer se despedir também. – Ele falou, com um sorriso malicioso no rosto. Eu fiquei vermelho e dei um soco nele e fomos dormir. Eu ainda fiquei um bom tempo acordado, e quando notei que ele dormia, não que fosse necessário, pois o TnT sabia do que fazíamos, sai de meu quarto.

Agora, Alice passava a maior parte do tempo em nossa casa. Os Oceanborn eram amigos de minha mãe há muitos anos, e desde que oficializamos nosso namoro, eles permitiam que sua filha mais velha passasse os dias conosco. Na verdade, já havia inclusive preparativos para um casamento, pois desejávamos realmente passar nossas vidas juntos, e as tragédias dos últimos meses nos mostraram como a vida é frágil.
- Não é que estamos desesperados, e tomando decisões às pressas, é que apenas agora nos demos conta do quão frágil tudo é. – Alice falou, a cabeça deitada em meu peito, enquanto eu a abraçava. Nós realmente havíamos intensificado nossa relação, e agora, passávamos praticamente todas as noites juntos... Eu só não sabia se mamãe tinha conhecimento, pois tentávamos esconder dela, mas era uma tarefa quase impossível esconder algo de Rigel Chronos.
- É tão mais fácil destruir, do que criar e proteger... – Eu falei, suspirando, enquanto brincava com uma mexa de seus cabelos. – O que se leva anos para criar, pode ser destruído em questão de segundos... – Eu falei, suspirando novamente. Ela enrolou-se nos lençóis e apoiou-se para me olhar nos olhos.
- Não comece a ficar triste, AJ, eu não permito! Vai ficar triste, com alguém como eu aqui do seu lado? – Ela falou, sorrindo sedutora para mim, enquanto beijava meus lábios lentamente e eu a puxava para junto de mim.
- Obviamente que não, acha que dá para ficar triste com uma garota como você? Sou alguém sortudo!
- Você é estranho, então. – Ela falou rindo, aninhando-se em meus braços.
- E você também. Quem imaginaria a filha mais velha dos Oceanborn fugindo durante a noite?
- Sou dona do meu nariz, e faço isto por e com o homem que amo, algo contra?
- Nada! Eu fico feliz na verdade... Eu falo de coração, você foi minha salvação...Ou uma delas...Quando estou com você, consigo quase esquecer aquela tragédia e que perdi Isa... – Eu falei, começando a sentir lágrimas em meus olhos. Alice me abraçou, apertando-me contra seu peito, acariciando meus cabelos.
- Você parece uma fortaleza, AJ, na verdade, você se faz uma fortaleza para enfrentar a tudo e todos. Mas no fundo você é frágil... Eu quero proteger esse seu lado, estar sempre com você. Por isso que eu aceitei me casar.
- Eu amo você, Alice. Não há palavras para descrever o quanto te amo e o quanto você me é importante. – Eu falei, abraçando-a com força e puxando-a para mim. Ela sorriu em meio aos beijos, enquanto nos entregávamos uma vez mais. A saudade já nos perseguia, pois no dia seguinte eu viajaria para fora do país e nossa noite foi intensa, longa e curta ao mesmo tempo.

- Ah, este é seu filho, o herdeiro dos Chronos. – O Ministro alemão falou em inglês, com um forte sotaque, apertando minha mão com energia. Ele era um homem austero e forte, e transmitia conhecer muito bem a sua profissão.
Ele indicou as cadeiras diante de sua escrivaninha e ofereceu uma taça de vinho para minha mãe e para mim, que aceitamos agradecidos. Brindamos pelo futuro bruxo antes de beber a taça inteira de um único gole.
- Fiquei muito feliz ao saber que continuaria na luta, Rigel, mesmo após tantos infortúnios.
- Seria uma afronta à memória de minha família caso eu recuasse.
- E você, Alderan, sente a mesma coisa?
- Sinto, senhor. Decidi continuar lutando por todos os que pereceram.
- Excelente resposta... Seu filho é um garoto de fibra, tornar-se-á um homem magnífico.
- Obrigada, Craus. É uma honra para nós que nos tenha recebido tão prontamente.
- As portas de meu gabinete e de meu Ministério estão sempre abertas para os Chronos. Devo muito a você, Rigel, assim como a seu marido.
- Não fizemos mais do que amigos deveriam, Craus.
- Fizeram muito mais. E sinto que farão ainda mais. Bom, vamos direto ao assunto? Imagino que você esteja apresentando seu filho a todos os seus aliados.
- Exatamente. Ele é meu sucessor, herdeiro dos Chronos e de nossos ideais. Dentro em breve, anunciarei oficialmente que ele é meu sucessor, e até lá espero que todos meus aliados o conheçam e respeitem. Estarei participando ativamente de sua educação até o final das férias.
- Faz muito bem. Não duvido que Beauxbatons o tenha educado bem, assim como sua família, mas para ser o líder dos Chronos ele ainda tem muito para ver e aprender. Há coisas que nenhuma escola no mundo ensina. Apenas a vida.
- E ele aprende rápido. Em poucos meses, poderá me substituir em todas as negociações. – Mamãe falou, sorrindo de leve. Um dos principais ensinamentos que ela me dera no início da viagem fora: um líder deve observar mais do que falar. E enquanto eu não ganhasse a confiança daqueles poderosos bruxos, eu deveria ouvi-los com total atenção.
- Imaginei que não daria fim ao seu projeto. E tem meu total apoio, não só você, mas o jovem Alderan também. Se depender de mim, o Clã Chronos surgirá amanhã mesmo!
- Fico muito feliz com o entusiasmo e seu apoio, Craus. Eu trouxe Alderan também para treina-lo em defesa avançada pessoalmente, e quero que ele me ajude a escolher o local da sede.
- Então chegou no momento certo. Ainda hoje poderei acompanha-los em uma visita rápida pela região, para a escolha do terreno. Além das terras que possuem em seu nome, estou disposto a doar terras do Ministério. E tenho informações que lhe serão interessantes.
- Agradeço muito sua ajuda. Deixarei a escolha do local para meu filho. E que informações você possui?
- Recentemente, recebi relatórios da atividade de um Necromancer no interior do país, na divisa com a Áustria. Há relatos de monstros e seres malignos...E de outros bruxos também.
- Procyon... – Eu não consegui deixar de falar, pois algo me dizia que havia alguma ligação entre ele e os assuntos que o Ministro nos contava.
- Exatamente...Há suspeitas de que Procyon esteja na região. Alguns de meus aurores foram investigar, mas estão desaparecidos...Gostaria muito de contar com sua ajuda e seria uma ótima forma de treinar o jovem Alderan.
- Pode contar conosco, Craus. Eu mesma irei investigar, mas quero que sejamos apenas eu e Alderan, sem intromissões.
- O caso é todo seu. Vamos procurar o local da sede?
Logo em seguida, saímos do Ministério Alemão, saindo numa rua trouxa. O prédio do Ministério parecia para os olhos trouxas uma antiga e fechada sede dos correios e poucos sequer tentavam entrar nela. O Ministro, Craus Olbrich, levou-nos para um dos carros do Ministério e seu motorista nos guiou pelas ruas agitadas de Berlim. Ele e mamãe iam conversando sobre diversos assuntos, enquanto ele entregava notas e relatórios para ela, e eu olhava pela janela, observando as ruas e prédios.
Estávamos procurando as futuras sedes do clã, e decidimos que teríamos sedes em toda a Europa, mas definimos que nossos maiores aliados, os Ministérios Britânico, Alemão e Francês, teriam uma sede especial. Estas seriam realmente as sedes do Clã. A sede britânica fora escolhida como nossa casa, no coração de Londres, e a apelidei de Spearhead, uma vez que era um excelente lugar para treinamentos. A sede francesa fora mamãe que definira o local, e eu estive com ela quando andávamos pelo interior de Paris. Mamãe parecia guiada por alguma sensação interior e achou uma colina. A colina era ampla e possuía uma larga visão de todos os seus arredores e mamãe escolheu aquele lugar para a nova sede, porém ainda não havíamos dado-lhe um nome. Porém eu tinha planos para ela.
Eu decidira que o Clã precisaria de três centros poderosos: um centro de ataque e poder, um centro de defesa e um centro de espionagem. Spearhead seria nossa lança, com treinamento e armamento pesado, sendo a sede oficial do clã. Seguindo essa linha de raciocínio, a colina na França seria o lugar perfeito para uma fortaleza, e era isto que eu pretendia construir ali, uma fortaleza inexpugnável. Na Alemanha, estaria nossa sede de espionagem, onde treinaríamos nossos melhores aurores para obtenção de informações.
Enquanto pensava nisto, algo chamou minha atenção. Um homem alto estava parado no meio de um terreno amplo, mas pouco se podia ver dali, pois a luz do final da tarde deixava o campo cheio de sombras. Eu o reconhecia imediatamente, era o homem que seguia Isa e que nos ajudara, emprestando seu poder.
Eu saltei do carro ainda em movimento e corri em sua direção, mas a cada passo ele parecia menos nítido, desaparecendo por fim nas sombras. Mamãe, o Ministro e seus aurores correram atrás de mim alarmados, e ao me alcançarem, formaram um círculo de proteção, olhando em todas as direções.
- Como se fala, A Sombra em alemão? – Perguntei, deixando todos surpresos.
- Der Schatten. – O Ministro respondeu, ao mesmo tempo que mamãe.
- Este será o local da sede alemã, Der Schatten, A Sombra.
- Tem certeza? – Mamãe perguntou, andando ao redor. Ela parecia procurar sentir algo e como eu a conhecia muito bem, vi que ela percebera o mesmo que eu.
- Tenho. Absoluta.
- Muito bem. Craus, podemos ficar com esse terreno?
- Ele é seu, Rigel. Assinarei os papéis de posse imediatamente. Querem voltar para o Ministério? – Ele perguntou, indicando o carro. Nós voltamos para o Ministério, mas meus olhos ainda estavam fixos naquele terreno, que parecia pulsar com energia.

Continua...

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